A associação Empresários pela Inclusão (EPIS) criou um manual para ajudar
empregadores públicos e privados a integrar jovens com deficiência no mercado de
trabalho. O guia, intitulado “Vencer os Desafios da Inserção Profissional de
Jovens com Deficiência – Boas Práticas no Terreno”, surge para combater a falsa
crença de que estas pessoas não são produtivas e enfrentar os obstáculos que
ainda existem na contratação.
Segundo a EPIS, em 2020 a taxa de desemprego entre jovens com deficiência era de
20,3%, quase o dobro da registada na população sem deficiência. No setor
privado, apenas 0,65% dos trabalhadores tinham deficiência, enquanto na função
pública a percentagem não ultrapassa os 3%.
O manual oferece orientações práticas e de baixo custo, como sensibilizar as
equipas internas, adotar linguagem inclusiva, promover pequenas adaptações
físicas, disponibilizar instruções em formatos acessíveis, criar pontos de apoio
ou mentoria dentro da empresa, valorizar competências individuais e usar
ferramentas tecnológicas acessíveis.
Para Susana Lavajo, diretora financeira e responsável por projetos especiais da
EPIS, a iniciativa não é apenas uma questão de inclusão, mas também de justiça
social, equidade e reconhecimento do potencial económico destes jovens. O manual
já está a ser enviado às empresas e acompanhado de apresentações para orientar
os empregadores na implementação destas boas práticas.
A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal alerta para a dupla discriminação
das mulheres com deficiência visual e para os desafios da empregabilidade.
Numa sessão de reflexão, em Ponta Delgada, a ACAPO quis dar voz e promover o
debate sobre as dificuldades das pessoas com deficiência visual.
Três em cada dez crianças e jovens apresentam dificuldades
visuais no início deste ano letivo, revela estudo
Executive Digest
Novembro 3, 2025
Cerca de 31% dos estudantes avaliados em ações de rastreio revelam alterações
visuais que podem comprometer o rendimento escolar e o desenvolvimento pessoal.
Esta é uma das principais conclusões dos 536 exames gratuitos realizados pela
Shamir Optical Portugal a crianças e jovens entre os 6 e os 25 anos. A ação,
promovida pelo segundo ano consecutivo, decorreu entre os dias 9 e 17 de outubro
no Colégio Júlio Dinis, no Porto – em colaboração com a Óptica Bela Vista – e na
Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto.
Entre os grupos mais jovens, dos 6 aos 17 anos, são cerca de 26% os que
apresentam dificuldades visuais. Este número sobe para os 27% entre os 6 e os 8
anos, apontando para uma tendência preocupante logo nos primeiros anos de
escolaridade. Mas é no início da idade adulta que este cenário se agrava: cerca
de 70% dos alunos entre os 18 e os 25 anos evidencia alterações visuais. Ainda
assim, mais de metade (54%) não vai a uma consulta ou rastreio visual há mais de
dois anos e 5% nunca o fez.
Entre as crianças e jovens adultos (dos 6 aos 25 anos) com dificuldades visuais
que já recorrem a óculos ou lentes de contacto (61%), cerca de 16% precisa de
atualizar a correção. Dos alunos que não usam óculos ou lentes de contacto, 12%
evidencia necessidade de correção imediata e 3% já revela alterações visuais,
apesar de não necessitar ainda de correção.
Estes números confirmam a importância do diagnóstico precoce de dificuldades
visuais – como miopia, hipermetropia e astigmatismo -, assim como os riscos da
desvalorização do acompanhamento regular da saúde ocular. Realizados no início
do ano letivo, os rastreios assumem especial relevância: o regresso às aulas,
para muitos estudantes, é também sinónimo de menos horas ao ar livre, maior
exigência visual em contexto de aprendizagem e mais tempo dedicado a
dispositivos eletrónicos – fatores já reconhecidos como potenciadores de
alterações visuais.
O Relatório Mundial sobre a Visão, da Organização Mundial de Saúde (OMS), alerta
precisamente para um crescimento expressivo destas alterações visuais nas
gerações mais jovens. “Como nas populações adultas, o número de crianças e
adolescentes com erro refrativo, particularmente miopia, deve aumentar
substancialmente nas próximas décadas”, sublinha o relatório, estimando que o
número de crianças e adolescentes com miopia sofra um acréscimo de “200 milhões
entre os anos de 2000 e 2050”. O mesmo relatório destaca que “é nos rastreios
escolares de saúde visual que geralmente se obtém a primeira indicação de uma
possível deficiência visual ou doença ocular nas crianças”, sustentando a
importância deste tipo de iniciativas.
“O impacto da saúde ocular em diversas áreas é inegável. A OMS destaca
precisamente o papel central da visão no desenvolvimento das crianças e jovens,
sublinhando como a capacidade visual influencia diretamente o acesso à
aprendizagem e o bem-estar social e emocional. Os dados agora apresentados
reforçam o apelo à prevenção, ao acompanhamento regular e à valorização do
diagnóstico precoce, para que o sucesso escolar e pessoal não fique condicionado
por dificuldades que podem e devem ser antecipadas”, realça Fernando Nunes,
Responsável de Formação na Shamir Portugal.
Prémio de cinco mil euros reconhece projeto que promove a leitura e a inclusão.
O projeto “Mais que Livros”, do Agrupamento de Escolas de Amato Lusitano, de
Castelo Branco, venceu o Prémio Ler+ 2025, promovido pelo Plano Nacional
de Leitura. A iniciativa coordenada pela professora Anabela Aleluia tem
apresentado aos alunos o livro em formatos adaptados para quem tem deficiência
visual ou auditiva, promovendo simultaneamente a leitura e o respeito pela
diferença. O projeto destina-se a alunos do 3.º e 4.º ano e foi desenhado para
ter sessões mensais na Escola Básica João Roiz, incluindo com a presença dos
autores dos livros.
O prémio agora atribuído tem o valor de cinco mil euros e foi entregue na
conferência anual do Plano Nacional de Leitura, pela presidente do júri, a
professora e escritora Isabel Alçada.
O agrupamento diz que esta distinção “reforça o compromisso de toda a comunidade
educativa com a inclusão, a inovação pedagógica e a promoção da leitura para
todos”.
As outras distinções foram para projetos de escolas de Caldas de Vizela e de
Vila Nova de Poiares. Segundo o júri, as candidaturas apresentadas “evidenciam a
diversidade e qualidade das práticas de promoção da leitura nas escolas
portuguesas, refletindo um notável compromisso das comunidades educativas com a
inclusão, a criatividade e o prazer de ler”
O Prémio Ler+ é atribuído desde 2018 “em reconhecimento pelo trabalho realizado
em prol da melhoria dos índices de leitura e da promoção do gosto pela leitura e
pela escrita”.
Há alunos cegos ou com baixa visão que ainda não têm os manuais escolares
adaptados para braille. Estudantes e famílias lembram que o primeiro período
escolar já vai a meio e que a falta dos manuais prejudica estes alunos.
No Dia Nacional das Acessibilidades, 30 de outubro,
a Associação Salvador vai entregar na Assembleia da República, uma petição
pública pela Fiscalização da Acessibilidade nos Transportes Públicos em
Portugal, apelando a uma intervenção urgente para garantir o cumprimento efetivo
da legislação em vigor.
Apesar das normas legais existentes, milhares de cidadãos continuam a enfrentar
barreiras diárias no acesso aos transportes públicos, tanto nas estações como
nos próprios veículos. A falta de acessibilidades compromete a autonomia, a
mobilidade e a qualidade de vida de pessoas com deficiência, idosos, pais com
carrinhos de bebé e todos os que têm mobilidade reduzida.
“A lei existe, mas não é cumprida”
“A lei existe, mas precisa de melhorias e em muitas situações, não é cumprida. É
inaceitável que, em pleno século XXI, uma pessoa com deficiência tenha de
planear a sua vida em função de um elevador que pode estar avariado ou de um
autocarro que não tem rampa funcional. Queremos ação, fiscalização e
responsabilização”, afirma Salvador Mendes de Almeida, fundador da Associação
Salvador.
A petição, que reuniu cerca de 9 mil de assinaturas, denuncia o incumprimento
sistemático das normas de acessibilidade e as falhas na fiscalização e
implementação das obrigações legais e europeias. Entre os problemas mais
frequentes estão elevadores e escadas rolantes fora de serviço, rampas de
autocarros avariadas, frotas novas que continuam a não ser acessíveis, falta de
formação e sensibilização dos técnicos e ausência de informação acessível para
pessoas com deficiência visual ou auditiva.
Perante esta realidade, a Associação Salvador propõe medidas concretas para
garantir transportes verdadeiramente inclusivos:
- Reforço dos mecanismos de fiscalização das condições de acessibilidade em
estações, terminais e veículos;
- Atribuição de mais recursos e competências às entidades fiscalizadoras;
- Penalizações mais rigorosas para entidades que não cumpram os requisitos
legais;
- Garantia de que todas as estações e veículos sejam plenamente acessíveis;
- Divulgação pública e transparente dos relatórios de fiscalização.
“A acessibilidade é um direito, não um privilégio. O futuro das nossas cidades e
dos nossos transportes deve ser inclusivo e acessível para todos”, sublinha
Salvador Mendes de Almeida.
Com esta iniciativa, a Associação Salvador reforça a sua missão de promover a
inclusão, a igualdade de oportunidades e a autonomia das pessoas com deficiência
motora, apelando à ação conjunta da sociedade civil e das instituições públicas.
Sobre a deficiência motora em Portugal
A falta de acessibilidades continua a ser um dos principais fatores de exclusão
social de pessoas com deficiência, afetando mais de um milhão de portugueses,
incluindo pessoas com deficiência motora, idosos, pais com carrinhos de bebé e
cidadãos com mobilidade reduzida, permanente ou temporária.
Os dados são preocupantes: 48% das pessoas com deficiência identificam a
mobilidade como a principal barreira; 36% apontam o ambiente construído como um
obstáculo ao seu bem-estar; e 34% enfrentam dificuldades nos transportes
públicos.
Estas barreiras, para além de representarem problemas técnicos, comprometem a
dignidade, a autonomia e os direitos fundamentais de milhares de pessoas.
Daniela Seabra, fundadora da primeira rede de mobilidade acompanhada em
Portugal, conta como a sua necessidade gerou o VEM, um serviço em que o mais
importante não é chegar ao destino — é fazê-lo com dignidade, companhia e em
segurança.
Perder a visão aos poucos não lhe tirou apenas o campo visual: retirou-lhe
também autonomia, presença e, muitas vezes, a liberdade de simplesmente… sair de
casa. Mas foi dessa limitação que nasceu a solução. Daniela Seabra, profissional
de marketing e mãe de dois filhos, decidiu transformar a sua experiência pessoal
numa resposta concreta para milhares de pessoas que vivem com mobilidade
reduzida, medo ou isolamento. Assim nasceu o VEM, um serviço de mobilidade
acompanhada que liga pessoas que precisam de apoio nas suas deslocações diárias
a jovens guias formados e certificados.
Lançado em setembro de 2025, o VEM já opera na Área Metropolitana de Lisboa e
prepara expansão nacional e internacional. Mais do que um serviço funcional,
Daniela defende que se trata de uma “mobilidade relacional”, onde o mais
importante não é apenas chegar ao destino — é fazê-lo com dignidade, companhia e
segurança.
Como surgiu a ideia de criar o VEM?
A ideia nasce de uma necessidade minha. Tenho baixa visão devido a
retinopatia pigmentar, uma doença degenerativa que me retira a visão ao longo do
tempo. Fui diagnosticada aos 18 anos, mas durante muitos anos recusei acreditar
que a minha autonomia estava comprometida. Fiz a minha vida normal — estudei,
fiz Erasmus, casei, tive filhos, trabalhei — até que a doença evoluiu e comecei
a sentir, na pele, o medo e o isolamento. Cheguei a perder-me na rua ou a entrar
em transportes errados.
Coisas simples como ir ao supermercado, a uma consulta ou a uma atividade
cultural tornaram-se desafios. Cheguei a perder-me na rua ou a entrar em
transportes errados. E por mais apoio que tivesse da família, eles nem sempre
podiam estar disponíveis. Parecia que a minha vida estava em espera, à espera
que alguém pudesse vir comigo. Como sempre trabalhei em publicidade e marketing,
pensei: “Se tantas marcas existem para colmatar necessidades… porque não criar
uma solução para a minha?” E percebi que esta necessidade não era só minha, é de
tantas pessoas com limitações visuais, motoras, auditivas, relacionadas com o
envelhecimento ou simplesmente com medo de sair sozinhas.
E porquê o nome VEM?
Escolhi o nome VEM porque a palavra em si é um convite e porque sempre que eu
peço a alguém, vem comigo. E então eu achei, faz sentido que seja o VEM porque
na própria palavra está implícito o convite e porque sempre que precisei e
preciso e quero que alguém venha comigo, na verdade a primeira palavra a ser
dita é VEM ou VENS.
Como passou da ideia à realidade?
Ter uma boa ideia é fácil. O difícil é operacionalizá-la. Primeiro fizemos um
estudo para perceber se esta necessidade era real e partilhada. Depois
desenhámos um modelo que fosse exequível: criar uma rede de jovens guias,
recrutá-los e formá-los para acompanhar com empatia e segurança. Porque não
basta boa vontade, é preciso preparação.
Trabalha sozinha no projeto?
Sou eu que estou no dia-a-dia à frente do projeto, mas conto com apoio da minha
família e com um sócio que trata da parte financeira e da captação de
investimento. Como tantos empreendedores, acumulo várias funções numa fase
inicial.
O VEM propõe um modelo de mobilidade acompanhada. Pode
explicar como funciona na prática?
O propósito do VEM é simples e é transformador, é ligar pessoas que precisam de
apoio nas deslocações do seu dia-a-dia, no quotidiano, a jovens guias que são
formados e certificados para prestar este serviço com segurança,
profissionalismo e empatia. O projeto pretende criar uma rede de confiança e
através de uma marcação que é prévia, nós fazemos a ligação com os guias e eles
depois acompanham o cliente, encontram-se no ponto de encontro e fazem o
acompanhamento de braço dado, muitas vezes, e dão todo o apoio e todo o suporte.
Que tipos de deslocações cobrem?
Deslocações quotidianas: consultas médicas, idas ao centro de saúde, passeios,
compras, tratamentos ou simplesmente tratar de assuntos pessoais. A verdade é
que há muitas consultas que deixam de ser realizadas por falta de comparência
dos utentes. Cerca de 50% das missões iniciais foram para consultas médicas, o
que prova que o VEM responde a uma necessidade essencial.
E como pode ser feito o pedido do serviço VEM?
Podem fazer através do site, preenchendo o formulário ou enviando um
e-mail diretamente. Podem fazer por WhatsApp ou podem ligar para uma linha
direta. Pensando nos vários públicos, há uns que terão mais afinidade com o
digital e outros que irão preferir o contacto mais tradicional e que preferem
sempre ligar, até porque na verdade isto é um serviço que é novo e muitas vezes
preferem um esclarecimento e conversar um bocadinho, perceber o que é que se
adequa também em termos de packs de horas e como é que funciona também. Claro
que é natural que exista essa curiosidade.
E quando é necessário usar transportes?
Nós estamos a recrutar jovens entre os 18 e os 25 anos, têm de ter o passe
navegante e podem acompanhar a pé, transportes públicos e também acompanham, se
o cliente preferir deslocar de bolt, táxi ou uber. Também acompanham a quem tem
direito ao transporte solidário.
Como garantem a segurança do serviço?
Com formação certificada. Recrutamos jovens entre os 18 e os 25 anos, muitos
deles universitários, e além da seleção fazemos formação em parceria com a APEC
- Associação Promotora do Ensino dos Cegos, que certifica os guias. Começámos
com 12 e já estamos a formar mais 26.
Como tem sido o feedback?
Muito positivo. Estamos a medir indicadores como pontualidade, conforto e
segurança e os resultados têm sido excelentes. Em apenas um mês, já realizámos
cerca de 50 missões, com clientes que repetem e renovam os pacotes de horas, o
que para nós é o maior reconhecimento.
Quais diria que são os principais desafios deste projeto?
Passar da ideia ao terreno requer investimento e parcerias. É difícil bater a
muitas portas — mas basta uma se abrir para o caminho avançar. Agora que temos o
MVP (Minimum Value Product) validado e clientes reais, estamos mais confiantes
na captação de investimento e no crescimento.
Mas que parcerias estão a desenvolver?
Começámos com entidades da deficiência visual, como a APEC e a Bengala Mágica. A
nossa ambição é criar um modelo replicável, com redes de guias universitários em
várias cidades, nacionais e europeias.
O VEM vai expandir-se?
Sim. Estamos a consolidar Lisboa, já chegámos a Odivelas e Amadora, e queremos
expandir para outras cidades em 2026. E depois, porque não, para fora de
Portugal.
Que impacto espera que o VEM tenha?
Precisamente que lhes devolva mais autonomia, mais presença. O que eu costumo
dizer é que o VEM pretende democratizar o acesso à cidade e promover a autonomia
com dignidade. Esses são os dois nossos principais objetivos. E se as pessoas
sentirem isto, que eu acho que todos os utilizadores que já experienciaram e que
continuam a utilizar o VEM e a espalhar a mensagem e a recomendar, a prescrever,
a sentirem isto, que eu tenho a certeza que sim, pelos feedbacks que sentem, eu
fico mesmo muito feliz porque o impacto que conseguimos gerar na vida das
pessoas é aquilo que mais me deixa feliz. É isso, é uma necessidade. que eu
tinha e que eu tenho e que eu própria também utilizo quando preciso o VEM e para
mim é maravilhoso.
Como é que vê o futuro da mobilidade urbana, inclusive em
Portugal, e acha que o VEM pode ser um modelo replicável?
Eu vejo que podem surgir cada vez mais soluções criativas e inovadoras que
possam beneficiar quem mais precisa e que é um caso que cria aqui uma nova
categoria de serviço de mobilidade humana que mais do que ser uma mobilidade
funcional é uma mobilidade relacional em que coloca as pessoas no centro da
equação e é isso que nós procuramos. A tecnologia ajuda imenso e facilita muito
e hoje em dia assistimos ao emergir de imensas apps com geolocalização,
georreferenciação e isso ajuda-nos, mas nunca nos podemos esquecer aqui da
componente humana que é tão importante, principalmente para pessoas que têm as
suas fragilidades e que devem ter, independentemente da sua idade, da sua
condição física e do seu contexto, acesso à mobilidade, à cidade, e à vida. Eu
acho que é assim que eu vejo o VEM a ser esta promessa, uma solução mais
centrada em pessoas e a devolver às cidades este caráter verdadeiramente
inclusivo.
SOBRE O VEM
O VEM — Mobilidade Acompanhada é um serviço que liga pessoas com mobilidade
reduzida, medo ou dificuldades nas deslocações a jovens guias formados e
certificados que as acompanham com segurança e empatia. As marcações podem ser
feitas por site, WhatsApp, e-mail ou telefone. O serviço funciona atualmente na
Área Metropolitana de Lisboa e prevê expansão nacional em 2026.
O VEM pretende democratizar o acesso à cidade e promover a autonomia com
dignidade. Mais informações e marcações em:
www.vem.com.pt
Pesquisadores britânicos e internacionais alcançaram um avanço impressionante na
medicina ocular: um implante eletrônico foi capaz de restaurar
parcialmente a visão de pessoas que haviam perdido a capacidade de enxergar
devido à degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais
causas de cegueira em todo o mundo.
O ensaio clínico, conduzido em seis países e envolvendo 38 pacientes, testou um
minúsculo implante conhecido como PRIMA, desenvolvido pela empresa californiana
Pixium Vision. O dispositivo, de apenas dois milímetros de largura — mais fino
que um fio de cabelo —, foi colocado sob a retina e conectado por meio de óculos
equipados com uma microcâmera.
Essa câmera capta imagens do ambiente e as converte em sinais elétricos, que o
implante transmite diretamente para os neurônios visuais. O cérebro interpreta
esses impulsos como padrões de luz e sombra, recuperando parte da função visual
perdida.
Segundo o estudo publicado no New England Journal of Medicine, cerca de 84% dos
participantes conseguiram voltar a reconhecer letras e números, e alguns deles
até ler pequenas palavras e resolver palavras cruzadas. Pacientes que há anos
viviam na escuridão relataram conseguir distinguir formas, rostos e objetos
novamente.
Um dos exemplos mais marcantes é o de Sheila Irvine, britânica de 70 anos, que
havia perdido por completo a visão central. “É como ver o mundo ressurgir aos
poucos. Agora consigo ler e escrever novamente, algo que pensei nunca mais
fazer”, afirmou emocionada.
O procedimento foi realizado no Hospital de Olhos Moorfields, em Londres, com
colaboração da University College London (UCL). O oftalmologista Dr. Mahi Muqit,
que liderou parte do projeto, descreveu os resultados como “notáveis e
transformadores de vida”. Ele acrescentou: “Estamos entrando em uma nova era da
visão artificial. Esses resultados mostram que é possível devolver
funcionalidade a pessoas que já haviam perdido toda esperança”.
Os cientistas enfatizam que nenhum paciente apresentou piora da visão periférica
— preservada em pessoas com DMRI —, o que indica que a integração entre o
implante e o olho natural é segura. Com os dados promissores, os pesquisadores
planejam submeter o dispositivo à aprovação para uso clínico regular no Reino
Unido e em outros países nos próximos anos.
Caso aprovado, o PRIMA poderá representar uma nova fronteira terapêutica,
oferecendo esperança a milhões de pessoas com degeneração macular e outras
doenças oculares atualmente sem cura.
A inteligência artificial está a transformar a vida de milhões de pessoas e um
dos seus impactos mais significativos é tornar o mundo mais acessível para os
indivíduos com todos os tipos de deficiências. Esta tecnologia vai além de ser
apenas uma ferramenta: é uma solução que capacita e quebra barreiras, promovendo
a independência de formas inovadoras.
Da voz às legendas
A IA tem sido fundamental na melhoria da comunicação através de diversas
tecnologias. As ferramentas de texto-para-fala e de reconhecimento de voz
permitem que pessoas com deficiência auditiva acompanhem conversas e acedam a
conteúdos áudio em tempo real. Plataformas como o Live Transcribe da Google e os
serviços de voz da Microsoft Azure permitem fazer transcrições instantâneas de
voz. Por outro lado, assistentes virtuais como o Google Assistant e a Siri
permitem que pessoas com deficiência física controlem dispositivos e executem
tarefas sem precisar de usar as mãos.
