Augusto Deodato Guerreiro
O Sentido da Visão - Jan Brueghel, o Velho, 1618
Introdução
Dentro do
alcance geral do nosso tema, privilegiamos, necessáriamente de forma sucinta, o
som e o sistema sensorial auditivo como
binómio acústico-sensorial por excelência facilitador
da interacção sócio-intelectual do ser
humano, em especial das pessoas cegas, consubstanciado
na suplência dos sentidos, aludindo
às teorias do denominado «sexto sentido»
como uma tentativa dos teóricos para resolução
das aporias ou dificuldades da teoria dos cinco
sentidos. Porque se trata de um domínio que
conhecemos bem, experienciamos e investigamos, procuramos fornecer um contributo tiflológico novo que nos legitima e impele a partilhá-lo
na comunidade científica, o qual, em parte, também
pode ser encarado como ampliador do paradigma comunicacional ou, se quisermos ser mais
ambiciosos e mais exactos, encarado como a
emergência de um novo paradigma comunicacional
que, implicitamente, postula a sistematização
e desenvolvimento da interlocução e
interacção humanas. Embora o mundo nem
sempre mude com uma mudança de paradigma,
contudo, depois dessa mutação, estamos convictos
(conforme o atesta Thomas Kuhn) de que
o cientista passará a trabalhar num mundo
diferente. 1
A cultura do binómio acústico sensorial e da suplência dos sentidos amplia a interacção comunicacional e sócio-intelectual
Antes de mais, e porque há uma
natural envolvência da motricidade humana no conceito de
comunicação (seja ela de que índole for), ocorre lembrar que o homem é por natureza um ser carente
aos mais diversos níveis do conhecimento e no usufruto do progresso, sendo, exactamente por
isso, um ser práxico. É devido a essa praxicidade que ele age, interage, cria as possíveis condições
para interagir com os seus semelhantes e com as mais diversas estruturas na sua comunidade, na
sociedade e no mundo. De igual modo, o homem é um ser eminentemente cultural e aberto ao mundo,
impulsionado pelos seus anseios, utopias, sonhos, pela «intencionalidade operante»2, mas ao
mesmo tempo o homem é condicionado, disciplinado, pela cultura, pelos saberes sedimentados e
consolidados pela evolução da ciência cognitiva.
A comunicação é uma necessidade humana fundamental e vital. Comunicar é viver, é criar e
dinamizar o progresso, é transformar mentalidades e o mundo em favor do bem-estar e da felicidade
de todos os cidadãos, sem discriminações nem exclusões. Comunicar é empreender itinerários,
estratégias, projectos e materializá-los nos horizontes da vida, da ciência, da história, da arte das
ideias e nos lídimos quereres nas asas da utopia, do sonho, da imaginação e do pensamento (empírico e científico); comunicar é escrever no tempo (para que a história registe e não esqueça) utopias
da vida, é plasmar cultura na sua diversidade, para estarmos vivos, actualizados, evolutivos e
actuantes, visto que é (parafraseando Adalberto Fernandes), vitalmente, nos universos complexos,
multifacetados, multidimensionais e pluridireccionais da comunicação, que tudo se gera e se desenvolve.3
A utopia, que está para além do espaço e do tempo, está sempre presente, promove a cultura
e o progresso: não há cultura nem progresso sem utopia, só assim a irreversibilidade na renovação e mutação de tudo no nosso universo existencial acontece e sobrevive.
Aludindo à motricidade e à comunicação, comunicar envolve sempre motricidade. Sem motricidade
não é possível a manifestação e a comunicabilidade do olhar, do ouvir, do tactear, cheirar,
saborear, sentir, mesmo do pressentir. Tem sempre que haver energia orgânica, motricidade (aquela
propriedade que têm as células nervosas de determinar a contracção muscular) para que se processe
a comunicabilidade, independentemente do modelo comunicacional que se utilize, de forma que, na
conjunção indissociável da reciprocidade do informacional e do recepcional (emissor e receptor), haja
inequivocamente intercompreensão, envolvência sígnica em pleno partilhável e partilhada, entre os
interlocutores que porventura estejam em comunicação. Admitimos que poderá haver motricidade
na forma de imaterialidade, inorgânica, até no acto de pensar (aquela força inexpugnável que nos
impele a pensar), tal como, designadamente, nos gestos, na articulação da palavra, na paraverbalidade e ultraverbalidade.
Sabemos que uma das componentes intrínsecas das relações comunicacionais tem a ver com os
quadros que lhes conferem sentido e que são definidos a partir da nossa experiência pessoal, contribuindo,
para a constituição desses quadros, a história vivida por nós e pelos interlocutores,
história que está situada no tempo e no espaço da vida e da língua comuns, das coisas a que damos
valor, porque nos dão prazer ou desprazer, nos agradam ou desagradam, desejamos ou odiamos.
