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 SOBRE A DEFICIÊNCIA VISUAL

 

Distúrbios da Córnea

córnea
 

  1. Distúrbios da Córnea  Manual Merck
  2. Transplante de Córnea  Dr. Manuel Monteiro Pereira
  3. Transplante lamelar de córnea: mudança radical de um paradigma  Dr. Joaquim Murta
  4. Ceratocone | Queratocone  Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
  5. Tratamento do Queratocone  Dr. Rufino Ribeiro
  6. Úlcera de Córnea  Dr. Manuel Monteiro Pereira
  7. Úlceras da Córnea bacterianas  César Lipener
  8. Herpes Ocular  OftalmoCentro
  9. O Pterígio  Oftalmologia e Saúde Ocular
  10. Pinguécula  IOBH
  11. Tracoma  Joaquim Remourinho
  12.  ˃  ver também Lentes esclerais para anomalias da córnea.

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Distúrbios da Córnea

Manual Merck


A córnea, a estrutura em forma de cúpula localizada na parte frontal do olho e que protege a íris e o cristalino além de ajudar a concentrar a luz sobre a retina, é constituída por células e líquido e, normalmente, é transparente. As doenças ou lesões da córnea podem causar dor e perda da visão.

Ceratite Pontilhada Superficial
A ceratite pontilhada superficial é uma doença na qual as células da superfície da córnea morrem. A causa da ceratite pontilhada superficial pode ser uma infecção viral, uma infecção bacteriana, olhos secos, a exposição à luz ultravioleta (luz solar, lâmpadas de bronzeamento ou arcos de solda), uma irritação decorrente do uso prolongado de lentes de contacto ou do uso de colírios ou uma alergia a esses produtos. Ela também pode ser um efeito colateral de certos medicamentos de uso interno (p.ex. vidarabina).

Sintomas e Tratamento
Os olhos geralmente tornam-se dolorosos, lacrimejantes, sensíveis à luz e congestos de sangue e a visão pode tornar-se discretamente borrada. Quando a luz ultravioleta é a causa do distúrbio, os sintomas geralmente demoram várias horas para ocorrer e duram 1 a 2 dias. Quando o responsável é um vírus, um linfonodo localizado na frente da orelha pode aumentar de volume e tornar-se doloroso. A maioria dos indivíduos com ceratite pontilhada superficial apresenta uma recuperação total. Quando a causa é um vírus, o tratamento não é necessário e, normalmente, a recuperação ocorre em 3 semanas. Quando a causa é uma infecção bacteriana, o médico prescreve antibióticos. Quando a causa são os olhos secos, os tratamentos com pomadas e lágrimas artificiais (colírios preparados com substâncias que se assemelham às lágrimas verdadeiras) são eficazes. Quando a causa é a exposição à luz ultravioleta ou uma irritação provocada por lentes de contacto, uma pomada antibiótica ou um colírio que dilata a pupila e um curativo ocular podem prover alívio. E quando a causa é uma reacção medicamentosa, a droga deve ser suspensa.


Úlcera de Córnea
A úlcera de córnea é uma perfuração da córnea, geralmente devida a uma infecção bacteriana, fúngica, viral ou causada pelo protozoário Acanthamoeba.

Algumas vezes, ela é conseqüência de um traumatismo. As bactérias (freqüentemente estafilococos, pseudomonas ou pseudococos) podem infectar e ulcerar a córnea após o olho ser lesado, após a penetração de corpo estranho no olho ou após uma irritação do olho por uma lente de contacto. Outras bactérias (p.ex., gonococos) e vírus (p.ex., herpes vírus) também podem causar úlceras de córnea. Os fungos podem causar úlceras de desenvolvimento lento. Em raros casos, a deficiência de vitamina A ou de proteínas pode acarretar a formação de úlceras de córnea. Quando as pálpebras não se fecham adequadamente para proteger e umedecer a córnea, pode ocorrer a formação de úlceras de córnea em decorrência do ressecamento e da irritação, mesmo na ausência de infecção.

Sintomas e Tratamento
As úlceras da córnea causam dor, sensibilidade à luz e aumento da produção de lágrimas. Todos esses sintomas podem ser leves. Um ponto purulento amarelo-esbranquiçado pode surgir na córnea. Algumas vezes, ocorre a formação de úlceras sobre toda a córnea, as quais podem penetrar profundamente. Pode ocorrer um maior acúmulo de pus atrás da córnea. Quanto mais profunda a úlcera, mais graves os sintomas e as complicações. As úlceras de córnea podem curar sem tratamento, mas podem deixar um material fibroso e opaco que provoca a formação de cicatrizes e compromete a visão. Outras complicações possíveis incluem a infecção profunda, a perfuração da córnea, o deslocamento da íris e a destruição do olho. A úlcera de córnea é uma emergência que deve ser tratada imediatamente por um oftalmologista. Para visualizar uma úlcera nitidamente, o médico pode aplicar um colírio contendo o corante fluoresceína. O recurso à antibioticoterapia e à cirurgia pode ser necessário.


Infecção por Herpes Simples
No início, uma infecç&ati corneana por herpes simples (ceratoconjuntivite ou ceratite por herpes simples) pode assemelhar-se a uma infecção bacteriana leve, pois os olhos tornam-se levemente dolorosos, lacrimejantes, hiperemiados e sensíveis à luz. O edema da córnea torna a visão borrada. No entanto, a infecção por herpes não responde aos antibióticos, como faria uma infecção bacteriana, e, freqüentemente, ela continua a piorar. Mais freqüentemente, a infecção produz apenas alterações discretas da córnea e desaparece espontaneamente. Raramente o vírus penetra profundamente na córnea, destruindo a sua superfície. A infecção pode recorrer, lesando ainda mais a superfície da córnea. Várias recorrências podem acarretar ulceração, cicatrizes permanentes e perda de sensibilidade quando o olho é tocado. O vírus do herpes simples também pode causar um aumento da proliferação de vasos sangüíneos, comprometimento da visão ou perda total da visão. O médico pode prescrever um medicamento antiviral (p.ex., trifluridina, vidarabina ou idoxuridina). Esses medicamentos normalmente são prescritos sob a forma de pomada ou de solução que deve ser aplicada no olho várias vezes ao dia. Entretanto, eles nem sempre são eficazes. Algumas vezes, outras drogas orais devem ser administradas. Às vezes, para ajudar a acelerar a cura, o oftalmologista pode ter que limpar a córnea com o auxílio de um cotonete para remover as células mortas e as lesadas.

