Centro Nacional de Cultura
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Lançado no ano letivo de 2014/2015 o programa VER PELA ARTE, possibilitou
a aprendizagem de música por alunos com deficiência visual na Escola de Música
de Nossa Senhora do Cabo, em Linda a Velha. O projeto incluiu na prática
pedagógica, Formação Musical, Cultura Musical, História da Música e Cultura das
Artes, Instrumento, Musicografia Braille e Classe de Conjunto. No último ano
letivo (2015/2016), em parceria com a AMAC – Academia Musical Amigos das Crianças e com os
alunos deficientes visuais que iniciaram em 2014/2015 esta experiência piloto,
deu-se continuidade à formação musical através de aulas de instrumento e de
classe de conjunto. O Coro 'Ver pela Arte' teve, ao longo destes dois anos
letivos, várias participações em concertos e espetáculos. A ACAPO manteve o
apoio técnico ao projeto e a Associação Mutualista Montepio patrocinou a
iniciativa. Sendo a música uma arte acessível a todos, esta iniciativa incitou à
partilha plena destes alunos com colegas de visão normal, promoveu competências
sociais potenciadoras de uma cidadania plena e consciente atenuando as
desigualdades no acesso à informação e à cultura. in
Centro Nacional de
Cultura
1. Introdução
Vivemos atualmente um novo paradigma no que respeita à inclusão, denominado
Paradigma de
Suporte ou Paradigma de Apoio. Significa que a sociedade precisa dar
suporte/apoio para que todas
as pessoas (magros, obesos, com deficiência, sem deficiência, novos, velhos,
etc.) possam participar
em todas as vertentes sociais. A inclusão deixou de ser uma opção e passou a ser
um caminho obrigatório.
Desta forma, o ensino musical deverá começar a preparar-se e apetrechar-se para
receber os
alunos com deficiência visual.
A escola deve formar cidadãos preparados e adaptados à sociedade em que vivem,
fazendo com
que integrem normas, conhecimentos e valores que privilegiam o grupo social onde
estão inseridos e
promovam dinâmicas de forte interação entre professor e aluno. É sabido que
aprender música, para
além de promover o desenvolvimento musical da criança, contribui fortemente para
a sua formação
humana integral (moral e intelectual).
Conceber a inserção de pessoas portadoras de deficiência visual no campo das
artes, à luz das novas
conquistas inerentes à Educação Inclusiva, torna-se pois, uma questão tão
necessária quanto urgente.
Assim, este projecto, além do objectivo de promover o ensino da música a pessoas
com deficiência
visual, visou a integração plena destes alunos, através de uma aprendizagem
promotora do desenvolvimento
da interação social, num ambiente de cooperação e reconhecimento das diferenças,
de forma a proporcionar um maior acesso à informação e à cultura, tentando que a
sua aprendizagem
se realize em condições de igualdade com os alunos normovisuais.
Este documento não pretende apresentar conclusões, pois o número pouco
significativo de alunos
que colaboraram neste projecto (18), tal não nos permite. Pretende antes
partilhar uma experiência
e indicar caminhos possíveis, numa área não estudada em Portugal e com poucos
exemplos que
auxiliem aqueles se querem dedicar a este assunto.
A prática pedagógica do projecto decorreu na Escola de Música de Nossa Senhora
do Cabo, em
Linda-a-Velha.
Entre Janeiro e Junho de 2015, os alunos tiveram aulas de Formação Musical,
Cultura Musical,
Instrumento (canto, flauta transversal, piano, guitarra, bateria e saxofone –
aulas individuais), Musicografia
Braille e Classe de Conjunto.
2. Objetivos
Atualmente, a maioria das instituições educacionais, com crianças com
necessidades especiais
educativas inserem nos seus programas curriculares trabalhos ligados à Educação
Musical, com atividades
exclusivamente terapêuticas. Tendo em vista o cumprimento dos objetivos dos
programas de
reabilitação nos quais se inserem, o trabalho com Música é utilizado
predominantemente para favorecer
o desenvolvimento de capacidades psicomotoras, sociais e/ou afetivas (finalidade
terapêutica),
o que acaba por relegar para segundo plano o aperfeiçoamento da performance
musical.