O som constitui desde sempre uma inexaurível e imprescindível fonte de
informação para todo
o ser biológico e também de comunicabilidade e informação, experiência e semiotização para o ser
humano.4 Os seres humanos estão obviamente apetrechados, como os outros seres vivos, com dispositivos
instintivos de transacção com o meio ambiente: a percepção sensorial dos sinais exteriores
e do mundo sígnico envolvente também gera estímulos que vão desencadear no homem as respostas
adequadas indispensáveis à manutenção, estruturação e reprodução do indivíduo e da espécie. Mas,
no caso do homem, as respostas concretas e actuais a dar aos estímulos que recebe do meio ambiente
não são naturalmente determinadas, não se encontram de maneira actualizada, mas virtual.
É por isso que, no homem, não se deve falar de instintos, mas de pulsões, entendendo-se por pulsão
a modalidade específica da maneira como o apetrechamento instintivo se encontra no homem, a sua
modalidade virtual que exige a concretização cultural.5 É por isso que o homem não se relaciona com
o mundo à sua volta através de respostas comportamentais imediatas aos sinais que os estímulos
do meio ambiente veiculam, pois possui a capacidade de se relacionar com o mundo à sua volta, com
os seus semelhantes e consigo próprio, através de signos culturais que ele próprio concebe e elabora para uma melhor compreensão e intercompreensão, de acordo com uma lógica própria, diferente por conseguinte das leis que regem o comportamento animal.
Como já ficou explícito, o som também constitui elemento de informação para os seres vivos,
sendo-o para o ser humano de forma naturalmente mais elaborada e exercitável com vista a uma
maior potenciação do seu rendimento.6 Como é conhecido, o estímulo sonoro é constituído por
vibrações mecânicas transmitidas por um meio acústico, geralmente o ar, e para que o estímulo
sonoro seja eficaz, tem que obedecer, tal como a luz, a condições de duração, intensidade e frequência.
Para o ser humano, as frequências audíveis variam entre 20 e cerca de 20 000 vibrações
por segundo. Os infra-sons e os ultra-sons não excitam o ouvido humano, mas os ultra-sons são
audíveis por certos seres vivos, como por exemplo o cão e o rato que captam para cima de 20 000
vibrações por segundo, e o morcego que as capta acima de 40 000. E é graças aos ultra-sons que
emitem e lhes são devolvidos pelos obstáculos (reflexão) que os morcegos se orientam no escuro, o
que nos remete para a concepção do «sentido dos obstáculos», uma faculdade que, em especial, se
cultiva e se desenvolve pelas pessoas cegas, já com bastante rigor descrita e analisada por
Albuquerque e Castro(1903-1967) – para além de Dolanski e Salvaneschi –, o insigne tiflólogo que,
pela primeira vez em Portugal, abordou sistematicamente esta importante questão.7
Sempre que o homem manifesta a intuição de fenómenos que lhe não são revelados directamente
pelos órgãos dos sentidos ou não decorrem da sua actividade mental, quer isto provenha realmente
de funções especiais que a psicologia não pôde ainda, em definitivo, determinar experimentalmente,
quer resulte de simples coincidências, diz-se logo, e irreflectidamente, que ele possui um
«sexto sentido».
Hoje falamos em perceptibilidade dos sentidos, sobretudo dos cinco grandes sistemas senso riais
e também da sua grande decomposição inter-relacionada, através dos quais, todos ou apenas em
parte, os seres humanos têm acesso, por exemplo, à beleza ou à respectiva saturação, à contemplação
ou à concepção do que, para cada um de nós, merece o epíteto ou a qualidade de belo.
Remontando a Aristóteles, nada entra no intelecto sem que tenha passado antes pelos sentidos.
Surge na Grécia Antiga a ideia de que a apreensão do belo deriva exclusivamente de dois únicos e
superiores sentidos (o da vista e o do ouvido), sendo essa a doutrina que prevalece na cultura ocidental.
A beleza, seja de que natureza for, quando empolgante, e independentemente dos sentidos
responsáveis pela sua apreensão e encaminhamento para a respectiva intelecção, excita e agudiza
a sensibilidade de quem a contempla até à saturação. O olfacto e o gosto caracterizam-se pelo comprometimento
directo com o bem-estar corporal, dando-se o mesmo com o tacto, sentido que nos
transmite a dor ou o prazer e protagoniza a sexualidade. Sectorizado de forma específica nas palmas
das mãos e nas pontas dos dedos, o tacto é um sentido que se expande por toda a superfície
do corpo. A expressão máxima do prazer táctil é a consumação do acto sexual (inquestionável beleza
biopsíquica e emocional), representando a sensação pós-climax, em regra, também um ponto de saturação
da beleza da interactividade sexual.
Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780) escreveu que «toda a inteligência passa pelos sentidos.
Todos os sentidos passam pelo tacto.»
