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Resumo: O presente trabalho teve por objetivo pesquisar os metodos e
encaminhamentos
metodologicos para trabalhar a modalidade de atletismo com deficientes
visuais.Por meio da pesquisa
bibliografica e de uma entrevista com um profissional que trabalha com
reabilitacao para portadores
de deficiencia visual e participa de competicoes regionais com seus
alunos/atletas na modalidade de
atletismo. O atletismo para as pessoas com deficiência visual (cegos e com baixa
visão) segue a
mesma lógica do esporte convencional. No entanto suas regras são alteradas para
possibilitar a
participação das pessoas que não recebem ou recebem de maneira muito limitada as
informações
visuais, acaretando adptacões também no treinamento desportivo específico. A
prática do ensino exige
muita dedicação e conhecimento do profissional em relação ao seu aluno e sobre o
esporte, porém o
mais importante é a determinaçao do deficiente visual.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é sistematizar o resultado de uma pesquisa sobre
atletismo para
deficiente visual. Essa pesquisa foi feita com base em bibliografia de artigos
relacionados ao tema, em
debates na internet e com o apoio de uma entrevista realizada com o professor de
Educação Física
Jefferson José Bauer que trabalha na Secretaria de Educação de Mafra, que já
teve a oportunidade de
trabalhar a modalidade do atletismo com seus alunos e também participar de
algumas competições
estaduais.
Segundo o professor Jefferson, o método a ser seguido para se trabalhar a
modalidade com os
deficientes visuais é bastante semelhante ao método desenvolvido com as pessoas
ditas normais.
Porém necessita adaptar algumas regras em relação ao numeros de atletas nas
provas de corridas
devido a utilização dos guias, e o aumento da tabua de salto no salto triplo e
salto em distância e
principalmente a utilização de guias durante todas as provas, sendo elas de
pista ou campo. O
professor também relata que o treinamento geralmente é individual e gradativo,
pois cada aluno/atleta
tem um rendimento diferenciado, e as escolhas das provas geralmente são
realizadas conforme as
potencialidades de cada aluno/atleta. A prática do ensino exige muita dedicação
e conhecimento do
profissional em relação ao seu aluno e sobre o esporte, porém o mais importante
é a determinaçao do
deficiente visual que a cada competição aumenta.
O treinador e o aluno/atleta criam vínculos muito fortes, pois essa parceria
requer muita
confianca do aluno/atleta em seu treinador, que é seu guia e até poderá
emfluenciar em seu rendimento
nas competições.
Quanto aos beneficios, podemos com segurança afirmar que são muitos, mas o
principal é o
sentimento de autonomia que o esporte possibilita, vai auxiliar na auto-estima
do aluno/atleta. Os
beneficios fisicos são os mesmos que uma pessoa sem limitacões recebe. A
Educação Física Adaptada
pode proporcionar aos educandos oportunidades de utilizarem suas habilidades
através de atividades
motoras, a fim de desenvolverem o máximo de suas capacidades. Soler (2005)
afirma que os esportes
trazem muitos benefícios, proporcionando o desenvolvimento global dos portadores
de necessidades
especiais, tornando possível reconhecer suas habilidades e integrá-los à
sociedade, uma vez que isso
proporciona elevação da auto-estima. O convívio com outras pessoas que enfrentam
as mesmas
dificuldades traz para os deficientes a superação de suas dificuldades (físicas
e psicológicas), a
melhora de seus relacionamentos amorosos, costuma ser difícil ou até impossível
que as pessoas
deficientes mantenham relacionamentos estreitos e íntimos com as outras pessoas
"deficientes" e
ficam à margem do casamento e da paternidade, mesmo que não haja empecilho
nenhum para isso.
DESENVOLVIMENTO
O atletismo é hoje o esporte mais praticado nos mais de 70 países filiados à
Federação
Internacional de Desportos para Cegos (IBSA). Além dos Jogos Paraolímpicos,
fazem parte de seu
calendário, maratonas, jogos mundiais e campeonatos mundiais para jovens. Um dos
grandes fatores
de difusão da modalidade é o fácil acesso e a naturalidade dos movimentos, já
que correr, saltar, lançar
e arremessar são atividades inerentes à sobrevivência do homem.
O atletismo para deficientes visuais é constituído basicamente por todas as
provas que
compõem as regras oficiais da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), com
exceção de salto
com vara, lançamento do martelo, corridas com barreira e obstáculos. As provas
são divididas por grau
de deficiência visual (B1, B2 e B3) e as regras são adaptadas para os atletas B1
e B2. Para esses, é
permitido o uso de sinais sonoros e de um guia, que corre junto com o competidor
para orientá-lo. Eles
são unidos por uma corda presa às mãos, e o atleta deve estar sempre à frente.
As modalidades para os
competidores B3 seguem as mesmas regras do atletismo regular.