Tal significará que, quando o aluno cego deseja que o seu desenvolvimento
artístico se configure
como principal objetivo, terá de encontrar um conjunto de soluções alternativas
que passam obrigatoriamente
por escolas de música destinadas a crianças normovisuais, cujos professores não
estão,
geralmente, preparados para lidar com a sua especificidade.
Perante tais factos, foram delineados os seguintes objetivos, a saber:
-
I) Possibilitar a aprendizagem musical integrada a crianças, jovens e adultos
com deficiência
visual;
-
II) Sensibilizar crianças e jovens normovisuais para os obstáculos com que os
seus colegas
com deficiência visual se deparam na sua aprendizagem diária;
-
III) Dar oportunidade ao grupo de participantes de desenvolver a sua experiência
artística e
integrar-se com dignidade na sociedade;
3. Dificuldades
Por não existir ainda um guia de procedimentos padronizados para se lidar com
este tipo de desafio
pedagógico, foram observadas, no desenrolar do projeto, algumas lacunas durante
o processo
ensino aprendizagem da música:
Quebra de barreiras atitudinais
Muitos professores têm uma perspetiva inadequada sobre as práticas pedagógicas
apropriadas
para alunos com necessidades educativas especiais. A escassez de informações e
alguma falta de compreensão existentes, só poderão ser ultrapassadas através da
reflexão,
debate e conhecimento, sendo para isso necessário disponibilizar aos professores
mais
dados acerca de problemáticas específicas.
Conhecimento mais profundo das deficiências
O professor deverá adquirir conhecimentos relativos à(s) deficiência(s) do seu
aluno, que
podem, em parte, ser facultados pelo professor de educação especial. Conseguirá
assim, informações
essenciais referentes à evolução e condicionantes da doença ao longo dos anos,
que poderão ser extremamente úteis no planeamento das suas aulas.
Conhecimento pormenorizado do aluno
Salienta-se a importância do envolvimento parental no processo educativo,
direcionada para
a disponibilização de todas as informações necessárias e participação ativa da
aprendizagem,
possibilitando o estabelecimento de objetivos pedagógicos bem definidos
Intercâmbio de informações
A deficiência visual, mais especificamente a cegueira, geralmente origina
problemas psico-
motores, dificuldades de aprendizagem, dificuldades sociais, entre outros. Neste
contexto, o
professor, sem o apoio de outros profissionais, não conseguirá gerir estes
fatores inerentes
ao ensino-aprendizagem do seu aluno. Assim, a comunicação e a colaboração entre
todos
os intervenientes neste processo, são pedras basilares no desenvolvimento
integral de todas
as capacidades do aluno.
Definição clara e realista das metas pedagógicas musicais
Na posse de todas as informações necessárias sobre o seu aluno, o professor
conseguirá
estabelecer o estilo de aprendizagem e as estratégicas adequadas para uma boa
qualidade
do seu “ensinar”.
Estratégias diferenciadas para as aulas e avaliações
Ensinar um aluno com necessidades educativas especiais, seja qual for a sua
problemática,
determinará sempre o uso de estratégias alternativas, um planeamento cuidado e
realista,
boa organização e respeito pelo tempo que o aluno demora a realizar as suas
tarefas e, conjuntamente
com o Conselho Pedagógico da instituição escolar, definir e clarificar os
critérios
de avaliação e informar os pais sobre os mesmos.
Existe ainda o problema inegável das lacunas bibliográficas existentes a este
respeito a nível institucional
(instituições musicais, universidades, bibliotecas, etc.) e por acréscimo, para
o desafio colocado
pela insuficiência de livros pedagógicos de apoio, métodos de ensino de
instrumento e partituras
musicais traduzidos para Musicografia Braille, cujo reflexo se traduz, entre
outros, numa questionável
qualidade performativa dos alunos cegos.