João dos Santos (1913-1987) também deixou expresso que
«o horizonte próximo que nos limita aprende-se a ver com a ponta dos dedos. O horizonte longínquo
que nos liberta é o que se toca com o uso da palavra que nos permite vê-lo e ultrapassá-lo e com o
falar que nos permite perceber o que ouvimos.»8
Clarificando a nossa posição, a vivência da beleza não se mantém no plano exclusivamente sensorial,
visto que a culminância do seu ponto máximo ocorre na inteligência, faculdade específica
humana, sendo graças à actuação protagonista do intelecto que a experiência estética pode pertencer
ao património vivencial daqueles que não vêem e não ouvem, dando-se a verdadeira compensação
da deficiência física através da utilização mais intensa do intelecto. Para uma pessoa surdocega
que, por exemplo, oriente a sua inteligência para o belo, o material que percepciona com o tacto
pode ser suficiente para, através da elaboração imaginativa, penetrar no território da experiência
estética. Escreve Ganzarolli de Oliveira que: «o tacto, em certas circunstâncias, pode actuar esteticamente;
e a deficiência ocorrida nos sentidos superiores tende a funcionar como estímulo para essa
actuação.»9 Nós acrescentamos: são as ausências sensoriais (provavelmente sobretudo as consideradas superiores) que estimulam e ajudam a desenvolver as que restam (refinando-as), o que promove
o desenvolvimento da suplência dos sentidos, imprimindo-lhe, de forma natural ou virtual, as
indispensáveis funcionalidade e operacionalidade na interação humana. Cabe aqui citar Carlos Queiroz
(1907-1949), que escreveu:
-
Ver só com os olhos É fácil e vão: Por dentro das coisas É que as coisas são
As teorias acerca do «sexto sentido»
são uma forma de tentar resolver as aporias ou dificuldades
da teoria dos cinco sentidos. Nesta perspectiva, revelando-se a teoria dos cinco sentidos insuficiente
para nos dar a perceber a nossa relação ao mundo e ao ambiente, tudo o que extravasa dos
cinco sentidos é metido no «sexto sentido». A teoria dos cinco sentidos é muito limitativa, daí que
as pessoas tenham sido obrigadas a dizer que há um «sexto sentido» que, no fundo, tem a ver com
uma capacidade de lhes dar informação suplementar e diferente da do tacto, da audição, etc., ou
seja, há qualquer coisa mais do que aquilo que a teoria clássica dos sentidos produziu. E surgem,
designadamente, numa vertente de base fenomenológica, como sucede com a teoria da percepção
de Merleau-Ponty (1908-1961), do sentido e da percepção de Austin (1911-1960), a teoria dos sentidos
de Michel Serres e, no plano da psicologia, as psicologias da estrutura que vieram mostrar que
os processos elementares, que são as sensações, nunca aparecem isolados, mas sempre integrados
em complexos psíquicos ou percepções, e, posteriormente, a psicologia genética que veio conferir o
indispensável relevo aos factores subjectivos da percepção, ou seja, os que respeitam à personalidade
do sujeito considerada em função da sua experiência.
Mas a investigação no domínio do audio virtual tem ajudado os próprios investigadores a sedimentar
conhecimentos na questão da representatividade dos sons (como se estivéssemos a tocar
com as mãos ou a visualizar o que os origina), ao experienciarmos com êxito, no mundo real, esta
indiscutível possibilidade e a consciencializarmo-nos de que o conceito clássico dos cinco sentidos
já não parece ter muito sentido, sustentando Christopher Currell, a propósito, que temos, pelo
menos, cinquenta e cinco sentidos.10
É indiscutível, efectivamente, que uma boa parte de pessoas cegas têm realmente a capacidade
de percepcionar obstáculos à sua volta, de se aperceberem da aproximação desses obstáculos.
Segundo Albuquerque e Castro, sustentam alguns investigadores que esta faculdade não é mais do
que a resultante da acção independente ou conjugada de alguns dos sentidos ordinários. Querem
outros ver nessa faculdade uma capacidade especial do organismo localizada em qualquer parte do
corpo, no peito, na cara, no meio da testa...
Esta faculdade, o que experienciamos e investigamos, localiza-se inquestionavelmente na
cabeça, ao nível e com directa intervenção do sistema sensorial auditivo, permitindo-nos percepcionar, numa dimensão pluridireccional e multidimensional, sons e ruídos denunciadores indiscutíveis
de objectos, factos e acontecimentos, de circunstâncias e situações de uma enorme diversidade,
bem como de obstáculos mesmo no seu absoluto silêncio. Quanto maiores forem esses obstáculos,
maior será a distância a que as pessoas cegas os percepcionam, consoante o grau de desenvolvimento
extereoceptivo e da antecipação perceptiva e desde que as condições espacio-acústicas o
permitam.11
É graças a esta extraordinária faculdade que uma pessoa cega ouvinte ao entrar pela primeira
vez numa sala se dá conta da sua forma e dimensão: se é quadrada ou rectangular, se está vazia ou
cheia de gente (só não sabe se está e como está ornamentada), se é exígua ou ampla, se o tecto é alto ou baixo. «A espantosa realidade das coisas» é também a nossa
descoberta de quase todos os
dias neste domínio, sobretudo desde que mergulhámos com propósitos científicos nesta problemática. E nós próprios nos temos surpreendido, cada vez mais, com a possibilidade de se detectarem
obstáculos com alturas, dimensões e distâncias muito variáveis, perceptibilidade que é influenciada
por vezes simultaneamente por condicionantes de índole atmosférica e psicológica.