A geração de legendas por IA também está a revolucionar a forma como o conteúdo
audiovisual é consumido, especialmente para pessoas surdas ou com dificuldades
de audição. Graças à tecnologia de reconhecimento automático de fala,
plataformas como o YouTube, o Zoom e o Teams já mostram legendas criadas em
tempo real. Ao contrário dos métodos tradicionais, a IA processa e mostra as
legendas de forma quase instantânea.
Gestos transformados em texto
Para as pessoas com deficiência visual, os leitores de ecrã e as
ferramentas de texto-para-fala (TTS) são essenciais. Aplicações como o Jaws e o
NVDA convertem texto digital em palavras faladas, permitindo aos utilizadores
navegar na Internet, ler documentos e usar aplicações com facilidade. A IA
também melhorou a capacidade destas ferramentas de compreender o contexto, e
algumas, como a Seeing AI da Microsoft, conseguem, até, descrever imagens,
objectos e o ambiente físico em tempo real.
Outra área em crescimento é a do reconhecimento da linguagem gestual: os
sistemas de visão computacional conseguem interpretar gestos das mãos,
expressões faciais e movimentos corporais, convertendo a linguagem gestual em
palavras faladas ou escritas em tempo real. Aqui, os principais recursos são o
AI-based Sign Language Interpreter (Google) e o Uni Tablet (MotionSavvy).
Ver mais além
No que diz respeito à mobilidade e à navegação, a IA está a dar ferramentas a
pessoas com deficiência visual para se movimentarem de forma mais segura e
autónoma. Soluções como o Aira e o Be My Eyes ligam os utilizadores a
assistentes remotos que fornecem orientação em tempo real através da câmara do
smartphone. Depois, equipamentos como o OrCam MyEye conseguem reconhecer
objectos, ler texto e identificar rostos.
Foco na segurança protegendo a pele delicada ao redor dos olhos do câncer de
pele e do envelhecimento prematuro todos os dias, independentemente do clima.
A maioria dos cânceres de pele que se desenvolvem ao redor dos olhos e guarante
que os mesmos estão carcinomas basocelulares (CBCs). Embora os CBCs raramente se
espalhem, podem crescer mais e penetrar mais profundamente na pele se não forem
tratados. Isso pode dificultar a cirurgia, com potencial para causar danos aos
tecidos e/ou cegueira. Carcinoma de células escamosas (CCEs) representam uma
porcentagem menor de cânceres de pele nas pálpebras e têm maior chance de se
espalhar. Melanoma, uma forma mais perigosa de câncer de pele, pode ocorrer ao
redor e dentro do olho (melanoma ocular), mas é muito menos comum.
Felizmente, você pode evitar danos aos olhos causados pelo sol e pálpebras
usando óculos de sol com proteção UV e um chapéu de aba larga, aplicando
protetor solar e buscando a sombra.
E lembre-se, mesmo que seja outubro, você ainda pode se queimar de sol! Um
guerreiro da nossa comunidade do Facebook acabou de compartilhar esta história:
"A pior queimadura de sol da minha vida Aconteceu em um jogo de futebol no
início de outubro, anos atrás. Fiquei ao ar livre das 9h às 21h. Quem imaginaria
uma queimadura de sol no outono? Acabei no pronto-socorro no dia seguinte com
queimaduras graves. Por favor, todos usem protetor solar!"
Proteja sua pele todos os dias e examine-a da cabeça aos pés mensalmente. E se
notar algo novo, diferente ou incomum, não espere! Consulte um dermatologista.
No âmbito do Dia Nacional da Acessibilidade, a Transportes Metropolitanos de
Lisboa (TML) apresentou hoje, na Gare do Oriente, o projeto piloto de
“WayFinding”, uma iniciativa pioneira que visa testar novas soluções de
orientação e mobilidade autónoma para pessoas cegas ou com baixa visão em
ambientes intermodais de transporte público.
O projeto resulta de uma iniciativa da TML, em parceria com o Metropolitano de
Lisboa (ML), a Infraestruturas de Portugal (IP), o Instituto Nacional para a
Reabilitação (INR) e a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), com
o apoio técnico da SERTEC, e tem como objetivo avaliar a eficácia e
aplicabilidade de tecnologias de acessibilidade e navegabilidade em interfaces
complexas, nomeadamente a instalação de piso podotáctil e códigos NaviLens, na
Gare do Oriente, que permitem orientar os utilizadores entre o terminal
rodoviário da Carris Metropolitana e os cais da estação Oriente do Metropolitano
de Lisboa.
Durante a sessão de apresentação, foram realizadas demonstrações práticas com
pessoas cegas, que testaram o percurso e partilharam a sua experiência com o
novo sistema de navegação.
Um projeto em fase piloto para testar soluções de
mobilidade inclusiva
Este é um projeto piloto de carácter experimental, desenvolvido para avaliar a
viabilidade e impacto real destas soluções no terreno, antes de uma eventual
expansão a outras interfaces de transporte da Área Metropolitana de Lisboa.
“Queremos garantir que cada passo no sentido da acessibilidade e navegabilidade
é dado com base em evidência e na experiência direta das pessoas que dela
necessitam. O WayFinding deste projeto é um laboratório vivo, onde testamos se
estas tecnologias são realmente mais-valias para a mobilidade das pessoas
cegas”, sublinha Faustino Gomes, Presidente da Transportes Metropolitanos de
Lisboa.
A TML recorda que a sua preocupação máxima é com as necessidades das pessoas,
pelo que a avaliação prévia é essencial para determinar qual o modelo mais
eficaz e sustentável para promover a autonomia e segurança das pessoas com
deficiência visual.
A implementação de soluções tecnológicas deste tipo implica investimentos
significativos pelo que devem ser testadas para se ganhar segurança de que
cumprirão o seu objetivo – servir as pessoas.
Parceria interinstitucional pela acessibilidade
O projeto resulta de uma estreita colaboração entre entidades públicas e
associativas, reunindo diferentes competências e perspetivas no domínio da
mobilidade e da inclusão.
“O Metropolitano de Lisboa tem vindo a reforçar o seu compromisso com a
acessibilidade plena. Este projeto permite testar soluções inovadoras que, com
as adaptações necessárias às características das estações e às necessidades dos
utilizadores, poderão ser aplicadas em toda a rede. O objetivo é implementar, de
forma progressiva, um sistema de acessibilidade universal e intemporal, alinhado
com as melhores práticas e com medidas já em curso, como a sinalização tátil, a
informação sonora, os sistemas digitais, e a colaboração com entidades
especializadas”, referiu Sónia Páscoa, Administradora do Metropolitano de
Lisboa.
“Enquanto entidade gestora de infraestruturas, a IP valoriza estas parcerias que
permitem compatibilizar acessibilidade e interligação com a restante
envolvência, garantindo percursos inclusivos em todo o sistema de transportes”,
afirmou Nuno Neves, Administrador da IP-Património.
“O INR congratula-se com esta iniciativa, lançada simbolicamente no Dia Nacional
da Acessibilidade, que demonstra como a cooperação institucional pode gerar
respostas concretas às necessidades das pessoas com deficiência”, destacou Sónia
Esperto, Presidente do Instituto Nacional para a Reabilitação.
“A ACAPO tem acompanhado de perto o desenvolvimento do WayFinding, contribuindo
com a perspetiva de quem vive diariamente os desafios da orientação e
deslocação. Este tipo de testes é fundamental para garantir que as soluções
adotadas são realmente úteis para os utilizadores”, acrescentou Paulo Santos,
Presidente da Delegação de Lisboa da ACAPO.
Sobre o projeto
Este projeto de ‘WayFinding’ propõe-se a testar a combinação de piso podotátil e
códigos NaviLens, que podem ser lidos através de aplicações móveis (Apps),
fornecendo informações sonoras e visuais que orientam o utilizador de forma
autónoma ao longo de todo o percurso entre o metro e o autocarro.
Os resultados deste projeto piloto irão servir de base à avaliação técnica e
funcional destas soluções, contribuindo para definir futuras estratégias de
investimento em acessibilidade e mobilidade inclusiva na rede metropolitana.
Uma Sociedade que fecha os Olhos ao Direito de
Acessibilidade plena das Pessoas com Deficiência
Paulo Baldaia
Expresso | 20 Out 2025
Hoje celebra-se o 'Dia Nacional das Acessibilidades', uma data em que se
pretende consciencializar a sociedade para as barreiras que as pessoas com
deficiência enfrentam todos os dias. Os direitos destas pessoas são lei, mas a
lei não se cumpre. Neste Expresso da Manhã, Paulo Baldaia parte sem guião para
uma conversa com Fernando Rui Costa, uma pessoa com deficiência visual e inteira
consciência do que falha quando se fala de acessibilidades
Portugal é um país onde tudo está previsto na lei, mas onde a lei não se cumpre.
A responsabilidade é antes mais do Estado, autarquias sobretudo, mas nós
cidadãos estamos muito longe de fazer tudo o que podemos para facilitar a vida
às pessoas com deficiência.
Neste podcast diário, Paulo Baldaia conversa com os jornalistas da redação do
Expresso, correspondentes internacionais e comentadores.
Neste 'Dia Mundial da Bengala Branca' apelámos aos Grupos Parlamentares por uma
alteração legislativa que permita a qualquer pessoa, com ou sem deficiência,
votar em plenas condições de igualdade em todos os atos eleitorais.
Nas eleições autárquicas do passado dia 12 de outubro as pessoas com deficiência
visual ficaram, uma vez mais, impedidas de exercer o seu direito de voto de
forma autónoma e confidencial.
Defendemos a participação destes cidadãos na vida cívica e política em condições
de igualdade com os demais cidadãos.
O voto é secreto, mas não para todos. No dia 12 de Outubro de 2025 mais de cinco
milhões de portugueses saíram de casa para exercer o seu direito ao voto. Mas
nem todos os cidadãos puderam exercer o voto na plenitude dos seus direitos.
Desde 2018 que a lei (Lei Orgânica nº3/2018) prevê matrizes de voto em braille
para as eleições presidenciais e legislativas. Nas autárquicas? A única opção é
o voto acompanhado.
Nas eleições presidenciais, tal como nas legislativas, o que há não é um boletim
em braille (já que isso poderia violar o voto secreto), mas uma grelha
que se coloca por cima do boletim e que tem o espaço dos quadrados exactamente
onde estão nos boletins de voto, para que o eleitor possa seleccionar onde quer
colocar a cruz. André Wemans, professor universitário e porta-voz da Comissão
Nacional de Eleições (CNE), garante que “o voto em braille nestas eleições não
está previsto na lei” e que esse é um assunto “do âmbito legislativo”.
Em 2024, segundo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), em Portugal o
número de pessoas com deficiência visual ultrapassava os 600 mil. A lei prevê
que todas as pessoas cegas que queiram votar nas eleições autárquicas devem
fazer-se acompanhar “de alguém da sua confiança”, o que já exclui muitos
cidadãos.
“Existem diversas situações em que as pessoas com deficiência visual não têm, à
partida, ninguém da sua confiança disponível para os acompanhar no dia do acto
eleitoral”, afirma Rodrigo Santos, presidente da Associação dos Cegos e
Amblíopes de Portugal (ACAPO). Acrescenta que “por muito que seja alguém da
confiança da pessoa, não é possível garantir que o voto é secreto, nem que o
voto ficou expresso da maneira que a pessoa queria”, e o voto é “o mais básico e
sagrado direito da cidadania”.
Maria Sá é uma das mulheres cegas que teve de “confiar a sua cruzinha a outra
pessoa”. No Megafone do P3, Maria expôs a realidade de milhares de pessoas com
deficiência visual: “O meu voto não foi totalmente meu”. A impossibilidade de as
pessoas cegas poderem votar de forma autónoma é, para Maria, “uma contradição”
num “país orgulhosamente democrático e que se diz inclusivo”.
André Wemans explica que o problema pode ter que ver com questões de logística.
“Eu diria que tem a ver com a quantidade de boletins diferentes, sobretudo”. De
facto, nas eleições presidenciais o boletim de voto é igual para todos os
eleitores, mas nas legislativas já há 22 boletins diferentes. “A questão também
é a impressão dos boletins, nas outras duas é o Ministério da Administração
Interna o responsável pela impressão dos boletins de voto, ou seja, é central,
mas nas autárquicas essa responsabilidade é de cada município”. Uma mudança
implicaria “que os municípios imprimissem os boletins e as grelhas em braille”,
acrescenta.
O presidente da ACAPO vê nesta situação um sintoma da sociedade em que vivemos.
“Uma vez mais, nós assumimos que toda a gente é como nós, e esquecemos que há
uma linha muito ténue entre ter a capacidade de utilizar um sentido e perdê-la.
E como nos esquecemos disso, porque achamos que só acontece aos outros,
regulamos as coisas para a maioria”. “As pessoas acham importantíssimo
incentivar a igualdade de participação, excepto se implicar uma adaptação que
demore mais do que cinco minutos”, aponta Rodrigo.
As eleições autárquicas contam com eleições para três órgãos diferentes:
Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Junta de Freguesia. No total são 308
boletins diferentes para cada um dos dois primeiros e mais de 3 000 para o
último. Isso e a “descentralização no que diz respeito às impressões” é o maior
entrave que o porta-voz da CNE vê para não estar contemplada na legislação a
matriz de voto em braille.
“Portugal assinou um compromisso na Convenção das Nações Unidas sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, em que se comprometia a garantir que todas
as pessoas, com ou sem deficiência, participam de forma igual na vida cívica e
política”, lembra Rodrigo Santos.
Já na Madeira, nas últimas eleições regionais, também não houve grelhas em
braille. “A lei que estava em vigor no acto eleitoral também não o previa”,
afirma André Wemans, mas “a nova lei, actualmente em vigor, já o prevê, e por
isso nas próximas eleições regionais haverá certamente grelhas de braille”.
Garante que “em relação às eleições autárquicas, cabe ao legislativo resolver
essa situação”.
Para Rodrigo a vontade que deve prevalecer “não é a da maioria”, mas sim a “de
uma sociedade contar com todos de igual forma”. Defende que para isso há várias
implicações, desde “um processo eleitoral acessível a todas as pessoas, a mesas
de votos em locais que não representem barreiras à participação das próprias
pessoas com deficiência”, seja ela qual for, e implica que “direitos de
transporte acessíveis”.
A ACAPO afirma esperar “que este tenha sido o último acto eleitoral em que há
pessoas que são deixadas de fora pelo sistema, e em que não são garantidas as
condições de igualdade de participação no processo de votação”.
Técnicos e colaboradores da delegação de Leiria da ACAPO - Associação dos Cegos
e Amblíopes de Portugal vão estar no dia 15 de Outubro, no LeiriaShopping, entre
as 10 e as 16 horas, no piso zero para desafiar a “comunidade local a vendar os
olhos e a realizar um percurso pelo shopping utilizando uma bengala branca”.
A actividade assinala o Dia Mundial da Bengala Branca e pretende dar uma
experiência segura e informativa aos cidadãos.
“Esta ação foi cuidadosamente desenhada para simular os desafios enfrentados
diariamente por pessoas cegas ou com baixa visão, promovendo uma maior
consciência sobre os obstáculos existentes e incentivando a reflexão sobre a
importância da inclusão nos espaços públicos”, refere uma nota de imprensa da
ACAPO.
A ACAPO é “herdeira de quase 100 anos de associativismo” e “há mais de três
décadas que pugna pela defesa dos direitos e interesses das pessoas com
deficiência visual de Portugal, representando-as junto de entidades nacionais e
internacionais com trabalho na área da deficiência visual”.
A sua presença de proximidade em quase todo o território nacional “permite-lhe
desempenhar um papel activo na habilitação e reabilitação das pessoas com
deficiência visual de todas as idades, e em todos os domínios da sua vida,
incluindo apoio psicológico e social, treino de orientação e mobilidade, treino
de actividades da vida diária, ensino do Braille e das tecnologias de informação
e comunicação, formação profissional, apoio ao emprego e à adaptação de postos
de trabalho, assistência pessoal, e produção de todo o tipo de informação e
materiais em formatos e suportes acessíveis”.
O livro ilustrado para crianças cegas “Uma casa é uma
montanha é um chapéu” foi selecionado pela Biblioteca Internacional da
Juventude como uma das melhores obras de literatura para crianças e jovens de
2025.
Além de “Uma casa é uma montanha é um chapéu”, concebido para ser acessível a
crianças cegas ou com baixa visão, por Yara Kono, Fátima Alves, Filipa Tomaz e
Letícia do Carmo, a Biblioteca Internacional da Juventude, sediada em Munique,
escolheu outros dois livros com autores portugueses para figurarem entre os
cerca de 200 melhores de todo o mundo. São eles: “As pessoas são esquisitas”, do
autor brasileiro-norte-americano Victor D. O. Santos, com ilustrações da
portuguesa Catarina Sobral (edição Orfeu Negro), e “(Toda) a ciência em três
grandes perguntas”, do britânico Philip Ball, desenhado pelo português Bernardo
Carvalho (Planeta Tangerina).
Todos os anos, a Biblioteca Internacional da Juventude elege cerca de 200 livros
infantojuvenis, de várias línguas e países, que servem de referencial para
leitores, mediadores, bibliotecas, e para divulgação internacional,
atribuindo-lhes o selo intitulado “White Ravens”.
Para a equipa da Biblioteca Internacional da Juventude, “Uma casa é uma montanha
é um chapéu” é um “excecional livro ilustrado” pela conjugação do texto, sobre
casas e arquitetura, com o trabalho gráfico e de engenharia de papel, destinado
tanto a crianças cegas como às que veem bem. O livro tem ilustrações de Yara
Kono, trabalho de acessibilidade e conceção tátil de Fátima Alves, e texto de
Filipa Tomaz e Letícia do Carmo, numa edição da Trienal de Arquitetura de
Lisboa.
“As pessoas são esquisitas” é, para aquela instituição alemã, um livro cheio de
“empatia e compaixão” que explora a diversidade do comportamento humano, como se
lê na breve análise divulgada ‘online’.
Já “(Toda) a ciência em três grandes perguntas” é elogiado pela qualidade
narrativa e pela leveza das ilustrações em abordar termos e conteúdos
científicos, demonstrando que “a ciência não é um simples acumular de factos”.
A seleção “White Ravens” deste ano da Biblioteca Internacional da Juventude será
apresentada na quarta-feira, na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha.
LUSA
Uma Casa é uma
Montanha é um Chapéu é um livro para ver, ler e sentir de maneiras
diferentes. Para idades entre os 6 e 10 anos, explora a casa e as suas múltiplas
dimensões – os seus componentes e formas básicas, personalidade, vários tipos e
as articulações com a rua, o bairro, a cidade e a paisagem.
Com cores e relevo, letras grandes e texto em Braille, pode ser lido também por
crianças cegas ou com baixa visão sendo também uma ferramenta para o ensino de
crianças com necessidades especiais.
Ficha Técnica
Título: Uma Casa é uma Montanha é um Chapéu
Edição: Trienal de Arquitectura de Lisboa
Texto: Filipa Tomaz, Letícia do Carmo (Trienal de Lisboa)
Ilustrações e design gráfico: Yara Kono (Planeta Tangerina)
Acessibilidade e conceção tátil: Fátima Alves (Locus Acesso)
38 pp | 329 x 240 mm
PVP: 30€
ISBN: 978.989.33.3177.4
1ª Edição: Março 2024
O Museu Nacional da Música reabre ao público no dia 22 de novembro, após
uma renovação que inclui a abertura de novas instalações, anunciou a Museus e
Monumentos de Portugal. Instalado desde 1994 na estação de metro do Alto dos
Moinhos, em Lisboa, o MNM muda-se definitivamente para o
Palácio Nacional de Mafra depois de dois anos de obras.
O programa da inauguração, marcada para um sábado, inclui diversos concertos e
estende-se por todo o fim de semana e dias seguintes. A entrada será livre,
embora sujeita à lotação dos espaços, recomendando-se reserva de bilhete através
da Bilheteira da Museus e Monumentos de Portugal. O programa final será
disponibilizado no site do museu.
“O Museu Nacional da Música contará com um salão imersivo multimédia, cuja
inauguração incluirá a estreia de uma obra encomendada ao ilustrador Bernardo
Carvalho e ao músico Ricardo Jacinto, e de ‘Harpa de ervas’, encomendada à
compositora Fátima Fonte e à realizadora Adriana Romero e desenvolvida a partir
de entrevistas a diversas personalidades como Ana Salazar, Afonso Reis Cabral,
Álvaro Siza Vieira, Capicua, Herman José, Rui Paula, Simone de Oliveira e Vasco
Palmeirim”, revelou a empresa pública.
De acordo com a MMP, o novo circuito de visita do MNM “inclui experiências
multissensoriais, táteis e olfativas, dirigidas a todos os públicos, que vão
também poder tocar em mais de vinte diferentes instrumentos musicais e modelos
de instrumentos”.
Adicionalmente, estão preparadas “novas soluções” em termos de acessibilidades:
o público com deficiência visual vai contar com “pavimento podotáctil, braille e
audiodescrição”, enquanto as “pessoas surdas vão ter vídeoguias em Língua
Gestual Portuguesa” e o público no “espetro autista ou mais genericamente com
algum tipo de hipersensibilidade” vai poder usufruir de horários específicos
para visitas silenciosas e redução de estímulos visuais.
“Estas novas instalações permitiram reabilitar 8000m2 do Real Edifício de Mafra,
incluindo espaços de reservas e espaços comuns como a bilheteira, a loja e
cafetaria, bem como duplicar o número de espécimes em exposição, que passam
agora a totalizar 500 peças num percurso de visita de 2000m2“, lembrou a MMP.
A Casa-Museu Miguel Torga recebe no sábado, dia 27 de setembro, às 10h00, uma
tertúlia literária inspirada na obra do escritor, sob o mote “Coimbra é um livro
aberto”. A iniciativa é organizada em parceria com a ACAPO – Associação dos
Cegos e Amblíopes de Portugal.
O encontro pretende evocar a forte ligação de Miguel Torga a Coimbra, cidade
onde viveu, estudou e exerceu medicina, e que destacou em várias obras, enquanto
promove a inclusão, a acessibilidade cultural e a valorização das pessoas com
deficiência visual.
A tertúlia insere-se no trabalho desenvolvido pela Divisão de Bibliotecas e
Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Coimbra, através do Serviço de Leitura
para Deficientes Visuais, que colabora regularmente com a ACAPO no
desenvolvimento de projetos nas áreas da reabilitação, educação e cultura.
A Casa-Museu Miguel Torga, situada na Praceta Fernando Pessoa, está aberta ao
público de segunda a sexta-feira, entre as 14h00 e as 17h30, disponibilizando
visitas guiadas gratuitas para grupos escolares e outros interessados.
Informações e reservas através do telefone 239 702 630 ou do e-mail
biblioteca@cm-coimbra.pt.