4. Envolvimento Familiar
Para que o aluno tenha um pleno sucesso educativo, a família tem de ser
obrigatoriamente envolvida
no processo de educação/inclusão. A abertura de portas de comunicação com os
pais assume
uma importância vital em todo o processo. Existe também uma tendência destes
para adotarem
atitudes e mecanismos de defesa, tais como rejeição, negação ou super proteção
do seu filho, que
não favorecem o aparecimento de oportunidades para resolver problemas.
O grande fator motivacional reside na qualidade da formação que a família
oferece à criança cega,
possibilitando o desenvolvimento de todas as suas capacidades e potencialidades.
O envolvimento dos
pais é uma preciosa ajuda para o professor de música, especialmente se já existe
uma colaboração com
o professor de Braille da criança. É aconselhável manter informados os pais com
frequência acerca dos
recursos necessários e dos progressos dos seus filhos, bem como explicar-lhes
como podem ajudar no
seu desenvolvimento musical. Os pais, para além de valorizarem uma informação
permanente, podem
ser uma ajuda preciosa para o professor na obtenção de informações e recursos
didáticos.
O ambiente familiar é de fundamental importância na estabilidade pedagógica da
criança cega,
pois é no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que
servirão de base para o
seu desenvolvimento humano integral e para o sucesso da sua aprendizagem.
5. Metodologia e Estratégias
A aprendizagem musical é benéfica para pessoas com e sem deficiências. Não se
deve separar os
dois tipos de alunos. No entanto, é preciso dar mais atenção a esta questão.
Apesar dos benefícios
serem idênticos para os vários tipos de alunos, a maneira de se fazer terá de
ser diferente. Para se
trabalhar com alunos com deficiências, é necessário certos conhecimentos
técnicos fundamentais.
A diferença está na metodologia, na técnica, na maneira de se pensar e fazer,
mas não no resultado.
6. Estilos de aprendizagem
Os estilos de aprendizagem afetam a nossa forma de pensar, a maneira como nos
comportamos,
assim como a nossa forma de processar informação. De forma a aumentar a eficácia
do trabalho
que desenvolve com alunos portadores de deficiência, o professor deverá, em
primeiro lugar, definir
o seu próprio estilo de aprendizagem (único ou misto) baseando-se nos seus
pontos fortes, pontos
fracos, capacidades e preferências.
A grande maioria dos alunos mostram preferência por aprender ou descodificar
informação através
de diferentes modalidades ou meios de aprendizagem (ouvir, ver, tocar e fazer),
devendo o professor
tornar-se num observador atento ao modo como os seus alunos estão a aprender e o
que estão
a aprender. Estar apto a estipular o estilo de aprendizagem de um aluno e
demonstrar flexibilidade
para fazer os ajustamentos necessários, fortalece as suas competências em termos
de ensino criativo.
O processo de aprendizagem dos alunos com deficiência visual deverá assentar em
Modalidades
Auditiva e Tátil-Cinestésica, podendo ser facilitado e otimizado com base em:
instruções verbais,
gravações audio, jogos verbais, atividades que impliquem fazer e tocar,
apresentações verbais e
musicais, reforço da informação com recurso a melodias e ritmo, disponibilização
de vários objetos
para manipular e tocar, etc.. A representação de um objeto ou conceito deve ser
explicada e descrita
verbalmente para ser compreendida. Neste processo, a fala e os recursos não
visuais constituem as
principais formas de mediação para a construção do conhecimento e a
interpretação da realidade.
7. Estratégias a adotar
Os alunos deficientes visuais necessitam de desenvolver hábitos de postura
correta, destreza tátil e
sentido de orientação, devendo por isso as estratégias e as situações de
aprendizagem incrementar a
participação ativa, o comportamento exploratório e a estimulação dos sentidos
remanescentes.
Estes alunos, precisam de ser “provocados” por intermédio de fontes sonoras,
estímulos táteis e
contato físico para descobrirem e explorarem as imagens visuais:
Estímulos e instruções verbais
As respostas aos estímulos são valiosas, pois possibilitam que o aluno cego
compreenda as
suas ações e reações. O professor deverá estar ciente de que o aluno deficiente
visual tem
dificuldade em se aperceber de expressões faciais, necessitando de respostas em
toques ou
instruções verbais que o guiem e incentivem.