Pierre Villey (1879-1933), partilhando as doutrinas de Truschel, como outras anteriores – designadamente Diderot (1713-1784) e seus contemporâneos, admitia a possibilidade de ser o ouvido o
sentido que adverte o indivíduo da proximidade ou da presença de obstáculos. É que as refracções
das ondas sonoras, produzidas pelo som da voz, pelo ruído dos passos ou pela diversidade de outros
ruídos e condicionantes espacio-acústicas, emitem modificações de timbre e de intensidade, que
permitem à pessoa cega ouvinte, através da acusticidade, a detecção de obstáculos («acção acústica
»), sobretudo salientes, no espaço envolvente pelo desenvolvimento extereoceptivo e da consequente
antecipação perceptiva, faculdade esta que também tem vindo a ser ampliada pelo contributo informático-tecnológico. São os sons dos objectos e dos mais diversos fenómenos que se
manifestam acusticamente através do ar que possibilitam à pessoa cega ouvinte identificar as
respectivas fontes, estados emocionais, indecisões, autoritarismos ou permissividades, o bom ou
mau carácter do interlocutor, circunstâncias situacionais e sentimentos de prazer ou de dor.
O marulhar das águas, o sibilar do vento nas ramagens das árvores, sibilar a alguma distância de
nós que por vezes se pode confundir com aquele marulhar, identificação de vagidos de variadíssima
natureza e proveniência, etc., etc.
Outros investigadores, pelo contrário, excluem a hipótese da intervenção do ouvido e pretendem
que a razão do fenómeno esteja na mecanicidade da pressão exercida sobre a pele pela coluna de
ar posta em movimento à medida que a distância entre o indivíduo e o obstáculo diminui («acção
mecânica»), o que nos leva a concluir que, verificando-se a veracidade de tal fenómeno, a perceptibilidade
sensorial (no plano da antecipação perceptiva) das pessoas surdocegas, designadamente do
espaço envolvente, poderia ter aqui parte da sua génese.
Outros, ainda, vêem na termicidade, ou diferença de temperatura do ar ambiente, a causa da
percepção por parte do indivíduo cego da aproximação de qualquer obstáculo ou impedimento à sua
natural e segura mobilidade («acção térmica»), hipótese que, a confirmar-se como a anterior, também
integraria a génese da perceptibilidade à distância das pessoas surdo-cegas. Estas duas hipóteses
remetem-nos para a existência de uma sensibilidade táctil aumentada (no plano da extereocepção),
em que determinados receptores sensoriais extereoceptores – células nervosas
especializadas – informam o sistema nervoso central sobre o estado do ambiente (externo ou orgânico)
ou sobre as alterações deste estado sob a actuação de estímulos. 12
Os receptores sensoriais, de acordo com a modalidade sensorial a que respeitam, são classificados
em «extereoceptores», «proprioceptores» e «interoceptores», sendo os «extereoceptores»
receptores à distância (visão, audição, olfacto e tacto/termorecepção) e receptores imediatos (tacto
e gosto).
Parece, no entanto, que a teoria que pretende fazer do ouvido elemento básico em que se apoia
o denominado «sentido dos obstáculos» se nos apresenta como sendo a mais fecunda, já que experiências muitas vezes repetidas têm mostrado que esse sentido se oblitera ou
desaparece em meios intensamente sonori zados, quando o obstáculo não atinge o nível do rosto ou sempre que o canal
auditivo se obtura, como sustenta Albuquerque e Castro. Mas esta teoria, agora conjugada com outros
elementos acessórios e decorrentes, e que possivelmente é a que melhor explica a génese deste
fenómeno entre as pessoas cegas ouvintes, leva-nos a colocar a questão numa dimensão sensorial
mais vasta, pelo que terá de ser também em campo diferente do das sensações auditivas que tem
origem o processo genético desse súbito sentimento que nas pessoas cegas se revela como forma
de percepcionar obstáculos.
Os factores de ordem psicológica assumem aqui, em nossa opinião (ainda secundando Albuquerque e Castro), primordial importância e podem certamente oferecer orientação segura para a definitiva
solução do problema, sabendo nós que muitas pessoas cegas se apercebem não só de uma
parede que está na frente ou à volta, da árvore que margina a espaços regulares o caminho por onde
vão, o muro que de repente se ergue à esquerda ou à direita, as ruas que se lhes apresentam à
esquerda ou à direita, as portas que à sua passagem, de um lado ou do outro, estão fechadas ou
abertas, a dimensão de uma sala, a exiguidade ou a amplitude de um determinado espaço, etc. Têm
neste caso importância fundamental os receptores sensoriais responsáveis pela captação do espaço
envolvente e da distância que nos separa de eventuais obstáculos, com base nos diferentes recursos
referenciais, incluindo, em determinadas situações, os referentes à mecanicidade e à termicidade,
factores que, em conjunto, lhes proporcionam as necessárias condições de segurança na
mobilidade.
O sistema sensorial auditivo desempenha uma importante função na orientação espacial, na
localização de fontes sonoras, mas a percepção da direcção pode, em certas circunstâncias, ser
afectada pelo tempo de propagação do som e também pela sua intensidade ou baixa frequência.