A Conferência Internacional de Classificação de Deficiências em 1993 apresenta
duas classes
dentro da deficiência visual: a cegueira e a baixa visão. Para definir as
classes segue-se o seguinte
critério: a cegueira é definida como acuidade visual inferior a 3/60 metros ou
campo visual baixo no
melhor olho de correção; a baixa visão corresponde a acuidade visual entre 3/18
e 6/60 no melhor olho
e com a melhor correção (OMS, 2001). Para a prática esportiva utiliza-se uma
classificação separando
as pessoas com cegueira e baixa visão (a classificação esportiva chama este
último de deficientes
visuais), em classes distintas. Esta classificação, respeita uma avaliação
oftalmológica, realizada para
que os atletas possam competir dentro de classes, desenvolvendo, assim, o
desporto de maneira mais
igualitária conforme o grau de deficiência.
A classificação esportiva é dividida em três grupos funcionais: B-1 é aquele
considerado cego,
podendo perceber ou não luminosidade, mas não conseguindo distinguir o formato
de uma mão
colocada a sua frente; B-2 aquele que possui resíduo visual, tendo um campo
visual de até 5 graus e/ou
acuidade visual de até 2/60 metros ou 20/400 pés; já o B-3 é aquele que tem
campo visual variando de
5 à 20 graus e/ou acuidade visual entre 2/60 metros ou 20/400 pés à 6/60 metros
ou 20/200 pés. Sendo
que esta capacidade visual é aquela obtida no olho de melhor correção, após
cirurgia e com o uso
corretivo de lentes (IBSA, 1998).
Segundo a literatura existente devemos desenvolver uma proposta pedagógica para
as pessoas
com deficiências visuais incluindo a troca do significado de termos que
usualmente utilizamos na
definição e caracterização dessa parcela da sociedade. O termo capacidade deve
substituir as palavras
que normalmente agregamos ao termo deficiência, já que ao falarmos de
deficiência, o que vem logo
em nossa mente é impossibilidade, incapacidade e inadequação.
Devemos pensar que a pessoa tem, por exemplo, a visão como um problema
estrutural ou
fisiológico, o que o deixa incapacitado de enxergar com nitidez, mas por causa
do problema no olho
ele não é necessariamente deficiente em suas ações diárias, apenas o seu órgão
visual é deficiente e
trazendo sim uma incapacidade funcional na percepção visual e uma limitação nas
ações diárias
(OMS, 2001). É preciso pensar o Homem como um ser que sofre influências diversas
e complexas do
meio (Gallahue e Ozmun, 2000 apud Prof. Ms. Ciro Winckler de Oliveira Filho.
Esta lógica ajuda na
construção de uma intervenção pedagógica baseada na diversidade. As respostas
ocorrem de modo a
sempre adequar o sujeito da melhor maneira na busca de sua autonomia seja ela
biológica, psicológica,
física ou social.
A pessoa com deficiência visual apresenta: locomoção insegura, com pouco
controle e pouca
consciência corporal, problemas posturais e insegurança, o que pode gerar
comprometimento no
equilíbrio (estático), na coordenação, na agilidade, bem como no controle
corporal e postura (ADAMS
et al., 1985). As estruturas prejudicadas pela deficiência visual, segundo Cobo,
Rodrigues e Bueno
(2003) são a recepção e interpretação de informações, aprendizagem de esquemas
motores e por
imitação, na auto-avaliação e controle das ações. O esporte pode ser uma
ferramenta para minimizar
estes problemas, sua prática oportuniza a experiência motora diferenciada, o que
pode diminuir as
defasagens apresentadas como perfil desta população. Sendo assim, vale reforçar
esse estudo sobre a
prática do atletismo, que pode atuar como um auxiliar no desenvolvimento global
da pessoa.
O processo ensino aprendizagem da pessoa com deficiência visual no atletismo
deve respeitar
a individualidade do aprendiz, partindo do conhecimento corporal (Gallahue e
Ozmun, 2000) e das
incapacidades sensoriais do aluno. A pessoa vidente corre durante toda a
infância e juventude,
enquanto a pessoa cega normalmente apresenta um nível menor de estímulos nestas
fases e por medo
do desconhecido e, conseqüentemente, de se machucar, ela não se arrisca sem ter
o auxílio de um guia
ou conhecer muito bem o meio que irá percorrer, o que reflete em menores
oportunidades de ações e
acarretará em um nível acentuado de sedentarismo.
Os métodos de ensino de uma atividade corporal e de sua movimentação no espaço e
tempo
não diferem muito daqueles que tratam o indivíduo não deficiente visual, porém
existe a
especificidade de encaminhamento ao se considerar as necessidades de se vencer
as adversidades
naturais da deficiência ou da incapacidade.
