
Adequações Curriculares: conjunto de ajustes que favorecem o acesso de todos os alunos à
proposta curricular do Ensino regular. Podem se constituir de pequenos e
de grandes ajustes nos objetivos educacionais, nos conteúdos
programáticos, nos procedimentos e estratégias,no processo de avaliação e
na temporalidade.
1- Adequações para o aluno com Baixa Visão que favorecem o
acesso ao currículo
-
Prover o aluno de baixa visão com meios de comunicação
compatíveis com as suas possibilidades: material ampliado (livros, provas,
atividades em geral), uso do computador, softwares educativos em tipos
ampliados, livro falado, computador com sintetizador de voz e periféricos
adaptados e outros recursos tecnológicos.
-
Proporcionar ao aluno com deficiência visual, os materiais
adaptados às suas necessidades educacionais: Lápis 6B, caderno com as
pautas reforçadas e se necessário duplas, caneta de ponta porosa preta e
de cores contrastantes, régua com contraste,entre outros.
-
Incentivar e possibilitar o uso dos auxílios ópticos prescritos pelo
médico oftalmologista: óculos, lupas e telescópios. O auxílio deve ser
apresentado para a classe como um avanço tecnológico e de grande valia. A
falta de correção óptica pode levar o aluno a ter um rendimento escolar
insuficiente, dificultando sua inclusão.
-
Posicionar o aluno na sala de aula em lugar bem iluminado e
próximo ao quadro. Recomenda-se sentar na primeira carteira da fila central,
se necessário, colocar uma luminária iluminando as atividades que o aluno
está fazendo.
2 – Adequações nos Conteúdos Curriculares e nos Métodos de
Ensino
Para que o sistema educacional contemple as necessidades
especiais dos educandos com baixa visão, também são necessárias
adaptações de objetivos (mudanças no conteúdo e no processo de
avaliação) e adaptações no método de ensino ( didático-pedagógicas).
2.1-Adequações nos conteúdos curriculares e no processo
avaliativo:
-
Adequar objetivos, conteúdos e critérios de avaliação,
considerando as características individuais do aluno
-
Considerar que o aluno com baixa visão pode atingir os objetivos
comuns ao grupo em um período de tempo maior, para isso, variar a
temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação.
-
Eliminar conteúdos e critérios de avaliação para os alunos com
baixa visão que, em função da sua deficiência, dificultem o alcance dos
objetivos definidos para o seu grupo, sem comprometer sua escolarização e
promoção escolar.
2.2- Adequações metodológicas e didáticas:
Compreendem os métodos de ensino, as técnicas e estratégias
adotadas, a organização dos alunos, o processo de avaliação.Entre elas:
-
Promover a aprendizagem cooperativa é importante que o aluno
seja agrupado com os colegas que mais se identifique.
-
Utilizar-se de procedimentos, técnicas e instrumentos de
avaliação diferentes dos usados para a classe,quando necessário, sem
prejudicá-lo em relação aos objetivos educacionais estabelecidos para ele.
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Disponibilizar apoio físico, verbal, visual
e outros ao aluno com baixa visão, possibilitando a realização das atividades
escolares e do processo avaliativo. O apoio deverá ser oferecido pelo
professor regente, de sala de recursos, itinerante ou pelos próprios
colegas.
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Introduzir atividades complementares individuais que propiciem ao
aluno alcançar os objetivos comuns ao grupo, que podem ser realizadas na
própria sala de aula, na sala de recursos ou no centros de atendimento.
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Eliminar atividades que o aluno esteja impossibilitado de executar,
substituindo-a por outras que tenha condições de realizar.
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Substituir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser
alcançados pelo aluno, em razão de sua deficiência, por objetivos e
conteúdos acessíveis, básicos e significativos para o aluno.
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Encorajar, estimular e reforçar a participação, a comunicação, a
iniciativa e o desempenho do aluno.O professor deve sempre estimulá-lo
verbalmente, as expressões faciais ou gestuais à distância podem não ser
percebidas.
-
Conceder-lhe tempo suficiente para a realização das tarefas e
avaliações,considerando que o aluno com baixa visão é mais moroso para
completar suas atividades escolares.
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Diversificar as condições de acesso aos conteúdos, alternando cópia
do quadro, com conteúdos ditados e auxílio dos colegas. Conceder-lhe mais
tempo para tomar notas e acompanhar o raciocínio, bem como tempo para
descanso visual.
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A utilização de lupas e telescópios auxilia a aprendizagem, mas são
recursos que tornam morosa a leitura e cópia de impressos e da lousa,
podendo causar fadiga visual.
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Com o objetivo de evitar a fadiga visual, devem-se organizar as
atividades escolares, permitindo momentos de descanso ocular: leitura e
escrita alternada com perguntas orais, atividades na lousa e escrita no
caderno,com trabalhos em artes ou aulas de educação física
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Conteúdos complexos, envolvendo raciocínio matemático, devem
ser explicados individualmente para o aluno, em uma distância que ele
consiga enxergar e acompanhar toda explicação.
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Providenciar, junto à Direção da escola, a ampliação dos materiais
impressos e dos recursos tecnológicos necessários ao processo de ensinoaprendizagem
do aluno com baixa visão.
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Incentivar a participação nas atividades acadêmicas possibilitando
maior integração com os colegas,por exemplo,a tarefa de entregar
atividades dá-lhe a oportunidade de ver quem está na sala e como está sua
carteira em relação aos demais colegas.
ADEQUAÇÕES NA SALA DE AULA
Para a inclusão do aluno com baixa visão na classe regular de ensino,
são necessárias adaptações que favoreçam condições de participação,
facilitem o aprendizado e melhorem seu desempenho acadêmico. As
principais são: Posicionamento em sala de aula e adaptação de materiais.