Infecção por Herpes-Zoster
O herpes-zoster é um vírus que cresce nos nervos e que pode se disseminar até a pele, produzindo lesões típicas. Esta infecção não afeta necessariamente o olho, mesmo quando ocorre na face e na fronte. No entanto, quando a divisão oftálmica do quinto nervo craniano (nervo trigêmeo) torna-se infectada, é provável que a infecção se propague até o olho. A infecção causa dor, hiperemia e edema palpebral. A córnea infectada pode edemaciar, pode ser gravemente lesada e pode ocorrer a formação de cicatrizes. As estruturas localizadas atrás da córnea podem inflamar, uma condição denominada uveíte, e a pressão ocular pode aumentar, uma condição denominada glaucoma. As complicações comuns de uma infecção da córnea incluem a perda de sensibilidade da córnea ao toque e o glaucoma permanente. Quando o herpes-zoster infecta a face e ameaça o olho, o tratamento precoce com o aciclovir, administrado pela via oral durante 7 dias, reduz o risco de complicações oculares. Os corticosteróides, geralmente sob a forma de colírio, também podem ser úteis. Freqüentemente, são utilizadas gotas de atropina para manter a pupila dilatada e também para ajudar a impedir o aumento da pressão no interior do olho. Os indivíduos com mais de 60 anos e aqueles em bom estado de saúde geral podem achar que o uso de corticosteróides durante 2 semanas ajuda a impedir a dor que pode ocorrer após o desaparecimento das lesões herpéticas. Esta dor é denominada neuralgia pós-herpética.

Ceratite Ulcerativa Periférica
A ceratite ulcerativa periférica é uma inflamação e ulceração da córnea que ocorre freqüentemente em indivíduos com doenças do tecido conjuntivo (p.ex. artrite reumatóide). Este distúrbio compromete a visão, aumenta a sensibilidade à luz e produz uma sensação de um corpo estranho aderido ao olho. É provável que esta doença seja causada por uma reacção auto-imune. Dentre os indivíduos com artrite reumatóide e com ceratite ulcerativa periférica, aproximadamente 40% deles morrem nos 10 anos que sucedem o surgimento da ceratite ulcerativa periférica, exceto quando tratados. O tratamento com drogas que suprimem o sistema imune reduz a taxa de mortalidade para aproximadamente 8% em dez anos.

Ceratomalácia
A ceratomalácia (xeroftalmia, ceratite xerótica) é um distúrbio no qual a córnea torna-se seca e opaca devido a deficiências de vitamina A, de proteínas e de calorias na dieta. A superfície da córnea morre e, a seguir, podem ocorrer úlceras e infecções bacterianas. As glândulas lacrimais e a conjuntiva também são afetadas, acarretando uma produção inadequada de lágrimas e em olhos secos. Devido à deficiência de vitamina A, pode ocorrer cegueira noturna (visão deficiente no escuro). Os colírios ou as pomadas contendo antibióticos podem ajudar a curar as infecções. No entanto, a correção da deficiência de vitamina A com suplementos vitamínicos ou da desnutrição com uma dieta melhorada ou com suplementos alimentares é mais importante.

Ceratocone
O ceratocone é uma alteração gradual da forma da córnea, fazendo com que esta termine parecendo um cone. O distúrbio começa entre os 10 e os 20 anos de idade. O ceratocone pode afetar um ou ambos os olhos, causando importantes alterações da visão e exigindo freqüentes mudanças na prescrição de óculos ou de lentes de contacto. Freqüentemente, as lentes de contacto corrigem os problemas de visão melhor que os óculos, mas, algumas vezes, a alteração da forma da córnea é tão intensa que as lentes de contacto não podem ser utilizadas ou não conseguem corrigir a visão. Em casos extremos, o transplante de córnea pode ser necessário.

Ceratopatia Bolhosa
A ceratopatia bolhosa é uma tumefação da córnea que ocorre mais freqüentemente em indivíduos idosos. Ocasionalmente, a ceratopatia bolhosa ocorre após uma cirurgia oftalmológica (p.ex., cirurgia de catarata). O edema acarreta a formação de bolhas cheias de líquido sobre a superfície da córnea. Essas bolhas podem romper, causando dor e comprometimento da visão. A ceratopatia bolhosa é tratada através da redução da quantidade de líquido na córnea com soluções salinas ou lentes de contacto moles. Raramente, o transplante de córnea é necessário.

 

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Transplante de Córnea

Prof. Doutor Manuel Monteiro Pereira
 

Transplante de córnea


O que é o transplante de córnea?

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico no qual a córnea doente ou danificada é substituída por outra córnea de um dador, na sua totalidade (ceratoplastia penetrante) ou parte dela (ceratoplastia lamelar). Veja mais informação em cada um dos tipos de transplante.

A córnea é a superfície transparente, em forma de cúpula do olho que é responsável por uma grande parte do poder de focagem. A córnea transparente saudável é essencial para uma boa visão. Se esta se encontrar lesada devido a doença ocular ou lesão no olho, pode ficar edemaciada, com cicatrizes ou severamente deformada e, desta forma, distorcer a visão.


Transplante de córnea - como funciona?

No transplante de córnea, o enxerto é retirado de um indivíduo recentemente falecido, sem doenças conhecidas ou outros fatores que possam afetar a viabilidade do mesmo ou a saúde do recetor. Após retirado o enxerto, este é posteriormente transplantado cirurgicamente no indivíduo recetor. Dependendo da patologia subjacente e de determinadas condições, podemos utilizar diferentes tipos de transplante.


Tipos de transplante de córnea

Podemos identificar dois tipos de transplante de córnea, de acordo com o número de camadas transplantadas. A córnea contém cinco camadas, no entanto, em caso de transplante nem sempre é necessário transplantar todas as camadas. Se todas elas forem transplantadas, dizemos que o transplante é penetrante, por sua vez, se apenas parte das camadas forem transplantadas dizemos que se trata de um transplante lamelar. Mediante a patologia e de acordo com algumas situações o médico especialista em córnea, opta por efetuar o tipo de transplante mais adequado ao doente.


Transplante de córnea penetrante

O transplante de córnea penetrante envolve o transplante de todas as camadas da córnea do dador. Neste tipo de transplante a rejeição do enxerto é mais elevada do que nos enxertos lamelares e o tempo de recuperação e os erros refrativos são consideravelmente superiores. Pelos motivos apontados, normalmente, este tipo de transplante é utilizado apenas nos casos em que o transplante lamelar não é de todo possível.


Transplante de córnea lamelar

No transplante de córnea lamelar, o cirurgião substitui apenas algumas das camadas da córnea.