O espaço auditivo (audível), ao fornecer através do som informações provenientes de qualquer
direcção do meio circundante evidencia características muito diferentes da do espaço visual (visualizável). Embora a informação auditiva respeite apenas à sonoridade do ambiente, desempenha um
relevante papel no indivíduo cego na sua deslocação no espaço, proporcionando-lhe uma informação
fundamental, no que se refere à localização (em certas circunstâncias também dimensões) de objectos
e lugares do meio ambiente, desde que emitam OU REFLICTAM algum som, o que lhe permite
estabelecer a sua posição relativa face a esses objectos e lugares, bem como em relação a outros
indivíduos, construindo a imagem mental do espaço envolvente essencialmente por intermédio do
eco e dos refluxos sonoros produzidos.
Nesta acepção, o conceito de construção de imagem mental, parafraseando Hill
13, é a figura
mental de um fenómeno perceptível que pode ser representado visual, auditiva e tactilmente, ou
noutras formas de sensibilidade, um processo de representação do meio circundante e de formulação
de pensamentos complementares da linguagem. Mas convém acentuar que a construção da
imagem mental do meio circundante através do sentido da audição apresenta um maior grau de dificuldade
quando comparada com o sentido da vista, dadas as suas características de descontinuidade
espacio-temporal. Para atenuar estas dificuldades, é preciso exercitar o sistema auditivo
(para a perceptibilidade de tudo o que nos rodeia), o tacto e a propriocepção (que actuam indissociáveis
e num conjunto unitário na pessoa cega que se desloca), a sua capacidade ou facilidade de movimentação, que é constituída por dois parâmetros fundamentais: a locomoção
(parâmetro físico
ou biomecânico) e a orientação mental (parâmetro cognitivo), conforme o defende Lowenfeld, ou,
ainda, segundo Hill, a capacidade que o indivíduo tem de se deslocar do ponto em que se encontra
para a posição que deseja alcançar noutra zona do meio circundante, questões que, em 1993, também
mereceram enquadramento, por Leonor Moniz Pereira, num estudo com crianças de visão nula
ou residual.14
Para nós, o som (desde que audível ou perceptível) tem uma indiscutível função na concretização
desta importante e impressionante faculdade que toda a gente possui, mas que se manifesta
com especial relevância nas pessoas cegas. Basta vendarmos completamente os olhos, munirmo-nos
de uma bengala e cumprimos um programa prático de formação em mobilidade e observarmos
os resultados na detecção dos obstáculos, quando batemos com mais intensidade com a bengala no
chão, ou quando não tocamos com ela no chão. Basta procedermos a análise idêntica, quando
usamos calçado de borracha ou de sola, em lugares intensamente sonorizados (ruidosos), soprados,
por exemplo, por ventos fortes, ou em lugares absolutamente em silêncio... lugares silenciosos... ou
quando sentimos necessidade de emitir estalidos com o bordo superior da língua no céu da boca,
não na perspectiva dos Bosquímanos (é a sua forma de expressão), mas para nos certificarmos,
socorrendo-nos do sonar humano, da proximidade de uma qualquer referência. Se estivermos numa
sala de espectáculo com música alta e difundida por colunas espalhadas por toda a sala, a percepção
do espaço envolvente é iludida ou anulada pelo som. Se, numa sala de pequenas dimensões,
em completo silêncio, nos deslocarmos descalços em bicos de pés e sustendo a respiração, verificaremos
que a capacidade extereoceptiva (no que se refere à audição) também é iludida ou anulada
pelo silêncio, devido à ausência de refluxo sonoro. O som é nestes termos fundamental e imprescindível
às pessoas cegas ouvintes, mas indissociável, obviamente, de um bom sentido da audição
e do global desenvolvimento da perceptibilidade dos sistemas sensoriais restantes, cuja rendibilização
em conjunto substitui (em alternativa e em muitas circunstâncias e situações) parte do grau de
absorção da modalidade sensorial visual. 15
Sabemos que, e isso é indiscutível, socialmente, o ouvido escorreito representa para o indivíduo
um factor indispensável para se relacionar com o seu semelhannte e não ficar isolado numa comunidade
em que, para chegar à compreensão do mundo que o envolve, necessita da sensibilidade, da
audibilidade e da inteligibilidade que só o complexo mecanismo da audição lhe permite adquirir. Já
Sócrates e Aristóteles reconheciam, por experiência própria, as vantagens e a eficácia do ensino
peripatético. O sentido da audição está intimamente ligado à personalidade humana em relação com
as funções psíquicas do indivíduo e fundamentalmente ligado ao percepcionamento das coisas, dos
objectos que emitem sons próprios ou ao cair no chão, ou quando os tocamos, dos ruídos, da fala e
da pronúncia e, por vezes, da intuição ou percepcionamento das subtilezas ou das intenções do
nosso interlocutor, que a matéria da palavra proferida veicula, a substância, ou manifestação da
forma na matéria, numa dimensão glossemática. 16
A pessoa cega pode ter, desde que os sistemas acústico-sensorial e da perceptibilidade dos sentidos
não se achem obstruídos ou condicionados por quaisquer circunstâncias, a noção exacta do
espaço e dos obstáculos à sua volta, numa dimensão pluridireccional e multidimensional.
