assinatura de António Feliciano de Castilho
|1800-1875
Assinar o seu próprio nome
é um acto de emancipação.
Muitas vezes uma pessoa cega, por não saber assinar o seu nome e usar a impressão
digital, é confundida ou passa a imagem de uma pessoa analfabeta. Assinar seu próprio nome é um ato de emancipação. Ao assinar um diploma, a carteira de identidade, a
carteira profissional, documentos, título eleitoral e até cheques, a pessoa cega adquire sentimentos de auto-realização, de independência e de responsabilidade. E não
assinar traz o desconforto da menos valia e acentua a desigualdade.
Para que esta situação não se instale, é preciso não esquecer de inserir no currículo dos alunos portadores de deficiência visual, o ensino da escrita cursiva como também
é de suma importância o ensino da datilografia comum.
A assinatura é um dos meios facilitadores para romper as barreiras do preconceito e informar a sociedade que o portador de deficiência visual também é um cidadão que,
através de um gesto
consciente, característico e pessoal, pode deixar marcada sua identidade nos documentos.
As pessoas cegas que não tiverem oportunidade de aprender a escrita cursiva durante a sua formação básica, têm dificuldades em aceitar ou em compreender a importância
desse ato, não manifestando interesse pelo seu aprendizado e cabe a nós mostrar-lhes o quão importante é assinar o seu próprio nome para diminuir uma possível imagem
negativa em relação ao deficiente visual.
Não há técnica específica e única para um professor ensinar escrita cursiva, esta atividade vai do bom senso e da intuição do professor. Aqui seguem algumas sugestões
para desenvolvermos este trabalho:
1 - Observar se o aluno já tem bem trabalhado o seu esquema corporal e, principalmente, se é capaz de dissociar movimentos de pulso, cotovelos e ombros;
2 - Observar se a coordenação motora fina esta bem desenvolvida;
3 - Observar a orientação espacial;
4 - Observar a formação de conceitos quanto à linhas retas, quadradas, inclinadas, ângulos, curvas e sinuosas;
5 - Observar a memória tátil e sinestésica.
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Observação: O braille é linear tanto na leitura quanto na escrita; os movimentos são retos; os símbolos estanques e, por isso, se torna um pouco mais trabalhoso passar as noções de
movimentos circulares, ondulares e unidos, tais como se apresentam na escrita cursiva.
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Etapas do Trabalho: ― Apontando com o dedo indicador, fazer movimentos circulares no espaço livre.
― Fazer os mesmos movimentos na parede. ― Usar as duas mãos neste momento, sendo que a esquerda fica na parede marcando o limite.
― Trabalhar a seqüência das linhas: - Reta;
- Quebrada;
- Quebrada Inclinada (ziguezague);
- Sinuosa; - Ondulares (semicírculos);
- Laço (idéia do "L").
6 - Com isopor e elástico, mostrar o movimento das letras tanto no espaço vertical quanto no horizontal e pedir que o aluno reproduza no isopor. Se necessário, usar o seu
próprio corpo para que sinta o movimento das letras. As sensações cutâneas retêm com mais rapidez, facilidade e globalidade as formas marcadas. Pode-se usar o rosto,
pois, através das linhas do rosto encontramos formas de mostrar as letras (como exemplo, o livro de Maria da Glória Beutenmuller, "Das Linhas do Rosto as Letras do
Alfabeto").
7 - Trabalhar na tábua emborrachada e porosa com um punção de ponta grossa, tampa de caneta e papel plastificado ou celofane, para obtermos o efeito de relevo.
8 - Por último, lápis, caneta e papel com o guia-mão.
Dependendo do aluno, este processo levará de um a três meses ou mais.
FIM
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Ethel Rosenfeld é professora especializada na educação de pessoas com deficiência visual. Para a produção deste artigo colaborou com Celina B. M. Campos, professora especilizada em deficiência visual.
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7.Jan.2013
publicado
por
MJA
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