No transplante lamelar de córnea, as camadas são selecionadas e transplantadas, o que pode incluir a camada mais profunda (posterior), o chamado endotélio (transplante de córnea lamelar posterior). Uma versão comumente realizada desse procedimento é o de Descemet Stripping Automated endotelial Keratoplasty (DSAEK). Se, por outro lado, o transplante incluir as camadas mais próximas da superfície (anterior), então designamo-lo por transplante de córnea lamelar anterior.

Habitualmente, o transplante lamelar é mais adequado do que o transplante penetrante completo quando o processo de doença se limita apenas a uma porção da córnea.


Transplante de córnea - riscos

Os riscos e complicações na cirurgia de transplante de córnea são semelhantes aos de outros procedimentos intra-oculares. Pode haver descolamento ou deslocamento dos transplantes lamelares. Na cirurgia de córnea existem também riscos de infeção. Esse riscos são minimizados através de profilaxia antibiótica (usando colírios antibióticos, mesmo quando não existe infeção).

Nesta cirurgia, os riscos não se ficam por aqui, podendo ocorrer outras complicações graves, nomeadamente, descolamento da retina, hemorragia da coróide, infeção endocular (endoftalmite), cataratas secundárias, glaucoma secundário, sinéquias da íris, irregularidade pupilar, edema macular cistóide, etc.

Um dos riscos frequentes é a rejeição da córnea. Veja, de seguida, mais informação sobre o risco de rejeição.


Rejeição - transplante de córnea

Após o transplante da córnea, em alguns casos, o sistema imunológico pode atacar a córnea. Esta situação é chamada de rejeição e pode necessitar de tratamento médico ou de outro transplante de córnea para resolver o problema. Sinais e sintomas de rejeição de córnea, podem incluir:

  • Perda da visão;

  • Dor nos olhos;

  • Olhos vermelhos;

  • Sensibilidade à luz (fotofobia);


O transplante de córnea é uma cirurgia realizada rotineiramente e possui uma alta taxa de sucesso. Na verdade, os enxertos de córnea são os mais bem sucedidos de todos os transplantes de tecidos. Contudo, como vimos existe sempre o risco de rejeição da córnea. O risco de rejeição no transplante de córnea ocorre em cerca de 20% dos casos.


Transplante de córnea - cuidados pós operatório

Na cirurgia de transplante de córnea, existem alguns cuidados no pós operatório que devem ser assegurados, de forma a minimizar possíveis riscos. No pós transplante, deve ser efetuado tratamento médico adequado, nomeadamente:

Medicamentos prescritos pelo oftalmologista, como colírios e, ocasionalmente, medicamentos orais imediatamente após o transplante de córnea, durante o período de recuperação, de forma a controlar a infeção, edema e dor.

Usar um oclusor e repouso. O oclusor protege o olho após a cirurgia.

Após o transplante de córnea, deve-se retomar o trabalho lentamente até poder realizar as suas atividades normais, incluindo o exercício físico. Deverá ao longo da vida tomar precauções extras para não prejudicar o olho.

No transplante de córnea o tempo de repouso é variável consoante a patologia subjacente. Tipicamente, o repouso deve ser mantido durante um mês aproximadamente (4 semanas). Após a cirurgia, devem realizar-se exames oftalmológicos de rotina, visando detetar complicações no primeiro ano após o transplante.


Transplante de córnea - recuperação

A maioria das pessoas sujeitas a transplante de córnea terá a visão, pelo menos parcialmente restaurada. O risco de complicações e rejeição da córnea permanece durante anos após o seu transplante. Por esta razão, deverá visitar o oftalmologista anualmente. A rejeição da córnea, muitas vezes, pode ser controlada com medicamentos. Leia mais em rejeição da córnea.
 

Correção da visão após a cirurgia

A visão pode, inicialmente, ser pior do que antes de cirurgia, dependendo da forma como o olho se ajusta à nova córnea. Pode levar vários meses até a acuidade visual melhorar. Podem surgir erros refrativos após a cirurgia de transplante de córnea, como miopia e astigmatismo.

O astigmatismo corneano médio após cirurgia de transplante é de 4 dioptrias após um ano. O controle do astigmatismo é efetuado de acordo com os pontos no pós-operatório. O processo de retirar os pontos é gradual e tem o seu início 3 a 6 meses após a cirurgia, dependendo da técnica de sutura empregada.

Os erros refrativos, como miopia e astigmatismo, podem ser corrigidos com óculos, lentes de contacto ou, em alguns casos, a realização de cirurgia ocular a laser.
 

Transplante de córnea - tempo de recuperação

No transplante de córnea, o tempo de recuperação é de aproximadamente 4 semanas.
 

Transplante - Indicações cirúrgicas

A cirurgia transplante de córnea pode ser necessária se, eventualmente, o uso de óculos ou lentes de contacto não for capaz, por si só, de restaurar a visão ou se o edema doloroso não puder ser aliviado recorrendo a medicamentos ou lentes de contacto.

Certas situações podem afetar a transparência da córnea e colocar o doente em maior risco. Entre essas situações, destacamos algumas das mais comuns:

  • Ceratocone e outras distrofias da córnea;

  • Cicatrizes de infeções, como a herpes oculares ou ceratite fúngica;

  • Condições hereditárias como a distrofia de Fuchs;

  • As complicações raras da cirurgia LASIK;

  • As queimaduras químicas da córnea ou danos causados por uma lesão no olho;

  • Edema excessivo da córnea;

  • Rejeição do enxerto após um transplante de córnea anterior;

  • Descompensação do endotélio da córnea devido a complicações da cirurgia de catarata.


Apesar destas serem as doenças mais frequentes em que existe indicação para a cirurgia de transplante de córnea, outras anomalias podem estar relacionadas com a necessidade de transplante. Por ser uma doença frequente faremos, de seguida, uma breve abordagem ao transplante de córnea no ceratocone, ainda que esta cirurgia deva ser encarada como o último recurso.
 

Transplante córnea - ceratocone

O ceratocone é uma doença degenerativa que provoca alterações na córnea. No ceratocone, o transplante de córnea é o tratamento cirúrgico indicado apenas e só quando outros tratamentos não forem viáveis. Ou seja, quando as restantes alternativas no tratamento do ceratocone não forem exequíveis, o transplante de córnea é a opção cirúrgica existente.

