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 SOBRE A DEFICIÊNCIA VISUAL

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        Notícias - 2004



 

 

GAM - Grupo para a Acessibilidade nos Museus

14 de Dezembro de 2004

Convite de adesão

No dia 14 de Dezembro de 2004 foi apresentado o GAM - Grupo para a Acessibilidade nos Museus. O GAM foi criado no seguimento do seminário "Todos diferentes. Todos iguais? - Questões de acessibilidade em museus e centros de ciência", que teve lugar a 24 de Outubro de 2003 no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva. Oito museus com alguma experiência já na área do público com necessidades especiais criaram em Janeiro de 2004 este grupo de trabalho, cuja missão é melhorar o acesso aos museus a todo o tipo de público com necessidades especiais, (físicas, intelectuais, ou sociais), disponibilizar informações sobre o tema e divulgar e promover actividades e um fórum de debate. Estes museus são:

  • Museu Calouste Gulbenkian (Lisboa)

  • Museu da Cidade (Lisboa)

  • Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa)

  • Museu Nacional do Azulejo (Lisboa)

  • Oceanário de Lisboa

  • Palácio de São Lourenço (Funchal)

  • Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva (Lisboa)

  • Rede de Museus de Loures - Museu Municipal de Loures e Museu de Cerâmica

Os membros do grupo reúnem uma vez por mês, para trocar experiências e conhecimentos, desenvolver projectos comuns e planear acções de formação/sensibilização. Para além da reunião mensal, o principal meio de comunicação entre os membros do grupo e outras pessoas e entidades interessadas nesta temática é a página electrónica do GAM e o e-mail. Na página electrónica poderão encontrar informação sobre o grupo, as minutas das reuniões mensais, informações sobre o primeiro projecto comum e as acções de formação/sensibilização, assim como informação sobre recursos existentes, bibliografia etc.

O GAM tem neste momento nove membros institucionais e um individual. Esperamos que no futuro o grupo possa alargar o seu âmbito de acção, com a adesão progressiva de novos membros e a criação de pólos regionais, tal como já começou a acontecer na Madeira. A adesão ao grupo e o desenvolvimento de projectos e acções de formação / sensibilização não envolvem custos. Procuramos atingir os nossos objectivos através da valorização dos recursos, humanos e materiais, existentes em cada museu e o aproveitamento das experiências e dos conhecimentos de cada um.

Assim, vimos por este meio convidar os museus e os seus técnicos (contratados ou colaboradores) a tornarem-se membros do GAM.

Para mais informações: http://gam.pavconhecimento.pt


 

Olho electrónico

Expresso
4 Dezembro de 2004

A última novidade tecnológica japonesa vai permitir que as pessoas cegas atravessem sozinhas ruas movimentadas. Trata-se de uma espécie de olho electrónico instalado num par de óculos. O aparelho é capaz de localizar passadeiras e, ao mesmo tempo, medir a largura da rua de um passeio ao outro. Além disso, detecta a cor dos sinais de trânsito, transmitindo a informação que possibilita a travessia ao utilizador. O sistema consiste numa câmara montada à altura dos olhos, ligada a um pequeno computador. A informação é transmitida através de um dispositivo de comandos vocais, que chega aos ouvidos do utilizador por um auricular. O olho electrónico mede a extensão de uma passadeira por projecção geométrica. A câmara reproduz uma imagem das linhas brancas pintadas no asfalto e determina a distância com base nas propriedades das formas geométricas vistas nessa imagem. A margem de erro, garantem os inventores do sistema, é de apenas 5%, ou seja, o equivalente a um passo.

http://online.expresso.clix.pt/


 

TMN lança telemóvel para cegos
[ Dispositivo lê os serviços em voz alta ]

Lusa
04-12-2004

A TMN anunciou hoje o lançamento de um telemóvel preparado para os cidadãos com deficiência visual, facilitando o seu manuseamento através do anúncio de voz dos serviços disponíveis no ecrã.

Este novo produto, um telemóvel Nokia 6600, beneficia de um "software" desenvolvido pela Code Factory e adaptado, em parceria com a TMN e a ACAPO, para a língua portuguesa.

O telemóvel, de nome DIX, "lê em voz alta ao seu utilizador todo o texto escrito no visor", auxiliando aquele na escolha de funções que, sem esta tecnologia estariam pouco acessíveis aos cegos.

Entre estas funções, a TMN destaca o relógio, a agenda, o bloco de notas, a calculadora e até as mensagens escritas (SMS).

"Existem cerca de 140 mil amblíopes (pessoas com capacidade visual muito reduzida) e 20 mil cegos em Portugal. Nesta comunidade, o telefone móvel é considerado uma ajuda da maior importância e o interesse pelas tecnologias que permitam o aproveitamento de todos os seus serviços e potencialidade é grande, nomeadamente no domínio das mensagens escritas", diz a TMN, do grupo Portugal Telecom.