O Município do Porto, em parceria com a Accessible Portugal, está a desenvolver
o projeto “Porto Acessível”, uma iniciativa que visa melhorar a experiência de
quem visita, vive, estuda ou trabalha na cidade, promovendo o acesso equitativo
à oferta turística.
Segundo a Câmara do Porto, o ponto central do projeto é o “Guia Porto
Acessível”, uma ferramenta em formato físico e digital, disponível em português
e inglês, que reúne informação detalhada sobre as condições de acessibilidade de
54 recursos turísticos da cidade.
Entre os espaços abrangidos encontram-se a Reitoria da Universidade do Porto, a
Livraria Lello, o Mercado do Bolhão, o Teatro Nacional de São João, a Casa da
Música, os Jardins do Palácio de Cristal, a Casa do Infante e o Parque das
Águas.
Além da caracterização dos locais, o guia inclui percursos turísticos definidos
em linha com a estratégia dos Quarteirões Turísticos e com o objetivo de
dispersar os fluxos de visitantes pela cidade. Estão também previstos cinco
itinerários adaptados, com versões em braille e mapas táteis, para facilitar a
autonomia de pessoas com deficiência visual.
Ao apoiar o planeamento da estadia com base em informação útil e atualizada, o
“Porto Acessível” pretende reforçar a imagem da cidade como destino inclusivo e
acessível para todos, em consonância com o Mapa de Visão para o Futuro
Sustentável do Porto.
O consumo de substâncias psicoativas, naturais ou sintéticas, que atuam no
sistema nervoso gerando alterações nas funções que regulam pensamentos, emoções
e comportamento, aumentam as hipóteses de deficiência visual ou cegueira,
alertou na quarta-feira um especialista.
"As drogas causam alterações físicas nos olhos que vão além dos sinais visíveis
habituais, como olhos vermelhos ou tamanho anormal das pupilas, e têm um impacto
profundo e duradouro na saúde ocular", realçou Gerardo Gleason, especialista
mexicano em tecnologia para cirurgias oftalmológicas.
O especialista, que falava no âmbito do Dia Internacional de Combate ao Abuso e
ao Tráfico Ilícito de Drogas, que se assinala em 26 de junho, alertou que, de
acordo com o relatório de 2023 do Conselho Internacional de Controlo de
Estupefacientes (JICE), da Organização das Nações Unidas (ONU), o uso de
metanfetaminas, ecstasy e outros estimulantes no México cresceu 218% entre 2017
e 2022.
Gleason explicou que drogas como a cocaína, por exemplo, podem causar
descolamentos de retina, enquanto o LSD e o crack aumentam o risco de
retinopatia e perda de visão. Por outro lado, canábis causa olho seco e
fotofobia, sendo que os opioides podem causar diminuição do tamanho da pupila,
olho seco e risco de infeções oculares graves.
Segundo um estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o uso de
cocaína e anfetaminas está associado "a um risco aumentado de desenvolver
glaucoma de ângulo aberto", uma doença ocular grave que pode levar à perda de
visão se não for tratada adequadamente, sublinhou ainda. Uma análise liderada
pela Universidade de Oklahoma revelou que o uso precoce de substâncias
psicoativas, antes dos 21 anos, pode aumentar as hipóteses de deficiência visual
ou perda total da visão.
"Estas descobertas destacam a importância de aumentar a conscientização sobre os
riscos oculares associados ao consumo de drogas. Da mesma forma, é fundamental
que os profissionais de saúde ocular estejam atentos a essas questões e
atualizem constantemente as suas competências", defendeu Gleason. O especialista
destacou também que o uso de equipamentos de última geração é fundamental para o
diagnóstico precoce e para que os pacientes tenham tratamento oportuno, o que
também pode garantir um atendimento mais preciso e eficaz.
"Não devemos perder de vista que a prevenção do consumo de drogas, e uma
abordagem abrangente para resolver este problema, são essenciais para mitigar os
efeitos nocivos destas substâncias na saúde geral e visual", sublinhou.
A Feira Medieval de Palmela, um evento que se destaca no calendário cultural da
região, está programada para acontecer de 26 a 28 de setembro de 2025. Este ano,
a feira traz como tema “Palmela no Tempo da Expedição de Ceuta”, proporcionando
uma imersão na história e nas tradições medievais. Além das atrações habituais,
o evento contará com um passeio inclusivo intitulado “Ver com Outros Olhos!”,
destinado a pessoas com deficiência visual, promovendo uma experiência sensorial
única.
Passeio Inclusivo “Ver com Outros Olhos!”
O passeio inclusivo “Ver com Outros Olhos!” ocorrerá no dia 28 de setembro,
entre as 15h15 e as 18h30. Este percurso foi especialmente elaborado para
pessoas com deficiência visual, permitindo que vivenciem as dinâmicas medievais
de forma segura e acessível. A experiência será acompanhada por guias treinados,
que proporcionarão uma imersão sensorial através de descrições detalhadas e
interações táteis.
As inscrições para participar mo passeio inclusivo estão abertas até dia 19 de
setembro. Os interessados devem formalizar sua inscrição através do
e-mail
associacao.bengalamagica@gmail.com.
É uma oportunidade valiosa para promover a inclusão e a acessibilidade em
eventos culturais.
A Feira Medieval de Palmela ocorrerá nas seguintes datas e horários:
Sexta-feira, 26 de setembro: das 17h às 0h
Sábado, 27 de setembro: das 14h às 0h
Domingo, 28 de setembro: das 14h às 23h
O evento será realizado no Castelo de Palmela e no Centro Histórico da vila,
locais que oferecem um cenário perfeito para reviver as tradições medievais. O
castelo, com a sua rica história, servirá como pano de fundo para diversas
atividades e apresentações.
O tema deste ano, “Palmela no Tempo da Expedição de Ceuta”, remete ao século XV,
durante o reinado de D. João I. A feira recriará o ambiente da época, destacando
a importância da Ordem de Santiago de Espada e a sua contribuição para a
expedição de Ceuta, que envolveu a mobilização de combatentes e recursos. Pode
ficar a saber mais aqui.
A Feira Medieval de Palmela, com um tema envolvente e iniciativas inclusivas,
promete ser um evento memorável. O passeio inclusivo “Ver com Outros Olhos!” é
uma oportunidade única para vivenciar a história de forma sensorial, enquanto a
feira em si oferece uma rica programação cultural. Participe neste evento que
celebra a cultura, a história e a inclusão.
Piero Cipollone alerta para vulnerabilidade do sistema de pagamentos europeu e
recorda apagões recentes em Portugal e Espanha. Moeda digital será complementar
ao numerário e terá mecanismos de segurança reforçados para resistir a falhas de
energia e de rede.
O euro digital não é apenas um projeto tecnológico, mas um instrumento
estratégico para a estabilidade financeira, a segurança económica e a inclusão
social na União Europeia, defendeu Piero Cipollone, membro da Comissão Executiva
do Banco Central Europeu (BCE), ao apresentar no Parlamento Europeu, nesta
quinta-feira, os desenvolvimentos mais recentes da iniciativa. “Enquanto forma
digital de numerário emitida pelo Banco Central Europeu, o euro digital irá
complementar o numerário físico, que continua a ser essencial para a resiliência
e a inclusão. O euro digital assegurará que todos os europeus possam pagar
sempre com um meio de pagamento digital gratuito e universalmente aceite, mesmo
em caso de perturbações graves”, afirmou.
Cipollone deixou claro que a resiliência é a primeira prioridade. “Os serviços
de pagamento são tão essenciais como a eletricidade ou a água potável. Não são
um luxo. É nosso dever garantir que funcionam sempre, independentemente das
condições externas”, declarou.
O responsável lembrou que grande parte das infraestruturas digitais utilizadas
na Europa depende de prestadores de fora da União, o que limita a autonomia em
situações de crise e expõe os sistemas a riscos de ciberataques. “Incidentes
como a sabotagem de cabos submarinos no Golfo da Finlândia e no Mar Báltico
recordam-nos de forma clara a fragilidade das nossas infraestruturas”, referiu.
E as perturbações não resultam apenas de crises geopolíticas ou de segurança.
Como exemplo, apontou os apagões registados na primavera passada em Portugal e
Espanha, durante os quais milhares de pessoas ficaram impossibilitadas de pagar
por não terem numerário à mão. “Estes acontecimentos mostram porque é vital
salvaguardar o nosso sistema. Os europeus esperam do BCE – e de vós,
co-legisladores – medidas decisivas e práticas para prevenir tais situações no
futuro”, sublinhou.
Para dar resposta a esses desafios, o BCE prevê que o euro digital funcione como
um verdadeiro mecanismo de continuidade.
Cipollone explicou que a infraestrutura técnica do euro digital será distribuída
por pelo menos três regiões diferentes, cada uma equipada com múltiplos
servidores, de forma a que, no caso de um desastre regional ou de um
ciberataque, os pagamentos possam ser automaticamente redirecionados e as
operações continuem ininterruptas. O BCE irá ainda desenvolver uma aplicação
dedicada ao euro digital, que estará disponível para todos e permitirá aos
utilizadores mudar facilmente entre prestadores de serviços que ofereçam o euro
digital; em situações de ciberataque a um ou mais prestadores, esta opção de
recurso garante a continuidade. Por fim, a funcionalidade offline adiciona uma
camada extra de segurança, permitindo efetuar pagamentos mesmo quando a ligação
à internet é interrompida ou quando o acesso ao numerário se torna difícil, como
durante um apagão ou uma catástrofe natural.
Euro digital como meio de inclusão financeira
A segunda grande prioridade do projeto é a inclusão, referiu no seu discurso.
“Temos de garantir que ninguém fica para trás na transição para uma economia
mais digital. Durante décadas, o numerário foi um pilar da inclusão financeira –
oferecendo acessibilidade, autonomia e confiança. Não podemos perder estes
benefícios por inação”, referiu. E acrescentou: “As barreiras à inclusão são
reais: desde não possuir um smartphone, à literacia digital limitada, passando
por interfaces de utilizador que não têm em conta a acessibilidade”.
Para isso, o BCE está a desenvolver soluções adaptadas a diferentes
necessidades, incluindo interfaces com comandos de voz, letras ampliadas ou
fluxos simplificados. “Mais de 30 milhões de europeus têm deficiência visual e
pelo menos 34 milhões são surdos ou têm dificuldades auditivas. O euro digital
tem de ser desenhado a pensar também neles”, frisou.
Cipollone acrescentou ainda que a inclusão não se fará apenas através da
tecnologia, mas também do apoio no terreno. O BCE está a explorar parcerias com
autarquias, bibliotecas e estações de correios para disponibilizar assistência
gratuita aos utilizadores mais vulneráveis.
O responsável deixou, por fim, uma mensagem clara ao legislador europeu: “O BCE
apoia o trabalho em curso da Comissão Europeia e do Conselho da UE sobre
resiliência e inclusão. Mas, para que o euro digital reforce efetivamente a
resiliência dos pagamentos na área do euro, tem primeiro de se tornar
realidade”.
Recorde-se que, em março passado, os líderes da área do euro apelaram a uma
aceleração no projeto do euro digital, nomeadamente para “apoiar um sistema de
pagamentos europeu competitivo e resiliente e contribuir para a segurança
económica da Europa”.
Cipollone frisou que o progresso legislativo “permitirá avançar em paralelo e
dar aos europeus um calendário claro e concreto para a concretização do euro
digital – assegurando acesso fácil a um meio de pagamento resiliente que
protegerá a segurança económica da Europa”.
Este sábado, dia 6 de setembro, o Museu do Presépio recebe a iniciativa
“Presépios que falam”, uma visita audiodescrita do espaço. A atividade começa às
11 da manhã.
A iniciativa partiu de Ana Varela, no âmbito do trabalho final de Pós-Graduação
em Audiodescrição para as Indústrias Criativas, do Instituto Superior de
Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP).
Esta visita conta com a parceria da Rising Child, da Cabra Cega e da Voz de
Alenquer.
O objetivo passa por “dar a conhecer o museu com todos os seus presépios a
todos, incluindo a quem não vê”, explicou à 'Voz de Alenquer' Ana Valera. “São
todos bem vindos, não penas quem tem deficiência visual”, desafiou Ana Varela.
O Convento São Francisco passa a integrar, a partir de setembro de 2025, a Rede
de Teatros com Programação Acessível (RTPA), iniciativa da associação Acesso
Cultura, com apoio do BPI | Fundação “la Caixa”.
A adesão prevê que, ao longo da temporada 2025-2026, a programação do
equipamento municipal inclua espetáculos com interpretação em Língua Gestual
Portuguesa (LGP), legendagem e audiodescrição. Estão indicados cinco espetáculos
com audiodescrição e cinco com interpretação em LGP, a anunciar no calendário da
temporada.
Está igualmente prevista a realização de ações de formação dirigidas às equipas
técnicas e artísticas, assim como iniciativas de sensibilização e de divulgação
em articulação com associações representativas da comunidade surda e de pessoas
com deficiência visual.
A integração do Convento São Francisco nesta rede nacional tem efeitos a partir
de setembro de 2025 e passa a assegurar, de forma regular, a disponibilização de
recursos de acessibilidade na programação artística.
A EMA (Agência Européia de Medicamentos) adverte: Ozempic e Wegovy podem
provocar perda de visão (cegueira súbita) por neuropatía óptica
Os medicamentos baseados na semaglutida, como Ozempic e Wegovy, consolidaram-se
em poucos anos como um dos grandes avanços no tratamento da diabetes tipo 2 e da
obesidade. A sua eficácia para reduzir os níveis de glucose no sangue, junto com
a sua capacidade para favorecer a perda de peso, têm provocado um aumento em
massa do seu uso na Europa e nos Estados Unidos.
Mas este sucesso vem acompanhado agora de uma advertência importante: a Agência
Européia do Medicamento (EMA) tem confirmado um possível vínculo entre estes
fármacos e um tipo de doença ocular que pode causar perda súbita de visão.
Ozempic e Wegovy: a EMA confirma um risco pouco comum de
perda repentina de visão
A reacção adversa detectada denomina-se neuropatía óptica isquémica anterior não
arterítica (NOIANA). Trata-se de uma patologia que reduz a irrigação sanguínea
para o nervo óptico, o que pode ocasionar cegueira parcial ou inclusive total em
matéria de horas. Ainda que a sua incidência seja baixa, a gravidade das
consequências tem motivado que o organismo europeu inclua a advertência na
informação oficial dos medicamentos.
A NOIANA é, após o glaucoma, a segunda causa mais frequente de perda
irreversível de visão em adultos. Diferentemente de outras complicações
oftalmológicas, o seu aparecimento pode ser repentino e sem sintomas prévios, o
que aumenta a preocupação entre médicos e pacientes.
O que diz a evidência científica
A decisão da EMA não é isolada. Desde 2024, diferentes trabalhos tinham começado
a assinalar esta possível relação. Nesse mesmo ano, a revista científica JAMA
Ophthalmology publicou um estudo que observava um maior risco de NOIANA em
pacientes tratados com semaglutida. Pouco depois, um meta-análise reforçou essa
suspeita, ainda que enfatizando que os dados ainda eram limitados e que se
precisava de mais investigações.
A princípios de 2025, outra investigação foi um passo além ao vincular tanto a
semaglutida como a tirzepatida —o princípio ativo de Mounjaro, outro fármaco da
mesma família de agonistas do receptor GLP-1— não só com a neuropatía óptica, se
não também com um transtorno ocular menos comum conhecido como maculopatía média
aguda paracentral.
Não obstante, os resultados não são unânimes. Uma análise sistémica que reviu 78
ensaios clínicos com mais de 73.000 pacientes não encontrou nenhuma associação
entre a semaglutida e a retinopatía diabética, ainda que deixou aberta a
possibilidade de um vínculo com a NOIANA. Como resumia o endocrinólogo
brasileiro Fernando Gerchman, autor principal desse trabalho: "Os achados
confirmam que existe um sinal, mas ainda não há provas suficientes para
estabelecer uma causalidade definitiva".
Decisão da EMA e repercussão em Espanha
Depois de meses de revisão, o Comité de Avaliação de Riscos em Farmacovigilancia
(PRAC) da EMA tem concluído que a NOIANA deve figurar no prospecto de todos os
medicamentos que contêm semaglutida. Sua frequência classificou-se como "muito
rara", isto é, que poderia afectar a até 1 em cada 10.000 pacientes.
Em Espanha, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) já
tinha alertado em junho deste risco potencial. No entanto, a actualização
oficial do prospecto de Ozempic, Wegovy ou Rybelsus ainda está pendente do visto
bom do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da EMA. Convém recordar que o
prospecto atual de Ozempic em Espanha já advertia sobre a retinopatía diabética
como possível complicação, classificada como "frequente" (até em 1 em cada 10
pacientes), sobretudo em quem utilizam insulina de maneira combinada.
Um risco baixo que exige atenção
Em termos absolutos, a incidência estimada da neuropatía óptica isquémica entre
os utentes de semaglutida ronda 0,04%. Ainda que a percentagem seja baixa, os
especialistas recomendam não baixar a guarda e consultar de imediato um médico
se se produzir qualquer alteração repentina da visão, inclusive parcial.
Ademais, a EMA faz questão de que esta nova advertência não muda a valoração
geral sobre a semaglutida: os benefícios superam os riscos conhecidos. Estes
fármacos têm demonstrado ser muito eficazes tanto para melhorar o controle
glicémico como para favorecer a redução de peso em pessoas com obesidade, o que
por sua vez reduz complicações cardiovasculares associadas.
Uma complicação rara, mas grave: o debate que cruza o
Atlántico
Enquanto a Europa actualiza os seus prospectos, nos Estados Unidos a situação
transladou-se ao terreno legal. Diversas sociedades de advogados já têm começado
a organizar processos coletivos contra as companhias farmacêuticas responsáveis
por estes medicamentos. Representam a pacientes que asseguram ter sofrido perda
repentina de visão depois de seu uso, o que tem gerado um intenso debate público
sobre a segurança destes tratamentos estrela.
Como actuar: vigilância, informação e equilíbrio
A chegada de Ozempic e Wegovy tem transformado a abordagem de doenças crónicas
como a diabetes e a obesidade, dois dos grandes desafios sanitários do século
XXI. Agora, o aparecimento desta advertência obriga pacientes e profissionais a
estarem mais atentos, mas sem perder de vista a perspectiva: o risco existe,
ainda que muito pouco frequente.
A EMA e a AEMPS recomendam aos pacientes não interromperem seu tratamento sem
consultar previamente o médico e ir de imediato a um especialista se aparecer
qualquer sintoma visual inesperado. Porque, como recordam os especialistas, na
balança entre benefícios e riscos, a semaglutida segue sendo uma ferramenta
fundamental na medicina atual, sempre que se use sob adequada supervisão
clínica.
Os novos óculos Ally Solos demonstram que a assistência visual é uma das mais
poderosas aplicações para a tecnologia de IA.
Os óculos Ally Solos chegaram, trazem um grande avanço na implementa98 de
funcionalidades de Inteligência Artificial e também têm um design agradável.
Estas armações, resultado de uma colaboração entre a empresa de óculos Solos e a
empresa de assistência visual Envision, estão actualmente em pré-venda por 499
euros.
A assistência visual é uma daquelas aplicações tecnológicas que apenas afectarão
a proporção relativamente pequena de pessoas que precisam dela, mas que é, no
entanto, de interesse geral para todos. Este tipo de aumento na mobilidade e
autonomia de uma pessoa é o que a tecnologia deveria sempre procurar atingir, e
de todos os potenciais usos para as novas tecnologias de IA, ajudar os
deficientes visuais parece ser um dos mais óbvios.
Muitas ferramentas de IA podem agora analisar uma imagem de uma página num livro
para convertê-la em texto legível, extrair esse texto como dados e, em seguida,
fornecer esses dados a um algoritmo de síntese de voz para ajudar aqueles
incapazes de ver o texto por si mesmos, o efeito é como ter uma pessoa ao lado a
descrever o mundo durante o dia. À medida que a IA avançou, a amplitude das
situações em que pode ser usada neste contexto aumentou, enquanto os tempos de
resposta e a lentidão geral diminuíram drasticamente.
Igualmente óbvio é onde a câmara que tira essa foto deveria estar: no rosto do
utilizador. Isso não só permite que a posição da sua cabeça dite o que o sistema
está a ver e analisar, o que ajuda a funcionalidade a adaptar-se a um mundo
feito para pessoas sem problemas de visão, mas também mantém as mãos livres.
Além das melhorias no design, os óculos integram-se com a nova aplicação
Envision para iOS e Android que usa também o smartphone como apenas mais um
dispositivo de entrada de dados. Todas as funcionalidades dos óculos podem ser
usadas directamente através do telemóvel.
Com a nova configuração, os utilizadores podem obter uma grande variedade de
formas de assistência de IA, desde a simples leitura de texto até descrições de
objectos e até mesmo eventos. As descrições e outra informação são passadas ao
utilizador através de um sistema de som integrado nas hastes que emite
directamente para os ouvidos.
A aplicação integra-se com uma grande variedade de serviços de IA, incluindo
Llama, ChatGPT, Gemini, Perplexity e outros. A subscrição Ally Pro remove os
limites de tempo para chamadas às respectivas API e outras restrições. A
funcionalidade principal para assistência visual, no entanto, está disponível
gratuitamente.
Joana Meireles, a CEO & cofundadora da JMR Digital Marketing, autora do eBook “O Futuro é
Inclusivo: Conheça o European Accessibility Act”, reflete sobre a entrada em
vigor do European Accessibility Act (EAA) e indica os erros a evitar.
Com a entrada em vigor do European Accessibility Act (EAA), muitas empresas
continuam a subestimar o que está em causa e o que esta nova lei poderá
significar para a sua presença digital.
Esta diretiva europeia, obrigatória a partir de 28 de junho de 2025, exige que
websites, aplicações móveis, plataformas de e-commerce, e-mails e outros canais
digitais sejam 100 % acessíveis a todos os utilizadores, incluindo pessoas com
deficiências visuais, auditivas, motoras ou cognitivas.
Apesar da clareza da lei, 45 % dos profissionais inquiridos num estudo da
AbilityNet em 2024 afirmaram não saber se a sua organização era abrangida pela
legislação, o que demonstra uma grande falha de sensibilização e preparação a
esta adaptação.
Independentemente da etapa de adaptação na qual se encontra o seu negócio, estes
são os erros mais frequentes (ainda que fáceis de evitar) que “escapam” à maior
parte das empresas.