No tratamento do ceratocone existem diversas opções. Cada uma das alternativas do tratamento depende de vários fatores relacionados com a evolução da doença. Em termos cirúrgicos, a cirurgia de anéis corneanos é o método de eleição na atualidade. Os resultados cirúrgicos com anéis corneanos no tratamento do ceratocone são, normalmente, melhores do que os obtidos com transplante de córnea. Para além da cirurgia de anéis corneanos, outros tratamentos (médicos e cirúrgicos) podem ser utilizados, sendo o transplante de córnea para ceratocone apenas utilizado como último recurso.

fonte: Saude e Bem estar
 

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actualizado por MJA
29.Out.2017


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Transplante lamelar de córnea: a mudança radical de um paradigma

Joaquim Neto Murta

Diretor do Serviço de Oftalmologia do CHUC - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
 

A córnea é uma estrutura transparente localizada na superfície do olho que é completamente transparente e permite a passagem da luz de forma a que a imagem seja visualizada adequadamente no fundo ocular (retina). Quando acontece perda da transparência da córnea, necessitamos de um transplante de córnea.

As doenças mais frequentes que necessitam de transplante de córnea são o queratocone em fase avançada (alteração da curvatura da córnea com adelgaçamento irregular), as distrofias corneanas, sendo a distrofia de Fuchs a mais frequente (situação bilateral, muitas vezes familiar, mais frequente em senhoras a partir da idade média de vida), que levam a uma diminuição progressiva da transparência da córnea e a queratopatia bolhosa, muitas vezes consequência de procedimentos cirúrgicos complicados após cirurgias de catarata e outras e que acarreta uma descompensação da córnea com diminuição da visão e, muitas vezes, dores.

O transplante de córnea é uma cirurgia que consiste em substituir uma córnea doente por uma córnea saudável proveniente de um dador com a finalidade de melhorar a visão no mais rápido espaço de tempo e com as menores complicações possíveis.

Por ano são realizados cerca de 700 transplantes de córnea em Portugal que podem ser de dois tipos: transplantes penetrantes (substituem toda a espessura da córnea), e que hoje se realizam cada vez menos, e os transplantes lamelares (substituem apenas a parte da córnea que se encontra lesada).

Os transplantes de córnea totais (penetrantes) estão associados a uma recuperação da acuidade visual demorada (muitas vezes superior a um ano e com refrações acentuadas), com necessidade de múltiplas consultas para remoção seletiva dos pontos e com uma frequência de complicações maior.

Os transplantes lamelares, fundamentalmente os posteriores da córnea, utilizados principalmente na distrofia de Fuchs e na queratopatia bolhosa, permitem unicamente a substituição do endotélio doente e constituíram um avanço significativo na rapidez, segurança e conforto da transplantação corneana, ao substituir apenas a camada da córnea afetada.

Esta técnica inovadora apresenta grandes vantagens em relação à penetrante, uma vez que reduz o tempo de cicatrização e recuperação permitindo uma recuperação de visão maior e mais rápida, exige menos consultas de seguimento, diminui a taxa de infecções e apresenta uma baixa taxa de rejeição da córnea transplantada, quando comparada com a técnica convencional.

Um dos objetivos destas técnicas cirúrgicas mais recentes é a obtenção de lamelas o mais finas possíveis de modo a possibilitar a mais rápida recuperação de visão. Neste sentido, o nosso grupo desenvolveu uma técnica pioneira a nível mundial, em que obtém consistentemente e de forma segura, lamelas de córnea inferiores a 120 micras de espessura (DSAEK ultrafino com laser de Femtosegundo), que possibilitam uma recuperação de visão muito mais rápida. O laser de Femtosegundo, associado a uma maior segurança e predictabilidade, apresenta a grande vantagem de fazer incisões na córnea com profundidade e diâmetros desejados e com uma precisão jamais alcançada por outra técnica.

Os resultados que obtemos, frequentemente com acuidade visual corrigida de 20/25 (oito décimos) ao 6.°mês pós-operatório, sem perda de córneas durante a preparação dos enxertos nem falências primárias demonstram a segurança, predictabilidade e melhoria visual significativa que a técnica desenvolvida permite alcançar.

Trata-se verdadeiramente de uma mudança radical na forma de tratar doenças da córnea frequentes, que outrora condenavam os doentes a processos de recuperação penosos e com resultados visuais muitas vezes decepcionantes.


fonte: Diário de Coimbra, 6-Janeiro-2015

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actualizado por MJA
28.Jan.2015


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Queratocone | Ceratocone

Sociedade Portuguesa de Oftalmologia


O que é?

O Queratocone é uma doença da córnea que cursa com alteração da sua conformação e um adelgaçamento progressivo. Em estádios mais evoluídos a córnea pode adquirir a forma de cone.

Aparece nos jovens e pode evoluir até aos 35 anos.

As alterações estruturais da córnea produzem um astigmatismo que não é homogéneo, o que faz com que o doente se aperceba de diminuição gradual da visão.

Para além do Queratocone, existem outras doenças, mais raras, que também cursam com alteração do padrão normal da conformação da córnea e seu adelgaçamento. São exemplos a Degenerescência Marginal Pelúcida e a Queratoglobo. A estas doenças chamamos Ectasias Corneanas.

Quais os sintomas do Queratocone?

  • Diminuição da visão mesmo com óculos ou lentes de contacto.

  • Distorção da imagem.

  • Visão dupla.


Quais os tratamentos disponíveis?

O objectivo primordial do tratamento do Queratocone, ou de qualquer outra ectasia, é a melhoria da visão.

Como primeira linha temos os óculos ou as lentes de contacto, mas que numa fase avançada poderão não resultar.

Nos casos em que existe evolução do queratocone, e desde que a transparência da córnea esteja mantida e que a visão seja satisfatória, é possível optar pelo Crosslinking. Neste procedimento a córnea, depois de ter sido impregnada de riboflavina (vitamina B2), é irradiada com luz UV. Tem como objectivo aumentar a resistência mecânica da córnea, e desta forma impedir maior deformação da córnea.

Nos casos em que a visão não é corrigível com óculos, ou que exista intolerância ao uso de lentes de contacto, é necessário recorrer a cirurgia. Para estas situações a cirurgia mais indicada, desde que a córnea tenha transparência adequada, é a Implantação de anéis intra-estromais. Esses anéis são segmentos semicirculares que são introduzidos em túneis feitos na espessura da córnea. Dependendo dos casos, pode estar indicado usar um ou dois segmentos. O objectivo desta cirurgia é uniformizar a conformação da córnea.