O DIX será colocado à venda a 15 de Dezembro, com o preço de 299,9 euros, o mesmo valor que aquele modelo de telemóvel sem as funcionalidades especiais.

http://ultimahora.publico.pt/


 

Dia do Deficiente assinalado com iniciativas de integração:
mais facilidades nos transportes e informação especializada

3 de Dezembro 2004
Lusa

O novo provedor para o Cliente com Deficiência entra hoje em funções na CP - Caminhos de Ferro de Portugal, por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, que hoje se assinala com várias iniciativas que promovem a integração destes cidadãos. O cargo foi criado pela CP na terça-feira e será ocupado pelo tenente-coronel António Neves, presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes. O provedor tem como principais objectivos ajudar a CP a identificar as áreas de intervenção necessárias para melhorar as acessibilidades, ordenar as iniciativas a desenvolver e prestar apoio à empresa nas relações com os clientes portadores de deficiência e com as restantes entidades do sector.

Mas o dia vai ser marcado com outros aspectos que interessam aos portadores de deficiência: as queixas da Associação Portuguesa de Deficientes (APD) centram-se hoje na grave crise financeira que atravessa e que, segundo a organização, pode pôr em causa a sua continuidade.

A APD, que tem tido "um papel fundamental na defesa da dignidade das pessoas com deficiência, enfrenta a mais grave crise financeira de toda a sua existência", diz a associação, acrescentando que "em Dezembro não estará apta a fazer face às despesas correntes".

Noutro ponto, em Guimarães, a Comissão Organizadora das Comemorações Concelhias do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência 2003 apresenta duas publicações, o "Guia de Recursos do Concelho de Guimarães" e o "Levantamento de Barreiras Arquitectónicas". De acordo com Fernando Trigo, um dos responsáveis pela iniciativa, da primeira publicação constam os serviços de apoio a pessoas com deficiência e todos os seus direitos em termos legais, enquanto a segunda identifica todas as barreiras arquitectónicas detectadas no concelho com o contributo de deficientes.

No Porto, a Sociedade de Transportes Colectivos da Cidade lança hoje um mapa com informação para os cidadãos com mobilidade reduzida sobre as linhas de autocarro e metro.

Também em Lisboa, os transportes ficam mais perto dos cidadãos deficientes, com a apresentação de um novo sistema que permite aos cegos e amblíopes comprarem bilhetes de metro nas máquinas automáticas de venda de títulos.

in http://ultimahora.publico.pt/


 

Diabetes mata seis pessoas por minuto no mundo

Isaltina Padrão

14 Novembro 2004

 

Dos 194 milhões de diabéticos que há em todo o mundo,
500 mil são portugueses

5 a 10% da verba mundial para a saúde é gasta com a doença. Em Portugal, são 400 milhões de euros por ano. A cada minuto que passa morrem seis pessoas devido à diabetes, uma doença crónica que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a quarta maior causa de morte nos países desenvolvidos. Feitas bem as contas, aquele organismo calcula que, todos os anos, esta patologia - cujo dia mundial se assinala hoje - faça 3,2 milhões de vítimas mortais em todo o mundo.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF - sigla internacional) existem, actualmente, 194 milhões de diabéticos espalhados pelo globo e a tendência é para «aumentarem assustadoramente». As previsões apontam para que este número atinja os 330 milhões até 2025, «em grande parte devido ao crescimento e envelhecimento da população, à urbanização e ao estilo de vida sedentário».

Para o director clínico da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), José Manuel Boavida, há uma frase que ilustra perfeitamente o cenário atrás descrito: «A diabetes é hoje a doença dos ricos nos países pobres e a doença dos pobres nos países ricos.» Ou seja, «é a doença da má alimentação, do mau estilo de vida, dos maus hábitos». Tal como é a doença dos idosos. Em Portugal, por exemplo, a diabetes atinge 20 por cento dos indivíduos com mais de 65 anos, enquanto na população em geral a percentagem é de cinco por cento. Ou seja, são 500 mil os portugueses que, actualmente, sofrem desta patologia, ainda subdiagnosticada.

«Estamos a falar de uma doença silenciosa: as pessoas podem sofrer dela mas não a sentir», explica ao DN o presidente da APDP, João Pires Farinha, lamentando que, «muitas vezes, só perante o aparecimento das consequências da diabetes - cegueira, amputações dos membros inferiores, falência renal, entre muitas outras - é que se toma consciência do estado em que se está». Tanto assim é, que dos 500 mil portugueses que se calcula serem portadores da doença, apenas 300 mil estão diagnosticados.

Um cenário ainda mais dramático revela-se ao avaliarmos os dados internacionais. É que, de acordo com a IDF, pelo menos 50 por cento dos indivíduos que vivem com a doença desconhecem a sua condição. Nalguns países, este número pode mesmo chegar aos 80 por cento.

Actualmente, cinco a dez por cento do orçamento mundial de saúde é gasto com a diabetes. Um valor que, em 2025, poderá atingir os 40 por cento nalguns países, caso as actuais previsões de prevalência da doença se cumpram.