Erro n.º 1: Tratar a acessibilidade como um extra
Muitas empresas continuam a ver a acessibilidade como um “acrescento” opcional
ou algo a tratar apenas “quando houver tempo”. No entanto, esta abordagem está
longe de ser a mais correta. Muito pelo contrário, o investimento na
acessibilidade e inclusividade deve ser incluído num projeto desde o início do
mesmo, tornando o fluxo de trabalho mais eficaz, simples e fluído. A negligência
desta prática apenas resulta em soluções mal-adaptadas, correções dispendiosas
e, a partir de junho de 2025, implicará riscos legais reais como multas até
12.000€ por infração, exclusão de concursos públicos, possível exclusão de
mercados e perda de reputação junto dos clientes.
Erro n.º 2: Foco apenas no “visual”
Nem sempre uma imagem vale mais do que mil palavras, muito menos no que toca ao
EAA. Esta nova lei baseia-se nas diretrizes WCAG 2.2, sendo o nível AA o mínimo
recomendado. No entanto, no que toca a elementos gráficos e visuais, muitas
organizações focam-se apenas em alterar contrastes de cores ou aumentar
tipografias, esquecendo elementos cruciais como inclusão de estrutura semântica,
adaptação para navegação por teclado, adição de descrições alternativas em
imagens e feedback acessível em formulários. A acessibilidade não é só estética,
é funcional e inclusiva, e estas medidas são cruciais para a navegação otimizada
de utilizadores com deficiência visual, auditiva e cognitivas.
Erro n.º 3: Ignorar os canais invisíveis
Canais como e-mails, aplicações móveis, documentos digitais, notificações e até
portais de apoio ao cliente continuam a ser esquecidos por muitos. No entanto, a
legislação não poderia ser mais clara: todos os pontos de contacto digitais com
o utilizador, sem exceção, devem ser acessíveis e inclusivos. Isso inclui
campanhas de marketing, e-mails transacionais, newsletters, aplicações móveis e
todos os outros pontos acima mencionados.
Erro n.º 4: Não envolver utilizadores reais
Ferramentas automáticas de auditoria (como WAVE, Stark ou Axe) são úteis, e um
excelente primeiro passo para uma presença digital acessível, mas são também
insuficientes para uma adaptação de sucesso. Apenas ao testar com utilizadores
reais, especialmente pessoas com deficiências ou dificuldades auditivas,
visuais, motoras e cognitivas, é possível validar verdadeiramente a experiência
do utilizador e compreender os pain points existentes. Ignorar esta etapa é um
erro crítico e recorrente, podendo originar queixas, ou até mesmo multas,
desnecessárias.
O verdadeiro risco é ficar para trás
A acessibilidade não é só um requisito legal. É uma exigência ética e uma
vantagem competitiva clara. Empresas como Booking.com, Allegro ou o Gov.pt já
investiram em experiências digitais acessíveis, obtendo resultados como aumento
de retenção, aumento de vendas e confiança do consumidor.
A tecnologia assistiva está prestes a dar um salto gigante, graças a uma nova
parceria que une hardware inteligente e software de ponta. A Solos juntou-se à
Envision, uma empresa especializada em tecnologia para pessoas cegas ou com
baixa visão, para integrar um assistente de Inteligência Artificial (IA) chamado
Ally na sua plataforma de óculos inteligentes AirGo. O resultado é um wearable
que, segundo as empresas, é o primeiro do seu género a ser totalmente controlado
por voz e mãos-livres, concebido especificamente para quem tem dificuldades de
visão. O objetivo é simples mas ambicioso: tornar o mundo mais acessível.
O que fazem os óculos AirGo com a IA Ally?
Equipados com o assistente Ally, estes óculos inteligentes conseguem realizar
uma série de tarefas que prometem facilitar significativamente a vida da
comunidade com deficiência visual. Através de simples comandos de voz, o
utilizador pode pedir aos óculos para:
- Ler texto em tempo real: Apontar para um menu, um documento ou um sinal na rua
e ouvir instantaneamente o que está escrito.
- Descrever cenários: Obter uma descrição auditiva do ambiente circundante,
ajudando na orientação e na compreensão do contexto.
- Reconhecer rostos: Identificar pessoas conhecidas, tornando as interações
sociais mais fluidas.
Mais do que um leitor, um assistente conversacional
A inteligência da Ally vai além da simples identificação de objetos. O
assistente foi desenhado para ser um verdadeiro parceiro de conversação. O
utilizador pode fazer perguntas, pedir para digitalizar documentos ou
fotografias para obter mais contexto, e até verificar a sua agenda.
Uma das características mais importantes é que a IA consegue manter o contexto
ao longo de várias conversas, o que permite uma interação mais natural e útil,
sem a necessidade de repetir informações constantemente.
Tecnologia inclusiva para todos
Embora o foco principal seja a comunidade com deficiência visual, a Solos e a
Envision acreditam que o potencial dos AirGo é muito mais vasto. A natureza
intuitiva e controlada por voz torna estes óculos uma ferramenta valiosa para
idosos, pessoas com dificuldades cognitivas ou qualquer pessoa que se sinta
sobrecarregada pelos dispositivos modernos mas tenha curiosidade sobre as
capacidades da IA.
Design, preço e disponibilidade
Pensando na versatilidade e no conforto, os óculos AirGo foram desenhados com
várias características práticas. Suportam a colocação de lentes de prescrição,
incluem um sistema de altifalantes direcionais para uma audição clara e privada,
e contam com um design modular que permite trocar as frentes das armações para
variar o estilo.
As pré-encomendas já estão abertas, com o início dos envios a acontecer em
outubro. O preço começa nos 399 dólares (cerca de 375 euros, num câmbio direto,
embora o valor final na Europa possa variar devido a taxas). Cada compra inclui
um período de teste gratuito do serviço Ally Pro, que adiciona mais opções de
personalização e funcionalidades avançadas ao assistente de IA.
Um exame oftalmológico de rotina pode revelar sinais precoces de vários
problemas de saúde, incluindo diabetes, tensão arterial elevada e até doenças
auto-imunes.
Poderão os nossos olhos revelar mais do que apenas problemas de visão? Um novo
estudo sugere que podem conter pistas vitais sobre a saúde do coração. Publicado
na revista Cardiovascular Diabetology, o estudo indica que um exame, que faz
parte de um teste oftalmológico de rotina, pode ajudar a prever o risco de uma
pessoa sofrer um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral na próxima
década.
Realizado por investigadores da Universidade de Dundee, o estudo utilizou
inteligência artificial para analisar imagens digitais da retina de pessoas com
diabetes de tipo 2. A ferramenta produziu previsões personalizadas sobre quem
poderia vir a ter "eventos cardiovasculares importantes", como ataques cardíacos
ou acidentes vasculares cerebrais, numa década, com 70% de precisão.
Estas descobertas levantam uma questão interessante: que mais poderão os nossos
olhos revelar sobre a nossa saúde geral? Falámos com o Dr. Paramdeep Bilkhu,
consultor clínico do The College of Optometrists, para descobrir...
Com que frequência devemos fazer um exame aos olhos e porque é que é importante?
"Defendemos que toda a gente deve fazer um exame aos olhos pelo menos de dois em
dois anos", aconselha Bilkhu. "Mas pode ser mais cedo do que isso, dependendo
das recomendações do seu optometrista. Mesmo que não tenha quaisquer sintomas
oculares, é muito importante que os examine. Durante um exame oftalmológico, não
só podemos verificar a visão e as doenças oculares, como também podemos
verificar se há sinais de outras doenças gerais."
Eis alguns problemas de saúde que os exames oftalmológicos podem detetar...
Tensão arterial elevada e diabetes:
"As duas principais áreas que podemos detetar num exame oftalmológico são a
diabetes e a hipertensão arterial, examinando o olho internamente", explica
Bilkhu. "No caso da diabetes, podemos observar pequenas áreas de hemorragia
(retinopatia diabética) e, no caso da hipertensão, podem ser sinais de que os
vasos sanguíneos têm uma configuração anormal."
Muitas pessoas não sabem que têm pressão arterial elevada ou diabetes nas fases
iniciais, pelo que os exames oftalmológicos regulares são uma forma eficaz de
detetar estas doenças precocemente.
"Basta fazer um exame oftalmológico - porque os optometristas podem ver o
interior do olho, os vasos sanguíneos e as estruturas - para detetar sinais
precoces sem fazer uma análise ao sangue ou uma biópsia", afirma Bilkhu.
Colesterol elevado:
Normalmente, os sinais de colesterol elevado só se tornam visíveis nos olhos
quando a doença atinge uma fase mais avançada.
"Se o colesterol estiver elevado durante longos períodos de tempo, por vezes é
possível observar a acumulação de uma placa de colesterol que se desenvolve à
volta das pálpebras", salienta Bilkhu. "Além disso, por vezes também pode haver
alguns depósitos de colesterol que se acumulam nos vasos dentro do olho, o que
se chama um trombo.
"Se virmos um trombo na parte de trás do olho, isso pode ser um sinal muito
grave, porque aumenta o risco de bloquear os vasos sanguíneos, o que pode levar
à perda de visão e também pode aumentar o risco de um AVC. Por isso, se
detectarmos estas coisas, o doente será encaminhado para o seu médico de família
ou para o serviço de urgência, se necessário."
Doenças auto-imunes:
Certas doenças oculares podem estar associadas a doenças auto-imunes.
"Não é raro as pessoas descobrirem que doenças oculares como a irite podem ser
um sinal de uma doença autoimune, como a artrite", diz Bilkhu. "A irite é uma
doença inflamatória que afecta a íris e a faz ficar bastante inchada. Pode ser
muito dolorosa e pode mesmo causar problemas de visão a longo prazo se não for
tratada precocemente.
"Se houver suspeita de que possa estar associada a uma doença sistémica, os
optometristas não podem especificar qual é a doença subjacente, mas podem
sugerir uma associação. Os doentes podem então ser encaminhados para mais
testes, normalmente com um reumatologista ou um médico de clínica geral, e
depois para um especialista para decidir qual é o problema."
Doença da tiroide:
Quando a doença da tiroide progride para fases mais avançadas, pode ser
detectada num teste à visão.
"Por vezes, a doença da tiroide, especificamente a doença de Graves, pode fazer
com que os olhos se projetem para a frente", diz Bilkhu. "Isso deve-se ao
inchaço do tecido adiposo por detrás do olho, o que pode levar à exposição e
secura dos olhos. Se suspeitarmos de um problema deste género, o doente será
encaminhado para um especialista adequado.
"No entanto, isto normalmente só ocorre nas fases mais avançadas da doença da
tiroide, pelo que outros sintomas são normalmente detectados antes de progredir
ao ponto de se tornar percetível durante um exame oftalmológico."
Doenças neurológicas:
Durante o exame oftalmológico, são efectuados vários testes neurológicos que
podem indicar o funcionamento do sistema nervoso responsável pela visão, explica
Bilkhu.
"Examinamos os movimentos dos músculos oculares, a visão da pupila, verificamos
a visão cromática, se necessário, e também podemos verificar o nervo ótico", diz
Bilkhu. "Ao examinar essas estruturas e efetuar os testes relevantes, por vezes
os resultados podem ser indicativos de um problema neurológico subjacente -
potencialmente até uma lesão no cérebro ou uma lesão na via visual."
Se um oftalmologista ou optometrista suspeitar disso, o doente é encaminhado
para um especialista para uma avaliação mais aprofundada.
"Além disso, embora seja muito raro, por vezes podemos detetar um defeito no
campo visual de que o doente pode não se aperceber após um exame oftalmológico,
o que pode sugerir uma patologia subjacente no sistema de visão do cérebro",
acrescenta Bilkhu. "Esta pode ser a primeira vez que algo como um cancro
cerebral pode ser detectado".
A Universidade de Aveiro (UA) acolhe, de 5 a 14 de agosto, no complexo
pedagógico, o Campo Internacional de Comunicação (ICC). Realizado pela primeira
vez em Portugal, o evento organizado pelo Lions Clube Santa Joana Princesa,
reúne 80 jovens estudantes de 12 países da Europa e Japão, dos 16 aos 21 anos,
com deficiência visual. Durante uma semana, os participantes vão conhecer e
aprender a tirar o melhor partido das tecnologias de informação e comunicação.
Ensinar a lidar com situações da vida real com recurso às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) e desenvolver as habilidades necessárias são
propósitos dos vários ‘workshops’ ministrados por especialistas, no
"International Camp on Communication and Computers" (ICC 2025). As ações têm
lugar no Complexo Pedagógico - anfiteatro e salas do 2º piso.
De acordo com a organização, "o ICC consciencializa jovens com deficiência
visual sobre a as habilidades necessárias em informática, os esforços
necessários para aprimorar as suas habilidades técnicas e o nível de
flexibilidade e mobilidade, bem como as suas habilidades sociais”, explica.
O campo de comunicação apoia também os participantes na tomada de decisões sobre
o seu futuro educacional e profissional, procurando motivá-los “para uma
preparação precoce e aprofundada antes de iniciar a carreira no ensino superior
ou no mercado de trabalho”.
Destinado a jovens cegos e com baixa visão, o ICC começou há 30 anos com centros
de apoio na Universidade de Linz, na Áustria, e na Universidade de Karlsruhe
(TH), na Alemanha. A iniciativa tem como propósito promover a educação inclusiva
e a aprendizagem ao longo da vida, tendo no conhecimento profundo da utilização
da tecnologia moderna o pré-requisito fundamental para a inclusão igualitária
nos processos educacionais.
Ensinar a lidar com situações da vida real tirando partido das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) e desenvolver as habilidades necessárias são os
objetivos dos vários ‘workshops’ ministrados por especialistas, com conteúdos
“parcialmente baseados em resultados avaliados com base nas necessidades de
ex-participantes e, outra parte, na 'vanguarda' da pesquisa e da prática”,
explica a Lions Clube Santa Joana Princesa, responsável pela organização do
encontro que conta com o apoio de 25 técnicos especialistas e coordenadores, bem
como de dezenas de voluntários.
Num ambiente acessível e intercultural, o Campo Internacional de Comunicação
(ICC), oferece também um vasto leque de atividades de lazer desafiadoras e
divertidas.
O novo descritor de imagens é um recurso de acessibilidade nativo do Windows 11.
Ele permite que modelos generativos de IA, processados localmente, descrevam com
detalhes o conteúdo de uma imagem selecionada.
Nos prints divulgados pela Microsoft, a opção “Descrever imagem” aparece no menu
de contexto ao clicar com o botão direito sobre uma foto aberta no aplicativo
Fotos. A descrição gerada surge em uma janela flutuante com quatro botões:
refazer, dar feedback positivo/negativo e copiar o texto.
Além de usos práticos gerais, o principal objetivo do recurso é ampliar a
acessibilidade. Usuários com deficiência visual, por exemplo, poderão
compreender o conteúdo de imagens sem depender de ferramentas de terceiros.
Por enquanto, o descritor é exclusivo para PCs Copilot+, começando pelos modelos
equipados com chips Qualcomm Snapdragon. O suporte para processadores AMD e
Intel dessa categoria está previsto para as próximas versões.
Ana Raquel Matos
Diário
As Beiras | 04 de agosto 2025
Marcos Lisboa foi meu aluno. Lembro-me do seu sorriso generoso e do seu trato
educado e atento. A sua alegria genuína e a sua amabilidade eram conhecidas nos
corredores da Faculdade de Economia.
O Marcos faleceu tragicamente na noite de 13 de julho, frente aos Arcos do
Jardim, ao cair num vazio desde a Rua Martim de Freitas para o Bairro Sousa
Pinto. A sua morte – prematura e injusta – foi descrita nos meios de comunicação
locais e nacionais como “acidental”.
O muro de onde o Marcos caiu tem poucos centímetros de altura, uma proteção
manifestamente insuficiente para evitar uma queda que pode ser fatal. E não é a
primeira vez que isto acontece em Coimbra. Em dezembro de 2012, José Adelino
Guerra, um homem invisual, que coordenava o Serviço de Leitura para pessoas com
deficiência visual da Biblioteca Municipal, perdeu a vida ao cair num mesmo
vazio desde a Rua Pedro Monteiro para o parque de estacionamento do Instituto
Português do Desporto e da Juventude.
A morte de José Adelino deveria ter servido de alerta. Estas tragédias não podem
ser vistas como “acidentes”. São, antes, o resultado da negligência nas
infraestruturas de proteção, do desinteresse pela segurança dos mais vulneráveis
e da naturalização da ideia de que “estas coisas acontecem”.
As políticas de mobilidade urbana não se esgotam na circulação rodoviária. A tão
aguardada chegada do Metro Mondego é, sem dúvida, um avanço importante, mas está
longe de garantir uma mobilidade segura e inclusiva em Coimbra.
Muros de proteção com altura suficiente para prevenir quedas. Passeios que
permitam aos peões circular em segurança, sem terem de partilhar a faixa de
rodagem com carros em alta velocidade. Passadeiras bem sinalizadas. Manutenção
estrutural dos edifícios que evite o desprendimento de elementos da fachada.
Tudo isto falta em Coimbra.
Num dos passeios da Rua Padre Manuel da Nóbrega, os peões caminham à beira de
sucessivos vazios. Os da Rua Vitorino Planas enfrentam diariamente o risco de
atropelamento devido à ausência de passeios. Quem tenta atravessar a Avenida de
Conímbriga, perto da rotunda, vê-se obrigado a confiar que os condutores
adivinhem a existência de uma passadeira mal sinalizada. Quem circula por certas
zonas da cidade está exposto ao risco de queda de materiais provenientes de
edifícios degradados (um dos casos mais recentes foi na Couraça da Estrela,
perto do Largo da Portagem). São apenas quatro exemplos. Provavelmente, quem
está a ler esta coluna conhece outros.
Marcos Lisboa e José Adelino Guerra foram vítimas de uma cidade que falhou em
protegê-los. Foram vítimas e são hoje sujeitos de memória coletiva que nos
interpela a desconstruir a narrativa impessoal do “acidente” e a reinscrever as
suas mortes evitáveis no âmbito da responsabilidade política e social.
A responsabilidade é política, pelo muito que falta fazer. E é social, pela
urgência do tanto que ainda nos falta exigir.
Jovens com deficiência visual exploram tecnologias na
Universidade de Aveiro
Paulo Novais, Agência Lusa in
Observador | 04 ago. 2025
Projeto com finalidade de consciencializar jovens com deficiência visual
sobre a tecnologia será realizado pela primeira vez em Portugal, na Universidade
de Aveiro, de 5 a 14 de agosto.
A Universidade de Aveiro acolhe na terça-feira o “International Camp on
Communication and Computers” (ICC), em que jovens com deficiência visual vão
explorar tecnologias e desenvolver competências. Realizado pela primeira vez em
Portugal, o Campo Internacional de Comunicação decorre até ao dia 14, no Campus
da Universidade de Aveiro, com 80 participantes, oriundos de 12 países da Europa
e do Japão.
Organizado pelo Lions Clube Santa Joana Princesa, o campo internacional conta
com o apoio de 25 técnicos especialistas e coordenadores, e de dezenas de
voluntários. “O ICC consciencializa jovens com deficiência visual sobre a
tecnologia e suas vantagens, as habilidades necessárias em informática, os
esforços necessários para aprimorar as suas habilidades técnicas e o nível de
flexibilidade e mobilidade, bem como as suas habilidades sociais”, explica a
organização em nota sobre o encontro.
O campo de comunicação apoia também os participantes na tomada de decisões sobre
o seu futuro educacional e profissional, procurando motivá-los “para uma
preparação precoce e aprofundada antes de iniciar a carreira no ensino superior
ou no mercado de trabalho”.
“O ICC foi criado para a educação inclusiva e para a aprendizagem ao longo da
vida, e um conhecimento profundo na utilização da tecnologia moderna é o
pré-requisito fundamental para a inclusão igualitária nos processos
educacionais”, salienta a nota.
Destinado a jovens cegos e com deficiência visual, o ICC começou há 30 anos com
centros de apoio na Universidade de Linz, na Áustria, e na Universidade de
Karlsruhe (TH), na Alemanha. Ensinar a lidar com situações da vida real com
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e desenvolver as habilidades
necessárias são propósitos dos vários workshops ministrados por especialistas.
Os conteúdos “são parcialmente baseados em resultados avaliados com base nas
necessidades de ex-participantes e, outra parte, na “vanguarda” da pesquisa e da
prática”, explica a nota de imprensa.
Quase 40% das pessoas com deficiência vivem com rendimentos abaixo do salário
mínimo nacional, revela estudo do CIES-Iscte. 20% dependem exclusivamente da
Prestação Social para a Inclusão (324,55€). Desemprego atinge 12,8%, mais do
dobro da média. Acessibilidade em saúde, transportes e habitação é crítica.
Quatro em cada dez pessoas com deficiência em Portugal vivem com rendimentos
líquidos mensais iguais ou inferiores ao salário mínimo nacional, de acordo com
o primeiro relatório do Sistema de Indicadores de Políticas de Inclusão (SIPI).
O estudo, coordenado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do
Iscte (CIES-Iscte) e baseado em respostas de 721 pessoas, revela uma realidade
económica alarmante: 20% dos inquiridos dependem exclusivamente da Prestação
Social para a Inclusão (PSI), fixada em 324,55 euros mensais. “Somando os que
recebem o valor da PSI com os que auferem até ao montante do salário mínimo,
apurou-se um valor de 38,1%”, detalha o documento.
A fragilidade económica está intimamente ligada ao mercado de trabalho. A taxa
de desemprego entre pessoas com deficiência situa-se nos 12,8%, mais do dobro da
média nacional. Quase 63% não têm emprego permanente. As incapacidades motoras e
visuais registam taxas de desemprego ainda mais elevadas. Entre os desempregados
à procura ativa, 53,2% possuem ensino secundário, 41,8% têm deficiência motora e
13,2% deficiência visual. Somando a população inativa (pensionistas, estudantes,
desencorajados e domésticos), a percentagem chega perto dos 40%, um dado
relevante considerando que o estudo focou apenas pessoas em idade ativa.
As principais fontes de rendimento são o trabalho (39,9%), prestações sociais
(36,5%) e pensões de reforma/invalidez (30,4%). Contudo, 8,2% dependem
totalmente da ajuda de terceiros, sem qualquer rendimento próprio. Cerca de um
terço (30,7%) afirma viver com muitas dificuldades ou que o rendimento não chega
sequer para cobrir as despesas.
As barreiras estendem-se além da economia. Mais de dois terços das pessoas
inquiridas consideram que o Serviço Nacional de Saúde não está preparado para as
suas necessidades, apontando falta de formação dos profissionais, escassez de
cuidados especializados e dificuldades de acesso. “Quase metade diz já ter sido
discriminada nos serviços de saúde por tratamento desigual, paternalismo e
infantilização ou falta de informação”, alerta o relatório.