Utilização da percepção tátil do aluno
O tato é considerado como a principal forma de obtenção de informação para o
deficiente
visual, tornando-se a discriminação tátil uma competência vital que deve ser bem
exercitada
nas crianças com deficiência visual.
Tempo de aprendizagem
O aluno pode necessitar de tempo suplementar para realizar o trabalho que lhe
foi solicitado,
pois a análise através da perceção tátil demora mais tempo, sendo por isso
aconselhável
uma gestão cuidada da quantidade de trabalhos pedida, para que os possa
completar sem
problemas. Os alunos deficientes visuais precisam de mais tempo para conhecer e
reconhecer
os objetos e a distribuição do mobiliário numa sala de aula.
Deverá existir um grande envolvimento entre o professor e todos os profissionais
que
apoiam o aluno para que exista um conhecimento permanente das suas necessidades
e
uma avaliação constante dos seus progressos, permitindo assim ir de encontro aos
objetivos
educacionais e musicais do aluno.
Criatividade
A criatividade é muito importante para o sucesso dos objetivos delineados,
devendo ser
proporcionadas atividades que estimulam a curiosidade, intuição, pesquisa e
imaginação
nos alunos. Os recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos
contribuem para
que as situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras.
Memorização
Devido à natureza da Musicografia Braille (leitura com a ponta dos dedos de
partituras em
braille) torna-se impossível para os alunos cegos tocar um instrumento e ler ao
mesmo
tempo a partitura. Perante esta dificuldade é necessário desenvolver a sua
capacidade de
memorização. Assim, tendo em conta as diferenças consideráveis entre as duas
grafias musicais,
deverá ser dado maior relevo ao desenvolvimento da memória musical destes alunos
do que no caso de um aluno normovisual.
A falta do contato visual é um fator que dificulta a manutenção do interesse na
aula, sendo
por isso muito comuns os problemas de atenção, concentração e memória entre
alunos
deficientes visuais. Conversas sobre assuntos fora da sala de aula, todo o tipo
de sons, meio
ambiente onde estão inseridos, são elementos que dispersam a atenção dos alunos.
Noção espacial, mobilidade e lateralidade
A noção espacial e a mobilidade são fundamentais na educação das crianças cegas,
porque
os benefícios do movimento, para além daqueles de origem fisiológica, estética
ou motora,
permitem também assimilar e desenvolver nas suas diversas formas a capacidade de
raciocínio,
a afetividade, as emoções, a postura social e ética. No processo
ensino-aprendizagem
do aluno deficiente visual, é essencial ele conhecer e compreender a sua posição
no espaço,
assim como a posição do que está nas suas mãos.
8. Tecnologia Assistiva
Durante o processo pedagógico de ensino do aluno cego, haverá sempre necessidade
de adaptações, não só do material utilizado na aula, como dos métodos utilizados. Os
estudantes deficientes
visuais têm uma necessidade constante de acesso à literatura e às tecnologias
assistivas nas diversas
áreas do conhecimento. Por tal facto, o professor deverá estar capacitado e
conhecer os meios tecnológicos
que ajudam nas mais diversas estratégias e saber trabalhar com eles.
Recursos tecnológicos para alunos cegos
Cada atitude na sala de aula e cada estratégia adotada para fomentar o
envolvimento e a participação
dos alunos poderá ser organizada e articulada com outros dispositivos, para que
as tarefas,
os recursos e alternativas à disposição, consigam de um modo eficaz atingir
todos os objetivos
educacionais.
a) Software
-
NVDA: Leitor de ecrã gratuito, que permite aos cegos o acesso às tecnologias
de informa-
ção, através da leitura por voz computorizada, dos textos do ecrã do computador.
-
Dosvox: Software que permite às pessoas cegas utilizarem um computador comum
para
desempenhar variadas tarefas. Através de síntese de voz (voz humana gravada), o
sistema
realiza a comunicação com a pessoa cega, proporcionando uma maior autonomia no
estudo
e no trabalho. Ao transformar a entrada de texto em palavras audíveis desenvolve
nos
alunos cegos o gosto pela leitura e propicia um maior convívio social.