Em Portugal, são gastos por ano cerca de 400 milhões de euros com doentes diabéticos. «É um número absolutamente esmagador se pensarmos que é, em grande parte, prevenível», salienta ao DN José Manuel Boavida, adiantando que «mais de metade destes custos são hospitalares, são custos com o tratamento das complicações que podem ser evitadas se a doença for diagnosticada a tempo, algo que é possível»

in Diário de Notícias


 

Falta apoio a crianças invisuais nas escolas  

O Público

8 Novembro 2004

 

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) critica a falta de apoio aos alunos invisuais nas escolas e às respectivas famílias, que disse dificultar a autonomia e integração social destas crianças. Em declarações à Lusa a propósito da realização, sábado, do seminário sobre "A Problemática da Deficiência Visual", a coordenadora da iniciativa, Manuela Silva, criticou a "falta de acompanhamento nas escolas" para a aprendizagem das actividades da vida diária.

Segundo a responsável, até ao início dos anos 80 as crianças invisuais aprendiam não apenas a linguagem Braille nos colégios públicos de educação especial, mas também a reabilitação da sua mobilidade e as actividades do quotidiano. Com o gradual desaparecimento destas escolas especiais e a introdução do ensino integrado, "as crianças entram nas escolas normais e aprendem a ler em Braille, mas o apoio nas outras vertentes tem desaparecido ao longo dos anos".

"Sobretudo as crianças com deficiências visuais que vivem no interior do país, com familiares com menos instrução, acabam por não aprender a ser autónomas, o que lhes traz muitas dificuldades de integração na sociedade", lamentou.


 

Museu de Évora

Expresso

6 Novembro 2004

O Museu de Évora - encerrado para obras de recuperação até 2006 - criou um núcleo de exposições temporárias, na Igreja de Santa Clara, cuja originalidade é permitir a visita de deficientes visuais. O museu - que, actualmente, além de pinturas dos séculos XVI e XVIII, tem expostas esculturas medievais, entre outras - disponibiliza um projecto de descodificação das suas diversas colecções para cegos: dossiês escritos em braille fazem a descrição e a explicação de cada uma das obras, que depois podem ser compreendidas através de um conjunto de feltros cujas texturas permitem a sua «visualização» através do tacto.


 

Células estaminais podem tratar doenças da visão

26 Out 2004

Lusa

Experiência registou regeneração de retina após transplante
Uma equipa de investigadores abriu caminho a novos tratamentos para doenças degenerativas dos olhos ao constatar a regeneração de células estaminais humanas transplantadas na retina de ratinhos e pintainhos, indica um estudo hoje divulgado.

"Transplantámos células estaminais humanas numa fase muito inicial do desenvolvimento dos animais, quando estavam ainda presentes todos os elementos nutritivos e os sinais necessários para os diferenciar", explicou Brenda Coles, colaboradora do professor Derek van der Kooy, da Universidade de Toronto, neste trabalho.

"Quando os olhos dos ratinhos e dos pintainhos terminaram o seu desenvolvimento, as células estaminais humanas estavam vivas na retina e tinham formado células reflectoras da luz e das https://www.deficienciavisual.pt/IMAGENS", afirmou.

"Os resultados da investigação poderão ser aplicadas em futuros tratamentos de doenças degenerativas dos olhos, tais como a retinite pigmentosa ou a degenerescência macular, mas isso leva tempo", acrescentou.

Os investigadores pretendem agora saber se células da retina de ratinhos sãs continuam a regenerar-se normalmente quando são transplantadas em células com função foto-receptora nos ratinhos que sofrem de doenças degenerativas dos olhos.

Os resultados do estudo foram hoje publicados pela revista da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.

in http://sic.sapo.pt/


 

Bebé nasce sem "cegueira hereditária"
graças a selecção de embriões


Diário Digital - SAPO

21 Julho 2004

Um centro médico espanhol desenvolveu uma técnica de selecção embrionária que permitiu o primeiro nascimento de um bebé sem cegueira hereditária. Um dos pais da bebé é portador de retinosquisis, uma doença hereditária que provoca cegueira em 50% dos descendentes.

O Instituto Bernabéu de Alicante, especializado em fertilidade e ginecologia, obteve há nove meses através da técnica dois embriões livres da dita patologia.

«Ao terceiro dia são sujeitos a uma biópsia e depois os embriões com a dotação cromossómica desejada são transmitidos à mãe. É uma técnica cada vez mais utilizada, mas até agora não tinha sido utilizada em casos de retinosquisis», explicou um dos especialistas que dirigiu o processo.

O Instituto assinalou que o tratamento culminou com êxito há duas semanas com o nascimento de Luz, uma criança que «não padece nem é portadora da doença», confirmaram os estudos posteriores ao parto.

«Desta forma, quebrou-se a cadeia de transmissão genética e a sua futura descendência também ficou livre de padecer de retinosquisis», concluem os especialistas.

Este centro já registou em Agosto de 1988 o seu primeiro nascimento de uma criança fruto destas técnicas e mantém desde Julho de 1985 um dos bancos de sémen «mais importantes de Espanha», segundo os seus próprios responsáveis.

http://diariodigital.sapo.pt/


 

Protocolos Apoiam Estudantes do Superior com Deficiência

Público

16 de Junho de 2004

A Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) vai financiar no próximo ano lectivo acções de apoio aos estudantes universitários com deficiências, segundo um protocolo assinado ontem com dez instituições de ensino superior público.