Sem nos alargarmos em demasia, sabemos que a perceptibilidade dos nossos sentidos, incluindo
a do ouvido em especial, constitui um sistema complexo e abrangencial de horizontes perfeitamente
acessíveis às pessoas cegas, desde que devidamente alertadas, treinadas e orientadas, a partir do
nascimento (no caso dos cegos congénitos) ou a partir da altura em que cegam. As pessoas que iniciam
esta preparação em pequenas, adquirem um grau de hipersensibilidade e de percepção
psico-analítica incomparavelmente superior ao das pessoas que cegam quando adultos.
Adquirimos conhecimentos sob a forma de sensações e percepções, que têm origem na actividade
sensorial e experiencial, sendo as sensações e as percepções a base do nosso conhecimento
do real. Pela percepção, conhecemos objectos e situações, pela sensação, conhecemos pormenores
ou aspectos dos objectos e das situações, conforme o demonstrado pelas psicologias da estrutura
e, numa fase seguinte, pela psicologia genética. O processo da observação é constituído por dois
passos (que entendemos sucessivos e indissociáveis): a atenção, que é o passo preliminar, a preparação para observar, e a percepção, que é o passo final, a verdadeira observação de algum facto ou
objecto, o que também nos remete para os conceitos de mente, consciência e antecipação perceptiva. O nosso conhecimento perceptivo transita continuamente de uma percepção sincrética (ou
indiscriminada) para uma percepção sintética, ou percepção em que os elementos, ao mesmo tempo
distintos e articulados, são apreendidos, na sua unidade orgânica (e inorgânica), pelo sujeito, interdependência
esta (entre o sujeito e o objecto) que nos leva a definir a percepção como o acto pelo
qual um indivíduo toma consciência do real, sob a forma de estruturas, ou totalidades, que para ele
se revestem de significação. Neste contexto, a percepção, como intelecção de dados e de circunstâncias,
como recurso referencial, comunicacional e determinante da faculdade tiflo-sócio-comunicacional,
traduz-se no desenvolvimento da independência, autonomia e interacção das pessoas
cegas na sociedade.
No que respeita ao usufruto dos espectros audíveis, as pessoas normovisuais ouvintes poderão,
mercê da absorção do sentido da vista, estar naturalmente em desvantagem em relação às pessoas
cegas ouvintes nesta questão. Mas, por exemplo, se se tratar de dois melómanos (um normovisual
e um cego), há uma certa similitude na audição de um disco compacto concebido e gravado em estúdio,
com a perfeição de sofisticados sintetizadores electrónicos, um e outro conseguem ter uma percepção
mais perfeita e mais real da execução musical e do ambiente de uma sala de concerto do
que se estivessem a assistir ao vivo numa das melhores salas de concerto. Claro que na sala há, por
vezes, a vantagem, para o normovisual, no desfrutar com a vista todo o movimento da orquestra.
Mas há quem feche os olhos para interiorizar mais profundamente os sentimentos e as impressões
dos sons expressos pelos variados instrumentos. Bem, Beethoven não precisava de ouvir para compor
maravilhosas páginas de música na surdez completa da fase final da sua vida. Bach continuou
a compor apesar da perda total da vista nos seus últimos anos de vida. Arturo Toscanini, também
apesar da sua deficiência visual, foi um dos maiores maestros do século XX.
Nada melhor, para a compreensão do significado do som como fonte de informação e fenómeno
propulsor e sedimentador da comunicabilidade, sociabilidade e interacção humana, para interiorizar
e reflectir estas questões, do que «ver», vendo com a inteligência, com o coração e com todos os
recursos sensoriais e motores, psicomotores, com saber aprofundado, e não com uma simples olhadela ou suposição, sem outros adicionais ou integrantes de observação que
nos permitem a intelecção real do que nos rodeia, das pessoas, das estruturas sociais, do espaço e do contexto em que
nos inserimos.
Conclusão
Defendemos, para o alargamento do domínio da interacção humana com base na cultura dos sistemas
sensoriais (perspectiva substitutiva do visiocentrismo numa enorme diversidade de circunstâncias, e que amplia o paradigma comunicacional), a perceptibilidade dos sistemas sensoriais numa
dimensão tiflo-sócio-comunicacional e interactiva. A perceptibilidade sensorial não é apenas um
conjunto de elementos primários, independentes da inteligência e da vontade, mas sobretudo o resultado
cultural da educação e da actividade perceptivo-motora, cognitiva e psico-sensório-intelectual
do indivíduo, possibilitando-lhe a comunicabilidade, sociabilidade, mobilidade, autonomia, independência e interacção aos mais diversos níveis.
