-
-
-
índice
-
-
-
PRÓLOGO
A ideia de criar uma brochura sobre a criança com baixa
visão, surgiu do trabalho conjunto da equipa da Consulta de Baixa
Visão do Hospital Pediátrico de Coimbra.
Assim, esta brochura tem como objetivo partilhar algumas estraté
gias para a estimulação da visão funcional da criança com baixa
visão, nos seus primeiros anos de vida (dos 0-6 anos). É importante
ressalvar que as estratégias aqui apresentadas são apenas ideias e
pontos de partida e que devem ser utilizadas com conta, peso e
medida. Procurámos que estas estratégias se encaixassem no dia-adia
de uma criança, de forma a que façam efetivamente parte
integrante da sua vida e dos seus ambientes diários.
Para completar estas estratégias, na parte inicial desta brochura
constam algumas informações sobre a perspetiva clinica da baixa
visão, bem como algumas informações gerais sobre o desenvolvimento
da criança com baixa visão nos primeiros anos de vida.
Aproveitamos ainda a oportunidade para agradecer a todos os
pais e profissionais que, ao longo do tempo, também têm contribuí
do com as suas ideias e materiais para a promoção do desenvolvimento
e estimulação da visão funcional de crianças com baixa
visão. Agradecemos, igualmente, aos pais que contribuíram diretamente
para esta brochura, autorizando a exposição das fotografias
das suas crianças.
Segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS) uma pessoa apresenta
Baixa Visão quando existe
uma acuidade visual inferior a 3/10
ou uma restrição do campo visual
inferior a 10º (após tratamento e/ou
utilização da melhor correção
refrativa).
A baixa visão pode ser congénita (estar presente ao nascimento)
ou adquirida mais tarde durante a vida. Desta forma, qualquer
patologia ou lesão que afete desde a parte mais anterior do globo
ocular (córnea), passando pelas suas estruturas intra-oculares, até à
retina, nervo ótico e sistema nervoso central pode culminar numa
baixa visão.
A incapacidade de adquirir novas informações visuais, conduz a
uma falta de estímulos, levando o sistema visual a permanecer subdesenvolvido.
O desenvolvimento do sistema visual destas crianças não se produz
da mesma forma espontânea e intuitiva que acontece numa crian
ça sem problemas oftalmológicos. No entanto, estas crianças
devem ser estimuladas a adquirir estas competências visuais o mais
precocemente possível, para que “aprendam a ver” e possam rentabilizar
o seu potencial visual, que apesar de limitado deve ser
maximizado.
Para dar resposta às necessidades destas crianças foi criada a consulta
de Baixa Visão do Hospital Pediátrico. Esta consiste numa cooperação
entre especialidades e sub-especialidades médicas e
engloba uma equipa multidisciplinar abrangente que inclui um
oftalmologista pediátrico, pediatra do desenvolvimento e fisiatra
especialista em reabilitação pediátrica, técnico de ortóptica, professor
de educação especial (domínio da visão), psicólogos, terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta e assistente social.
O objetivo do trabalho desta equipa é a avaliação das dificuldades
visuais da criança e, principalmente, a sua repercussão no dia-a-dia
e desenvolvimento global, oferecendo estratégias de apoio, coordenação
com escolas e jardins-de-infância e recursos para ultrapassar
as barreiras do défice visual destas crianças. Para isto, esta
consulta conta ainda com parcerias com estruturas oficiais como o
Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual
(CAIPDV) e Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal
(ACAPO).
O exame oftalmológico é um passo
importante para perceber o potencial
visual das crianças e a forma
como utilizam a visão para ultrapassar
as suas limitações. Utilizando
escalas adaptadas à idade e ao
grau de défice visual, quantifica-se a acuidade visual. Procede-se
seguidamente à correção refrativa mais adequada, com atenção
à necessidade de introdução de alguns tipos específicos de lentes e
filtros para otimizar a acuidade visual.
Posteriormente, com recurso
aos restantes passos do exame oftalmológico e exames complementares
de diagnóstico é possível elaborar um diagnóstico e classificar
o tipo de deficiência visual.