Além do apoio aos estudantes, a DGES comprometeu-se a definir até ao início do próximo ano lectivo um plano de atribuição de ajudas técnicas para os estabelecimentos de ensino e a ouvir as várias universidades e faculdades na definição de políticas de integração de alunos com deficiências ou com necessidades especiais.

O protocolo assinado entre a DGES e as universidades de Coimbra, Lisboa, Técnica de Lisboa, Aveiro, Minho, Évora, Trás-os- Montes e Alto Douro e as faculdades de Letras e de Ciências da Universidade de Lisboa, visa ainda a constituição de um grupo de trabalho, "com o fim de proporcionar um serviço de melhor qualidade aos estudantes com deficiências".

As várias instituições de ensino comprometem-se a apresentar até 2005 medidas de apoio e de enquadramento legal específico para estes estudantes, fazer um levantamento das condições de acessibilidade na rede de infra-estruturas da acção social das universidades e elaborar um código de boas práticas para o apoio ao estudante com deficiências.

Foi ainda assinado outro protocolo, no qual as instituições comprometem-se a criar até ao final do próximo ano um centro digital destinado aos estudantes com deficiências e a promover a disponibilização, num formato acessível, de toda a documentação necessária para estes alunos.

Lusa


 

Museu da Quinta de Santiago
testa sistema inédito de guia para cegos

1 Junho 2004

 

O Museu da Quinta de Santiago, em Matosinhos, apresentou recentemente um sistema inédito a nível mundial de guia para cegos, que será testado de modo a poder vir a ser utilizado noutras instituições.

"Iremos funcionar como laboratório para uma futura comercialização deste sistema, que permite a um invisual seguir o seu próprio percurso dentro do museu, sozinho e à sua velocidade", disse à Agência Lusa o Vereador da Cultura da Câmara de Matosinhos, Fernando Rocha.

O sistema, concebido e criado por um inventor de Matosinhos, já foi premiado num concurso internacional e baseia-se numa bengala presa a uma guia colocada no chão do museu. A bengala, igual à que qualquer invisual normalmente utiliza, está dotada de um auricular que activa automaticamente uma gravação descritiva, assim que o utente chega ao local onde se encontra o objecto a apreciar. A descrição gravada, juntamente com a possibilidade que o invisual terá de tocar e sentir o objecto sempre que tal seja fisicamente possível, "permitirá ao utente usufruir de uma forma muito mais intimista e personalizada da realidade do museu", referiu o autarca. Importa referir que, graças a este sistema, o invisual não necessita de seguir obrigatoriamente em visitas guiadas de grupo, podendo optar por percorrer o museu ao seu próprio ritmo.

"Estamos neste momento em fase final de afinação das gravações, de modo a adaptá-las o melhor possível às necessidades deste tipo específico de utentes", referiu Fernando Rocha, estando para tal a ser recolhidos contributos de vários invisuais voluntários.

in "DICA DA SEMANA" [LIDL]


 

Um outro olhar

13 Março 2004

Ana Cristina Câmara

Expresso

 

São mães que nunca viram os filhos, não lhes conhecem o rosto, não sabem como eles eram quando nasceram e não vão poder acompanhar as mudanças nas suas feições. Uma maternidade diferente, mas natural, a que Lurdes, Margarida e Conceição dão corpo e voz.

 

Lurdes

A Alexandra tem uns olhos azuis grandes e expressivos, que revelam a curiosidade de quem tem pouco mais de um ano e um mundo recheado de novidades para conhecer. Mal vê a mãe que a vai buscar ao infantário, estende os lábios, como se os rasgasse, sorri. Estica os braços, pede colo, deixa que a mãe, carinhosamente, lhe vista o casaquinho. Brilha. Um brilho que a mãe não vê, mas conhece. Lurdes sabe que a filha tem as orelhas pequenas e perfeitinhas, o cabelo sedoso e umas bochechas que pedem para ser beliscadas. Enquanto a mãe lhe passa as pernas pelo «canguru», de forma a levá-la ao colo, de costas contra o seu peito, Alexandra dá uma ajuda e maneja a bengala. já tem força para a fazer baloiçar e bater com ela no chão - e mesmo para dar uma bengalada nos incautos. Lurdes, com a segurança própria das mães, controla a menina. E seguem as duas para os túneis do Metropolitano.

Descem a rua, Alexandra com os olhos a rodopiar por tudo o que mexe, os carros que rolam demasiado depressa na avenida, as pessoas que não têm tempo para uma pausa no seu ramerrame diário; Lurdes Dias mantém a rigidez no olhar sem movimento. Conhece o caminho. 0 «tac-tac-tac...» da bengala marca o ritmo rápido do seu andar, esquerda-direita, esquerda-direita, à caça de um obstáculo do qual seja preciso desviar-se. Hoje aceita esta espécie de bastão desdobrável como uma extensão do seu corpo, uma ajuda preciosa. Nem sempre foi assim. Precisou de cair aos carris do Metro para perceber, para aceitar uma cegueira derivada de glaucoma congénito, que lhe turvou a vista desde a nascença, e avançou, imparável, até à escuridão absoluta.

