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Crianças cegas
exploram tactilmente um elefante
A leitura de mapas tácteis, como é para ser compreendida símbolo por símbolo,
necessita de ser introduzida de modo gradual, considerando factores como: idade do aluno,
idade que tinha quando cegou e a visão residual.
A mão é o órgão sensitivo que determina, por si próprio, a ordem dos estímulos.
A pele, sobretudo a pele dos dedos, encerra nas camadas superficiais cargas eléctricas
estáticas que possibilitam a percepção táctil. Este fenómeno é mais evidente nos
dedos indicador e polegar, que, por isso, se chamam receptores.
Não existem diferenças na capacidade táctil dependentes da idade ou de diferenças
de sexo. Estas conclusões resultaram de observações cirúrgicas. O estudo do sentido do
tacto permitiu concluir que é possível diferenciar relevos de 7 a 8 microns com a ponta
dos dedos.
O leitor táctil pode interpretar o mapa de maneira diferente sempre que o explora. Os
símbolos, num mapa, podem aparecer em diferentes ordens sequenciais, dependentes da ordem
em que são apercebidos pela mão.
O leitor táctil tem de explorar os mapas em movimentos sucessivos, analisando cada
percepção e combinando-a com as anteriores.
A história dos 6 homens cegos e do elefante ilustra com clareza este problema:
Como
conta a velha fábula indiana, seis homens cegos que viviam na Índia, tinham ouvido
falar, muitas vezes, de elefantes, mas nunca tinham visto nenhum. Um dia, encontraram um
elefante num recinto e cada um dos homens lhe tocou. O 1º tacteou o elefante de lado e
concluiu que um elefante deveria ser muito parecido com uma parede; o 2º tacteou-o no
dente e concluiu que seria como uma lança; o 3º pegou-lhe na tromba e pensou que um
elefante seria muito parecido com uma cobra; o 4º tocou-lhe numa perna e concluiu que
seria como uma árvore; o 5º achou a orelha larga e achatada parecida com um leque; e o
6º mediu a cauda e teve a certeza de que um elefante era como uma corda. Só ao juntarem
todas estas impressões conseguiram descobrir o que é realmente um elefante.
Ao ler visualmente um mapa, o leitor pode alterar o tamanho dos elementos, aproximando
o mapa dos olhos. Pelo tacto, tal ajustamento não é possível . Não há nenhum meio
comparável à lupa para se melhorar o sentido do tacto.
O tamanho de um mapa táctil e dos símbolos que o compõem são da maior importância
na leitura do mesmo.
A utilização da informação redundante facilita a discriminação. Utilizando a
redundância poder-se-á reduzir substancialmente o tamanho dos mapas tácteis e/ou
aumentar a quantidade de informações; isto, porque diferenças mais pequenas entre
estímulos tornar-se-ão mais fáceis de discriminar.
Uma pesquisa preliminar de todo o mapa parece melhorar significativamente a
compreensão do mapa, espécie, número e localização dos símbolos, e a forma das
áreas limitadas. Esta informação estabelece um ponto de referência informal e parece
facilitar uma subsequente compreensão.
Uma leitura bem conseguida requer que o observador explore a informação com a ponta
dos dedos para adquirir a informação seriada e codificá-la de maneira a construir
mentalmente um mapa cognitivo organizado.
O primeiro passo para uma leitura táctil eficiente é a orientação de um mapa. Os
estudantes devem treinar-se para pesquisar pontos referenciais. Um título, uma legenda,
os pontos cardeais ou mesmo o sentido das letras tácteis e dos números, podem ser todos
eles pontos de referência na orientação do mapa.
Uma pesquisa vertical num mapa, usando as duas mãos simuntaneamente,
foi reconhecida como a melhor técnica. Muitos estudantes cegos têm tendência para
pesquisar um mapa táctil horizontalmente, porque é o método usado para ler com os
dedos. Contudo, uma pesquisa horizontal, usando três dedos de cada mão, fornece seis
imagens idênticas na mesma faixa horizontal do mapa. A pesquisa horizontal fornece um
campo de percepção muito restrito.
Uma pesquisa vertical, com os mesmos seis dedos, alarga consideravelmente o campo de
percepção, porque cada um dos seis dedos vê uma faixa vertical separada do mapa. São
necessárias menos deslocações verticais para pesquisar a mesma área.
Conceitos geográficos
Para que um programa de treino na leitura de mapas tácteis tenha sucesso, deverá
incluir conceitos geográficos.
Estudos feitos por Berla e Butterfield, em 1975, mostram que a tarefa mais difícil
para as crianças cegas, é associar a representação num mapa com a realidade. Eles
sugeriram que o programa de treino inicial, para o estudo do conceito "mapa",
começasse com o estudo do meio circundante, tal como sala de aula, edifício escolar,
etc.
A complexidade do mapa e o esforço físico que ele representa, deverão ser
gradualmente aumentados à medida que a criança for tomando conhecimento concreto acerca
do meio que a rodeia e da representação, no mapa, desse mesmo meio. Seguidamente,
devemos mostrar à criança como se localizar e orientar dentro desse meio que a rodeia.
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MJA
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