
O aluno Deficiente Visual pode e deve
participar das aulas de Educação Artística de muitas formas diferentes.
A aula de Artes é essencialmente importante,
por ser um modo através do qual ele pode expressar seus sentimentos e sua
percepção do mundo. Ela pode ajudá-lo na formação dos conceitos e das
imagens mentais das coisas que ele não vê, no desenvolvimento da sua
criatividade e senso estético.
É também nesta aula, que ele pode trabalhar,
mais especificamente, com a coordenação motora fina e com a mobilidade dos
seus dedos e mãos, muito necessários para ele, mas pouco trabalhados devido
aos movimentos contínuos e rígidos da escrita Braille. Ele vai precisar dessa
mobilidade para aprender a assinar seu nome e para perceber melhor, pelo tacto,
os objectos.
Outro aspecto que pode ser trabalhado na Educação
Artística é a exploração de diferentes relevos, formas e texturas, o que lhe
é agradável e importante para o aprimoramento das suas capacidades perceptivas
e organização mental dos objectos do mundo.
Encontra-se, a seguir, uma lista de
actividades, que o professor poderá usar como ponto de partida ou referência
para o trabalho com seu aluno DV, mas que, certamente, será ampliada através
do seu conteúdo e experiência próprias e da intenção com a pessoa com a
qual ele pretende, especialmente, trabalhar.
-
colagem como por exemplo,
bolinhas de papel que ele mesmo amassa, forma já cortadas em
isopor, cartolina, papel camurça, etc (você pode contornar
um desenho com barbante para que ele preencha os espaços). [Obs.:
para o aluno DV é muito difícil cortar com tesoura, por ser
uma actividade que depende muito da visão, por isso as formas
devem vir cortadas.]
-
enfiagem.
-
pintura com giz de cera em espaços
delimitados com barbante (* você cola barbante ou "fio
urso" no contorno do desenho, que deve ter formas simples
para ser mais facilmente percebido pelo aluno). [ Obs.: muitos
detalhes e figuras complexas são de difícil percepção pelo
acto. Na dúvida, feche seus olhos e tateie o desenho que você
fez, para ter noção do grau de dificuldade, e consulte o seu
aluno.]
-
trabalhos com massa de modelar, argila ou
barro.
-
construção com toquinhos de madeira (o
aluno vai colando um no outro).
-
construção com toquinhos, raspas de
madeira e serragem sobre uma base de papelão.
-
construção de formas ou figuras humanas
com material de sucata, por exemplo: rolos de papel higiênico
para montar um palhaço, cujo olho, boca, chapéu, etc., você
já entrega cortado para que ele cole.
-
actividades para trabalhar com o esquema
corporal, por exemplo: contornar partes do corpo no papel (mão,
pé), confeccionar um boneco, em tamanho natural, com meias
finas, enchendo as meias com bolas de jornal amassado,
moldando a forma das pernas e quadril numa, noutra o tórax e
braços e numa outra a cabeça; vesti-lo com roupas velhas.
-
pintura a dedo com tinta guache ( você
pode trabalhar as cores com ele, ensinando com o que se
relaciona cada cor, qual o contraste, a combinação, etc., até
para ajudá-lo na escolha do seu vestuário.
-
mosaico com pedaços de tecido de texturas
diferentes.
-
colagem com flores, folhas e galhos secos.
-
explorar uma flor natural, mostrando parte
por parte e, depois, trabalhar, com colagem, a reprodução de
uma flor no papel.
-
confeccionar objectos de formas diversas,
com material variado, por exemplo, porta-copos, quadrinhos,
etc.
-
contornar o desenho de um peixe (ou índio,
bandeira nacional, etc) com fio, dar as escamas cortadas em
papel para que eles colem, explicando cada parte do peixe.
-
fazer esculturas com colagem de bolas de
papel de tamanhos diversos.
-
desenhar com giz de cera sobre uma folha de
papel oficio colocada sobre uma prancheta de madeira encapada
com tela de mosquiteiro (o que dá um certo relevo - perceptível
ao tacto - ao que ele desenhou).
O material que pode ser usado é muito rico; o
professor deve, antes de iniciar a actividade proposta, explorá-lo
bem com seu aluno, enfatizando a riqueza de detalhes, formas,
texturas, cores (para os que vêem cores), beleza. Para o aluno
cego, a textura é a "cor" do objecto, pois as diferenças
percebidas pelo tacto fazem um paralelo com as nuances de cor que a
lhe proporcionaria, por isso a textura pode ser ricamente
explorada nos trabalhos com DV.
Se o aluno tem algum resíduo visual, ponha-lhe
as suas dúvidas sobre como encaminhar melhor as actividades. Isso
é válido também para o aluno cego: juntos, você e seus alunos,
podem descobrir mil maneiras de trabalhar durante as aulas.
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Δ
publicado
por
MJA
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