Lurdes ainda guarda mágoa aos médicos por nunca lhe terem dito que ia ficar cega. Usava óculos, mas a visão esvaía-se gradualmente. Aos 16 anos, durante umas férias, deixou de ver as letras de um livro, «ficava tudo branco», recorda. Escondeu dos pais o que se passava. «A minha mãe só descobriu que eu não via quando me cruzei com ela na escada do prédio e lhe disse «bom dia», pensando tratar-se de uma vizinha. Na escola também ninguém sabia. Perdeu o ano, esbarrava contra os objectos que não via; foi preciso urna professora de Inglês mais atenta para matar a charada: como é que a Lurdes falava correctamente a língua de Shakespeare e só dava erros na escrita? Confessou. «Senti-me aliviada, alguém me salvou», conta, com gratidão, Ia ser o início de uma caminhada mais longa, a da aceitação de si mesma. Começou a utilizar um gravador na escola, a frequentar aulas de Braille, precisou de desenvolver sensibilidade no tacto, já que os dedos estavam destinados a substituir os seus olhos. Voltou a ser a boa aluna de sempre, o que não lhe amputou a angústia: «Foram. os piores tempos da minha vida, via muito mal mas não assumia».

Os rostos de todos os dias desvaneciam-se aos poucos, como as fotografias velhas que a passagem do tempo desbota e desfoca. A memória começou a aperfeiçoar-se. Nos percursos habítuais, Lurdes decorou os postes, os buracos no passeio, as passadeiras. Conservou na lembrança o rosto de António, que aos 18 anos a tinha pedido em namoro e que nunca mais a deixou, mesmo sabendo que ela podia ficar cega a qualquer momento. «Foi delicioso», e o dia do casamento, aos 24anos, o mais feliz da sua vida. já quase não via nada, mas ele via pelos dois. Tinha adoptado o ritual de, diariamente, perscrutar os olhos verdes e cristalinos de Antônio. Até só ver o seu contorno. «Chorámos os dois, abraçados».

Foram oito anos de casamento sem filhos, até à chegada premeditada e muito desejada da Alexandra. Procuraram respostas em consultas de Genética, mas os Inícions da ciência não lhes podiam dar certezas: havia 95% de hipóteses de ser concebida uma criança saudável, mas os outros 5% geravam a pura dúvida. 0 glaucoma congénito de que sofre Lurdes não podia ser identificado num exame pré-natal. Ela fez tudo o que podia para se certificar que teria um filho sem deficiência visual. «Pedi a Deus que me permitisse ser mãe» - e as suas preces tiveram resposta. A 4 de janeiro de 2003 nasceu a Alexandra, livre de doenças nos olhos. A mãe está sempre atenta. Apanha a bengala, toda dobrada, que a filha atira ao chão, os óculos escuros que a pequenita insiste em usar e deixa cair. Agora ela é a mãe, a protectora. No princípio, estava cheia de medo. Não mudava as fraldas da filha porque receava sujar as mãos e depois a filha e depois tudo à sua volta e não dar por isso! Aos quatro meses venceu o medo. Também não sabia como controlar a medida de água para fazer o leite, era a mãe que a ajudava. Até que se capacitou que conseguia e arranjou um copo com as medidas certas. Agora é «mãe a 100%, com todos os desesperos», lava e veste a filha, escolhe a roupa pelo tacto, arranjou um guizo que prende com uma mola à fralda da Alexandra, de modo a situá-la sempre, em casa. Acidentes? Está sujeita a eles, «como qualquer outra mãe».

No corredor de casa não tem qualquer objecto, para a filha não se magoar. E quando um dia não dava com ela pôs-se de gatas à sua procura, casa fora: «Esperava que ela achasse graça e se risse», e encontrou-a. «Parece que somos como os morcegos, descobrimos os nossos filhos em qualquer lado!», ri-se. Luta pela autoconfiança. Aos quatro meses da Alexandra, Lurdes voltou ao trabalho de telefonista e pôs a filha no infantário. Iniciou a rotina de mãe trabalhadora. A caminho de casa, para lá de Loures, para onde vai de transportes públicos, chama a atenção da menina para tudo aquilo que não vê, mas imagina: «Olha o cão! Olha tanta gente!»

Na camioneta ou no metro já lhe aconteceu ouvir «esta menina tem um ar tão feliz! ...», que é dos maiores elogios que lhe podem fazer. As pessoas costumam ficar embasbacadas, de olhos postos numa cumplicidade que não se quer ficar por aqui. Ser mãe outra vez? «Já agora!...», Lurdes solta uma gargalhada límpida.

 

Margarida

É com risadas igualmente francas que Margarida Gonçalves costuma rematar quase todas as frases. Mesmo quando fala do passado não se lhe nota rancor ou pesar na voz. «Guidinha, vou matar-te», disse o amigo e vizinho, de caçadeira em punho apontada à cara. Os chumbos cegaram-na imediatamente, cravaram-lhe a cabeça. Mas sobreviveu. Tinha oito anos, ele 15. Foi no dia da abertura da caça, num 15 de Outubro há 36 anos, em Viana do Castelo. Pelo acidente -porque o rapaz, seu vizinho, não sabia que a arma estava carregada - recebeu, por ordem do tribunal, 15 contos, quando fez iS anos. Mesmo agora queria revê-lo: «Gostava de o cumprimentar para lhe dizer que estou bem na vida», adianta.