Na habitação, embora 50,4% vivam em apartamento na comunidade, mais de metade
(54,3%) refere que o acesso à sua casa não é acessível. A acessibilidade física
aos transportes públicos é classificada como má ou muito má pela maioria, com
elevada insatisfação face a autocarros, comboios e metro. Enquanto mais de 50%
consideram existir acessibilidade apenas em alguns equipamentos públicos (saúde,
educação, segurança social, finanças, cultura e desporto), a insatisfação sobe
para 64,8% no acesso a websites e plataformas governamentais.
Perante estes resultados, o relatório do SIPI recomenda o aumento do valor da
PSI, o reforço dos contratos de trabalho apoiado e o alargamento do modelo de
assistência pessoal. Destaca igualmente “a necessidade de combater o estigma que
continua a limitar o acesso a funções compatíveis com as competências destas
pessoas”.
Um estudo nacional sobre políticas de inclusão demonstra que as pessoas com
deficiência são discriminadas "praticamente em todas as áreas", alertou o
coordenador, que sublinhou o estigma que a sociedade ainda demonstra em relação
a estas pessoas.
O Sistema de Indicadores de Políticas de Inclusão (SIPI), coordenado pelo Centro
de Investigação e Estudos de Sociologia do Iscte - Instituto Universitário de
Lisboa, recolheu ao longo de 2025 respostas de 721 pessoas com deficiência em
idade ativa, para aferir o que as próprias entendem sobre o impacto das
políticas públicas nas suas condições de vida. Posteriormente serão adicionados
os dados administrativos e o impacto da deficiência nas famílias.
Em entrevista à agência Lusa, o coordenador apontou que os inquéritos
"demonstram uma vulnerabilidade acrescida das pessoas com deficiência,
independentemente dos esforços que têm vindo a ser feitos a nível político nos
últimos anos". O investigador entende que essa vulnerabilidade está "muito
relacionada também com o estigma que a sociedade ainda tem relativamente a estas
pessoas".
"O estudo demonstra uma transversal discriminação praticamente em todas as
áreas. Desde a escola, onde muitas vezes os alunos com deficiência são
discriminados pelos próprios colegas, (...) mas também por professores e por
outros agentes educativos, mas depois também a nível do emprego", salientou José
Miguel Nogueira.
Na educação, o estudo revela que os tipos de discriminação mais frequentes são o
gozo/chacota (68%), a agressão ou pressão psicológica (56%), ou exclusão de
atividades regulares da turma e/ou visita de estudo (52%). "Somente 38,1% dos
alunos apresentou queixa, mas 75% destes considera que a situação não foi bem
resolvida", lê-se no estudo.
José Miguel Nogueira disse que as acessibilidades são um problema crónico e
alertou para a discriminação no acesso ao emprego. Mesmo quando as pessoas
encontram um emprego remunerado, "também se confrontam com situações de
discriminação e de preconceito". "Esse preconceito muitas vezes tem a ver com
aquilo que os colegas pensam, que os colegas dizem, as chefias, hipótese de
progressão na carreira, cargos de chefia, etc., em que sentem de facto que
existe discriminação", exemplificou.
Segundo o responsável, a discriminação é também visível no acesso à cultura,
desporto ou política e considerou "muito deprimente" que 10% dos inquiridos que
revelaram fazer parte de um partido político se queixem da falta de condições
para se fazerem ouvir dentro do próprio partido.
Para José Miguel Nogueira, a explicação reside nos "séculos de discriminação
relativamente àquilo que é diferente" e que hoje é patente, não só em relação à
deficiência, mas sobre outros grupos minoritários e que "são ostracizados em
nome de uma determinada normalidade que a sociedade pretende construir ou que
certos níveis da sociedade pretendem construir".
Lembrou há "uma barreira muito grande entre aquilo que é a produção legislativa
e aquilo que depois é a implementação e aquilo que as próprias pessoas fazem com
essa implementação", defendendo que "ainda existe uma discriminação grande" que
é visível "nas manifestações das pessoas perante as pessoas com deficiência".
Apesar de entender que o estudo pode ser uma chamada de atenção para o caminho
que ainda falta percorrer, recusou a ideia de que não se tenha feito nada,
apontando, por exemplo, que Portugal está "no topo das medidas de apoio ao
emprego". "Eu gostava que estes dados, em primeiro lugar, servissem como um
alerta, mas, em segundo lugar, que contribuíssem também para uma reflexão" e
para que os decisores políticos pudessem "fazer melhores políticas públicas,
políticas mais inclusivas", defendeu José Miguel Nogueira.
Salientou ainda que "nunca houve nenhuma ditadura das minorias", - e isso "é
matéria de facto" -- e que "as pessoas com deficiência são, ao longo da
história, a minoria mais discriminada de todas as minorias".
O SIPI é um projeto-piloto desenvolvido com a parceria do Instituto Nacional de
Reabilitação e de mais 30 organismos públicos, 28 organizações
não-governamentais com trabalho com pessoas com deficiência e 16 outras
entidades setoriais da sociedade.
Uso do sistema Braille inscrito no Inventário Nacional
do Património Cultural Imaterial
Estela Silva | Lusa
25 jul. 2025
O Braille foi inventado pelo professor francês cego Louis Braille (1809-1852), e
baseia-se em 64 combinações possíveis entre pontos em relevo tátil e espaços
vazios, representando diferentes caracteres. O Sistema de escrita em Braille "é
considerado o mais genial e frutífero instrumento gráfico fonético, signográfico
e intelectossocial.
O uso do Braille, sistema universal de escrita e leitura tátil para pessoas
cegas, foi inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, de
acordo com anúncio publicado esta sexta-feira em Diário da República (DR).
O registo da manifestação “Aprendizagem e Uso do Braille” foi assinado em
despacho pelo presidente do Património Cultural — Instituto Público (PC-IP),
João Soalheiro, no passado dia 18 de junho, conforme o anúncio 248/2025
publicado esta sexta-feira na série II do DR.
A inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial acontece na
sequência de uma proposta apresentada pelo Departamento de Bens Culturais do
PC-IP, na sequência do pedido submetido pela Associação Centro Português de
Tiflologia, Equidade e Inclusão (CPTEI), e resulta da “relevância do sistema
Braille enquanto meio natural e indispensável de leitura e escrita, a nível
mundial, para pessoas cegas e com baixa visão”, indica ainda o anúncio.
Também pesou na decisão a “importância da valorização, promoção e salvaguarda
dos contextos de transmissão associados à aprendizagem e uso” do Braille.
Em simultâneo, foi valorizada “a dimensão histórica, social e cultural do
sistema Braille e a articulação desta prática com as exigências de
desenvolvimento sustentável e de respeito pelos direitos, liberdades e garantias
de todos os cidadãos.”
Este sistema de escrita e leitura, que se tornou universal, foi inventado pelo
professor francês cego Louis Braille (1809-1852), e baseia-se em 64 combinações
possíveis entre pontos em relevo tátil e espaços vazios, que representam letras,
números, sinais de pontuação e outros símbolos.
O sistema “é considerado o mais genial e frutífero instrumento gráfico fonético,
signográfico e intelectossocial”, segundo um comunicado do PC-IP, divulgado esta
sexta-feira, sobre a inscrição na lista nacional de Património Cultural
Imaterial.
O instituto recorda que “as metodologias para o ensino e aprendizagem [do
Braille] têm vindo a aperfeiçoar-se desde meados da década de 80 do século XIX,
com o propósito de aumentar, melhorar e exercitar a extensão tátil/háptica,
sobretudo dos dedos indicador e médio de ambas as mãos, mas tentando alargar a
tatilidade aos restantes dedos.”
Em Portugal, prossegue o instituto, “usa-se o Braille analógico e digital, com
recurso a diversos processos e equipamentos de produção, desde os mais
elementares, manuais e mecânicos, aos mais sofisticados tecnologicamente”,
aplicando-se na “produção de livros, jornais e revistas, diversa tipologia de
documentação e informação, serviços de produção e/ou de utilização, como a Área
de Leitura para Deficientes Visuais da Biblioteca Nacional de Portugal, serviços
de apoio no Ministério da Educação, algumas universidades e outros
estabelecimentos de ensino.”
Está também presente na “identificação de lugares, espaços e ambientes
culturais, eventos, identificação de andares nos elevadores, embalagens de
medicamentos e de produtos alimentares.”
O objetivo é valorizar “a diversidade e a promoção da equidade entre pessoas
cegas e pessoas sem limitações sensoriais, tornando assim possível a
acessibilidade de umas e de outras à mesma informação e aos mesmos
conhecimentos.”
O processo de inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
“contou com a presença regular e a participação ativa dos cidadãos mais
diretamente envolvidos no uso do Braille”, conclui o comunicado do PC-IP.
19 Julho e 20 Julho 2025 - 19:00
No âmbito do projeto 'A Meu Ver'
Local: Teatrão - Oficina Municipal de Teatro em Coimbra
A peça de teatro "Roupa Morta", uma criação a partir do conto homónimo de Mia
Couto, consiste na apresentação final da turma de teatro 'A Meu Ver'. Este
projeto, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação La Caixa,
é promovido pelo Teatrão em parceria com a Delegação da ACAPO de Coimbra, e visa
promover a prática de teatro por pessoas cegas ou com baixa visão.
O espetáculo, com audiodescrição, será apresentado nos dias 19 e 20 de julho,
pelas 19 horas, na Oficina Municipal de Teatro. O reconhecimento de palco será
às 18h30.
Sinopse: "Uma família, no mesmo dia em que celebra a vida, também celebra a
partida. Aconteceu. Estes dois acontecimentos desencadeiam um confronto com as
convenções sociais e os padrões impostos pela educação e pelas regras
familiares. Em família, questiona-se se ainda há, na vida, espaço para aceitar a
mudança. Estaremos sempre a fingir ser algo que não somos, moldando-nos ao que
os outros esperam? Ou ao nos mostrarmos autênticos conseguiremos, finalmente,
ser como realmente queremos ser?"
Este espetáculo conta com a colaboração do curso livre de cenografia. As sessões
são de entrada livre, sujeitas a reserva através dos seguintes contactos do
Teatrão: info@oteatrao.com ou 239714 013 (Chamada para a rede fixa nacional).
Quem necessitar de audiodescrição deve indicar na reserva, pois existe um número
limitado de lugares.
Fonte: ACAPO e Teatrão - Oficinal Municipal de Teatro
“A perfumaria é como a música: temos notas — elementos separados do perfume;
temos acordes — uma combinação de notas de perfume.”
Alexander Yashin escuta ópera no cheiro de um trevo. Cego de nascença, o jovem
de 31 anos consegue ver luzes e sombras. E, empoleirado no seu banco de trabalho
no laboratório da perfumaria de Moscovo onde concebe as fragrâncias, Yashin abre
um largo sorriso enquanto inala profundamente uma nova amostra.
Yashin faz parte de uma equipa de quatro perfumistas — dois dos quais também são
cegos — que trabalham numa marca de fragrâncias sediada em Moscovo chamada
Pure Sense.
A fundadora, Ekaterina Zinchenko, contratou perfumistas cegos quando fundou a
empresa há cinco anos, procurando promover uma atmosfera inclusiva que
permitisse aos seus designers mostrar a sua criatividade. “A inclusão tem a ver
com o facto de cada um poder fazer aquilo em que é bom”, afirma a jovem de 29
anos.
Nas prateleiras do laboratório, onde Yashin, trabalha há dezenas de pequenos
frascos brancos de óleos essenciais e elixires — aquilo a que ele chama o seu
“órgão de perfumaria”.
“A perfumaria é como a música: temos notas — elementos separados do perfume;
temos acordes — uma combinação de notas de perfume”, explica. A composição final
é a própria fragrância, resume Yashin.
Com os seus sentidos olfactivos e auditivos reforçados pela sua incapacidade de
ver, Yashin, um filólogo e etnógrafo de formação, inspira-se no seu tempo como
membro de um conjunto de música folclórica itinerante quando se senta para criar
fragrâncias. “A perfumaria, como qualquer arte ou ofício, é uma coisa que se
aprende durante toda a vida”, diz.
Numa altura em que a empresa está a pensar na expansão internacional, Zinchenko
destaca a diversidade do catálogo e as composições únicas dos seus funcionários.
“O que é importante para mim, enquanto empresária, é que todos [os perfumistas]
tenham o seu próprio carácter e o seu próprio estilo de fragrância”, afirma. E,
pelo que diz, o objectivo está a ser alcançado: “Consigo adivinhar de quem são
as novas fragrâncias sem olhar [para o rótulo].”
Os estudantes com deficiência continuam a ter dificuldades em aceder a
informação digital na maioria das universidades europeias, segundo um estudo
internacional que aponta as instituições do sul e do leste como os casos mais
preocupantes.
"A esmagadora maioria dos websites das universidades não são acessíveis a todas
as pessoas, sendo que basta falhar um dos critérios para dizemos que algo não é
acessível", revelou Carlos Duarte, investigador da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa, uma das instituições envolvidas neste projeto europeu
levado a cabo por Portugal, Polónia e Irlanda.
Carlos Duarte explicou que analisaram as condições de acessibilidade em 171
universidades de 38 países europeus e concluíram que cerca de "95% das
instituições não cumprem" a nova Lei Europeia da Acessibilidade, em vigor desde
o passado fim de semana.
Os investigadores encontraram mais falhas nas instituições do sul e do leste,
sendo que Portugal acabou por se destacar pela positiva como uma das regiões do
sul com melhores resultados.
Numa escala de zero a 100, a média das universidades do sul da Europa foi de
84,1 pontos e "das seis universidades portuguesas analisadas cinco estavam acima
dessa média", revelou Carlos Duarte, coordenador da equipa portuguesa integrada
na Ação COST LeadMe, uma plataforma europeia de académicos e decisores
políticos.
A Universidade do Porto e o ISCTE, em Lisboa, foram as portuguesas mais bem
classificadas, ambas com 96 pontos. As universidades de Lisboa, Coimbra e a Nova
também ficaram acima da média das instituições do sul. Apenas a Católica ficou
abaixo, com 77 pontos, disse à Lusa o investigador.
A média de todas as universidades europeias foi de 87,36 pontos, sendo que no
norte o score médio chegou aos 95,9 e no leste desceu para os 83,1 pontos, já
que a presença de conteúdos acessíveis é mais reduzida, os recursos humanos e
tecnológicos são escassos e o apoio institucional é, muitas vezes, inexistente.
As principais falhas identificadas prenderam-se com o fraco contraste de cores
nos websites universitários, o que acaba por dificultar, por exemplo, a leitura
por parte de pessoas com deficiência visual. A rotulagem vaga ou ambígua, que
pode criar confusão na navegação para estudantes com limitações cognitivas foi
outro dos problemas encontrados neste estudo que identificou ainda websites com
uma "estrutura de navegação pouco clara, tornando difícil o acesso a conteúdos
essenciais por estudantes com deficiências cognitivas ou outras".
A entrada em vigor da Lei Europeia da Acessibilidade, no passado dia 28 de
junho, vem colocar pressão adicional sobre as instituições de ensino superior,
uma vez que agora todos os serviços e produtos digitais -- incluindo websites,
plataformas de e-learning e comunicações online -- têm de cumprir normas
rigorosas de acessibilidade.
As universidades que não se adaptarem arriscam sanções legais, perdas de
financiamento e danos reputacionais. Segundo Carlos Duarte, os países do norte
têm penalizações muito superiores em relação aos do sul, mas em ambos os casos
tem de ser o "utilizador final a apresentar queixa para dar origem a uma multa",
disse o investigador.
"Esta investigação é um alerta claro. As universidades precisam de agir já. É
uma questão de equidade, inclusão e cumprimento da lei. O nosso estudo reforça a
urgência de uma resposta coordenada - é necessário mais financiamento, formação
técnica e planeamento estratégico para garantir que nenhum estudante fique para
trás no acesso ao ensino superior", destacou ainda o investigador da Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa.
A Lei Europeia da Acessibilidade, que visa transformar a forma como pessoas com
deficiência acedem a produtos e serviços essenciais, obriga os terminais de
Multibanco a usar interfaces acessíveis a utilizadores com deficiência visual ou
física, e abrange uma vasta gama de produtos e serviços.
Tornou-se este sábado obrigatória a aplicação do European Accessibility Act
(EAA), que visa transformar a forma como pessoas com deficiência acedem a
produtos e serviços essenciais.
As mudanças mais visíveis ocorrerão nos terminais de multibanco. Os equipamentos
instalados a partir desta data deverão incluir funcionalidades adaptadas a
utilizadores com deficiência visual, como aumento do tamanho de letra nos ecrãs,
teclados em relevo ou braille, e opções de áudio com comandos simplificados.
As interfaces tornar-se-ão também mais intuitivas para pessoas com mobilidade
reduzida ou dificuldades cognitivas. Os terminais já existentes poderão
continuar a funcionar, mas os operadores têm um prazo de 20 anos para proceder
às necessárias adaptações.
A Lei Europeia da Acessibilidade, que decorre da diretiva 2019/882 da UE, foi
transposta para a legislação portuguesa através do Decreto-Lei n.º 82/2022, que
abrange uma vasta gama de produtos e serviços.
Entre os equipamentos tecnológicos incluem-se computadores, smartphones, tablets
e respetivos sistemas operativos, televisores com serviços digitais integrados e
leitores de livros eletrónicos. Os serviços de utilidade pública também são
contemplados, nomeadamente transportes públicos, serviços bancários, máquinas de
venda de bilhetes e equipamentos de registo automático.
No âmbito digital, a lei aplica-se ao comércio eletrónico, serviços multimédia e
audiovisuais, comunicações eletrónicas e aplicações móveis. Esta iniciativa
responde a uma necessidade premente de inclusão social de cidadãos com
deficiência.
Segundo dados do Eurostat de 2023, 27% da população da UE com mais de 16 anos —
cerca de 101 milhões de pessoas possui algum tipo de deficiência. A harmonização
das leis entre Estados-membros visa assegurar condições de acessibilidade
consistentes em todo o espaço europeu. As novas regras impõem obrigações
específicas a diferentes entidades. Os fabricantes devem garantir que o
desenvolvimento e produção cumprem os requisitos de acessibilidade.
Os importadores têm de assegurar a conformidade dos produtos estrangeiros com a
EAA, enquanto os prestadores de serviços são obrigados a disponibilizar
informação acessível e implementar medidas que garantam acessibilidade contínua.
A proposta da EAA foi apresentada pela Comissão Europeia em dezembro de 2015,
recebendo aprovação do Parlamento Europeu em março de 2019. Esta legislação
complementa a Diretiva Europeia de Acessibilidade Web, já em vigor desde 2020
para os sites da Administração Pública.
Uma exceção importante refere-se aos serviços de emergência: as chamadas para o
112 têm até 28 de junho de 2027 para cumprir os requisitos de acessibilidade.
A Revolução da Acessibilidade
Financeira e o Direito à Banca
Executive Digest | 26 Jun 2025
Por Miguel Ferreira Simões, Head of Financial Services
(Indra Group)
A acessibilidade nos serviços bancários é um tema de
crescente relevância, especialmente com a iminente
entrada em vigor da Diretiva Europeia 2019/882,
conhecida como a Lei Europeia da Acessibilidade, com as
suas disposições a serem aplicáveis a partir de 28 de
junho deste ano. Esta legislação visa garantir que
produtos e serviços essenciais sejam acessíveis a todas
as pessoas, independentemente das suas aptidões,
capacidades ou formação. No setor bancário, essa
exigência representa tanto um desafio como uma
oportunidade para inovação e para inclusão.
Atualmente, muitas instituições financeiras ainda
enfrentam dificuldades para fornecerem serviços
verdadeiramente acessíveis. Terminais de pagamento
eletrónicos sem opções para pessoas com deficiência
visual, websites e aplicações móveis com barreiras de
navegação, bem como balcões e agências bancárias sem
estarem corretamente adaptados, são exemplos de
obstáculos enfrentados diariamente por milhões de
cidadãos. Esta diretiva impõe mudanças obrigatórias para
corrigir essas falhas, garantindo que ninguém seja
excluído do sistema financeiro por questões de
acessibilidade.
Portugal já transpôs a diretiva em causa para a
legislação nacional através do Decreto-Lei n.º 82/2022.
Com este decreto, são estabelecidas obrigações de
acessibilidade para diversos produtos e serviços,
incluindo os financeiros, visando adequá-los às
necessidades das pessoas com deficiência ou limitações
funcionais. Para complementar este decreto, foi ainda
publicada a Portaria n.º 220/2023, de 20 de julho, que
define os requisitos específicos de acessibilidade para
produtos e serviços, bem como os critérios para avaliar
encargos desproporcionados. Portugal está assim,
atualmente, no processo de implementação das medidas
necessárias para o cumprimento integral dos requisitos
da diretiva, dentro dos prazos estabelecidos.
A verdade é que a acessibilidade bancária não beneficia
apenas pessoas com deficiência, mas melhora a
usabilidade para todos os clientes, independentemente da
sua condição. Soluções como interfaces mais intuitivas,
design universal e serviços omnicanal melhorados
aumentam a satisfação do consumidor e fortalecem a
relação de confiança entre bancos e clientes. Além
disso, empresas que se destacam na acessibilidade ganham
vantagem competitiva, diferenciando-se como instituições
socialmente responsáveis e inovadoras.
A adaptação às novas exigências não deve ser encarada
apenas como uma obrigação legal, mas como um compromisso
ético e estratégico. O setor bancário tem a oportunidade
de olhar para essa transformação como uma forma de
demonstrar que a inclusão e a inovação podem caminhar
lado a lado. Com a chegada desta nova diretiva, as
instituições financeiras devem agir com urgência,
garantindo que seus serviços sejam acessíveis e
preparados para um futuro mais equitativo e eficiente.
A acessibilidade na banca não é apenas uma questão de
conformidade legal, mas de respeito, inclusão e visão
estratégica. O futuro do setor financeiro passa,
inevitavelmente, por uma abordagem mais humana e
acessível, onde todos os clientes possam usufruir dos
serviços bancários sem barreiras.
A Neuralink recebeu o selo de inovação da FDA e pretende iniciar testes em
humanos nos próximos meses. Entenda o que está por trás da promessa e os
desafios pela frente.
Elon Musk voltou a chamar a atenção do mundo ao afirmar que a Neuralink, sua
empresa de tecnologia, está prestes a iniciar uma nova fase: a implantação de
chips cerebrais com o objetivo de restaurar a visão de pessoas completamente
cegas. O anúncio foi feito durante uma conversa no X Spaces, onde Musk revelou
que os testes em humanos devem começar nos próximos 6 a 12 meses.
Como isso vai funcionar?
O dispositivo, batizado de "Blindsight", foi desenvolvido para contornar
o nervo óptico danificado e transmitir sinais visuais diretamente ao córtex
visual do cérebro.