-
Braille Fácil: Este programa possibilita transcrever automaticamente
documentos em texto
para Braille, facilitando a leitura das pessoas cegas, pois permite também a
impressão do
documento em impressora Braille. O texto pode ser redigido diretamente no
programa
“Braille Fácil” ou importado a partir de um editor de textos. Uma vez digitado,
pode ser
visualizado e impresso em Braille e também impresso em tinta.
-
JAWS: Software considerado indispensável na vida dos cegos que utilizam o
computador.
Jaws é considerado o leitor de ecrã mais popular a nível mundial para Windows,
permitindo
trabalhar sem qualquer problema no computador e com total acessibilidade às
aplicações
da Internet. Jaws funciona a partir da leitura da informação do ecrã, com
software
de síntese de voz, viabilizando ao utilizador o acesso a uma variedade de
aplicações e
configurações quer de trabalho, lazer, educacionais, etc.
Podemos classificar as novas tecnologias musicais acessíveis aos deficientes
visuais em duas categorias:
-
Software de escrita musical impressa ou em Braille
-
Software de produção e edição áudio
b) Software Musical
Com as novas tecnologias, tem existido um forte investimento em proporcionar aos
cegos a escrita da música em Braille e imprimi-la para tinta e vice-versa, a par
com múltiplas
investigações, no que respeita ao aprimorar dos meios que permitam ter a
possibilidade
de usufruir dos programas informáticos musicais e ferramentas que facilitam
a vida dos estudantes de música normovisuais: digitalizar, escrever, imprimir,
converter,
exportar e importar ficheiros, compor, orquestrar, etc.. Toda esta evolução
tecnológica,
traduz-se num desenvolvimento da qualidade do ensino musical dos alunos cegos,
aumentando
as suas expectativas e perspetivas educacionais favorecendo e promovendo
o seu processo de inclusão na escola regular.
c) Software de escrita musical impressa ou em Braille
Com toda esta evolução informática, enquanto foram criados programas para
facilitar a
escrita de textos em Braille, ao mesmo tempo, outros especializaram-se na
escrita de Musicografia
Braille, criando e desenvolvendo funções específicas destinadas a essa escrita.
Esses
programas permitem, que o aluno cego introduza o texto musical através de um
teclado
alfanumérico ou de uma interface MIDI. A transcrição acontece de forma
automática e o
texto digitado pode ser ouvido.
Uma das curiosidades deste software musical é a transformação do teclado do
computador
em teclado de máquina Braille. Desta forma, uma das regras essenciais para a
utilização do
software é também o conhecimento e domínio da Musicografia Braille.
Sucintamente, será referido algum software e as suas principais tarefas:
-
SharpEye Music Scanning: software especializado em digitalização de partituras
por meio
de um scanner, podendo estas serem mais tarde convertidas em ficheiros MIDI,
NIFF ou
ficheiro MusicXML.
-
BrailleMusic Editor: software que permite a escrever, ouvir e imprimir
partituras em Braille
ou em tinta.
-
Musibraille: projeto direcionado para as componentes educativa e cultural,
cujo software
possibilita uma fácil interação entre os professores que desconhecem a
Musicografia Braille
e os seus alunos cegos, através da visualização simultânea em musicografia
convencional,
do texto musical que os alunos escrevem em Musicografia Braille.
-
Goodfeel: software que converte automaticamente partituras a preto em
Musicografia
Braille. Permite também fazer a edição/revisão das partituras em Braille de
forma verbal
ou musical, disponibilizando opções de impressão.
d) Software de produção e edição áudio
• CakeTalking e Cakewalk Sonar: sequenciador digital muito utilizado em ambiente
escolar
pelos estudantes normovisuais para transformar o computador num estúdio de
gravação.