-
responder às principais dificuldades demonstradas pela criança, pais,
professores e educadores;
-
questionar o desempenho da criança nas tarefas do dia-a-dia, na aquisição de
competências, na capacidade de orientação e nas relações interpessoais
-
avaliar a necessidade de utilização de auxiliares de visão quer em casa quer
na escola, bem como de adaptação de materiais e brinquedos.
Assim, na posse destas informações, são testados os auxiliares de
visão que melhor se adequem a cada situação particular, tendo
em conta a idade e nível de desenvolvimento de cada criança.
Finalmente realizam-se sessões de treino da sua utilização e posterior
prescrição.
O impacto da deficiência visual
(congénita ou adquirida) sobre
o desenvolvimento varia muito
entre os indivíduos, dependendo
da idade em que ocorre, do
grau de severidade, etc. Quando
a deficiência visual acontece
na infância, pode trazer prejuízos
ao desenvolvimento, com repercussões educacionais, emocionais
e sociais, que podem perdurar ao longo de toda a vida,
se não houver uma intervenção adequada, o mais cedo possível,
e em articulação com família e os diversos profissionais.
0—2 Anos Palavras-chaves: Segurança | Confiança
Nesta fase a criança aprende a utilizar os
seus sentidos, o que permite o desenvolvimento
de várias competências (por ex.,
levanta a
cabeça,
mantém a
cabeça direita, gatinha, mantém-se
de pé, cai, anda), e adquire também
ritmos de sono e de alimentação. A visão é o sentido que maior
informação fornece à criança, sendo
por isso fundamental para este processo de aprendizagem.
Num grande número de patologias visuais, é a visão à distância
que está afetada. Nestes casos, o efeito da deficiência visual é
menos marcado enquanto o mundo da criança for restrito – limitado
pelo berço e pelo parque. No entanto, em breve, a distância
começa a ter um papel mais importante: o pai que entra na
sala, um brinquedo que está um pouco mais longe…Quando a
visão de uma criança é limitada, o ambiente é menos convidativo:
não consegue ver o sorriso da sua mãe, não tem prazer com
o móbile pendurado no berço e não rasteja/gatinha até ao copo
que está em cima da mesa (Gringhuis, 2002).
O bebé comunica
olhando, fixando e
através da linguagem
corporal.
Aprender a antecipar o que vai acontecer é mais difícil para uma
criança com DV: a mãe pegou na carteira, quer dizer que vai sair.
Se a criança não consegue ver esta relação entre ações, do seu
ponto de vista, a mãe simplesmente desapareceu de repente, o
que será uma experiência assustadora Gringhuis, 2002).
3 tarefas principais:
-
Expandir a linguagem;
-
Refinar competências motoras;
-
Controlo dos esfíncteres.
Quando as crianças começam a andar e a movimentar-se pela
casa, o seu conhecimento geral e a compreensão da relação entre
as coisas cresce rapidamente.
Nas crianças com DV, estes conceitos
são adquiridos de uma
forma muito menos automática.
Imitar comportamentos pode
ser muito difícil se a distância
não permitir que a criança veja
com clareza e detalhe
(Gringhuis, 2002).
Uma criança com deficiência visual não consegue perceber uma
situação na sua totalidade apenas com um olhar ou num relance.
Em muitos casos, o ambiente é percebido de forma fragmentada.
À medida que o mundo da criança se vai expandindo,
a função organizativa do sentido da visão
torna-se cada vez mais importante.
Assim, ensinar a criança a aprender a ver requer uma atenção
extra dos adultos que estão à sua volta. Não é simplesmente uma
questão de preencher a informação visual que está em falta (por
ex., o chapéu de chuva da mamã está num saco e tem um botão
onde se carrega quando o queremos abrir), mas também, e primariamente,
tornar esta informação compreensível e passível de permitir
o estabelecimento de relações (por ex., a mamã está a pegar
no chapéu de chuva porque está a chover lá fora). Particularmente
quando a criança está a formar imagens de objetos e acontecimentos,
pode ser muito importante, no caso das crianças com deficiência
visual, testar as suas “representações” perante a realidade:
quão completa é a imagem mental que a criança tem, como elaborou
os seus conceitos, a criança compreende a função de um
objeto, etc. Esta informação fica mais disponível à medida que a
criança vai representando o que vê (Bals, et al., 2002).
