- algumas exclusivas, outras, não -

Funções:
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Ler rótulos de alimentos;
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Encontrar coisas caídas pelo chão;
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Ler códigos QR;
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Checar data de validade de produtos (tem que ter pacieeeeenciiiiia! e nem
sempre rola);
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Ter uma ideia do que trata aquele envelope estranho na caixa de correio;
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Saber o que está fotografando;
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Saber se a fotografia ficou boa ou não, quantas pessoas foram fotografadas,
qualidade da luz, etc;
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Garantir que você não fez um carnaval na cara antes de sair de casa;
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Whatsapp;
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Usar a tela para escrever em braille, para aumentar a produtividade e fazer
inclusão de verdade;
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Ouvir o seu livro favorito enquanto...
escova os dentes / toma banho / tenta dormir / tenta não dormir;
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Praticar meditação guiada;
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Praticar meditação não guiada;
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Colocar um livro de receitas para fácil consulta e fácil inserção de novas
receitas;
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Usar o timer para não queimar essa mesma receita;
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Lembretes de localização - para uma pessoa esquecida como eu, é indispensável;
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Para saber em que rua está e para que rua está indo;
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GPS, traçar rotas;
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Para saber o que tem ao seu redor, muitas vezes, literalmente, na sua cara, só
que, como você não enxerga, dificilmente saberia sem um olho amigo, o que nem
sempre está disponível;
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Ler matéria da escola / faculdade;
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Fazer pesquisas no Google;
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Certificar-se de que suas roupas estão combinando (alguns têm mais dificuldade
com isso que outras pessoas);
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Saber se está pondo na sua máquina de lavar roupa amaciador ou desinfetante;
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Ler os botões da sua máquina (nem sempre rola, mas é possível), etc, etc,
etc...
⁂⁂
Aí você menciona para uma pessoa supostamente ligada à questão da deficiência
visual que o celular é um item indispensável de acessibilidade, ela te dá um
risinho sarcástico e diz: de lazer, né?
O problema não é você não saber; é você achar que sabe e não querer aprender.
Não dá, eu disse. Não dá... Para você saber sobre deficiência - sem ouvir e conviver
com o próprio deficiente.
Se eu digo que o celular é um item de acessibilidade indispensável, minha
palavra tem peso. Porque eu sou cega 24 horas por dia e empenho a minha vida na
busca de soluções de acessibilidade e qualidade de vida, afinal, simplesmente
não tenho outra escolha. Não é o meu trabalho; é a minha existência. Eu sou obrigada
a isso.
Esse pessoal formado em curso de pós graduação semanal, que sai achando que
manja tudo de deficientes, tendo tido basicamente aula teórica, é complicado,
porque confunde titulação com vida prática. Se eles tivessem de conhecimento e
humildade o que têm de arrogância, certamente a inclusão não seria um sonho, mas
uma realidade consolidada.
O problema é que, muitas vezes, são pessoas com esse conhecimento pífio que
orientam familiares de portadores de deficiência.
Δ
7.Abr.2016
publicado
por
MJA
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