No respeitante à importância e pragmaticidade da cultura e desenvolvimento do sistema acústico-
sensorial, estamos em condições de poder afirmar que todos os sons têm um valor informativo
indiscutível para as pessoas cegas: os sons dos corpos (biológicos e inanimados), os sons de nós
mesmos, da voz humana (que traduz certas atitudes morais ou determinados estados de espírito
transitórios, por vezes melhor ainda do que o olhar e com menor poder de dissimulação, a lealdade,
a franqueza, a astúcia, a volubilidade, a hipocrisia e especialmente todas as exaltações ou
depressões momentâneas do ego), 17 os sons dos actos de fala, das palavras proferidas, dos diálogos,
os sons de actos diversíssimos, de circunstâncias e do meio ambiente, os sons da natureza, os
sons do silêncio, os sons da música, os sons que recheiam a vida de convivialidade, que revestem a
vida da policromia vivencial e interactiva.
O som é um universo inexaurível de informação e constitui um fenómeno sócio-interactivo
impres cindível a todo o ser humano, representando especialmente para as pessoas cegas ouvintes
– em substituição do sentido da vista –, uma preciosa fonte de recursos referenciais, aos mais diversos
níveis, e de contributos para o desenvolvimento da perceptibilidade dos sentidos, comunicabilidade,
sociabilidade, independência sócio-intelectual e socio-profissional, autonomia e interacção na
sociedade que todos nós somos, sem excepções, e que todos deveremos ser capazes de pensar e
conceber sem obstáculos de natureza física, socio-laboral, relacional e psico-socio-intelectual.
As pessoas cegas, ao perderem a informação pela imagem, substituem-na, com frequência, pela
informação áudio. O som como fonte de informação para a pessoa surdo-cega, para quem o meio
privilegiado de comunicação é o tacto, também poderá, se devidamente exercitado, constituir eventual
elemento de índole referencial nalgumas circunstâncias. Transformar, para o efeito, uma produção
acústica em mensagem e dar-lhe uma dimensão pragmática, é um desafio comum a todos nós
e, aumentar as possibilidades comunicacionais em pessoas cegas e surdo-cegas, é uma meta de
todos que pode ser realizada através de vários tipos de mensagens tendo em comum o código que
se pretende que seja dominado pelo maior número de pessoas (pais, educadores, professores)
preparadas pelos técnicos destas especialidades.
O som e/ou os ruídos, consoante a sua intensidade, permitem ou impedem que a pessoa cega
ouvinte tenha a percepção do espaço envolvente (se for fechado), por vezes num raio superior a
20 metros, bem como da diversidade de ocorrências audíveis ou perceptíveis decorrentes das
acções «mecânica», «térmica» e «acústica». A antecipação perceptiva, a sociabilidade, a comunicabilidade
e a interacção da pessoa cega diminuem, por um lado, na proporção do aumento da intensidade
do som ou dos ruídos à sua volta, e, por outro lado, à medida que a anecoicidade aumenta.
Treinar aprofundadamente a audibilidade (a cultura da escuta, para se poder mostrar à pessoa
cega os sons das coisas como se lhe mostra na mão essas mesmas coisas, os objectos), desenvolver
ao máximo este sentido social substitutivo, em múltiplas situações, da modalidade sensorial da
visão, possibilita às pessoas cegas a antecipação perceptiva e a comunicabilidade, sendo o meio por
excelência mais socializante e interactivo de que estas pessoas dispõem, para além da cultura da
percepção háptica, ou seja o desenvolvimento da capacidade de utilização da informação
táctilo-quinestésica em conjunto com o movimento intencional. 18
O som, entendido como meio de comunicabilidade, sociabilidade e interacção humana, proporciona
e refina o desenvolvimento da perceptibilidade das pessoas cegas – consubstanciada na informação
dos sentidos táctil, auditivo, olfactivo, gustativo, térmico, álgico, cinestésico e nos sentidos
de equilíbrio e de orientação, bem como no sentido quinestésico, o qual, em conjunto com o do tacto
e o da audição é fundamental para estas pessoas. A pessoa cega que consiga cultivar esta forma
de percepção – coexistente com a dinâmica do saber acumulado e emergente do «arquivo cultural»
19 da humanidade –, rendibilizando-a ao máximo, terá menos dificuldades na conquista da sua
independência intelectual, independência sócio-intelectual e socioprofissional, autonomia, intercompreensão, interacção na sociedade humana.
A implantação das novas
tecnologias da informação veio enformar mais ainda esta questão, permitindo
manter hoje a humanidade inteira em contacto quotidiano permanente, mesmo através do
som, ocupando os dispositivos mediáticos da informação um lugar central, não só na delimitação e
no desempenho da nossa experiência individual e colectiva, mas também na encenação das visões
do mundo e das razões que pretendem fundamentar legitimamente o discurso e a acção do ser
humano. Tenhamos todos a percepção desta reali dade e partilhemo-la, tornando-a cada vez mais
profícua para as pessoas cegas (na medida do possível também para as pessoas surdo-cegas),
preenchendo com a necessária e progressiva consistência científica uma área que, até há bem
pouco tempo, se encontrava a descoberto no âmbito das ciências da comunicação, para cujo alargamento
do paradigma procuramos contribuir.