Descobrir que a criança tem deficiência visual é sempre um
momento difícil. Seja esta notícia recebida à nascença ou algum
tempo depois, sentimentos como choque, angústia, raiva, ressentimento
e confusão passam pela mente dos pais… e aquilo que sentem
nesse momento é o que outros pais já sentiram nas mesmas circunstâncias!
Mas à medida que o tempo passa e os pais conhecem
o seu bebé, começam a desenvolver sentimentos mais positivos e a
encantarem-se pelo seu filho. Apesar de continuarem a existir
momentos de tristeza e raiva, os pais aprendem a apreciar os
momentos felizes com a sua criança.
“… esta notícia não foi recebida da melhor forma, o mundo
que idealizáramos enquanto pais desmoronava-se, depois da
revolta e da incompreensão, surgiram as preocupações e a
principal questão “o que vamos fazer agora?”,
pais da A. I.
“…como sendo este o nosso primeiro filho, a notícia não foi
fácil de aceitar, mas com o tempo aprendemos a lidar com
ela.”
pais do J. L.
Os pais referem que sentem uma necessidade inexplicável de
perceber a razão para tal ter acontecido. Quando um momento
doloroso acontece, sentem que este poderá ser atenuado se
perceberem porque é que aconteceu, qual a razão.
No entanto, o processo de luto e de recuperação é muito pessoal.
Cada pai tem as suas próprias forças e fraquezas que ajudarão
a enfrentar os momentos difíceis e cada um tem o seu modo
de expressar os sentimentos.
Os desafios sucedem-se ao longo dos anos e estes momentos
levantam sentimentos de muita angústia e insegurança. Os pais
questionam-se com o futuro e com a segurança dos seus filhos
em novos espaços e em novos contextos e questionam-se se as
pessoas, até à data desconhecidas, conseguirão cuidar dos
seus filhos.
“…Chegada a hora da entrada da A. para o infantário, o nervosismo aumenta pois a
insegurança de a deixar com pessoas que ela não conhece, que nunca trabalharam
com crianças com a mesma problemática, deixou-nos muito apreensivos e aumentaram
as questões: como iria ser acolhida, ir-se-ia adaptar, como iriam reagir as
outras crianças?” pais da A. I.
E a incerteza de como a sociedade os irá acolher assombra…
“ O que esperamos é que a nossa sociedade proporcione à
nossa filha uma maior autonomia, que facilite a sua integração,
que esta não seja olhada de lado e que acima de tudo não
seja rejeitada.”,
pais da A. I.
Mas como uns pais disseram:
“O futuro é isso mesmo, disseram à altura: uma incógnita que
ninguém pode antecipar com total rigor.”
pais do F. C.
“ O que esperamos é que a nossa sociedade proporcione à
nossa filha uma maior autonomia, que facilite a sua integração,
que esta não seja olhada de lado e que acima de tudo não
seja rejeitada.”,
pais da A. I.
O importante é estimular a criança desde muito cedo e cada
um arranja as suas estratégias...
“Procuramos adquirir sempre brinquedos com altos contrastes
( branco, preto e vermelho) brinquedos estes, com sons e texturas
diferentes… Iluminação com vários tipos de luzes coloridas
de todos os locais da casa, onde o J. costumava estar. A primeira
coisa que começou a despertar interesse visual no J. foram os
desenhos animados do POCOYO, pois tem um fundo branco e
as personagens são coloridas, com cores fortes. “
pais do J. M.
“Atualmente a A. é uma criança feliz, bem disposta, com um
desenvolvimento em vários parâmetros acima da média, na
realidade uma criança igual a tantas outras, com uma limita
ção visual mas que tem realizado o seu percurso.”
pais da A. I.