1- Posicionamento em sala de aula
Normalmente, a primeira carteira da fila central da sala de aula, em
frente à lousa, é a melhor posição para o aluno com baixa visão. Caso
enxergue menos ou seja cego de um dos olhos, provavelmente, terá que
sentar um pouco mais à direita ou à esquerda .
Se usa algum sistema telescópico para longe (telelupa) deverá sentarse
a uma distância fixa do quadro negro ( cerca de 2 metros), conforme
orientações de seu oftalmologista e/ou do professor especialista.
Quando forem dadas demonstrações, procurar fazê-las no centro do
quadro., se precisar, deixe o estudante com baixa visão ficar perto ou ao
lado da explicação.Em alguns casos, faz-se necessária a demonstração no
caderno do aluno.
Algumas patologias não permitem o uso de telescópio e mesmo os
alunos que o utilizam podem ter fadiga visual ao usá-lo por um longo
período, nestas situações, o professor deve utilizar-se de outros recursos
que permitam a apropriação dos conteúdos pelos alunos com deficiência
visual:
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Ler em voz alta, pausadamente, o que estiver escrevendo no
quadro negro. O aluno poderá anotar como se fosse um ditado.
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Entregar ao aluno a cópia das anotações passadas na lousa,
ampliadas de acordo com suas necessidades.
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Permitir que os colegas o auxiliem, ditando em voz baixa o
conteúdo do quadro negro, para que possa copiá-lo.
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Possibilitar momentos de “descanso ocular”, tais como, leitura e
escrita alternadas com perguntas orais, cópia de livro, tarefas em grupo,
entre outras. Quando estiver com fadiga visual é recomendável que feche os
olhos por alguns momentos.
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Quando dirigir-se ao aluno com baixa visão, chame-o pelo nome.
A dificuldade visual para longe impede que veja expressões de aprovação (
como um sorriso), solicitação de participação ou outras, expresse–se
sempre verbalmente com este estudante.
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Encoraje o aluno com baixa visão a conhecer o espaço da sala
de aula, a posição das carteiras onde se sentam seus colegas e a
movimentar-se pela sala para obter materiais e informações.
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Para estimular a independência do aluno com baixa visão deixe
que faça as atividades sozinho sempre que possível, por outro lado é
fundamental a colaboração dos colegas. Estimule a integração com seus
colegas e o sentimento de auto-estima, ele deve ser encorajado a oferecer e
aceitar ajuda dos colegas.
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Para a segurança do aluno com baixa visão, as mudanças na
posição da mobília da sala de aula devem lhe ser comunicadas .
2- Adaptações de Materiais
As adaptações de materiais necessárias em sala de aula referem-se à
iluminação, ao contraste e à ampliação, temas que já foram abordados.
Reforçamos alguns aspectos:
A iluminação não pode causar ofuscamento e deve permitir a melhor
eficiência visual possível, sempre lembrando que vai depender da patologia
do aluno, o que é bom para um pode não ser para outro. O sol direto nas
áreas de trabalho e superfícies brilhantes deve ser evitado para não haver
ofuscamento (reflexo). O ideal é que haja orientação do professor
especialista em relação a esta questão.
O contraste e a ampliação dos materiais devem ser feitos com
antecedência, para que o aluno possa acompanhar as aulas. Através do
professor especialista deverá obter as informações necessárias sobre o
melhor tipo de fonte, tamanho, espaço entre letras e linhas e contraste
adequados ao seu aluno com baixa visão.
Outro recurso de ampliação de imagem utilizado pelo aluno com baixa
visão é a aproximação do material dos olhos, desde que não cause muito
cansaço visual pode ser permitido. Forçar os olhos não prejudica, quanto
maior o uso do olho melhor a utilização do potencial de visão.
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO
De acordo com a concepção e proposta de avaliação do MEC
(Saberes e práticas da inclusão - Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de
alunos com baixa visão Brasília – 2006) a “ Educação é o processo formal
de favorecimento, ao aluno, do acesso e apreensão do saber historicamente
construído e sistematizado” e a escola é o espaço institucional que tem
como função social, criar as condições necessárias para que este processo
ocorra, com o objetivo de formar indivíduos para uma interpretação
fundamentada e crítica do mundo e da sociedade.
A Avaliação é considerada um processo que tem como finalidade
verificar se e quais objetivos pedagógicos estão sendo atingidos, identificar
problemas na relação ensino-aprendizagem e detectar os aspectos que
necessitam redirecionamento.
A Avaliação é de caráter compreensivo e não classificatório e exige a
análise bidirecional da relação professor-aluno, na busca da compreensão
de como um age com outro, de como é que um afeta o outro, dentro de um
contexto da sala de aula, da escola e da sociedade.
Requer a verificação do que foi apreendido pelo aluno, de como se dá
o seu pensar, bem como requer a identificação do que e como o professor
está ensinando e quais mudanças devem ocorrer nas estratégias
pedagógicas adotadas.
É atribuição de o professor pensar sobre o pensar do aluno, analisar
os efeitos de sua atuação no processo de aprendizagem, redirecionando sua
prática em função dos resultados encontrados. Somente assim a avaliação
será um processo efetivo de diagnóstico pedagógico, compreensivo e
indicador de ajustes.
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excerto da obra:
INCLUSÃO DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO NA REDE PÚBLICA DE ENSINO - ORIENTAÇÃO PARA PROFESSORES
Autora:
Glória Suely Eastwood Romagnolli
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Ricardo Ross
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE
CURITIBA - 2008
26.Nov.2014
publicado
por
MJA
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