Um ano depois de cegar, Margarida, a mãe e dois irmãos mudaram-se para Lisboa, onde a menina aprendeu a andar com a bengala, a fazer trabalhos manuais, «ballet», ginástica, na sua nova condição de cega. Estudou em escolas com crianças sem deficiência, o que ajudou na sua integração e, provavelmente, tem uma parte de responsabilidade pela sua maneira de estar divertida e bem-disposta. Margarida é uma lutadora. Não daquelas duras, reservadas, sofridas - é das que deram a volta por cima. Com o cabelo arranjado, cuida-se, tem atenção ao vestir, quer estar sempre bem. Como a própria diz, é «um bocado peneirosa». Trabalha como telefonista, mas já deu aulas de Francês a crianças consideradas problemáticas numa instituição particular de solidariedade social, Não fala sem um sorriso.

Conheceu os dois maridos na ACAPO, que «faz muitos casamentos entre cegos!», e de cada um teve um filho: primeiro a Susana, hoje com 19 anos, depois o Diogo, com 10. Para os deveres da maternidade já Margarida «ia muito treinada». A mãe era ama de crianças e ela conhecia de pequena o bê-á-bá das fraldas, banhos, febres e papas. Para ver se o filho está com febre Margarida aproxima os lábios da pele dele - e não falha. Também o veste quase todas as manhãs, porque primeiro que ele acorde...

Dos tempos de bebé dos filhos guarda a lembrança de que foi tudo mais fácil do que parece. Bastou pisar os filhos uma vez, quando eles ainda gatinhavam, para que fugissem dela a sete pés, pelo que não precisava mais de se preocupar se os magoava. «Pegavam na minha mão para me mostrar as coisas», recorda. Anos depois, Susana leva a mão da mãe ao encontro da tarte de maçã que esta escolheu para o lanche no Colombo. As primeiras palavras que Susana disse, conta-se na família, foram 'degrau, degrau' que era para a mãe ver».

No desmedido centro comercial de Lisboa, mãe e filhos passeiam, despercebidos. Vão ver lojas, mais a pedido da filha, que está na idade. Para saber se a roupa fica bem à filha, Margarida apalpa-a. Para andar, não usa a bengala, deixa-se conduzir, de mão no ombro do filho, ou de braço dado com a filha, com segurança, sem hesitações, por entre lojas, corredores de livros e CDs, varões carregados de roupa. É como se visse. Os filhos perguntam-lhe o que ela quer. 0 Diogo, mais reguila, grita-lhe «Olha o Pavarotti!» que canta num vídeo.

Mãe é mãe - passe a redundância - e Margarida até sabe quando o filho está mal sentado, repreende-o se come com a boca cheia. Ele sabe responder-lhe à letra: «Tu és uma invisual!», provoca, quando ela o aborrece. Margarida ri-se. Não pode levar a mal a criancice malandra do filho, que a acompanha a todo o lado e tem, segundo ela, «uma muito boa relação com os cegos». Os filhos estão proibidos - asseguram os próprios - de meter a loiça na máquina e passar a ferro: são tarefas que a mãe desempenha com mais cuidado. De tal forma que Susana não tem dúvidas sobre os predicados da mãe: «Não era diferente se ela visse».

0 reguila do Diogo acha engraçado desafiar a mãe, quando pode, «Tu não me apanhas, não me vês!», dispara, depois de protagonizar uma qualquer asneira que mereça correctivo. Margarida, se o sente desprevenido, dá-lhe a palmada a que tem direito, e ele revolta-se: «És uma traiçoeira!» Um teatrinho rotineiro da família.

 

Conceição

Dora dos Santos Ferreira, 27 anos, arquitecta, tem outra relação com os pais. Em pequena, dava por si a cerrar muito os olhos «para, perceber» - e percebia que era complicado pouco ou nada ver. Mas não queria ser diferente. Apresentava as amigas à mãe sem explicar previamente - por que haveria de o fazer? - que ela era cega. «Às vezes era um choque», mas também uma maneira de proteger os pais.

Dora tem traços da mãe, Conceição Santos, de 52 anos, técnica profissional de bibliotecas a trabalhar na Câmara Municipal de Lisboa. 0 mesmo nariz arrebitado, o cuidado com a aparência, e empresta à voz entoações idênticas. Conceição nasceu a ver, pouco, mas via. Uma retinose pigmentar, doença congénita que herdou da união dos pais, primos direitos, atacou-a e à irmã. A visão deteriorou-se, mas Conceição fez até à antiga 4ª classe com colegas sem deficiências visuais.

Anos mais tarde, trocou Idanha-a-Nova por Lisboa, para aprender o Braille, andar na rua, dactilografar, passar a ferro, desenvolver a aptidão necessária para as tarefas do dia-a-dia- sem ver. Dos 17 aos 22 anos estudou à noite e preparou-se para entrar na universidade, o que acabou por não acontecer. Arranjou namorado e emprego, «Nunca fui daquelas pessoas que se revoltam». Casou-se e, um ano depois, nasceu a Dora. «Se soubesse que um filho meu tinha este problema não o tinha deixado vir. Quando uma pessoa sabe à partida que vai ter um filho com problemas é um crime deixar vir a criança assim, por mais fácil que seja a vida», defende. E aconselhou-se numa consulta de Genética para engravidar.