O primeiro passo para uma aula de corrida é o reconhecimento do espaço, tanto
para o aluno
cego quanto para o de baixa visão. É fundamental conhecer as dimensões (largura
e comprimento) do
local, percebendo os obstáculos, se houverem, e reconhecendo referências que
possam auxiliar na
orientação espacial (sons, cheiros ou luz em determinados pontos). Assim é
possível criar, o mapa
mental do ambiente, diminuindo o medo do imprevisto. Toda vez que existir alguma
alteração do meio
é muito importante que aluno saiba desta mudança.
Para correr, o aluno poderá estar acompanhado de um guia, que irá orientar o
corredor em seu
deslocamento. O guia poderá correr ao lado do aluno e ligado a este por uma
corda entre as mãos, ou
mão e braço ou ainda segurando na camisa do corredor cego. Nunca poderá puxar,
empurrar ou lançar
o atleta à frente, estas ações prejudicam o desenvolvimento motor do iniciante,
exceto quando, durante
o início da aprendizagem, tais ações são caracterizadas por um comando que traga
proteção aos
alunos. Com o aluno de baixa visão o guia pode correr, também, ao lado dando
informações verbais,
além da tátil.
Para as provas de lançamento e de saltos os estímulos serão direcionados pelas
informações
verbais explicativas. Por isso pode-se combinar diferentes informações em um
mesmo exercício.
Exercícios para arremesso de peso podem ser desenvolvidos da seguinte maneira: o
chamador irá
posicionar o atleta no setor de arremesso, orientá-lo espacialmente (através de
informações táteis e
sonoras), colocá-lo próximo dos implementos e irá, após isto, colocar-se em
frente do atleta batendo
palmas para indicar a direção do arremesso, assim, no caso de um giro, o atleta
saberá qual a direção
correta de soltar o peso. Nas provas de salto o aluno/atleta poderá ter auxílio
de até dois guias, um que
o ajudará a reconhecer o espaço a ser percorrido até o salto, e o segundo que se
posicionará a sua
frente orientando através de informações táteis e sonoras.
Os giros são elementos complexos na aprendizagem do atleta com deficiência
visual, pois,
com a ausência da visão o sistema vestibular será imprescindível no equilíbrio,
lembrando que este
funciona por movimentação e o giro em uma pessoa não treinada irá atrapalhar na
orientação da
lateralidade no atleta.
Na construção do método pedagógico pode-se usar mais alguns elementos auxiliares
como as
informações táteis diretas e indiretas ou informações sonoras verbais ou
sinaléticas.
CONCLUSÃO
Apartir deste artigo posso concluir que para trabalhar com portadores de
deficiencia visual ou
qualquer outra pessoa, o profissional precisa ter muita dedicação, força de
vontade e se entregar pela
causa. Assim como uma pessoa sem limitacao os deficientes visuais tambem querem
ser desejados ter
prestigio” querem ser reconhecidos”, o esporte pode proporcionar essa conquista
. O atletismo
adaptado para deficiente visual como qualquer outro esporte tem suas
dificuldades. Espero com esse
artigo ajudar a você leitor ter uma compreensão maior sobre o assunto, e abrir
espaço para novas
pesquisar.
REFERÊNCIAS
-
ADAMS, R. C. et al.. Jogos, esportes e exercícios para deficientes físicos. 3.
ed. São Paulo: Manole,
1985.
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COBO, A.D., RODRIGUEZ, M. G. BUENO S.T. Aprendizagem e Deficiência visual. São
Paulo:
Santos Livraria e Editora 2003
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GALLAHUE, D.L. & OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento Motor: Bebês,
crianças,
Adolescentes e Adultos. Phorte Editora: São Paulo, 2000
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OLIVEIRA FILHO, Ciro Winckler de et al.
A iniciação no atletismo para pessoas
cegas e com baixa
visão. Lecturas: EF y Deportes: revista digital, Buenos Aires, a.10, n.75, ago.
2004. Disponível em:
<www.efdeportes.com/efd75/cegas.htm>. Acesso em: 22 jul. 2008
-
OMS, CIDDM 2: Classificación Internaccional del Funcionamento, la Discapacidad y
la Salud.
http://www.who.ch/icidh, consultado 01 de maio de 2008
SOLER, Reinaldo. Educação física inclusiva na escola em busca de uma escola
plural. 1ed. Rio de
Janeiro: Sprint, 2005.
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título: ATLETISMO PARA DEFICIENTE VISUAL
autores:
Paulo Cordeiro de Souza (Acadêmico da 6ªfase do curso de Educacao Fisica da
Universidade do Contestado-UnC-MAFRA) &
Maria Rita Bruel (Professora orientadora. Mestre em Educação Física e professora titular da
disciplina Metodologia da Pesquisa
no Curso de Educação Física da UnC-Mafra).
publicação:
ÁGORA : revista de divulgação científica
v. 16, n. 2(A), Número Especial: I Seminário Integrado de Pesquisa e Extensão
Universitária
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