No fim, estes filhos passam também pelos mesmos desafios de
outros filhos e existem sempre momentos positivos e felizes que
não se podem relativizar…
“O S. fez-nos" crescer" enquanto pessoas, ensinou-nos a ver a
vida doutra forma, com ele aprendemos a relativizar, com ele,
aprendemos a valorizar, coisas que serão insignificantes ao mais
comum dos mortais, mas que para nós, são conquistas tão
importantes, como se estivéssemos nos jogos olímpicos, e conseguíssemos
a medalha de ouro… Essa forma de ver as coisas, dá-
nos alento para continuarmos, a enfrentar tudo com um sorriso
nos lábios.”,
pais do S. R.
“A vida tem-lhe pregado muitas partidas mas o J. sempre soube
lidar com as situações da vida com um enorme sorriso, e
com ele aprendemos a valorizar mais as pequenas coisas que
a vida tem. “
pais do J. L.
O dia-a-dia com mais cor!
O ser humano já nasce programado para ver, mas, uma vez que o
sistema visual é imaturo à nascença, este vai sendo desenvolvido
pela oportunidade de obter experiências visuais (Bruno, 1992).
Os bebés que apresentam alterações visuais, sejam elas do aparelho
ocular, das vias óticas, provenientes de alterações neurológicas,
ou de falta de estimulação ambiental grave, irão necessitar de estí
mulos extra, e muita motivação, para o desenvolvimento da consciência
visual, que lhes desperte o desejo de ver tudo o que o
rodeia (Bruno, 1992).
Torna-se assim importante proporcionar à criança com baixa visão
um ambiente visualmente estimulante, colocando à sua volta estí
mulos visuais com características que a motivem a olhar, nomeadamente
brinquedos com luz, brilhos, com contraste preto e branco e
de cores fortes.
LUZ

Num ambiente escurecido, o estímulo luminoso fica mais potenciado.
Desta forma, uma criança com um comprometimento visual,
poderá reagir positivamente ao mesmo, uma vez que este é o estímulo visual mais básico.
Criar um ambiente visualmente estimulante, através da luz, é uma
tarefa fácil e que de uma forma criativa pode resultar num ambiente
agradável. Utilize mangueiras de luz, luzes de natal, bolas espelhadas,
espelhos com luz incidida, cubos, bolas e ventoinhas com
luz… já existem inúmeras possibilidades no mercado. Use a sua criatividade!
Nota: Considere as devidas questões de segurança.
As grinaldas de luz colocadas
junto a um espelho produzem,
também, um efeito visual bastante
atrativo.
Esteja atento às reações da
sua criança: franze o olho,
parece ficar mais atenta, dirige
o olhar, fixa?
BRILHOS

Materiais com brilho (fitas de natal, bolas de natal, bolas de espelho,
tecidos com lantejoulas e/ou com brilhos) são ótimos recursos
para estimular a visão da sua criança.
Para potenciar o efeito visual dos brilhos, incida uma lanterna sobre
os materiais, em ambiente escurecido.
Pode igualmente utilizá-
los em ambiente com luz natural.
Aproveite estes materiais para
estimular o olhar da sua criança.
ALTOS CONTRASTES/PADRÕES
Os recém-nascidos preferem padrões
de alto contraste como o preto e branco,
cinza-preto, padrões de riscas, círculos,
figuras simples e, só posteriormente,
preferem figuras de padrões complexos.
Este tipo de tapete será uma fonte de
interesse para o seu bebé.
Esta capa de biberão
com alto contraste proporcionará ao seu bebé um
estímulo visualmente interessante para onde olhar no
momento de beber o leite.
Além dos tapetes existem
brinquedos no mercado
que têm padrões de alto
contraste, nomeadamente
os dálmatas, pinguins,
pandas, zebras e o que a
sua imaginação ditar.