0 crescimento da Dora foi o mais normal possível. Quando já andava e se soltava da mão da mãe, na rua, só corria até ao fim do passeio. E esperava. Era obediente. Sempre muito arranjada, Conceição levava uma muda de roupa extra quando saíam. É que «as pessoas olham muito mais para os filhos de uma pessoa que não vê» garante a mãe. Enquanto fala, os dedos indicadores correm os relevos bordados na toalha do pequeno café do Bairro Alto, como se estivesse a ler. A empregada traz o chá, que Conceição serve, com o dedo encostado ao rebordo da chávena, por dentro, para medir a subida do líquido quente. Tem destreza nas mãos e um olhar que se arqueia como um arco-íris.

«Nunca tive a sensação de que os meus pais eram cegos porque eles foram sempre muito independentes», explica Dora. Ainda assim, saía menos aos fins-de-semana, não porque a isso fosse obrigada, mas pelo sentido da responsabilidade. Não queria deixar os pais sozinhos em casa. Na rua, acha normal que as pessoas olhem, «porque não conhecem», e ela, que vê, não se importa.

 

Nem o Diogo nem a Susana dão importância aos olhares que por vezes caem sobre a família numa ida a um restaurante. Sabem que mais cego é aquele que não quer ver. Compreendem. Acham graça, como riem quando a Susana pergunta à mãe se já passou a ferro as calças pretas e Margarida responde que sim e aparece na sala, à frente das amigas da filha, com o par de calças impecavelmente esticado entre os braços. Tão-pouco se incomoda a pequena Alexandra, aninhada na mãe, na paragem das camionetas, em fim de dia, mirando os transeun tes que lhe devolvem um olhar primeiro afectuoso, depois surpreendido, quando se ergue para o rosto de Lurdes.


 

Barreiras Arquitectónicas

Jornal Público

Mariana Oliveira
6 Março 2004

O prazo legal que obriga os edifícios abertos ao público em Portugal a eliminar todas as barreiras arquitectónicas - que termina em Agosto - não vai ser cumprido. A inexistência de um órgão que fiscalize o cumprimento das normas legais e que aplique as coimas previstas, bem como a ausência de um levantamento do universo de imóveis a intervencionar, são algumas das falhas apontadas para explicar a "lenta evolução" na eliminação das barreiras prevista pelo diploma 123/97.

O montante "ridículo das multas" soma-se a estas críticas. Os mais cépticos apelidam o cenário de "mau" e "profundamente preocupante", enquanto os mais optimistas reforçam que tem sido feito um grande esforço neste domínio.

A secretária nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, Cristina Louro, em funções há menos de um ano, admite que houve alguma "inércia" e reconhece que é necessário um maior empenhamento de todos, nomeadamente da sociedade civil. "No ano passado, no âmbito do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, fizemos um périplo informativo por todo o país e talvez por isso sentimos um grande impulso no último trimestre. Não digo que não seja tarde, mas mais vale tarde do que nunca", salienta, ao reforçar que o problema das acessibilidades não é exclusivo dos deficientes motores, mas de todos os cidadãos com mobilidade reduzida, nomeadamente os idosos, os cegos e as pessoas que circulam com carros de bebés.

Para António Abrantes, director dos Serviços de Planeamento e Informação da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), o panorama é "mau" e falta "uma intervenção de fundo". Uma situação que só poderá ser alterada com um levantamento dos edifícios a adaptar: "Nem sequer sabemos a totalidade do parque edificado da administração pública", refere Abrantes.

Em Julho último, o Governo pediu à DGEMN um relatório sobre o ponto da situação, do qual resultou uma listagem de 117 imóveis públicos. A avaliação concluiu que 65 instalações, mais de metade, não estavam adaptadas, e que a sua reestruturação custava quatro milhões de euros. Mas a verba ainda não está orçamentada, não havendo previsão para a concretização das obras. Esta é, no entanto, uma pequena amostra do que falta adaptar, já que, na administração pública, há muitos sectores, como a Educação e a Justiça, que não estão na dependência desta direcção-geral. O quadro poderia ser diferente se a DGEMN tivesse ficado responsável pela fiscalização da lei que exige a eliminação progressiva das barreiras arquitectónicas. Esta atribuição foi inesperadamente omitida no diploma, deixando um vazio legal. "Ficámos muito surpreendidos quando vimos o decreto-lei, depois da publicação: tinham cortado parte do artigo que nos atribuía essa competência, mas esqueceram-se de fazer o mesmo no preâmbulo, onde ainda constamos como fiscalizadores", comenta Abrantes. Com a alteração de última hora, o artigo 6º do diploma 123/97 passou a atribuir a competência apenas "às entidades licenciadoras", ou seja, às câmaras. No entanto, como os edifícios públicos estão isentos de licenciamento, não são abrangidos pela fiscalização.