Usado em conjunto com o programa CakeTalking, permite aos estudantes cegos
terem acesso a todas as funcionalidades do Cakewalk Sonar. Converte o computador
num estúdio de gravação digital com múltiplas pistas de gravação e através dum
teclado
MIDI ou um teclado de computador é possível gravar uma enorme variedade de sons.
O software CakeTalking torna o programa bastante simples, permitindo às
crianças cegas
desenvolverem a composição musical.
• Sybelius e SybSpeaking: software de notação musical cuja acessibilidade aos
alunos
cegos é feita por meio de scripts também para o JAWS. Permite a impressão a
negro, diretamente,
ou em Braille, usando o GoodFeel ou o BrailleMusic Editor. O Sibelius, é
utilizado,
geralmente, por estes alunos para edição de música mais complexa.
e) Hardware
1. Impressoras Braille
Equipamentos que imprimem textos do
computador em Braille e podem também
imprimir em tinta.
Fonte: http://www.indexbraille.com/
2. Scanner com voz
Dispositivo que, ligado a um computador,
digitaliza livros, revistas e outros textos impressos,
reproduzindo-os posteriormente
em áudio.
Fonte:
http://www.pharmaceuticalonline.com
3. Leitor Digital
Dispositivo que faz a leitura de documentos
digitalizados através de uma mini câmera
que reconhece e transmite os carateres em
Braille, permitindo a navegação pelo texto,
por parágrafo, por linha ou por palavra. Através
de um cartão de memória, o utilizador
pode salvar textos em variados formatos e
ouvir as informações através de auscultadores
ou som ambiente.
4. Linhas e teclados Braille
Equipamentos para acoplar a um computador de mesa ou computador portátil
permitindo uma
grande flexibilidade e portabilidade quando usados com o software de leitura de
ecrã do computador.
Fonte: http://www.ataraxia.pt
| Fonte: http://news.softpedia.com
| Fonte: http://www.farah.cl
5. Computador Braille
Dispositivo que combina as funções
de linha Braille, bloco de notas e
computador portátil.
Fonte: http://www.ataraxia.pt
Estas novas tecnologias requerem do aluno deficiente visual uma preparação
prévia e um treino
rigoroso, para se acostumar com a aplicação ou operação que pretenda realizar e
com o ambiente
informático que irá utilizar.
Prática Pedagógica
do Projecto
1. Caracterização da Escola
Situada na localidade de Linda-a-Velha, concelho de Oeiras, a Escola de Música
da Paróquia de
Nª Senhora do Cabo teve a sua origem na vontade de um grupo de pais que, com o
apoio do seu
pároco, Padre Manuel Martins, decidiram em 1997, criar uma escola de música.
Os primeiros estatutos foram aprovados no ano de 1979 pelo então Bispo Auxiliar
de Lisboa
D. António Reis Rodrigues, tendo como pedra basilar colocar o ensino e a
divulgação da música e do
bailado ao serviço integral do homem numa perspetiva cristã.
Com Autorização Definitiva de Leccionação atribuída pelo Ministério da Educação
em 1982, foi oficializado
todo o trabalho desenvolvido pela comunidade escolar no âmbito do ensino
especializado
da música, ao nível do Ensino Básico e Secundário.
Atualmente, detentora de Autonomia Pedagógica reconhecida e atribuída pelo
Ministério da
Educação, conta com cerca de 700 alunos e 54 professores que têm como objetivos
incentivar
e promover o estudo da música, desenvolvendo uma sólida formação dos seus alunos
nas suas
múltiplas vertentes.
2. O Projeto
Tendo como finalidade possibilitar a aprendizagem musical integrada a crianças,
jovens e adultos
com deficiência visual, o projeto “Ver pela Arte” desenrolou-se durante o ano
lectivo de 2014/15 e
teve a participação de 18 alunos (13 adultos e 5 crianças) deficientes visuais,
cuja faixa etária varia
entre os 6 anos e os 56 anos.
Foram lecionadas na Escola de Música, no âmbito do projecto, as seguintes
disciplinas:
Formação
Musical | Cultura Musical | Flauta Transversal | Bateria | Saxofone | Piano |
Guitarra | Canto
3. Análise SWOT
A análise SWOT é uma ferramenta que permite identificar, através dos principais
aspetos internos
e externos de uma organização/projeto, a forma como esta se relaciona com o seu
meio envolvente.