O Transplante de córnea (queratoplastia) está reservado para quando o Queratocone é muito evoluído ou a córnea tenha uma transparência inadequada. Até há alguns anos, a queratoplastia que se fazia era a penetrante, ou seja, todas as camadas da córnea eram substituídas. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos para transplantar somente as camadas superficiais doentes, permitindo preservar as camadas mais profundas e saudáveis (endotélio e membrana de Descemet), e por isso diminuindo o risco de falência. A esta técnica chama-se Queratoplastia lamelar anterior, e sempre que possível é a técnica de eleição.


por Dr Ramiro Salgado,Dr. Miguel Gomes, Dr. Nuno F. Alves, Dra. Teresa Pacheco, Dr. Tiago Ferreira

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actualizado por MJA
29.Out.2017



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Tratamento do Queratocone

Dr. Rufino Ribeiro


Trata-se de uma manifestação hereditária e progressiva da córnea que apresenta uma irregularidade da sua superfície que em vez de ser esférica passa a ter uma deformação saliente semelhante a um “cone”.

A consequência é a de afectar a visão e não ser corrigível com óculos.

Os tratamentos ditos clássicos passavam pelo uso de lentes de contacto rígidas ou semirígidas e em casos extremos o transplante de córnea.

Actualmente as novas metodologias de tratamento consistem na cirurgia de Implante de anéis intracorneanos seguido de Cross-Linking e de Queratotomia Fotorefractiva.

Os casos menos avançados não necessitam da intervenção cirúrgica mencionada e somente com o tratamento de Cross-Linking é possível garantir em mais de 90 % dos casos a completa estabilização do processo.

É por este facto que deve ser efectuado logo que se faz o diagnóstico mesmo que ainda não existam sintomas.

Finalmente, e após a realização do Cross-Linking é possível, para melhorar a visão, recorrer ao laser Excimer e “regularizar” um pouco mais a córnea. Assim torna-se possível muitas vezes o recurso ao uso de lentes de contacto gelatinosas. Como em olhos normais a cirurgia refractiva de implante de lentes intraoculares fáquicas melhoram a qualidade de vida e evitam na maioria das vezes a solução final de transplante de córnea.


Clínica Oftalmológica Rufino Ribeiro, Porto
http://co-rufino-ribeiro.pt/

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actualizado por MJA
29.Out.2017



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Úlcera de Córnea

Prof. Doutor Manuel Monteiro Pereira
 

Ulcera de cornea fotos, imagens


O que é ulcera de córnea?
A úlcera de córnea ou úlcera corneana ocorre quando existe destruição de tecido corneano, uma lesão ou “ferida aberta”, provocando uma área na córnea sem epitélio (camada externa da córnea). A úlcera pode ser superficial ou, então, afetar as camadas mais profundas da córnea.

A córnea é a região anatómica mais anterior do globo ocular. Esta e o cristalino funcionam como uma lente, permitindo que a luz seja focada na retina. Nesta as imagens são convertidas em estímulos elétricos e conduzidas até ao cérebro occipital através do nervo ótico. São as lágrimas (secreção lacrimal) que permitem manter a córnea lubrificada.

Em relação à localização, a úlcera pode situar-se mais centralmente (úlcera corneana central) ou na periferia da córnea (ulcera corneana periférica). As úlceras de córnea podem variar quanto às suas dimensões, desde pequenas ulcerações, até úlceras com maior dimensão, dependendo da causa subjacente, do tempo de evolução, etc.

Habitualmente o problema afeta apenas um olho (úlcera corneana unilateral), podendo em algumas situações afetar ambos os olhos (úlcera corneana bilateral).

A úlcera no olho humano é uma doença grave que se não for tratada de forma adequada e atempada pode provocar danos irreversíveis na visão e, em último caso, o doente pode cegar.

CAUSAS

Na maioria dos casos, as causas para a úlcera de córnea são de origem infeciosa, podendo esta ser provocada por bactérias, vírus, fungos, etc. Algumas infeções como a ceratite e a conjuntivite podem evoluir para úlceras de córnea se não forem tratadas atempada e corretamente.

  • A úlcera de córnea bacteriana é causada por bactérias, sendo este tipo de infeção mais frequente em pessoas que utilizam lentes de contacto cujo manuseamento e higienização não são efetuados adequadamente.
     

  • A úlcera de córnea vírica é causada por um vírus, como é exemplo o vírus do herpes simples (o vírus que causa a herpes labial) ou o vírus da varicela (o vírus que causa a varicela e herpes zoster). O herpes ocular pode, em algumas situações, evoluir e causar úlcera de córnea herpética (causada por herpes).
     

  • A úlcera de córnea fúngica é causada por fungos, surgindo frequentemente em pessoas que não possuem um cuidado adequado com a utilização das lentes de contato e também pelo uso excessivo de colírios que contêm esteroides.
     

  • O trauma nos olhos (úlcera de córnea traumática) é outra das possíveis causas. Uma lesão ocular, um corpo estranho no olho ou uma “córnea arranhada“ podem viabilizar a contração da infeção com maior facilidade. As queimaduras químicas ou outras podem igualmente provocar úlceras de córnea.
     

  • Os distúrbios que causam olho seco podem deixar o olho sem a proteção adequada e causar úlceras na córnea.
     

  • Os problemas que afetam as pálpebras e que não permitem que o olho abra e feche corretamente, como a paralisia de Bell, a ptose palpebral, a exoftalmia, entre outras, podem também criar problemas na córnea e torna-la mais vulnerável ao desenvolvimento de úlceras.
     

  • Qualquer patologia que provoque a perda da sensação da superfície da córnea pode aumentar o risco de vir a desenvolver úlcera da córnea.
     

Como vimos, as pessoas que usam lentes de contacto têm um risco acrescido de desenvolver úlceras de córnea. As lentes de contacto podem danificar a córnea de várias maneiras:

Ao colocar ou retirar as lentes podem ocorrer “arranhões” na superfície da córnea, tornando a córnea mais vulnerável a infeções;

Da mesma forma, pequenas partículas de sujidade que existam por baixo das lentes podem “arranhar” a córnea; Podem proliferar bactérias, vírus, fungos ou parasitas nas lentes ou nas caixas.

Se utiliza as lentes por longos períodos de tempo, estes agentes podem multiplicar-se e causar danos à córnea. Um parasita microscópico designado por acanthamoeba (geralmente encontrado na água da torneira, piscinas, banheiras de hidromassagem, etc) é um dos responsáveis pela contaminação frequente das lentes de contacto.

Usar lentes por longos períodos de tempo também pode bloquear a entrada de oxigênio na córnea, tornando-a mais suscetível a infeções.

Alergias oculares, esclerose múltipla, psoríase, entre outras, podem também ser a origem para a doença. As pessoas com o sistema imunitário debilitado estão mais propensas a desenvolver a patologia.