Sentimos que todo o nosso corpo «vê», razão por que desconstruímos um conceito de visão em
favor de outro às vezes hibernado, despertando outros sentidos noutro ver, desvalorizando a sensação
de tudo se subordinar aos olhos. Todo o corpo se vê e vê acontecer. Todo o corpo está em
permanente busca do mais ser!
NOTAS
-
1 Kuhn, Thomas S. – A Estrutura das Revoluções Científicas, São Paulo, Perspectiva, 1996.
-
2 Cf. Merleau-Ponty, M. – Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1996, e Sérgio, Manuel – Um Corte Epistemológico: da Educação Física à
Motricidade Humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
-
3 Fernandes, Adalberto – Na perspectiva de uma comunicação total: do gesto à língua gestual. «Dinamização Cultural: Revista Áudio da Câmara Municipal de Lisboa».
Lisboa: Gabinete de Referência Cultural, N.º 55 Junho 1995.
-
4 Guerreiro, Augusto Deodato – Em torno dos conceitos de informação e de comunicação. «Dinamização Cultural: Revista Áudio da Câmara Municipal de Lisboa». Lisboa:
Gabinete de Referência Cultural, n.os 73-74 Dezembro-Janeiro 1996-1997. (Edição áudio e em formato electrónico).
-
5 Rodrigues, Adriano Duarte – Comunicação e Cultura: A Experiência Cultural na Era da Informação. Lisboa: Presença, 1994.
-
6 Guerreiro, Augusto Deodato – Reflexões sobre o som como fonte de informação e fenómeno tiflo-sócio-comunicacional. «Dinamização Cultural: Revista Áudio da
Câmara Municipal de Lisboa». Lisboa: Gabinete de Referência Cultural, n.º 75 Fevereiro 1997. (Edição áudio e em formato electrónico).
-
7 Castro, J. de Albuquerque, Subsídios para o estudo do sentido dos obstáculos. «Poliedro: Revista de Tiflologia e Cultura». Porto: Centro de Produção do Livro
para o Cego, n.º 50 Agosto-Setembro 1961, pp. 1-9.
-
8 Santos, João dos – Ensaios Sobre Educação – II: Falar das Letras, Lisboa, Livros Horizonte, 1983.
-
9 Oliveira, João Vicente Ganzarolli de – Sobre a experiência estética de pessoas portadoras de deficiência: uma abordagem semiaristotélica. «Poliedro: Revista de
Tiflologia e Cultura». Porto: Centro Prof. Albuquerque e Castro – Edições Braille, n.º 452 Junho 1999; pp. 1-37. (Palestra, com o título original «Handicapped people
and the experience of beauty: a quasi aristotelian approach»,
pronun ciada no dia 3 de Setembro de 1998, na cidade eslovena de Ljubljana, por ocasião do XVI International Congress of Aesthetics).
-
10 Sirius, R. U., e Drew, Sarah – Audio virtual: Christopher Currell: el mago del sonido tridimensional. «Revista de Occidente». Madrid: Fundación José Ortega y
Gasset, n.º 153 Fevereiro 1994; pp. 141-146. (Entrevista concedida por Christopher Currell a R. U. Sirius e Sarah Drew de «Mondo 2000»).
-
-
12 English and English – A Comprehensive Dictionary of Phychological and Psychoanalytical Terms. New York: David Mekay Company, 1964
-
13 Hill, E. W. – The Hill Perfomance Test of Selected Positional Concepts. Chicago: Stoelting Co., 1981.
-
14 Lowenfeld, Berthold – Psycological considerations. «Visually Handicapped Child in School». London: Ed. Berthold Lowenfeld, 1974; pp. 27-60.
-
15 Guerreiro, Augusto Deodato – Ob. cit. em 11.
-
16 Ribeiro, Vasco – Surdez: futuro optimista. «Poliedro: Revista de Tiflogia e Cultura». Porto: Instituto de S. Manuel – Edições Braille de Santa Casa da
Misericórdia, n.º 403 Janeiro 1995. [Artigo transcrito em braille de «Saúde e Vida» (Público)], e Guerreiro, Augusto Deodato – Ob. cit. em 11.
-
17 Castro, J. de Albuquerque e – A voz humana como expressão de carácter. «Revista dos Cegos». Lisboa: Associação Promotora do Ensino dos Cegos, nº 20 Abril 1938,
pp. 14-24. (Edição em braille).
-
18 Pick, Herbert L. – Perception: locomotion and orientation. in Foundations of Orientation and Mobility / Richard L. Welsh e Bruce B. Blasch. New York: AFB,
1980; pp. 73-88, e Guerreiro, Augusto Deodato – Ob. cit. em 11.
-
19 Miranda, José A. Brangança de – Analítica da Actualidade. Lisboa, Vega, 1994.
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CULTURA DOS SENTIDOS E AMPLIAÇÃO DO PARADIGMA COMUNICACIONAL: UMA VERTENTE ESPECIAL
NA INTERLOCUÇÃO E INTERACÇÃO HUMANA Augusto Deodato Guerreiro, 2001 in Caleidoscópio - Revista de Comunicação e Cultura, n.º 1
17.Nov.2012 publicado
por
MJA
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