Segundo Musk, o chip já foi testado com sucesso em macacos, sendo que um deles
vive com o implante há mais de três anos. Ele explicou que o sistema funciona
por meio de uma câmera externa, cujos dados são convertidos em sinais neurais e
enviados ao cérebro.
Em teoria, isso poderia permitir que pessoas que nasceram cegas, mas que têm o
córtex visual funcional, passem a enxergar — ainda que em uma qualidade
inicialmente limitada, semelhante aos primeiros videogames. Musk, no entanto,
acredita que a tecnologia poderá evoluir a ponto de superar até a visão natural
dos seres humanos.
A expectativa ganhou ainda mais força depois que a Food and Drug Administration
(FDA) dos Estados Unidos concedeu à Neuralink o selo de "dispositivo inovador"
(breakthrough device) para o projeto Blindsight.
Esse selo acelera os processos de avaliação e testes clínicos, indicando que a
agência vê o potencial da tecnologia para tratar condições médicas graves. A
primeira aplicação clínica será voltada para pacientes que perderam totalmente a
visão, desde que seu cérebro ainda tenha a capacidade de processar estímulos
visuais.
Apesar da empolgação de Musk, a comunidade científica mantém cautela.
Pesquisadores alertam que há um longo caminho entre uma prova de conceito e uma
solução segura, eficaz e escalável para uso humano.
Por que importa?
Ainda assim, o avanço representa um marco histórico: estamos nos
aproximando de uma era em que será possível reverter cegueiras não por meio dos
olhos, mas diretamente pela mente. Se tudo correr conforme o cronograma
apresentado por Musk, até o fim de 2025 veremos os primeiros humanos
experimentando a visão artificial alimentada por inteligência neural.
A Câmara Municipal de Sintra aprovou a celebração de um protocolo com a
Associação Promotora do Ensino dos Cegos, com o objetivo de promover a inclusão
das pessoas com deficiência visual no concelho.
Este protocolo visa ainda potenciar o acesso a serviços específicos, incentivar
a educação cívica e sensibilizar a comunidade local para as questões
relacionadas com a deficiência visual.
Para o presidente da autarquia de Sintra, Basílio Horta, a celebração deste
acordo “reafirma o nosso compromisso com uma sociedade mais justa, onde todos
têm acesso às mesmas oportunidades. A inclusão é, e sempre será, um pilar
fundamental da nossa ação”.
A Associação Promotora do Ensino dos Cegos é uma Instituição Particular de
Solidariedade Social, sem fins lucrativos, fundada em 1888, com o objetivo de
ministrar conhecimentos básicos às pessoas cegas.
A associação tem como missão promover a plena inclusão das pessoas com
deficiência visual, orientando a sua atuação pelos princípios da participação
ativa e da igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, contribuindo para
a construção de uma sociedade mais inclusiva.
Entre os seus objetivos, destaca-se a participação em organizações que trabalham
na área da deficiência e que incentivam o diálogo entre pares, bem como a
cooperação com entidades e organismos no desenvolvimento de iniciativas que
melhorem a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual.
A sua intervenção incide em áreas como a acessibilidade e mobilidade, educação,
saúde, emprego, formação profissional, e acesso a serviços e equipamentos
sociais, promovendo a independência e a vida autónoma das pessoas com
deficiência visual.
Novo medicamento, capaz de regenerar os nervos da retina,
iniciará ensaios clínicos em 2028
Kim Hyeonjeong | 31.03.2025
Pesquisadores coreanos conseguiram desenvolver o primeiro novo medicamento do
mundo capaz de restaurar a visão danificada.
Uma equipe de pesquisa liderada por Kim Jin-woo, professor de ciências
biológicas no KAIST, anunciou no dia 30 que desenvolveu um tratamento que pode
restaurar a visão de pacientes com problemas de retina por meio da regeneração
dos nervos da retina.
O material recém-desenvolvido restaura a visão independentemente do tipo de
doença da retina, regenerando a própria retina danificada.
Danos à fina membrana que envolve os olhos reduzem a visão ou distorcem objetos.
Existem vários tipos de doenças da retina, e a Academia Coreana de Doenças da
Retina considera o descolamento de retina, a retinopatia diabética, a obstrução
da veia retiniana e a degeneração macular como as quatro principais doenças da
retina. É uma doença assustadora que pode até levar à cegueira se piorar.
A equipe de pesquisa descobriu uma proteína chamada ProxOne (PROX1) que suprime
a diferenciação reversa das células Mullaglia em mamíferos e descobriu que a
retina não se regenera quando as proteínas ProxOne produzidas na retina são
acumuladas nas células. A equipe de pesquisa também descobriu anticorpos que se
ligam a essa proteína Proxone e constatou que, quando administrada em
camundongos, as células nervosas da retina se regeneram e a visão é restaurada.
Duas semanas após a injeção desse anticorpo no globo ocular de camundongos com
retinas danificadas, a visão foi restaurada. Além disso, o efeito de recuperação
da acuidade visual durou mais de seis meses.
Já existem tratamentos para doenças da retina no mercado, mas eles impediram que
a doença piorasse e não restauraram a visão já danificada.
Os pesquisadores planejam desenvolver um tratamento usando essa tecnologia e
pretendem iniciar os ensaios clínicos em 2028. De acordo com o Serviço de
Revisão e Avaliação de Seguros de Saúde, o número das quatro principais doenças
da retina na Coreia tem aumentado a cada ano, ultrapassando 1,1 milhão em 2023.
A Biblioteca Municipal de Coimbra deu mais um
passo na promoção da inclusão, ao disponibilizar um novo ampliador de imagem do
seu Núcleo de Leitura Especial. O equipamento permite ampliar imagens,
textos, documentos impressos e fotografias, facilitando a leitura a pessoas com
dificuldades visuais.
O Núcleo de Leitura Especial da Biblioteca Municipal, criado em 1986, integra no
seu fundo documental recursos em braille (monografias e publicações periódicas),
materiais em relevo, livros digitais e recursos áudio, em suporte digital e fita
magnética (fonogramas não musicais ou também designados audiolivros ou livros
sonoros), títulos cedidos por outras bibliotecas e audiolivros editados
comercialmente.
Muitos destes audiolivros são gravados nas instalações da Biblioteca Municipal,
em estúdio de gravação construído pelo Município, na sequência do projeto
“Livros para os Sentidos, Sentido para os Livros”, concurso promovido pela
Fundação Calouste Gulbenkian, para apoio a projetos de promoção da leitura em
bibliotecas públicas, a que a Câmara Municipal de Coimbra se candidatou.
O serviço inclui também empréstimo e cedência de documentos em braille,
audiolivros (em formato analógico e digital), livros digitais e impressos, com
acesso presencial ou remoto (telefone, e-mail, correio e plataformas online). O
prazo de empréstimo é de 30 dias, renovável por igual período, com envio
gratuito por cecograma.
Além disso, os utilizadores podem requisitar livros digitais em formato .rtf
(enviados por e-mail), audiolivros em mp3 (por plataformas online ou em CD/DVD)
e livros impressos (por correio). A biblioteca disponibiliza ainda serviços de
leitura presencial e empréstimo interbibliotecas.
De referir que a Biblioteca Municipal de Coimbra faz produção regular de
audiolivros, desde 2011, com a colaboração de voluntários na leitura das obras,
e livros digitais, desde 2017, em consonância com o Código do Direito de Autor e
dos Direitos Conexos.
No Dia Global da Consciencialização para a Acessibilidade, a Fundação MEO
apresenta o conceito “Lojas com Sentido”, uma iniciativa que transforma toda a
rede de lojas MEO em espaços mais inclusivos e acessíveis para pessoas surdas,
cegas ou com mobilidade condicionada.
Os clientes surdos podem beneficiar, a partir de agora, de um atendimento
personalizado em Língua Gestual Portuguesa (LGP) nas 160 lojas da marca. Esta
iniciativa resulta de uma parceria com a Serviin, permitindo que pessoas surdas
e colaboradores de lojas comuniquem, entre si, através de interpretes
qualificados. A comunicação é assegurada através de vídeo-interpretação,
acessível por telemóvel, online ou através de QR code.
Além desta nova experiência inclusiva, a Fundação MEO dispõe, também nas lojas
MEO, de benefícios na aquisição de soluções de acessibilidade: hardware e
software para acessibilidade no telemóvel, tablet, computador e comunicação
aumentativa com condições especiais até 70% de subsidiação.
As “Lojas com Sentido” são um compromisso da Fundação MEO com a promoção de uma
sociedade mais justa, acessível e igualitária, onde todos, independentemente das
suas capacidades, possam aceder aos mesmos serviços com dignidade, autonomia e
conforto. A iniciativa abrange não só a comunidade surda, mas também pessoas com
deficiência visual, mobilidade reduzida ou outras necessidades específicas.
Este projeto dá continuidade ao percurso iniciado com o “Música com Sentido” e
“Cinema com Sentido”, iniciativas pioneiras que têm democratizado o acesso à
cultura através da tecnologia quer em festivais de música, concertos no MEO
Arena ou nas salas de cinema.
A Fundação MEO continua a cumprir o seu propósito de colocar a tecnologia ao
serviço da comunicação e do conhecimento, contribuindo para a acessibilidade e
inclusão de todos ao apoiar iniciativas de cidadania e intervenção social.
Com esta iniciativa, a MEO dá também continuidade à promoção de práticas
inclusivas no setor das comunicações eletrónicas em Portugal, garantindo que
todos os clientes, independentemente das suas necessidades específicas, tenham
acesso equitativo aos seus produtos, serviços e a uma experiência que procura
incluir todos.
PERGUNTAS FREQUENTES
(elaboradas em parceria com o Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., e
organizações não governamentais das pessoas com deficiência)
1. Onde posso encontrar informação sobre os partidos políticos? Pode encontrar informações sobre os partidos políticos nos seus sítios na
Internet.
Esta informação pode ser difícil de perceber.
Peça ajuda a alguém da sua confiança para o/a ajudar a compreender o que está
escrito.
Pode encontrar a lista de todos os partidos políticos neste site, com os
contactos de cada um.
2. Onde posso encontrar informação sobre os candidatos a eleições? Pode encontrar esta informação nos sítios na Internet dos candidatos ou dos
partidos que os apoiam.
Alguns candidatos podem ter também páginas de facebook.
Peça ajuda a alguém da sua confiança se não souber procurar sozinho/a.
Os nomes dos candidatos são disponibilizados no sítio na Internet da Comissão
Nacional de Eleições, na página da eleição respetiva.
3. Existe voto em braille? Sim, em eleições para o Presidente da República, Assembleia da República e
Parlamento Europeu.
Para o efeito, pode requerer à mesa uma matriz do boletim de voto em braille,
que lhe é entregue sobreposta ao boletim de voto para que o possa ler e
expressar o seu voto com uma cruz no recorte do quadrado da lista em que quer
votar.
Após votar, a matriz deve ser devolvida à mesa.
4. Como posso saber o local da minha secção de voto? A sua junta de freguesia ou a câmara municipal podem dar-lhe esta
informação, para além de outras formas de acesso à referida informação
disponibilizadas pela administração eleitoral.
5. Como posso saber se a minha secção de voto é acessível? Pode contactar a sua junta de freguesia ou a câmara municipal. Em cada ato
eleitoral a Comissão Nacional de Eleições recomenda a todas as câmaras
municipais que promovam as medidas necessárias para garantir a todos os
eleitores, e em especial aos cidadãos com mobilidade condicionada, as adequadas
condições de acessibilidade aos locais em que irão funcionar as assembleias e
secções de voto.
6. O que devo fazer se achar que estou a ser discriminado/a no meu direito a
votar? Deve apresentar uma reclamação na mesa de voto e contactar a Comissão
Nacional de Eleições.
7. É possível votar antes da data de eleição?
Sim. Pode votar em mobilidade no domingo anterior à eleição.
O voto em mobilidade é o voto antecipado em local escolhido pelo eleitor
(qualquer capital de distrito no continente ou de cada uma das ilhas das Regiões
Autónomas).
Pode ainda votar antes das eleições se estiver numa das situações que a lei
prevê para o voto antecipado. Encontra mais informação sobre essas situações em:
Presidente da República http://www.cne.pt/faq2/106/2
Assembleia da República http://www.cne.pt/faq2/106/3
Parlamento Europeu http://www.cne.pt/faq2/106/6
8. Posso enviar o meu voto pelo correio?
Não, o voto é presencial.
9. Não consigo votar sozinho/a, posso pedir ajuda a alguém?
Sim, desde que acompanhado/a por um eleitor/a por si escolhido.
10. Tenho de comprovar que preciso de ajuda?
Não, exceto se a mesa entender que a doença ou deficiência não é notória e
necessita de comprovação médica. Para efeitos de obtenção do respetivo atestado
os centros de saúde estão obrigatoriamente abertos no próprio dia da eleição.
11. A mesa da assembleia de voto não quer que vote acompanhado/a. O que posso
fazer?
Pode obter atestado comprovativo da impossibilidade de praticar os atos de
votação emitido pela autoridade de saúde da área do município, que a mesa não
pode recusar.
Deve apresentar uma reclamação na mesa de voto e contactar a Comissão Nacional
de Eleições.
12. A mesa de assembleia de voto quer que seja acompanhado/a por um elemento
da mesa. Têm este direito?
Não. Deve ser sempre o/a eleitor/a a escolher o seu/sua acompanhante, de modo a
garantir a fidelidade e sigilo do seu voto.
13. Como posso saber os resultados das eleições?
Os resultados das eleições são publicados no Diário da República. Pode também
consultar o sítio na Internet da Comissão Nacional de Eleições.
14. Quem posso contactar se tiver dúvidas sobre as eleições e o voto? CNE - Comissão Nacional de Eleições - cne@cne.pt
INR, I.P. - Instituto Nacional para a Reabilitação I.P. -
inr@inr.mtsss.pt
ACAPO- Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal -
dn@acapo.pt
FENACERCI - Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social -
fenacerci@fenacerci.pt
FPAS - Federação Portuguesa das Associações de Surdos
-fpas@fpasurdos.pt
HUMANITAS - Federação Portuguesa para a Deficiência Mental -
humanitas@humanitas.org.pt
APD - Fassociação Portuguesa de Deficientes -
info-sede@apd.org.pt
FAPPC - Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral -
secretariado@fappc.pt
O Gabinete de Apoio à Deficiência Visual (GADV),
criado há doze anos e pioneiro no país, acompanha pessoas cegas ou com baixa
visão.
O Município de Torres Vedras recebeu no dia 8 de maio o Prémio Nacional de
Sustentabilidade, na categoria de Igualdade, Diversidade e Equidade, pelo
projeto do Gabinete de Apoio à Deficiência Visual.
Esta foi a 5.ª edição da iniciativa, promovida pelo Jornal de Negócios, que
atribui distinções às entidades cujas práticas demonstrem o seu comprometimento
com variadas áreas da sustentabilidade, de acordo com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esta edição contou com um total de 91
candidaturas distribuídas por em dez categorias temáticas, agrupadas pelas áreas
de Ambiente, Social e Governação. A receber o Prémio pelo Município de Torres
Vedras esteve o vereador da Câmara Municipal de Torres Vedras, Nelson Aniceto.
O Gabinete de Apoio à Deficiência Visual (GADV), criado há doze anos e pioneiro
no país, acompanha pessoas cegas ou com baixa visão, capacitando-as para uma
maior inclusão e qualidade de vida. Além disso, o GADV desempenha um papel
essencial na sensibilização da comunidade, através de campanhas e ações que
combatem estereótipos e incentivam uma visão mais inclusiva sobre a deficiência
visual. Atualmente, os participantes com cegueira e baixa visão são cerca de 70,
oriundos não apenas de Torres Vedras, mas também de outros concelhos da região
Oeste.
Na mesma cerimónia de entrega de prémios foram distinguidos Jorge Moreira da
Silva, com o Prémio Personalidade, e o Prémio ONG foi atribuído à Fundação
Oceano Azul pelo seu trabalho na conservação dos oceanos e biodiversidade
marinha.
Subsídio de Educação Especial
-Registo de recibos de apoio individualizado-
Segurança Social, 11 Maio 2025
A Segurança Social Direta tem um novo serviço que
permite registar diretamente os recibos de apoio individual dos beneficiários do
Subsídio de Educação Especial de forma mais simples, rápida e segura sem
necessidade de deslocação a um Serviço de Atendimento.
O serviço está disponível em: Família > Subsídio de Educação Especial > Recibo
de apoio individualizado. Em seguida, carregue os seus recibos e preencha toda a
informação necessária.
Após o registo é possível acompanhar o estado do pedido.
Esta nova funcionalidade na Segurança Social Direta foi desenvolvida para
proporcionar mais comodidade e eficiência, permitindo que se concentre no que
realmente importa.
Primeiro Pessoas, é o programa de
transformação digital que está a mudar a Segurança Social, com o objetivo de
modernizar e melhorar a eficiência dos serviços, colocando as pessoas e as
empresas no centro da estratégia.
A disponibilização de peças museológicas destinadas a serem interpretadas por
invisuais está na base de uma ação desenvolvida, em Coimbra, pelo
Museu
Nacional Machado de Castro (MNMC) e pelo
Centro Tecnológico da Cerâmica e
do Vidro (CTCV).
O MNMC, que tem em curso um projeto de acesso à cultura para invisuais na cidade
de Coimbra, desafiou o CTCV "a reproduzir modelos de algumas peças do seu acervo
num material que reproduza as propriedades do material original da obra, que
servirão como objetos táteis para melhor usufruição do conteúdo do museu a
pessoas com deficiência visual", lê-se numa nota das duas entidades enviada hoje
à agência Lusa.
O processo, considerado inovador, foi implementado numa primeira obra - o modelo
em terracota da estátua equestre do rei D. José I (réplica do monumento
original, da autoria de Machado de Castro, que está na Praça do Comércio, em
Lisboa) – e incluiu três fases: a digitalização em três dimensões (3D) da obra,
a revisão do modelo daí resultante por modelação computacional e a impressão 3D
em pedra cimentícia.
No âmbito deste projeto foi assinado um protocolo com o objetivo de ambas as
entidades colaborarem na "capitalização das respetivas competências científicas,
técnicas, materiais e humanas para a realização de atividades e projetos de
interesse comum".
No documento, assinado por Jorge Marques dos Santos Sousa e António Sousa Lamas
(administradores do CTCV) e Sandra Costa Saldanha (diretora do MNMC), aqueles
dois organismos comprometem-se a estabelecer uma cooperação logística,
possibilitando o benefício do potencial instalado em cada uma das entidades,
relativo a equipamentos específicos para desenvolvimento de materiais
pedagógicos destinados a pessoas com deficiência visual, como sejam os meios
tecnológicos de reprodução de informação em suportes adequados.
Ao CTCV, que é um Centro de Tecnologia e Inovação, cumpre prestar apoio técnico
e tecnológico ao MNMC e contribuir para a investigação aplicada e aplicação de
tecnologia na execução de réplicas de peças museológicas.
Ao Museu Nacional de Machado de Castro incumbe assegurar serviços de tradução e
produção de textos em braille, disponibilizar recursos humanos e técnicos
"sempre que tal se torne útil à concretização de projetos do CTCV" e cooperar em
outros projetos de investigação e de inovação em áreas relevantes para as duas
entidades.
Concebido para ser acessível a crianças cegas ou com baixa visão e às que vêem
bem, este álbum ilustrado explora diferentes formas de pensar “a casa”. Dentro e
fora.
Um projecto da Trienal de Arquitectura de Lisboa, Uma Casa É Uma Montanha É Um
Chapéu “aponta para a variedade de escalas do habitar — o território, a cidade,
a sala de jantar — e para como construímos a nossa casa comum com a intervenção
no ambiente — a montanha — e criando artefactos — o chapéu —, e deixa adivinhar
elementos da narrativa”, descrevem as autoras do texto, que enaltecem a
colaboração de Fátima Alves, da Locus Acesso, no Open House Lisboa.
Um relato ternurento sobre o que vê quem não vê. A caminho da escola, pai e
filha, juntos nas suas dificuldades, um é cego e a outra usa óculos que se
adivinham bastante graduados, fazem jogos de imaginação.
“Gostamos de jogar aos carros-animais: — Este é um Panda. — Escuta! Um Carocha!
— Um Jaguar, um Jaguar! — Pareceu-me ouvir um Seat León. E sonhamos poder sentir
um dia um Chevrolet Impala. Ou um Ford Mustang a galope pela cidade!”, descreve
a menina.
Passe-se a publicidade às marcas de automóveis e imagine-se cada um deles a
deslocar-se na estrada com o animal que lhe corresponde em cima do tejadilho. É
o que nos dá a ver a ilustradora Maria Girón em imagens com dinamismo e humor,
espelhando os pensamentos que Gonzalo Moure fez nascer nestas duas personagens.
Não apenas um espelho, antes uma ampliação.
Assim, sobre o Carocha, além do insecto ortóptero, há um caracol e uma
borboleta. Noutro carro, um leão tem a companhia de um macaco e, fora do
universo automóvel, um crocodilo desloca-se de skate e dá boleia a um coelho.
Numa atmosfera colorida, mas não berrante, vamos sendo surpreendidos com a
floresta urbana e a genuína que ambos constroem e exploram. Por isso tantos
animais vivem nas páginas do livro. Nesta também.
Diz a filha sobre o pai: “Não pode ver as coisas, mas vê muito mais do que eu e
do que qualquer outra pessoa no mundo: — Este senhor que passou por nós está
triste. Mas como é que ele sabe? — Cuidado, um candeeiro. E é sempre verdade.”
Também lhe diz que o “mar está bonito”. Escuta-o, imagina-o e recorda o Verão:
“As ondas a fazer cócegas.
Um livro que nem chega a ser propriamente uma história, é uma descrição de um
percurso diário que duas pessoas com deficiência visual transformam num passeio
mágico e feliz. “O pai está sempre alegre. Faz tiquetaque com a bengala e, às
vezes, canta enquanto acompanha o ritmo com ela: titititi, titititá… E eu
também, com as minhas sapatilhas: plasplás, papapaplás.”
Sem dramas nem fado desgraçado
Personagens desta natureza nas mãos de outros autores poderiam resultar num
texto dramático ou soturno, à imagem dos “fados da desgraçadinha” que muitos
tanto apreciam. Aqui, não. Talvez por isso o livro tenha merecido o Prémio
Fundação Cuatrogatos em 2021.
Não é a primeira vez que escritor e ilustradora assinam uma obra em conjunto. Já
editada também em Portugal pela Kalandraka, em 2022, Palavras de Caramelo
juntaram o chileno e a espanhola. Ele é também jornalista e ela estudou
Ilustração e Gravura. As suas duas linguagens e talentos fundem-se com
naturalidade. Não sabendo o leitor que se trata de uma dupla, poderia até pensar
que estaria perante apenas um autor.