Em caso de infeção, a doença pode ser contagiosa, ou seja, pode ocorrer contágio da infeção de um olho para o outro ou, então, a transmissão ser efetuada de uma pessoa para outra. Veja mais informação em medidas preventivas.

SINTOMAS

Na úlcera de córnea, são patentes os seguintes sinais e sintomas:

Olhos vermelhos;
Olhos lacrimejantes;
Dor no olho;
Sensação de “corpo estranho”;
Pus ou secreção no olho;
Visão turva ou “embaçada”;
Fotofobia (sensibilidade à luz);
Pálpebras “inchadas”;
Se a úlcera é grande, uma mancha esbranquiçada sobre a córnea é visível a olho nu.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da úlcera de córnea deve ser efetuado pelo médico oftalmologista, através do exame da lâmpada de fenda e recorrendo a possíveis exames auxiliares de diagnóstico. Para ver com maior nitidez a úlcera, o oftalmologista pode colocar gotas de fluoresceína (corante) nos olhos.


A úlcera de córnea tem cura?

A úlcera de córnea tem cura, desde que seja diagnosticada e tratada de forma adequada e atempada. Saiba, de seguida, como tratar a úlcera de córnea.


TRATAMENTO

Na úlcera de córnea, o tratamento deve ser efetuado de acordo com a causa subjacente, por exemplo, se a origem é uma infeção esta deve ser tratada de acordo com o agente causador (bactérias, vírus, fungos, etc). No caso de uma infeção bacteriana, o tratamento deve ser efetuado à base de colírios antibióticos (gotas oftálmicas), por sua vez, se a causa é uma infeção vírica, a terapêutica deve ser efetuada com medicamentos antivíricos.

Nos casos em que a úlcera não possui origem infeciosa, o tratamento deve ser orientado de acordo com o problema subjacente. Por exemplo, se a úlcera ocorre devido ao olho seco, então deve ser orientado o tratamento de acordo com o problema que está a causar a secura dos olhos.

Em alguns casos, medicação à base de corticóides pode ser utilizada para reduzir a inflamação ou “inchaço”.


Em casa, deve tomar as seguintes medidas de prevenção:

  • Tenha cuidado com a utilização e higiene das lentes de contacto;

  • Evite usar lentes de contacto durante a noite;

  • Lave as mãos antes e após manusear as lentes de contacto;

  • Não toque, “esfregue ou coce” o olho com os dedos;

  • Tenha atenção ao manuseio da maquilhagem e não troque de maquilhagem com outras pessoas;

  • Tenha cuidado com a exposição a poeiras, fumos, produtos químicos ou outros agentes que possam causar infeções;

  • Minimize o risco de propagação da infeção, lavando as mãos com frequência e secá-las com uma toalha limpa.


Na úlcera de córnea, o tempo de tratamento e recuperação da visão pode variar de acordo com a causa subjacente, o estadío (fase ou evolução da doença), a ocorrência de eventuais complicações, etc. Habitualmente, as úlceras localizadas centralmente (córnea central) possuem um pior prognóstico que as localizadas na periferia da córnea. Estas últimas possuem, geralmente uma resolução mais rápida do que as primeiras.

Na maioria dos casos, desde que o tratamento seja efetuado de forma atempada e correta, o prognóstico é favorável, podendo mesmo assim o doente perder alguma visão de forma permanente. Contudo, existe sempre o risco de perda permanente de visão (cegueira), pelo que é muito importante que o diagnóstico e tratamento seja efetuado o mais precocemente possível.

Em casos de complicações e úlceras graves que venha a danificar irreversivelmente a córnea, dever-se-á recorrer ao transplante de córnea. Todavia, o recurso a esta cirurgia ou operação só deve ser efetuado como um último recurso.


fonte:  http://www.saudebemestar.pt/

 

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actualizado por MJA
26.Fev.2016


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Úlceras de Córnea Bacterianas

Dr. César Lipener

 

A úlcera de córnea, de qualquer etiologia, é sempre considerada um quadro grave, já que pode deixar sequelas visuais importantes, podendo inclusive levar à perda total da visão e do olho naqueles casos em que há evolução para endoftalmite.

A úlcera de córnea é a principal e mais temida complicação do uso das lentes de contato, sejam elas rígidas ou gelatinosas, convencionais ou descartáveis. A sua principal etiologia é bacteriana, mas podem ser causadas também por fungos, vírus e protozoários.

Existem vários fatores de risco que predispõem ao aparecimento de úlceras de córnea bacterianas em usuários de lentes de contato. Não há mais dúvida de que o mais importante deles seja o uso prolongado, ou seja, dormir com lentes. A manutenção inadequada e principalmente a falta de desinfecção com certeza também contribuem para o aparecimento desta complicação.

Quanto à patogênese, a hipóxia e os microtraumas, associadas à aderência das bactérias às lentes novas ou usadas explicam o aparecimento das úlceras nestes pacientes.

Uma das maiores dificuldades no tratamento destes casos é a diferenciação entre a ceratite estéril ou infecciosa. Quando não é possível fazer esta distinção ou se a dúvida é grande, é prudente que a mesma seja considerada infecciosa e conduzida como tal.

Clínicamente, as ceratites infecciosas tem um quadro em geral mais severo que as estéreis, com hiperemia , dor e fotofobia importantes, além de lacrimejamento, edema palpebral e secreção muco-purulenta. A lesão é geralmente ulcerada, com supuração branco-amarelada, bordas não nítidas e com infiltração ao redor.

O ideal nestes casos é proceder à colheita de material para exames, mas isto nem sempre é possível. Havendo a possibilidade, realiza-se a análise do material através de exame bacterioscópico, cultura e antibiograma.


As principais bactérias envolvidas são:

  • Bacilos Gram-negativos: Pseudomonas, Serratia, Proteus, Klebsiela, E.Coli e Enterobacter.

  • Cocos Gram-positivos: Staphylococos Aureus e Epidermidis, Streptococos e Enterococos.

  • Bacilos Gram-positivos: Bacillus sp, Corinebacterium e Propionibacterium.

  • Filamentosas: Nocardia, Actinomyces e Mycobacterium.


A escolha da terapia inicial pode incluir a associação de colírios fortificados de uma cefalosporina (Cefalotina 50 mg/ml) e um aminoglicosideo (Tobramicina ou Gentamicina 14 mg/ml), alternadas a cada trinta minutos. Outra opção é a monoterapia com uma Quinolona (Ofloxacina ou Ciprofloxacina), de hora em hora.

