Lucimar Amaral Ezequiel

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Preciso de mais ajuda que as outras crianças. Preciso que me ensinem as
coisas, que as outras crianças simplesmente imitam, olhando para os pais.
Preciso que me ensinem a utilizar as mãos, a audição, as sensações de gosto e olfacto. Por favor, conversem comigo, pois preciso saber que vocês
estam ao meu lado.
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Avisem-me antes de me tocar ou fazer algo inesperado, pois eu não
vejo as vossas mãos estendendo-se na minha direcção.
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Sejam
sempre honestos comigo. Eu devo confiar naqueles que me
ajudam. Necessito ouvir o vosso riso, quando vocês brincam comigo, pois eu não vejo o
movimento dos vossos lábios.
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Expliquem-me o que está para acontecer. Nem sempre posso ver onde
vocês estão.
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Expliquem-me o que significam os barulhos assustadores e
segurem-me a mão para que eu ganhe confiança.
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Contem-me o que estão a fazer e o que está
a acontecer em volta. Rádio é
bom, mas conversar convosco é melhor.
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Só posso conhecer as pessoas estando junto
com elas, ouvindo-as e "ajudando-as".
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Dêem-me brinquedos, feitos de madeira,
lã e metal, não só de plástico. Amarrem-nos junto à cama para que eu não os perca. Prefiro brincar com
brinquedos sólidos que posso mastigar, mas não muito pequenos, pois eu posso engoli-los.
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Digam-me como isso se chama; o que é molhado; o que é macio; o que emite
sons agradáveis etc...
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Preciso de brincar não só com brinquedos, mas também com os objectos verdadeiros, pois preciso
de saber como eles são. É possível que eu goste
deles mais do que de outros brinquedos.
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Deixem-me "ajudar" na cozinha. Aprenderei muito usando os dedos
e o olfacto. Não se esqueçam de virar as pegas das panelas e frigideiras
para o lado e tomar outras precauções (fogão, por exemplo) pois eu não vejo o
perigo.
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À medida que eu cresço, tenho de conhecer o mundo grande. Deixem-me apalpar o
maior número possível de objectos do mundo exterior (legumes, frutas, folhas
etc...).
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Quando vocês brincam comigo, chamem-me até que eu vos encontre.
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Façam as coisas segurando-me na mão, pois eu não posso aprender a fazê-las olhando para vocês.
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Ensinem-me despir-me e a vestir-me sozinho.
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Ajudem-me a aprender a
lavar os dentes, a lavar-me e a enxugar-me.
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"Mostrem-me" o que há
à minha volta: as mesas, as estantes, o tecto, a
porta, os móveis. Se mudarem a localização dos móveis, avisem-me antes.
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Treinem-me a andar pela escada, mas fiquem atentos para que
ela tenha
corrimão.
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Levem-me para brincar na rua, esteja o tempo que estiver. Por favor, não me
tapem os ouvidos com gorros, pois eles são indispensáveis para me orientar.
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Sou igual às outras crianças e gosto de brincar com os outros. Não
se preocupem se eu arranjar alguns galos.
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Deixem-me ajudar a trocar as fraldas do bebé. É menino ou menina? E eu,
sou menino ou menina? É importante que eu saiba a diferença.
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Se eu
tenho de usar óculos, cuidem para que eu os use conforme a prescrição do médico.
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Se além de mim, na família,
há outros que usam óculos, cuidem para que eu use os meus próprios e os reconheça
sempre .
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Se os óculos me são indispensáveis, cuidem para que haja
sempre um par de
reserva.
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Se as lentes dos meus óculos são redondas, cuidem para que elas não girem.
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Verifiquem se eles são confortáveis, talvez sejam pequenos.
Cuidem para que as hastes se encaixem bem nas orelhas e que os óculos não
deslizem.
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Quando os óculos são tirados, verifiquem se eles estão colocados com as
lentes para cima, senão podem riscar-se ou quebrar-se.
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As lentes sujas provocam tensão na visão; mantenham-nas limpas. Na
limpeza, usem um material que evite que elas se risquem (as lentes de
plástico são mais seguras, mas riscam-se mais facilmente)
FIM
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Excerto adaptado de
"Formas
de trabalho do tiflopedagogo com pais e familiares de pré-escolares com
Deficiência Visual
anexo A: Conselhos que uma criança deficiente visual daria aos pais, se
perguntada"
autora: Lucimar Amaral Ezequiel
in
"Do Sentido... Pelos sentidos... Para os sentidos"
Org. Elcie Mazini -
pp 96 e 97
Δ
5.Nov.2007
publicado
por
MJA
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