O momento, bonito, da narrativa que sustenta o título: “Chama-me ‘Minha Guia’,
mas a verdade é que, embora eu veja um pouco e ele não veja nada, é ele quem me
guia, ‘Meu Capitão’.” Antes, a menina já nos tinha feito saber: “A minha mão é
pequena na mão do pai.” De mãos dadas, é sempre mais fácil. Mesmo quando se vê.
Terapia genética revolucionária devolve visão a crianças cegas
de nascença
Por Pedro Zagacho Goncalves | 24 Fev 2025
Quatro crianças que nasceram com uma forma grave de cegueira devido a uma rara
deficiência genética recuperaram parcialmente a visão graças a uma terapia
genética inovadora. O tratamento foi desenvolvido por cientistas do UCL
Institute of Ophthalmology e administrado no Moorfields Eye Hospital, no Reino
Unido, com o apoio da empresa de biotecnologia MeiraGTx.
Os avanços foram publicados a 22 de fevereiro na prestigiada revista científica
The Lancet e demonstram o potencial da terapia genética para tratar condições
raras e severas de cegueira infantil. Os especialistas esperam que, no futuro,
esta abordagem possa ser expandida para outras formas de doenças oculares
hereditárias.
Como funciona a nova terapia genética
As crianças tratadas sofrem de uma mutação no gene AIPL1, fundamental para a
saúde da retina. A condição, uma forma severa de distrofia retiniana, faz com
que as células da retina não funcionem corretamente e acabem por morrer,
resultando em cegueira desde o nascimento. Os afetados conseguem apenas
distinguir entre claro e escuro.
A terapia inovadora consiste na injeção de cópias saudáveis do gene AIPL1
diretamente na retina, através de uma cirurgia minimamente invasiva. Para
permitir que os genes substitutos entrem nas células da retina, são
transportados por um vírus modificado, inofensivo para o organismo. Este
processo visa restaurar a função celular e prolongar a vida útil das células
retinianas, prevenindo a progressão da doença.
Como esta condição genética é extremamente rara, as primeiras crianças tratadas
vieram do estrangeiro. Para garantir a segurança da abordagem, cada criança
recebeu o tratamento apenas num dos olhos.
Nos três a quatro anos seguintes à intervenção, os quatro pacientes demonstraram
melhorias notáveis na visão do olho tratado. No entanto, o olho não tratado
continuou a deteriorar-se, confirmando o impacto positivo da terapia. Estes
resultados reforçam a hipótese de que um tratamento precoce pode transformar a
vida de crianças com esta condição.
A terapia genética para outro tipo de cegueira hereditária, causada pela mutação
RPE65, já está disponível no Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) desde
2020. A esperança dos investigadores é que os avanços agora registados possam
abrir caminho para tratamentos semelhantes noutras doenças genéticas da visão.
Impacto transformador e reconhecimento dos especialistas
Os especialistas envolvidos no estudo sublinham o impacto profundo desta
descoberta.
O professor James Bainbridge, especialista em retina do UCL Institute of
Ophthalmology e cirurgião no Moorfields Eye Hospital, destacou: “A deficiência
visual em crianças pequenas tem um efeito devastador no seu desenvolvimento.
Tratar esta condição na infância com esta nova terapia genética pode transformar
a vida dos mais gravemente afetados.”
Por sua vez, o professor Michel Michaelides, também do UCL Institute of
Ophthalmology, acrescentou: “Pela primeira vez, temos um tratamento eficaz para
a forma mais severa de cegueira infantil. Isto representa uma mudança de
paradigma, permitindo tratar a doença nos seus estágios iniciais. Os resultados
destas crianças são impressionantes e demonstram o poder da terapia genética
para mudar vidas.”
A jornada de uma família: a recuperação de Jace
Entre os beneficiados pela terapia está Jace, uma criança do estado de
Connecticut, nos EUA, diagnosticada com uma forma agressiva de amaurose
congénita de Leber (Leber Congenital Amaurosis, LCA). Os seus pais aceitaram
participar no ensaio clínico para lhe proporcionar uma hipótese de ver pela
primeira vez.
A mãe, DJ, recorda a recuperação de Jace logo após a operação: “Assim que saiu
da cirurgia, Jace começou a rodopiar, a dançar e a fazer rir as enfermeiras.
Algumas semanas depois, já reagia à televisão e ao telemóvel. Em seis meses,
conseguia reconhecer e nomear os seus carros favoritos a vários metros de
distância. Mas levou tempo para o cérebro processar o que agora conseguia ver.”
Ela também mencionou uma melhoria inesperada: “Crianças com perda de visão têm
frequentemente dificuldades em dormir. Agora, ele adormece muito mais
facilmente, o que tornou as noites muito mais agradáveis.”
O pai de Jace, Brendan, expressou a sua gratidão pela oportunidade: “Quando nos
ofereceram esta hipótese, quisemos dar-lhe tudo o que pudéssemos para que
tivesse sucesso na vida. Também compreendemos que esta participação poderia
ajudar outras crianças no futuro. A experiência foi incrivelmente positiva e os
resultados são simplesmente espetaculares.”
Esperança para o futuro e novas aplicações
A terapia genética foi desenvolvida e fabricada na UCL sob uma licença especial
de produção. A MeiraGTx, empresa de biotecnologia envolvida na investigação,
assegurou o armazenamento, controlo de qualidade e fornecimento do tratamento.
A administração do tratamento foi realizada no Great Ormond Street Hospital, com
as avaliações médicas das crianças a decorrerem no NIHR Moorfields Clinical
Research Facility. O NIHR Moorfields Biomedical Research Centre forneceu a
infraestrutura necessária para o estudo.
O professor Robin Ali, especialista em terapia genética do UCL Institute of
Ophthalmology e do King’s College London Centre for Gene Therapy and
Regenerative Medicine, destacou o papel do Reino Unido na investigação médica:
“Este trabalho demonstra a importância das infraestruturas académicas no Reino
Unido e da capacidade de produção de terapias avançadas para disponibilizar
tratamentos inovadores a pessoas com doenças raras.”
A investigação foi parcialmente financiada pelo National Institute for Health
and Care Research (NIHR), pela MeiraGTx e pela Moorfields Eye Charity,
organização que apoia financeiramente projetos de inovação médica.
Graças à generosidade de doadores, a Moorfields Eye Charity tem contribuído para
expandir este programa de medicina experimental, incluindo o lançamento de novos
ensaios clínicos para terapias genéticas.
Os detalhes completos do estudo estão publicados no artigo científico “Gene
therapy in children with AIPL1-associated severe retinal dystrophy: an
open-label, first-in-human interventional study”, assinado por Michel
Michaelides, James Bainbridge e uma equipa de investigadores de instituições
britânicas e internacionais. O artigo foi publicado a 22 de fevereiro de 2025 na
The Lancet.
Este avanço representa um marco na medicina genética e pode transformar o futuro
do tratamento da cegueira hereditária, trazendo esperança a milhares de crianças
em todo o mundo.
Os animais se distinguem das máquinas por sua incrível resiliência: essa
capacidade de superar lesões, deficiências sensoriais ou outras limitações para
continuar funcionando. No entanto, os mecanismos que tornam essa resiliência
possível ainda são um mistério.
Nos humanos, por exemplo, quando uma pessoa fica cega, ela precisa passar por
uma longa fase de reabilitação para reaprender a interagir com o ambiente antes
de recuperar sua autonomia. Mas e os animais? Eles podem compensar rapidamente
uma deficiência e, se sim, como conseguem?
As formigas apresentam uma capacidade impressionante de adaptação sensorial
Em um estudo publicado na revista PNAS, os cientistas exploraram essa questão
nas formigas, esses pequenos insetos muitas vezes subestimados por sua
complexidade comportamental. Eles queriam saber se, diante de uma anomalia
sensorial, as formigas seriam capazes de superar essa dificuldade e retomar uma
atividade normal.
Para isso, eles "vendaram temporariamente um olho" de formigas treinadas para
reconhecer uma rota em seu ambiente natural. O objetivo era comparar suas
reações com as previstas por modelos científicos estabelecidos.
Sem surpresa, as formigas parcialmente cegas mostraram inicialmente uma forte
desorientação. Incapazes de reconhecer seu ambiente como antes, elas não
conseguiam mais encontrar o caminho ou relembrar suas rotas habituais. No
entanto, de forma surpreendente, elas se adaptaram em um tempo recorde.
Em apenas algumas horas, essas formigas recuperaram um comportamento funcional.
Esse resultado supera amplamente as capacidades previstas pelos modelos atuais,
que não possuem os processos de compensação necessários.
Rigidez e flexibilidade: um equilíbrio
Mas como essas formigas conseguiram compensar tão rapidamente? Ao analisar seu
comportamento, os cientistas descobriram que elas adotaram uma estratégia
notável: elas "começaram do zero".
Concretamente, elas voltaram espontaneamente a um estágio comportamental
inicial, como se estivessem reaprendendo o ambiente com sua nova condição
sensorial. Esse processo de adaptação revela uma plasticidade comportamental
insuspeitada, uma capacidade de aprendizado e reorganização muito mais rápida do
que a observada em humanos ou do que as máquinas mais avançadas poderiam
realizar.
Esses experimentos destacam aspectos inesperados de como as formigas percebem o
mundo. Por exemplo, uma formiga que aprendeu uma cena visual com apenas um olho
é incapaz de reconhecê-la quando usa os dois olhos. Essa rigidez em seu
processamento sensorial contrasta com sua flexibilidade comportamental e levanta
questões fundamentais sobre como esses insetos codificam e usam informações
visuais.
Esses resultados oferecem uma nova perspectiva sobre os mecanismos de
resiliência sensorial e comportamental, com implicações para áreas variadas,
como a robótica adaptativa e a medicina de reabilitação. Essa capacidade natural
das formigas de compensar rapidamente déficits pode inspirar avanços
tecnológicos ou terapêuticos para melhorar a resiliência de sistemas artificiais
e biológicos.
A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) prepara a abertura na
cidade de Aveiro de um Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação
Social de Pessoas com Deficiência Visual e Incapacidade (CAARPD), que é uma
pretensão antiga.
Informação transmitida por Carlos Pereira, presidente da direção, numa nota de
imprensa divulagada esta quarta-feira a pretexto da comemorações do 24ª
aniversário da delegação de Aveiro, que irá ser assinalado a 22 de fevereiro,
sábado, com um almoço convívio.
“Está aprovada a instalação de um CAARPD na delegação do Distrito de Aveiro, com
abertura prevista em breve”, refere o dirigente.
O serviço em causa é considerado “fundamental” para o processo de reabilitação e
habilitação das pessoas com deficiência visual, tornando tal cuidado “mais
próximo e acessível às pessoas cegas ou com baixa visão da região de Aveiro”
para assegurar “uma melhor qualidade de vida.”
Por meio de protocolos com o Instituto de Segurança Social, a ACAPO possui em
funcionamento, para além dos CAARPD, os Centros de Apoio à Vida Independente
(CAVI).
Além do BE e do PS, o Movimento Cidadão Diferente (MCD) e a Federação Nacional
dos Professores (FENPROF) também repudiaram as declarações.
O Chega encontra-se ‘debaixo de fogo’ pela intervenção do deputado João Tilly
que, na quarta-feira, considerou que o “ensino geral é muito mais importante” do
que o ensino especial e questionou se Portugal é "um país de alunos com
deficiência" ou "um país de alunos normais". Além do Bloco de Esquerda (BE) e do
Partido Socialista (PS), que reagiram durante o plenário, também o Movimento
Cidadão Diferente (MCD) e a Federação Nacional dos Professores (FENPROF)
repudiaram as declarações, que disseram ter sido “uma vergonha”.
Durante o debate, o BE alertou para a falta de meios financeiros e humanos nas
escolas para acompanhar alunos com necessidades especiais, insistindo ser
preciso recuperar a carreira dos auxiliares de educação.
Pelo Chega, João Tilly afirmou que é professor há 40 anos e que na sua
"escolinha" chegou a ter "quatro professores de matemática, cinco de português e
nove de educação especial", criticando que "centenas de professores de todas as
áreas" tenham ido "a correr tirar esta especialização".
"A educação ou o ensino, como nós chamamos, especial é importante. Mas, o ensino
geral é muito mais importante e esse está esquecido e ignorado. Afinal, nós
somos um país de alunos com deficiência ou somos um país de alunos normais? O
que é que está a provocar este número incrível de tantos alunos com deficiência
cognitiva?", interrogou.
A bloquista Joana Mortágua ripostou que na sua “escolinha só havia alunos
‘normais’, os ‘bons’”, uma vez que os estudantes com necessidades especiais
“estavam segregados”.
“Na minha escolinha não havia alunos com autismo, nem alunos no espectro do
autismo. Não havia alunos cegos, não havia alunos surdos, não havia alunos em
cadeira de rodas, não havia alunos com paralisia cerebral. Na minha escola só
havia alunos ‘normais’, os ‘bons’, segundo o senhor deputado João Tilly diz.
Sabe porquê? Porque esses alunos estavam segregados em instituições para pessoas
que ‘não são normais’. Estavam segregados em guetos onde lhes diziam que eram os
‘maus’ e que as escolas estavam reservadas para os ‘bons alunos’. Porque os
alunos com deficiência iam nivelar por baixo”, disse.
Já a socialista Rosário Gambôa apontou que "não há crianças anormais, nem
crianças normais", tendo defendido "uma sociedade que integra e que não exclui,
que não segrega".
"Para nós, as crianças são crianças. Não há crianças anormais, nem crianças
normais. A escola para todos, uma sociedade para todos, uma sociedade que
integra e que não exclui, que não segrega. De facto, há muita má memória na
História de gente que etiquetou alguém diferente, mesmo crianças, ‘crianças que
não eram normais’, que eram deficientes, homossexuais, de outra raça e até
criaram campos de extermínio exatamente para essas crianças", afirmou.
Entretanto, o Movimento Cidadão Diferente (MCD) considerou que as declarações de
João Tilly demonstram "insensibilidade e desconhecimento da realidade vivida
pelos alunos com deficiência e suas famílias", tendo manifestado a sua "profunda
indignação".
"Diariamente milhares de estudantes enfrentam obstáculos significativos nas
escolas portuguesas, desde a falta de recursos adequados até à ausência de apoio
especializado [e as] suas famílias carregam um fardo emocional e financeiro
pesado, lutando por uma educação digna e inclusiva", disse Miguel Azevedo, num
comunicado enviado à Lusa.
Para o responsável, as declarações do deputado do Chega "desconsideram esta
realidade, comprometem os avanços pela igualdade no sistema de ensino e reforçam
o estigma".
"Reforçamos a necessidade de políticas públicas inclusivas e apelo ao respeito e
empatia por parte dos representantes políticos", acrescentou.
A FENPROF, por seu turno, confessou que as afirmações do “deputado do partido da
extrema-direita” não surpreendem, uma vez que “confirmam a natureza de um
partido para quem, para além do modelo, tudo o que é diferente não deve merecer
atenção”.
“Não surpreende, repete-se, ou não fosse aquele partido o legítimo herdeiro de
políticas de segregação pura e dura, do tempo em que se escondia ou, mesmo,
eliminava o que era diferente; do tempo em que as pessoas deficientes eram
rotuladas em dois grandes grupos: os imbecis e os idiotas. Do tempo em que gente
diferente, por deficiência, origem, etnia, orientação sexual ou ideologia era
presa, torturada e, muitas vezes, eliminada. Foi uma vergonha, que merece o mais
vivo repúdio, ouvir as declarações daquele deputado sobre a deficiência e as
insuficiências da escola para promover uma educação efetivamente inclusiva”,
lê-se, num comunicado enviado às redações.
O organismo recordou que “a educação inclusiva é uma exigência das sociedades
democráticas”, pelo que “é necessário que as escolas tenham os recursos
(humanos, físicos e materiais) para a sua efetivação”.
“Não têm porque não há o investimento adequado na educação, daí ser
indispensável a sociedade continuar a reclamar esse investimento, mas também a
denunciar quem, com discurso populista, tenta arrebanhar votos para arrastar o
país para caminhos que, a vingarem, poriam em causa os mais elementares
princípios e valores da Democracia que Abril restituiu a Portugal”, rematou.
AMPLA - Mostra de Cinema Inclusiva - que começou no passado dia 14 de Fevereiro e
que vai continuar a decorrer na próxima sexta e sábado, dias 21 e 22 de
Fevereiro, na Culturgest, em Lisboa. A AMPLA é uma mostra de cinema que reúne
uma seleção de filmes premiados nos principais festivais em Portugal, entre eles
Curtas Vila do Conde, MOTELX, Festival MONSTRA e IndieLisboa.
Para ser o mais inclusiva possível, todos os filmes são exibidos com recursos de
acessibilidade, nomeadamente audiodescrição e audiolegendas em português,
interpretação em Língua Gestual Portuguesa e Legendas descritivas em português.
Ontem, dia 13 de fevereiro, no Parlamento, casa da Democracia, o debate pela
promoção da inclusão dos jovens com necessidades educativas específicas no
ensino superior, ficou marcado por uma situação, lamentável, que envolveu
pessoas com deficiência.
Contrariamente à alegação de que as intervenções, sobre temáticas da
deficiência, feitas por pessoas com deficiência, se assumem como uma política de
base identitária, o lema "nada sobre nós sem nós", ponto de partida e de chegada
da autorrepresentação, relembra a importância de, na conceção de políticas para
um determinado grupo, os melhores porta-vozes serem aquelas pessoas que vivem,
no dia-a-dia, com a deficiência, isto é, com as desvantagens em que são
colocados em resultado da interação entre uma incapacidade e o meio onde
escolhem livremente viver e participar.
Apoucar a voz das pessoas com deficiência, com qualquer deficiência, para
exporem os problemas que as pessoas com deficiência vivem, bem como as soluções
que as pessoas com deficiência concebem para esses problemas, é negar o
compromisso assumido por Portugal na Convenção das Nações Unidas sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência. Não é uma questão identitária, pois que a
deficiência não é uma característica inerente à pessoa, mas sim uma desvantagem
resultante de uma má construção social. Estranhar que uma pessoa com deficiência
fale quando a temática é deficiência, é como estranhar que um trabalhador fale
quando o assunto é trabalho, que um patrão fale quando o assunto é relativo às
empresas, ou que um médico fale quando o assunto é saúde. Estimamos que 10% da
população portuguesa tenha algum tipo de deficiência, de acordo com os números
dos Censos. No Parlamento, que se conheça, apenas 1% dos deputados são pessoas
com deficiência. Por isso, estranhar a intervenção de alguém com deficiência
quando o assunto é inclusão de estudantes com necessidades educativas
específicas , é querer que o princípio "nada sobre nós sem nós", que Portugal se
vinculou, fique sem voz.
Como organização que defende e representa os direitos das pessoas com
deficiência visual a nível nacional, não ficaremos sem voz cada vez que
estranharem que falemos de nós, porque em nosso nome somos todos e cada um de
nós quem mais está habilitado a falar.
A par de tudo o que se passou, e que repudiamos, que este episódio possa servir,
pelo menos, para que se faça respeitar, de forma efetiva, a voz, a participação
e os direitos de todas as pessoas com deficiência, cidadãos eleitores e eleitos.
O respeito pelos direitos humanos não se faz por decreto, faz-se por ação.
A Câmara de Ourém aprovou o acordo de cooperação entre a Associação Promotora do
Ensino dos Cegos (APEC) e o Município de Ourém, com o objetivo de promover a
inclusão das pessoas com deficiência visual na comunidade local. «O protocolo
define as condições de colaboração entre as duas entidades, e entre as áreas de
atuação previstas estão o levantamento das necessidades da população com
deficiência visual, apoio à autonomia, aulas de Braille e informática, bem como
ações de sensibilização e acessibilidade», justifica a autarquia oureense em
recente publicação. O acordo tem a duração inicial de 12 meses, sendo renovável
automaticamente por igual período, acrescenta o mesmo texto.
À frente da Direção Nacional da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal há
quatro anos, Rodrigo Santos assegura que a cegueira e deficiência visual não
devem ser encaradas como «inoperacionais». Entender a incapacidade é «essencial
para a concessão de sociedade».
No âmbito do Dia Mundial do Braille, assinalado a 5 de janeiro, o Diário de
Aveiro esteve à conversa com Rodrigo Santos, presidente da Direção Nacional da
Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), sobre a importância desta
data para a consciencialização da população sobre os direitos humanos das
pessoas cegas e com deficiências visuais. A apoiar cerca de 1.500 pessoas, a
ACAPO «gostava de apoiar muitas mais, mas sabemos que existe um conjunto de
necessidades em vários domínios que ainda não conseguimos responder», destacou o
responsável.
Diário de Aveiro: De acordo com as Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que, globalmente, cerca de 1,3 mil milhões de pessoas vivem com
alguma forma de distúrbio de visão, sendo que, em Portugal, existem cerca de 620
mil deficientes visuais. Como descreve o atual panorama nacional?
Rodrigo Santos: Atualmente, esses valores estão acima dos mencionados, uma vez
que, nos últimos Censos, realizados em 2021, está descrito que existem cerca de
900 mil pessoas que declararam ter alguma dificuldade visual. No entanto, não
podemos afirmar um número concreto porque há muito tempo que não existe uma
operação estatística que apure com rigor quantas pessoas é que correspondem à
associação do que é ter cegueira ou baixa visão (abaixo dos 30 por cento).
Em termos do panorama, o primeiro obstáculo é não termos a noção exata da
realidade da população que tem algum tipo de deficiência visual. Isto acontece
por duas razões: o facto das próprias pessoas não se aperceberem da deficiência
e o estigma da sociedade que se faz sentir presente, isto é, ainda existe quem
encare a deficiência visual como inoperacional. Para a maior parte das pessoas,
deixar de ver é encarado como uma tragédia ou fatalidade, o que gera negação e
traz uma armadilha grande, no sentido de não estarem alertas para a deficiência,
pois acreditam que esta é profundamente incapacitante quando, na realidade, não
é. A principal limitação também decorre da perceção da deficiência como uma
limitação quase intransponível, o que não é verdade. Se for feito um esforço da
própria pessoa e da sociedade, a limitação é sempre ultrapassável.
Diário de Aveiro: A procura de ajuda na ACAPO surge numa fase inicial ou
avançada da cegueira?
Rodrigo Santos: Quando se trata de cegueira, as pessoas chegam numa fase
inicial, mas se falarmos em baixa visão, a procura de ajuda chega mais tarde,
quando a pessoa sente a dificuldade visual como inultrapassável. Tendo em conta
estes factos, existe um maior esforço na introdução da reabilitação funcional
que permita maximizar durante mais tempo o uso da visão.