No caso de úlceras maiores, com reações de câmara anterior, pode-se introduzir drogas ciclopégicas (Atropina 1% ou Ciclopentolato 1%). Nos casos mais severos, com acometimento do limbo ou esclera ou quando há risco de perfuração, a injeção de antibióticos sub-conjuntivais estão indicadas.

O uso de corticóides é contra indicado até que se conheça o agente etiológico. Quando a causa é bacteriana e já há sinais clínicos evidentes de melhora, o uso tópico pode ser considerado, mas ainda é um assunto controverso.

Com os resultados dos exames laboratoriais, pode-se ou não mudar a terapia inicial, dependendo principalmente da evolução clínica.

Quando há afinamento corneano importante ou perfuração até 2 mm, o uso de cola (Cianoacrilato) está indicado, acompanhado do uso de uma lente terapêutica. Como alternativa nos casos mais graves, pode-se colocar um "patch" ou fazer um transplante penetrante. Quando não há resposta ao tratamento clínico, o recobrimento conjuntival deve ser considerado.

Em resumo, quanto mais rápido e preciso for o diagnóstico e quanto mais precoce for a instituição da terapêutica, menores vão ser as sequelas da úlcera de córnea.


Bibliografia:

  1. Kastl, Peter: The CLAO guide to basic science and clinical practice, vol. III,1995, pag. 19-48.

  2. Arfa, Robert: Grayson’s : disease of the cornea, third edition, 1991, pag.163-198.


Fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia

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actualizado por MJA
15.Jan.2013


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Herpes Ocular

OftalmoCentro

 

Diversas são as manifestações oculares do vírus Herpes Simplex, desde uma simples úlcera superficial da córnea até uma úlcera profunda com risco de perfuração da córnea.

As doenças provocados pelo herpes simplex podem trazer muitas complicações oculares, especialmente se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente. Fases prolongadas ininterruptas da infecção, número de recidivas e tratamentos ineficazes aumentam as complicações e podem ter conseqüências graves.

A pessoa infecta-se pela 1.ª vez com o vírus Herpes Simplex quando criança, entretanto na maioria das vezes sem a manifestação clínica da doença.

A 1.ª manifestação clínica do Herpes Simplex ocular é geralmente na vida adulta, com sintomas de dor ocular, olho vermelho, fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) e às vezes visão turva.

O paciente deverá procurar atendimento oftalmológico especializado para o diagnóstico e tratamento precoce. O tratamento clínico é geralmente eficaz, entretanto dependendo da severidade do comprometimento ocular, o tratamento cirúrgico pode se fazer necessário, como por exemplo o recobrimento conjuntival ou o transplante de córnea.

 

ler + sobre o Herpes Ocular aqui:
https://www.deficienciavisual.pt/sd-herpes_ocular.htm

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actualizado por MJA
29.Abr.2011


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O Pterígio
 

Pterígio


O que é o Pterígio ?
Pterígio ou pterígeo é um crescimento do tecido da conjuntiva sobre a córnea. A conjuntiva é o tecido que cobre a parte branca do olho, chamada de esclera. Por algum motivo, esse tecido se espessa, fica mais vascularizado e cresce sobre a córnea, que é a parte transparente do nosso olho.

O que causa o Pterígio ?
O pterígio é mais comum em pacientes com muita incidência de luz solar, próximos da linha do equador, e em pessoas que trabalham expostas ao sol (pescadores, trabalhadores rurais etc). Ocorre com mais frequencia em homens a partir dos 30 anos. Mas também há um fator genético, individual. Ou seja, pessoas que ficam muito expostas ao sol, não desenvolvem o pterígio enquanto outras que moram em locais mais frios e ficam mais dentro de casa, acabam desenvolvendo essa alteração.

Qual a evolução do pterígio ?
No começo, o pterígio é pequeno e só é possível ver pequenos vasos sanguíneos na região próxima à córnea. Com o tempo, o pterígeo fica mais grosso, os vasos mais calibrosos e o tecido avança sobre a córnea, em direção ao centro, a pupila. Quando o pterígeo atinge ou chega perto da pupila ele já começa a afetar a visão. Essa evolução é lenta, ao longo de meses ou anos.

Quais os sintomas do pterígio?
O principal sintoma do pterígio é a vermelhidão do olho. Essa vermelhidão é principalmente no canto do olho, próximo do nariz. Além disso, também ocorre ardência, lacrimejamento, fotofobia, dificuldade em manter os olhos abertos na claridade e sensação de areia nos olhos.

O pterígio pode prejudicar a visão ?
Sim. O pterígio pode prejudicar a visão de duas formas. A primeira é tracionando a córnea e consequentemente, distorcendo a formação das imagens. A outra forma é quando ela tampa o eixo visual, isto é, cobre a pupila.

Qual é o tratamento do Pterígeo ?
O tratamento do pterígio nas formas iniciais é apenas com colírios lubrificantes e/ou vasoconstritores para aliviar os sintomas e diminuir a vermelhidão. Mas quando a doença aumenta, o único tratamento possível é a cirurgia.

Como é a cirurgia do pterígio ?
A cirurgia do pterígio é feita em centro cirúrgico, com anestesia local (ou seja, a pessoa fica acordada e não recebe anestesia geral), dura em média 15 a 30 minutos, e a pessoa vai para casa no mesmo dia e com curativo no olho. Nos primeiros dias, o olho fica vermelho e irritado e com o uso dos colírios vai voltando ao normal em algumas semanas.

Existem várias técnicas para a cirurgia do pterígio. Em todas elas, realiza-se a retirada total do pterígio, a diferença é no que é colocado no local aonde havia o pterígio. Na técnica mais simples, não se coloca nada no local. Na técnica mais utilizada coloca-se uma parte de conjuntiva retirada de outro local do olho (transplante de conjuntiva). Em outra técnica, coloca-se um tecido chamado membrana amniótica (transplante de membrana amniotica) que é um tecido retirado da placenta e processado em laboratório especializado.

A colocação desses tecidos ou enxertos (conjuntiva ou membrana amniótica) visa diminuir a chance do pterígio voltar.

Além disso, alguns oftalmologistas utilizam um medicamento chamado mitomicina C para diminuir a chance do pterígio voltar. Ele pode ser usado durante a cirurgia ou no pós operatório na forma de colírio. Uma técnica antiga que não tem sido mais utilizado para a cirurgia do pterígio é a betaterapia. Por muito tempo ela teve seu papel mas pelas complicações existentes foi substituida por técnicas mais modernas.