As oportunidades e os pontos fortes são os atributos que ajudam a atingir os
objetivos, sendo as
ameaças e os pontos fracos os fatores que podem impedir a concretização desses
objetivos.
O quadro a seguir, identifica no projeto “Ver pela Arte” quais os pontos fortes,
pontos fracos, as
oportunidades e ameaças:
Pontos Fortes
|
Pontos Fracos
|
-
Projeto pedagógico inovador
-
Instalações adequadas à prática
pedagógica desenvolvida
-
Boa gestão pedagógica
e administrativa
-
Docentes motivados e com
excelente espírito colaborativo
-
Boa imagem na comunidade
em que está inserido
Oportunidades
-
Promover a autonomia e a formação
integral do deficiente visual
-
Desenvolver e inovar o ensino da música
a deficientes visuais
-
Fomentar a inserção dos alunos deficientes
visuais no meio musical
|
-
Entraves burocráticos e logísticos
-
Pouca informação sobre os alunos
deficientes visuais
-
Número reduzido de alunos
a participar no projeto
-
Necessidade de promoção da formação
do pessoal docente e não docente
-
Duração do projeto
Oportunidades Ameaças
Ameaças
-
Conjuntura económica desfavorável
-
Insuficiente apoio financeiro
-
Poucos recursos didáticos
|
4. Formação das Classes
No que respeita à disciplina de Formação Musical, foram constituídas quatro
pequenas turmas,
tendo em conta dois fatores:
-
Idade dos alunos
-
Conhecimentos musicais pré-existentes
Assim, procedeu-se à sua distribuição da seguinte maneira:
Formação Musical
|
Pré Iniciação
|
Turma A - 2 alunos (11 e 13 anos)
|
Turma B - 3 alunos (6 anos)
|
Iniciação c/ conhecimentos musicais
|
6 alunos (idades compreendidas entre os 20 anos e os 35 anos)
|
Iniciação s/ conhecimentos musicais
|
7 alunos (idades compreendidas entre os 30 anos e os 57
anos)
|
No que se refere à distribuição pelos instrumentos musicais, foi efetuada do
seguinte modo:
Flauta Transversal
|
1 aluno (24 anos)
|
Bateria
|
1 aluno (11 anos)
|
Saxofone
|
1 aluno ( 39 anos)
|
Piano
|
3 alunos (29, 51 e 56 anos)
|
Guitarra
|
4 alunos (13, 27, 29 e 35 anos)
|
Canto
|
5 alunos ( entre os 20 e os 51 anos)
|
5. Objetivos pedagógicos
Condicionados pela curta duração do projeto “Ver pela Arte” (um ano lectivo), os
objetivos pedagógicos
foram delineados e adaptados de uma forma realista a este espaço temporal.
-
Estimular a aprendizagem
de hábitos de trabalho
individual
-
Desenvolvimento
das capacidades auditivas,
expressivas e cognitivas
-
Incentivar e
apoiar o ensino inclusivo
através do
ensino-aprendizagem
da MúsicaPromoção
do sentido crítico,
da autonomia e dos
mecanismos de auto controlo
(auditivo e motor)
6. Dificuldades
O quadro seguinte apresenta as dificuldades e obstáculos encontrados pelos
professores no ensino
deste grupo educacional.
-
Formação Musical
-
Coordenação rítmica
-
Compreensão dos padrões rítmicos
-
Entoação
-
Audiação
-
Entendimento da linguagem musical
-
Postura
-
Destreza tátil
-
Sentido de orientação
Para além das dificuldades identificadas na disciplina de Formação Musical, são descritos no quadro
subsequente, pelos professores de instrumento, mais alguns obstáculos de caráter técnico:
-
Instrumento
-
Guitarra: fraca coordenação motora
-
Piano: dificuldade na abordagem ao teclado
-
Flauta: falta de tempo para o estudo
-
Bateria: abordagem rítmica e auditiva
-
Canto: respiração, pronunciação e dicção e falta de tempo para o estudo
7. Estratégias
No próximo quadro, encontram-se descritas as estratégias utilizadas pelos
professores durante o
processo pedagógico.