CORES FORTES
O interesse visual por cores fortes e contrastantes é maior à medida
que a criança cresce. Providencie brinquedos coloridos para a sua
criança, nomeadamente os que têm vermelho, amarelo, azul, privilegiando
as cores fortes em detrimento das cores mais suaves. Não
negligencie as restantes características do material: funções, texturas,
etc., essenciais à aquisição de outras aprendizagens promotoras
do desenvolvimento global.
Estes protetores de cama de grades têm as características que proporcionam
ao bebé um ambiente visualmente estimulante. É importante
que estas características estejam presentes nos vários sítios
onde o bebé esteja, por exemplo, o carrinho de passeio, a cadeira
do automóvel, o muda-fraldas, a cadeira de alimentação, etc.
0 - 1 ANO
Independentemente do tipo de estimulo visual utilizado não nos
podemos esquecer, que não há nada mais interessante e gratificante
para motivar o bebé a ver, do que… o rosto da mamã e do
papá!
Optem por utilizar maquilhagem, roupas coloridas, contrastantes,
estímulos importantes que promovam a atenção visual do bebé.
Aproximem-se bem perto do vosso bebé e falem-lhe baixinho e carinhosamente,
como se lhe estivessem a contar uma pequena histó
ria, para que ele possa dirigir o olhar para vocês.
Durante o primeiro ano de vida do bebé, este vai tendo um crescente
interesse visual pelo mundo que o rodeia, bem como pelos
objetos. Desta forma, utilize diversos objetos/brinquedos que integrem
diferentes características (visuais, auditivas e táteis) e coloqueos
à disposição da sua criança, tanto no ambiente mais imediato, como alargado.
À medida que o seu bebé cresce, incentive-o a explorar de uma
forma mais funcional os objetos, como: agarrar, abanar, atirar,
puxar, colocar objetos dentro de recipientes, esvaziar, encaixar.
Promova, também, o interesse pelo seu reflexo no espelho e por
imagens, nomeadamente livros com ilustrações simples e programas
infantis de televisão (ex.: pocoyo, teletubbies, babytv, etc.).
1 - 2 ANOS
No final do primeiro ano, devido à independência
adquirida pela marcha, os objetos
são procurados mesmo fora do alcance
visual do bebé, sendo consolidada a noção
de objeto.
Desenvolva atividades que incentivem o
bebé a procurar objetos distantes como
bolas, carros e/ou outros brinquedos da sua preferência.
Nesta fase, as crianças são grandes imitadoras do adulto, aproveite
esta característica para incentivar a sua criança a reproduzir gestos,
comportamentos, apontar partes do corpo. Para tornar estes
momentos mais divertidos, escolha algumas músicas com gestos,
por exemplo “a pitinha põe o ovo”, “doidas andam as galinhas”...
É neste período que as crianças começam a reconhecer imagens
familiares. Aproveite as fotografias que têm espalhadas pela casa e
explore-as com a criança. Depois, peça à criança que aponte para
um elemento específico (pai, mãe, avó, bebé). Providencie, também,
livros adequados à faixa etária da criança para iniciar o reconhecimento
de outras imagens familiares (sapato, copo, colher,
prato, bola). Escolha livros com folhas de cartão grossas, uma imagem
real por página e com bom contraste.
Nesta idade as crianças fazem as suas primeiras obras de arte. Promova
este tipo de atividades, fundamentais para as futuras competências
de grafismo, em locais e momentos apropriados.
2 - 3 ANOS
A partir desta altura, as competências visuais integram-se nas aquisições
de todas as áreas do desenvolvimento, dada a função integradora
do sentido da visão.
Entre os dois e os três anos, as crianças já têm mais intencionalidade
na exploração das imagens. Nesta fase já são capazes de reconhecer
várias imagens de objetos do seu dia-a-dia, bem como imagens
de ações simples e figuras geométricas básicas. Desta forma, explore
com a criança livros, de preferência com imagens simples e com
bom contraste.
A competência óculo-manual é a capacidade de conjugar corretamente
o olhar com o movimento dos braços e mãos. Incentive a
criança a desenvolver esta competência através de vários jogos:
torre de cubos, martelar, fazer transferência de materiais de um
recipiente para o outro, encaixes, entre outros.