É preciso dar pontos na cirurgia de pterígio?
Em geral é neccessário dar pontos na cirurgia de pterígio, para fixar os “enxertos” (conjuntiva ou membrana amniótica) colocados. No entanto, em alguns lugares, já é usado uma cola biológica que gruda esses enxertos e evita a necessidade dos pontos. Isso é a cirurgia de pterígio sem pontos.

No vídeo abaixo é possível ver uma cirurgia de pterígio. A cirurgia não foi feita por nós, mas é possível ver a retirada do pterígio, a retirada da conjuntiva sadia que vai ser usada como transplante e a sutura com pontos:

 

 

 

O pterigio pode voltar?
Sim, o pterigio pode voltar mesmo após a cirurgia. Por isso é importante a realização dessas técnicas mais modernas com colocação de membrana amniótica ou o transplante conjuntival. O uso da mitomicina C também diminui a chance do pterígeo voltar após a cirurgia.

O que é a pinguécula ?
Pinguécula é o nome dado a uma elevação amarelada, as vezes com alguns vasos sanguíneos, localizada na mesma região do pterígeo.

Alguns cientistas, acreditam que a pinguécula seja o ínicio do pterígio. Ou seja, a pinguécula pode ser um pterígio inicial, pequeno.


http://olho.org/?cat=3&paged=2, 2011

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actualizado por MJA
29.Abr.2011


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Pinguécula

IOBH



Pinguécula é uma lesão amarelada e um pouco elevada que se forma no tecido superficial à esclera (região branca do globo ocular) próximo da córnea.

Tipicamente é encontrada na área da abertura palpebral, justamente a área exposta aos raios solares. Mais frequente em pessoas de meia idade ou idosos que se expuseram ao sol grande parte da vida, mas pode ser encontrada também em pessoas mais jovens ou mesmo crianças. É mais prevalente nos climas tropicais e possui correlação direta com a exposição aos raios ultravioletas.

Geralmente causa poucos sintomas. Quando a pinguécula se torna elevada pode causar sensação de corpo estranho. Em alguns casos a pinguécula torna-se inflamada, uma condição chamada de pingueculite. Irritação e vermelhidão ocular ocorrem após exposição ao sol, natação, vento, poeira ou condições de ressecamento.

O tratamento da pinguécula depende da severidade dos sintomas. Todos os pacientes com pinguécula beneficiam do uso de proteção solar (óculos solares). Colírios lubrificantes podem ser prescritos para alívio de sintomas leves e colírios antiinflamatórios para os casos de pingueculites mais importantes.

A remoção cirúrgica da pinguécula pode ser considerada em casos mais severos, quando há interferência com a visão, o ato de piscar ou no uso de lentes de contato.

Algumas vezes, a pinguécula pode ser uma precursora do pterígio.


 
Cirurgia de excisão de pinguecula - vídeo

 

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actualizado por MJA
22.Dez.2011


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Tracoma

Joaquim Remourinho


Lesões na conjuntiva, típicas do tracoma
Lesões na conjuntiva, típicas do tracoma


O Tracoma é uma doença nos olhos, muito contagiosa, provocada por uma bactéria (Chlamydia trachomatis), em que existe o comprometimento da córnea e da conjuntiva.

Sinónimos de tracoma:
Conjuntivite Granular; Conjuntivite Granulosa; Conjuntivite Tracomatosa; Oftalmia Egípcia.

A Bactéria provoca uma infecção intracelular, no epitélio da córnea, que leva à formação de tecido cicatricial na córnea. Nas primeiras fases da doença, a conjuntiva fica inflamada, vermelha e irritada, ao mesmo tempo que aparece uma secreção. Nas fases mais avançadas, a conjuntiva e a córnea cicatrizam, fazendo com que as pestanas se curvem para dentro e a visão diminua.

Modo de transmissão:
A transmissão ocorre por contacto directo com os olhos, nariz ou secreções bucais de indivíduos afectados, ou através de objectos, tais como toalhas, dedos, etc. que tiveram em contacto com essas secreções, levando a que as bactérias se disseminem com muita facilidade, também de um olho para o outro. Os insectos podem actuar como vectores mecânicos, em especial a mosca doméstica e a mosca Hippelates sp (lambe-olhos) de importância em algumas regiões.

As bactérias “Chlamydia trachomatis”, normalmente, estão presentes no aparelho reprodutor das mulheres com Gonorreia (doença sexualmente transmissível) e na altura do parto, os recém-nascidos são muitas vezes infectados.

Sintomas:
A bactéria tem um período de incubação entre 5 a 12 dias, depois do qual os indivíduos podem apresentar:

  • Sintomas de conjuntivite ou irritação ocular;

  • Olhos vermelhos;

  • Pálpebras inchadas;

  • Fotofobia;

  • Lacrimejamento;

  • Sensação de corpo estranho;

  • Triquíase;

  • Inchaço dos nódulos linfáticos junto aos ouvidos.


Prognóstico:
Se não for tratado a tempo com antibióticos, os sintomas poderão agravar-se e causar cegueira, em resultado da ulceração e cicatrização da Córnea. A Cirurgia também pode vir a ser necessária para corrigir as deformações das pálpebras.

Prevalência e Incidência:
O Tracoma é a principal causa mundial de cegueira. Existem 500 milhões de casos de Tracoma em todo o Mundo e 7 milhões de pessoas são cegas ou têm deficiências de visão por causa do Tracoma.

O Tracoma é das mais antigas patologias oculares que se conhecem. É nos países subdesenvolvidos e mais pobres de África, Médio Oriente e Ásia que surge o maior número de pessoas infectadas. Todos os indivíduos são susceptíveis à doença, mas as crianças até aos 10 anos reinfectam-se com maior frequência, dependendo das condições do meio.


Tratamento / Prevenção:
A doença pode ser tratada com o recurso a antibióticos (Tetraciclina, Eritromicina) e prevenida através de adequados meios de higiene e meios educativos. É importante também evitar o contacto com indivíduos infectados.

No caso dos recém-nascidos, cujas mães são portadoras de Gonorreia, a doença pode ser evitada se for aplicado nos olhos dos recém-nascidos, gotas de vitelinato de prata, tetraciclina ou eritromicina.
Se esta doença causar deformações na pálpebra, na conjuntiva ou na córnea, pode ser necessário recorrer à cirurgia.


Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/tracoma
http://decs.bvs.br/
http://www.manualmerck.net
Seeley – Anatomia e Fisiologia

fonte: http://www.patologias.net/2010/04/tracoma-3/

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15.Jan.2013
publicado por MJA