A Associação Portuguesa de Deficientes (APD) contesta a atribuição. "As autarquias não cumprem a legislação nas suas próprias instalações, como é que vão obrigar terceiros a cumprir?", questiona Humberto Santos, presidente da APD, ao apelidar o panorama de "profundamente preocupante". A afirmação é comprovada por um estudo publicado há um ano na revista "Pro-teste", especializada em temas de consumo. Foram avaliadas 40 juntas de freguesia em Lisboa e no Porto, e o edifício principal das câmaras municipais das duas cidades. Do total, só três juntas de freguesia obtiveram nota positiva. As câmaras tiveram ambas a classificação "mau", a pior apreciação da escala. Muitos degraus, elevadores estreitos, casas de banho por adaptar, passeios altos e parques de estacionamentos impróprios para deficientes foram alguns dos problemas detectados.

A realidade não é exclusiva das autarquias e das juntas de freguesia. "Existem muitas passadeiras sem rampas, há poucos transportes públicos acessíveis, as caixas multibanco estão normalmente muito altas e as cabinas telefónicas também são muito difíceis de aceder", enumera João Henrique, tetraplégico. Dos seus 36 anos, 20 foram vividos sobre rodas, numa luta constante contra as barreiras arquitectónicas.

Da experiência surgiu um "site" na Internet, dedicado a este problema - www.euroacessibilidade.com. Apesar do "retrato negro" das acessibilidades, Henrique reconhece que, "pouco a pouco", se foi evoluindo. Por exemplo, na Lousã, onde vive, os edifícios públicos já têm acessos para cadeiras de rodas. "Contactei a câmara municipal e eles pediram-me para fazer um levantamento dos locais que necessitavam de ser adaptados. Pouco a pouco, foram-se fazendo as obras", relata, salientando que a Lousã "é um paraíso" de excepção.

Rampas de lançamento: A Rodar, Associação Portuguesa de Lesionados Medulares - www.rodar.com, partilha da visão. "As coisas vão sendo feitas, mas a um ritmo muito lento", sustenta um dos dirigentes, David Peres. E acrescenta: "O principal problema é que muitas acessibilidades não são feitas a pensar em nós. A maior parte das rampas não respeita os seis por cento [limite legal de inclinação] e, por isso, muitas são perigosas e sem funcionalidade". Para provar a afirmação, exemplifica. "O Porto 2001 fez obras na Foz [do Douro], mas nenhuma das rampas está de acordo com a lei. Na marginal de Matosinhos-Sul, foram colocadas rampas que atingem os 45 por cento de inclinação, até parecem rampas de lançamento", ironiza.

A Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) traça um cenário mais optimista. "As câmaras têm feito um esforço grande na eliminação das barreiras arquitectónicas", salienta Fernando Ruas, presidente da ANMP, que reconhece que há autarquias mais sensibilizadas do que outras. "O principal problema reside nos edifícios antigos, onde as obras são muito complicadas, e há instalações que não é possível adaptar", constata Ruas, defendendo que, mais importante do que as limitações orçamentais, é a revolução das mentalidades. "A solução deste problema tem de passar pelas campanhas de sensibilização", conclui. A APD concorda. "São necessárias campanhas de informação e uma lei forte." "É preciso investir na formação das pessoas que trabalham nesta área, fazer um diagnóstico exacto do que há para intervencionar e a respectiva dotação orçamental", insiste Humberto Santos.

A Ordem dos Arquitectos (OA) também considera que é preciso apostar na formação e, por isso, defende que deveria existir uma disciplina curricular que tratasse especificamente deste problema. "As barreiras arquitectónicas favorecem a discriminação e prejudicam o acesso a direitos constitucionalmente protegidos, como a saúde, a educação, o trabalho e a cultura", diz Pedro Gouveia, porta-voz da AO para este assunto. Além disso, reforça, o investimento nesta área é um imperativo ditado pelas taxas de envelhecimento."

www.rodar.com

www.euroacessibilidade.com

www.acessibilidade.net


 

A Acessibilidade à luz da lei

Jornal Público

6 Março 2004

Normas técnicas que fazem parte do Decreto-Lei n.º 123/97

  • A largura mínima dos passeios e vias de acesso é de 2,25 metros.

  • A inclinação máxima das rampas é de seis por cento.

  • O espaço mínimo entre os postes da via pública é de 1,20 metros no sentido da largura.

  • A textura do pavimento das passagens de peões deve ser diferente da utilizada no passeio e na via e prolongar-se pela zona contígua do passeio (para os invisuais poderem detectar a passagem.

  • Os botões de comando dos ascensores devem ter referência táctil, em relevo ou em "braille", e um dispositivo luminoso.

  • A altura máxima das ranhuras dos telefones de moedas ou de cartão deve situar-se entre 1 metro e 1,30 metro.

  • As casas de banho devem ter 2,20 metros x 2,20 metros e permitir o acesso de ambos os lados da sanita. É obrigatória a colocação de barras de apoio e todas as instalações deverão ser apetrechadas com alarme.

  • Nas salas de espectáculos até 300 lugares deve haver pelo menos três lugares para cadeiras de rodas.

  • Nos parques de estacionamento até 25 lugares devem ser reservados no mínimo dois lugares para veículos em que um dos ocupantes seja uma pessoa de cadeira de rodas.

 

 

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Maria José Alegre