IDADE PRÉ-ESCOLAR (3 aos 6 anos)
O nível de reconhecimento visual na faixa
etária dos 3-4 anos começa a ser mais
complexo. A criança é capaz de descrever
cenários, identificar detalhes e pormenores
em falta.
É, ainda, capaz de emparelhar imagem-objeto
e identificar cores e formas.
Incentive a criança a desenvolver as competências de coordena
ção visuo-motora, através de puzzles simples e construções com
blocos.
Ajude a criança a traçar, imitar e copiar linhas e símbolos, bem
como a desenhar a figura humana com, pelo menos, duas partes.
Pode iniciar, também, o recorte.
A partir dos 4 anos, a criança faz um bom reconhecimento
visual, tanto do
ambiente que a rodeia
como de imagens mais
complexas, nomeadamente
através da identificação
de detalhes. Apresenta
uma boa memória visual, sendo capaz de se recordar de objetos
observados num livro. Promova estas competências através da
exploração de livros que a criança aprecie!
É importante que a criança tenha contacto com o máximo de imagens
possível, de forma a aumentar a sua memória visual.
As novas tecnologias podem ser
uma boa ferramenta, nomeadamente
os jogos de computador,
consolas portáteis, telemóveis,
tablets...
MODIFICAÇÕES EM CASA
Existem algumas dicas úteis que pode utilizar para promover a autonomia
da criança com baixa visão, nomeadamente:
-
A utilização de um prato e copo que contraste com a mesa.
Por exemplo se a mesa for branca, utilize um prato de cor forte; se a mesa for escura, utilize um prato branco;
-
A utilização de um individual também pode ajudar a criança a
perceber mais rapidamente onde estão as suas coisas na mesa;
-
A disposição dos móveis na casa deve manter-se. Caso haja
alguma alteração, chame a atenção da criança para isso; assim, pode evitar alguns acidentes;
-
Pode ser importante identificar os puxadores das portas e dos
armários, e interruptores, caso tenham pouco contraste; o mesmo
princípio pode ser aplicado ao autoclismo. Por outro lado,
tenha o cuidado de manter as portas totalmente fechadas ou
totalmente abertas, evitando que estejam entreabertas.
-
A colocação de uma fita adesiva (que contraste com a cor dos
degraus, ex. preta ou amarela), para sinalizar a mudança de
degrau. Esta estratégia poderá aumentar a confiança da crian
ça a subir e a descer escadas, para além evitar que ela possa
tropeçar.
BIBLIOGRAFIA
-
Bruno, M. (1992). O desenvolvimento integral do portador
de deficiência
visual: da intervenção precoce à integração pré-escolar. (1ª
ed.). São Paulo: Loyola SP.
-
Bals, I., Gringhuis, D., Moonen, J., & Woundenberg, P.
(2002). Cognitive
development. In D. Gringhuis, J. Moonen, & P. von Woudenberg
(Eds.), Children with partial sight: development, parenting, education
and supp.ort (pp. 55-72). Doorn: Bartiméus.
-
Gringhuis, D. (2002). Phases in the development of
sighted and
visually impaired children. In D. Gringhuis, J. Moonen, & P. von Woudenberg
(Eds.), Children with partial sight: development, parenting,
education and support (pp. 41-54). Doorn: Bartiméus.
-
World Health Organization. International Classification
of Diseases –
10 (2007).
ϟ
-
-
- Serviço de oftalmologia:
Ana Matos,
Catarina Paiva,
Cristina Fonseca,
Teresa Mesquita
- Centro de Desenvolvimento da Criança:
Teresa Mota Castelo
- Serviço de Medicina Física e Reabilitação:
Iolanda Veiros,
Filipa Januário,
Florbela Parreira
- Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual
(CAIPDV):
Dina Madeira,
Inês Marques,
Rita Silva,
Patrícia Valério, Viviana Ferreira Abril de 2013
-
13.Mar.2016 publicado
por
MJA
|