O BE/Açores apresentou uma proposta para “tornar mais inclusiva” a Lei Eleitoral
para o parlamento dos Açores, que inclui voto em braile e o reforço da paridade
entre homens e mulheres nas listas
A proposta apresentada pelo líder do BE açoriano e deputado único no parlamento
regional, António Lima, tem como objetivo “permitir às pessoas com deficiência
visual a leitura do boletim de voto em braile e também reforçar o equilíbrio
entre o número de homens e mulheres nas listas de candidatos através do reforço
da paridade”.
Segundo um comunicado do partido, a proposta foi anunciada após uma reunião com
a delegação dos Açores da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e
pretende introduzir na Lei Eleitoral dos Açores estes dois aspetos de inclusão
que já estão garantidos para outros atos eleitorais em Portugal.
O deputado António Lima, citado na nota de imprensa, explica que a utilização de
uma matriz do boletim de voto em braile permite que o exercício do voto por
parte das pessoas com deficiência visual “seja exercido de forma independente e
secreta”, sem a necessidade de um acompanhante na cabine de voto.
“Esta preocupação foi transmitida pela ACAPO em plena campanha nas últimas
eleições regionais”, disse, indicando que o BE apresenta a proposta para dar
resposta a uma questão que considera “muito pertinente”.
Sobre a paridade entre homens e mulheres nas listas, António Lima lembrou que
foi o BE, em 2013, “que deu o passo para colocar na Lei Eleitoral do parlamento
dos Açores uma regra para promover um maior equilíbrio nas listas dos partidos”.
Na altura, lembra o partido, foi definida uma presença mínima de 33,3% de cada
sexo, mas atualmente a legislação nacional já prevê, para todos os atos
eleitorais nacionais, uma representação mínima de 40% de cada sexo.
“Está na hora de dar mais um passo no sentido da igualdade, estabelecendo a
paridade de 40% também na Lei Eleitoral para o parlamento dos Açores”, vincou o
deputado do BE/Açores.
António Lima acredita que as alterações propostas “serão consensuais no
parlamento dos Açores” e também na Assembleia da República.
“A luta pela igualdade é muitas vezes difícil, mas é sempre uma luta que vale a
pena”, concluiu.
Procurar casa e ter uma deficiência: “A senhoria teve medo
que explodisse a cozinha”
Ana Torres
Público, 14 Janeiro 2025
A discriminação no acesso à habitação e as poucas casas adaptadas são mais um
entrave à vida independente. “Infelizmente, arrendar casa a uma pessoa cega
ainda é considerado ser ‘mente aberta’.”
Quando decidiu mudar de cidade e começar uma segunda licenciatura em Lisboa,
Maria Sá nunca imaginou que procurar um quarto fosse tão complicado. Tudo porque
os senhorios não acreditavam que, por ser cega, a jovem de 22 anos podia viver
sozinha e cuidar da casa.
O percurso que Maria fez em Escolas de Referência para a Educação de Alunos
Cegos e com Baixa Visão deu-lhe competências que lhe permitem ter uma vida
independente e autónoma — algo em que os senhorios com quem se cruzou pareceram
não acreditar.
Tentou por quatro vezes arrendar um quarto. Logo na primeira tentativa, mediada
por outra pessoa, recebeu um não. O motivo: “A senhoria tem medo, porque diz que
a casa não está adaptada” e Maria podia “explodir a cozinha por causa do fogão”.
Numa outra tentativa, Maria escolheu não dar conhecimento prévio ao senhorio
acerca da sua deficiência. No dia da visita, a jovem não estava disponível e os
pais viajaram de Viana do Castelo até Lisboa para conhecerem a casa. O pai
acabou por informar o gestor de propriedades que os recebeu acerca da cegueira
da filha e este garantiu que “ia falar com o senhorio, mas em princípio ficaria
com o quarto”, explica Maria.
No entanto, o entusiasmo durou pouco: no dia seguinte, receberam uma chamada do
senhorio, que não queria arrendar o quarto, pois “a casa não estava adaptada” e
“tinha receio”, apesar de terem deixado claro que tal não seria necessário para
que Maria pudesse lá viver.
Foi à quarta tentativa que encontrou casa em Lisboa, chegando ao fim “uma fase
de imensa ansiedade” na sua vida. A jovem reconhece a abertura da actual
senhoria, mas deixa claro que “infelizmente, hoje em dia, arrendar casa a uma
pessoa cega ainda é considerado ser ‘mente aberta’”.
“Quero uma vida autónoma e não consigo”
O problema do acesso à habitação para pessoas com deficiência agrava-se
substancialmente quando estão em causa deficiências que requerem adaptações
estruturais nas casas, sejam elas compradas ou arrendadas.
De acordo com os dados recolhidos nos Censos de 2021, a incapacidade de andar ou
subir escadas é a mais prevalente em Portugal, afectando cerca de 6% da
população com cinco anos ou mais. Das que vivem em casas familiares (e não em
alojamentos colectivos, como lares ou instituições), quase 70% vivem em
habitações sem acessibilidade para pessoas que utilizam cadeira de rodas de
forma autónoma. [...]
Nos jogos da Taça da Liga há um sistema que facilita o acompanhamento do
jogos pelos cegos no estádio. Espalhados em vários pontos do Estádio Municipal
de Leiria, os adeptos com deficiência visual recebem os rádios para acompanharem
em tempo real a áudio-descrição de cada movimento que não podem ver.
“Conseguimos ter a perceção real do que está a acontecer no campo. É diferente
de um relato normal”, diz Leonel Soares, adepto invisual.
A emoção do golo é a mais forte, mas nestas bancadas há ouvidos sempre atentos a
cada vibração do jogo. Uma diferença em que cada pormenor conta para que a
experiência possa ser vivida mais intensidade.
Um futebol que, para já, ainda só está acessível em poucos estádios do país.
A WOOK é a única livraria em Portugal a
disponibilizar livros em braille, com um catálogo diversificado para leitores de
todas as idades e interesses.
O acesso à leitura e a democratização da cultura é um direito universal. Assim,
para assinalar o Dia Mundial do Braille, que se celebra no dia 4 de janeiro
(sábado), a WOOK, em parceria com o
Centro Professor Albuquerque e Castro da Santa Casa da Misericórdia do Porto,
destaca o seu compromisso com a inclusão e o acesso à leitura. Desta forma, a
maior livraria online em Portugal disponibiliza o maior catálogo de livros em
braille no país, com
mais de 800 títulos, garantindo que milhares de pessoas com deficiência
visual tenham acesso à cultura e ao conhecimento.
Mas esta ação vai mais longe, o valor das vendas reverte integralmente para a
Santa Casa da Misericórdia do Porto, responsável pela edição das obras. “Esta
parceria, estabelecida em 2022, reflete o compromisso com a responsabilidade
social e a promoção de uma sociedade mais inclusiva. Este compromisso e
colaboração demonstra que, com pequenos gestos, é possível criar um impacto
duradouro e positivo na vida de milhares de pessoas”, sublinha Rui Aragão,
Diretor da WOOK.
Em 2024, foram vendidas mais de 67 referências distintas de livros em braille,
com destaque para O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, uma obra
intemporal que continua a cativar leitores de todas as idades. O catálogo em
braille, amplamente diversificado, inclui autores contemporâneos como José
Saramago e Elena Ferrante, clássicos como Luís de Camões e Jane Austen, e obras
infantojuvenis de autores como Enid Blyton e J.K. Rowling. Este acervo,
cuidadosamente selecionado, garante que leitores de diferentes idades e
interesses possam encontrar títulos que respondam às suas necessidades e
preferências.
“Acreditamos que a leitura é um direito universal e esta parceria permite-nos
dar um contributo significativo para a democratização do acesso à cultura. O
impacto deste trabalho vai muito além dos números – está na possibilidade de
transformar vidas e de garantir que todos, independentemente das suas
limitações, possam usufruir do prazer da leitura,” finaliza Rui Aragão.
O Braille é um sistema de escrita e leitura tátil desenvolvido para pessoas
cegas ou com deficiência visual. Criado por Louis Braille no início do século
XIX, utiliza uma combinação de pontos em relevo organizados em células de seis
pontos. Cada célula pode representar letras, números, símbolos de pontuação ou
sinais musicais. A leitura é feita passando os dedos sobre os pontos em relevo.
O sistema é versátil, permitindo representar qualquer idioma, matemática e
música. É uma ferramenta essencial para a inclusão e independência das pessoas
com deficiência visual, promovendo o acesso à educação, cultura e comunicação.
[SAPO]
O Instituto Nacional para a Reabilitação (INR)
organiza a exposição «Braille – Pontos que Iluminam Mundos», que terá lugar no
Instituto Nacional para a Reabilitação, no Auditório Orlando Monteiro,
localizado na Av. Conde de Valbom, 63 em Lisboa. A exposição poderá ser visitada
de 7 a 10 de janeiro de 2025, entre as 10h00 e as 17h00.
Nesta mostra, que celebra os 200 anos da criação do Sistema Braille e o Dia
Mundial do Braille, celebrado a 4 de janeiro, destacamos materiais e
equipamentos promotores da inclusão das pessoas cegas e com baixa visão em áreas
como a educação, saúde, trabalho, cultura, participação cívica, orientação e
mobilidade, desporto e lazer.
Na exposição, pode conhecer a história de Louis Braille e o contexto que deu
origem ao seu sistema revolucionário, bem como a sua evolução e adoção em todo o
mundo.
A exposição conta com uma versão virtual, que inclui objetos históricos,
documentos interativos e depoimentos de pessoas que utilizam o Braille no seu
dia-a-dia. Esta exposição digital, além de complementar a exposição física,
incide sobre a forma como as tecnologias atuais estão a integrar o Braille,
ampliando as possibilidades de comunicação e participação.
Ao longo de 2025, será promovido um programa de atividades dirigido a públicos
de todas as idades, em particular crianças e jovens, com o objetivo de fomentar
a reflexão e promover o conhecimento do Braille.
Junte-se a nós nesta viagem ao mundo do Braille e descubra como pequenos pontos
podem iluminar o caminho para a inclusão e a acessibilidade.
A APP Acessibilidade 360 foi criada para
facilitar o acesso aos serviços públicos, tendo em conta as necessidades
específicas de mobilidade de cada pessoa. Além disso, a aplicação identifica se
cada serviço dispõe de condições de acessibilidade para pessoas com deficiência
visual, auditiva, intelectual ou motora, promovendo a inclusão de forma
abrangente.
Disponível para download na Google Play e na Apple Store, esta aplicação fornece
informações detalhadas para garantir que todos os cidadãos possam aceder aos
serviços públicos de forma simples e sem obstáculos.
Com a Acessibilidade 360,
pode:
Localizar e consultar
a disponibilidade de lugares de estacionamento
reservados a pessoas com deficiência, garantindo
maior conforto e segurança;
Identificar percursos
acessíveis desde os lugares de estacionamento ou
paragens de transportes públicos até ao edifício
pretendido, com detalhes sobre as condições de
acessibilidade do percurso;
Navegar dentro dos
edifícios, desde a entrada até ao serviço desejado,
com indicação clara dos pontos de acesso e das
condições de acessibilidade em cada etapa do
percurso;
Verificar se os
serviços dispõem de condições de acessibilidade para
pessoas com deficiência visual, auditiva ou motora,
promovendo a inclusão de forma abrangente.
A aplicação abrange uma vasta gama de serviços
públicos, como:
· Lojas do Cidadão;
· Hospitais e Centros de Saúde;
· Serviços de Emprego;
· Repartições de Finanças;
· Câmaras Municipais;
· Serviços de Segurança Social;
· Escolas e Universidades;
· Espaços culturais.
Um compromisso com a inclusão.
A APP Acessibilidade 360 é uma ferramenta
indispensável para promover a inclusão, tornando o acesso aos serviços públicos
mais simples, seguro e eficiente para todas as pessoas, independentemente das
suas necessidades de mobilidade ou deficiência.
Faça o download agora e descubra como esta aplicação pode transformar a sua
experiência de acesso aos serviços públicos!
As escolas ainda estão a aprender a utilizar a
inteligência artificial para ajudar os alunos com deficiência. As escolas estão
a debater-se com a forma de utilizar a inteligência artificial (IA) para ajudar
os alunos com deficiências visuais, da fala, da linguagem e auditivas em tarefas
que são fáceis para os outros.
Nos EUA, colocar a tecnologia mais recente nas mãos dos alunos com deficiência é
uma prioridade para o departamento de educação, que disse às escolas que devem
considerar se os alunos precisam de ferramentas como a conversão de texto em voz
e dispositivos de comunicação alternativos.
Existe a preocupação de garantir que os alunos que as utilizam - incluindo os
portadores de deficiência - continuam a aprender. A IA pode ser utilizada para
resumir pensamentos num esboço, decompor passagens complexas ou mesmo traduzir
Shakespeare para inglês. As vozes geradas por computador também podem ajudar os
alunos com deficiência visual ou disléxicos a ler.
Resolver um problema com IA
Ben Snyder, um estudante de 14 anos de
Larchmont, Nova Iorque, a quem foi recentemente diagnosticada uma dificuldade de
aprendizagem, tem vindo a utilizar cada vez mais a IA para ajudar nos trabalhos
de casa. "Por vezes, em matemática, os meus professores explicam-me um problema,
mas não faz sentido nenhum. Por isso, se eu inserir esse problema na IA, ela
dá-me várias formas diferentes de explicar como fazer isso", explicou o jovem.
Ben gosta de um programa chamado 'Question AI'. Pediu ao programa para o ajudar
a escrever um esboço para um relatório de um livro - uma tarefa que completou em
15 minutos e que, de outra forma, teria demorado uma hora e meia devido às suas
dificuldades com a escrita e a organização. Contudo, considera que utilizar a IA
para escrever todo o relatório ultrapassa os limites. "Isso é fazer batota",
disse Ben.
As escolas têm tentado equilibrar os benefícios da tecnologia com os riscos que
esta acarreta de forma a garantir que os alunos continuam a melhorar as suas
competências. Há quem diga, no entanto, que a tecnologia de IA pode nivelar as
capacidades entre alunos.
"Vai haver pessoas que vão utilizar algumas destas ferramentas de forma nefasta.
Isso vai sempre acontecer", disse Paul Sanft, diretor de um centro sediado no
Minnesota onde as famílias podem experimentar diferentes ferramentas de
tecnologia de assistência e pedir dispositivos emprestados. "Mas não creio que
essa seja a maior preocupação das pessoas com deficiência, que estão apenas a
tentar fazer algo que não podiam fazer antes", acrescentou.
No dia 13 de dezembro, o município de Vagos
assinalou o 'Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual' com um debate sobre
a integração profissional de pessoas cegas ou com baixa visão. Esta sessão, que
decorreu no Museu do Brincar, contou com o testemunho de uma pessoa com
deficiência visual que é telefonista na Universidade de Aveiro e a participação
da Escola de Cães-Guia de Mortágua, da equipa técnica da CASDSC – Comissão de
Apoio Social e Desenvolvimento de Santa Catarina –, de uma representante da
delegação da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal – no distrito
de Coimbra, da Associação Alma Sã e de membros – humanos e caninos – da Equipa
Cinotécnica da GNR.
Já depois de se terem posto à prova, esforçando-se por se orientarem sem recurso
à visão, num trajeto entre o edifício da câmara municipal e o Museu do Brincar,
cerca de uma dezena de pessoas aceitou o desafio de vendar os olhos e explorar
aquele espaço museológico, tentando percorrer os circuitos propostos com o apoio
de um guia não vendado e, a partir do toque, identificar os brinquedos expostos.
No decorrer desta “experiência de imersão sensorial, tátil e auditiva”, que
tinha por objetivo proporcionar a “pessoas normovisuais” – sem qualquer
limitação relacionada com a visão –, ainda que por breves instantes e num
ambiente controlado, a aproximação possível à realidade de uma pessoa cega, os
participantes confessaram ter experimentado “a vulnerabilidade de quem vive
privado de visão” e sentido “a aflição de ter de depender de ajudas externas”.
“Foi uma experiência desafiante e angustiante”, reconheceu Susana Gravato,
vereadora da câmara de Vagos responsável pelo pelouro da ação social. A autarca,
que fez questão de ser uma das pessoas a participar neste exercício com os olhos
vendados, reconheceu que “ainda há muito para fazer” no concelho no que respeita
às acessibilidades para pessoas cegas e amblíopes, por exemplo, a “alteração de
passeios antigos na vila” e a “melhoria da sinalização de algumas obras”.
Instituições integradoras
“A integração profissional de uma pessoa cega ou amblíope só acontece quando
acreditam nela. Esse é o maior desafio”, introduziu Jorge Anjos – é cego,
trabalha como telefonista na Universidade de Aveiro e é presidente da delegação
da ACAPO no distrito de Aveiro. Jorge está consciente que, “num primeiro
contacto, a tendência é olhar para a incapacidade em vez de se perceber a
capacidade que a pessoa pode ter” e que isso, não raras vezes, faz com que “os
deficientes visuais desanimem rapidamente”, acabando por preferir “viver de
subsídios” ao invés de continuarem a expor-se a situações de discriminação. “Se
as entidades não acreditarem no trabalho de uma pessoa com deficiência visual,
fecham-se na sua concha e não nos dão oportunidades. Para podermos demonstrar o
que valemos, têm de nos abrir as portas”.
Uma tese corroborada por Lurdes Martins, formadora na delegação da ACAPO no
distrito de Coimbra: “a deficiência assusta mais quem não a tem”. “As pessoas
cegas conseguem cuidar de uma casa, educar os filhos e ser profissionais de
excelência, desempenhando as funções que lhe são confiadas com competência
equiparável a pessoas normovisuais”, assegura a formadora de Braille que é mãe
de uma jovem de 18 anos sem qualquer problema de visão. Habituada a participar –
por via da ACAPO – em diversas ações de esclarecimento e sensibilização para com
a realidade das pessoas com deficiência visual junto de escolas, empresas e
autarquias, Lurdes Martins sublinhou a responsabilidade destas instituições na
integração de pessoas cegas, dando-lhes oportunidade de exercerem um ofício.
O papel do cão-guia
Esta tertúlia no Museu do Brincar serviu também para os participantes
compreenderem melhor a importância que um cão-guia pode ter na autonomia de uma
pessoa com deficiência visual. “Os cães são treinados para poderem atuar em todo
o país – a escola de Mortágua é a única instituição em Portugal a treinar
cães-guia –, aprendendo a lidar com situações reais como contornar e evitar
obstáculos e acatar ordens de orientação”, explica Marta Ferreira, educadora da
Escola de Cães-Guia de Mortágua, que participou nesta sessão na companhia de
Hazel, uma Labrador Retriever em formação. “Contrariamente às bengalas, que
obrigam as pessoas a irem de encontro aos obstáculos para, depois, os poderem
ultrapassar, o cão permite que as deslocações sejam mais rápidas e seguras. Além
disso, há uma maior aproximação social da comunidade. As pessoas deixam de olhar
para a deficiência e passam a focar-se no cão.”
Na Escola de Cães-Guia de Mortágua, cada animal é educado de maneira a otimizar
todo o seu potencial, mas depois é preciso saber atribuí-lo à pessoa certa.
“Temos de conhecer a pessoa que está à espera de um cão-guia, para podermos
fazer o emparelhamento mais adequado”, aclara a educadora, descrevendo uma
“relação de confiança, afeto e liderança” semelhante à que existe, no contexto
da Equipa Cinotécnica da GNR, entre guarda e cão.
Também na CASDSC, IPSS de Santa Catarina que se dedica à intervenção junto de
pessoas com deficiência e doença mental, dispondo para isso de um conjunto de
serviços inovadores (entre os quais, terapias assistidas por animais, como a
cinoterapia), o cão é tido como uma autêntica “ferramenta viva”. Alexandre
Pires, handler na equipa técnica daquela instituição, retratou a forma como os
animais são integrados em processos de tratamento, facilitando o desenvolvimento
de atividades lúdicas e de aprendizagem. “Eles são agentes de motivação para os
utentes, ajudando-os a atingir objetivos terapêuticos”, reitera.
Através do Lar Branco Rodrigues e do
Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, a Misericórdia de Lisboa vai
trabalhar com outras 12 instituições em prol da participação na sociedade das
pessoas cegas e com baixa visão.
Ação social, Saúde
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi uma das 13 instituições que se
juntaram para a criação da Aliança para a Deficiência Visual (ADV), uma
plataforma de cooperação pioneira que tem como meta uma ação mais concertada
para a qualificação das práticas e a participação igualitária das pessoas cegas
e com baixa visão na sociedade.
A assinatura da carta de compromisso decorreu na passada sexta-feira, 13 de
dezembro, no auditório do Instituto Nacional para a Reabilitação, e da parte da
Santa Casa estiveram representados o Lar Branco Rodrigues e o Centro de
Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos (CRNS Anjos).
Isabel Pargana, diretora do CRNS Anjos, explica que, “envolvendo diferentes
organizações com características, atribuições, competências, visões e missões
distintas, todas da área da deficiência visual, espera-se a criação de um espaço
de aproximação, de cooperação e de trabalho, em prol das pessoas com deficiência
visual e das suas famílias, assim como dos técnicos que contribuem nas
diferentes respostas existentes”.
Lista das 13 instituições envolvidas:
AADVDB – Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga
AAICA – Associação de Apoio à Informação a Cegos e Amblíopes
Associação Bengala Mágica – Associação de Pais, Amigos e Familiares de Crianças,
Jovens e Adultos Cegos e com Baixa Visão
Associação Cabra Cega
ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal
ANDDVIS – Associação Nacional de Desporto para Deficiência Visual
ANIP – Associação Nacional de Intervenção Precoce
APEDV – Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais
ARP – Associação de Retinopatia de Portugal
FNSE – Fundação Nossa Senhora da Esperança
FRMS – Fundação Raquel e Martin Sain
Íris Inclusiva – Associação de Cegos e Amblíopes
SCML – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Congresso Internacional para o Sistema Braille: 200 Anos
Braille - a 3 e 4 de janeiro de 2025
INR / ACAPO
Nos dias 3 e 4 de janeiro de 2025, no Salão Nobre
da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Congresso 200 Anos do
Braille!
Marque já na agenda e não perca o Congresso que marca o início das comemorações
dos 200 anos do sistema de leitura e escrita criado por Louis Braille.
Junte-se a nós, na cidade do Porto, para debater as principais temáticas
relacionadas com o Braille e qual o futuro deste sistema que permite às pessoas
cegas ler e escrever de forma autónoma.
Temas:
●
O Panorama do ensino e do uso do sistema Braille a nível mundial
●
Didática do Braille
●
O Braille nas novas tecnologias
●
Autonomia e Difusão do Braille
●
Políticas Públicas e Conclusões