Estímulos e instruções verbais
|
Respostas em toques ou instruções verbais
que guiam e incentivam o aluno.
|
Utilização da percepção tátil do aluno
|
Explicação dos gestos técnicos através da
sensação de cada movimento e da descrição verbal.
Exploração do instrumento através do tato.
|
Criatividade
|
Estimulação da curiosidade, da intuição, da pesquisa
e da imaginação nos alunos.
|
Memorização
|
Desenvolvimento da memória musical através da repetição.
|
Novas tecnologias
|
Utilização de recursos tecnológicos
(gravador digital, computador, internet, etc.)
|
8. Resultados
Os professores relataram uma evolução muito positiva dos seus alunos, atingindo
os objetivos
inicialmente propostos, apesar de todas dificuldades encontradas.
O quadro seguinte refere-se às competências desenvolvidas pelos alunos da
disciplina de Formação Musical:
Formação Musical
|
Competências desenvolvidas
|
Competências Auditivas
|
Reconhecimento auditivo de Intervalos
Reconhecimento auditivo de Cadências
Reconhecimento auditivo de Modos
Reconhecimento auditivo de Divisões
Audição interior
Improvisação
|
Competências Expressivas
|
Variação e ajustes de Dinâmica, Agógica, Articulação e
Tempo
|
Competências Cognitivas
|
Memorização
Compreensão da estrutura formal e tonal
|
No que respeita aos professores de instrumento, são referidas no próximo quadro
as competências
desenvolvidas.
Instrumento
|
Competências desenvolvidas
|
Guitarra
|
Aquisição de novos acordes, novos ritmos e maior destreza
da mão direita.
|
Flauta
|
Execução de escalas maiores, menores e cromáticas, aquisição
de uma respiração correta e desenvolvimento da sonoridade.
Execução de uma peça (Minueto-Bach).
|
Piano
|
Correção da postura, evolução no conhecimento
e adaptação ao teclado.
|
Bateria
|
Exercícios de postura corporal e de coordenação (mãos e pés)
Paradiddle / double stroke / single stroke
Técnicas de trabalhos em casa com mãos e pés tendo em conta
que o aluno não tinha acesso ao instrumento fora da escola
|
Canto
|
Desenvolvimento da técnica vocal, técnicas de respiração,
exercícios de dicção, pronunciação e projecção de voz,
desenvolvimento da afinação.
|
Do ponto de vista inteletual e de acordo com as opiniões manifestadas pelos
professores, não há
diferença entre o aluno cego e o aluno normovisual, ou seja, a capacidade mental
do indivíduo não é
alterada pela deficiência visual. Todos os professores sublinharam que o ensino
a crianças cegas não
difere muito do ensino a crianças normovisuais.
Realçam a importância da utilização de diferentes e variadas estratégias de
ensino, bem como a
necessidade de um mais profundo conhecimento da deficiência dos seus alunos, do
envolvimento
dos pais e de um pouco mais de perseverança, como procedimentos corretos para se
alcançarem as
metas e os objetivos delineados.
O ensino da Musicografia Braille, nesta fase inicial, ainda não é sentido como
um aspeto essencial
no ensino-aprendizagem da Música, no entanto, numa fase posterior da
aprendizagem, será um fator
importante na autonomia e independência da leitura de partituras, reduzindo a
dependência exclusiva
da memória ou da ajuda de outras pessoas.
Referem ainda, que o sucesso do ensino-aprendizagem das crianças e jovens cegos,
para além
da importância do grau de conhecimento que o professor/educador deverá ter do
seu aluno, está
também muito relacionado com a disponibilização eficiente e atempada de
procedimentos e recursos
especializados.
Verificou-se também, que a relação professor/aluno é um fator determinante em
todo o processo
pedagógico, tornando-se um elemento essencial para a superação dos obstáculos. O
estabelecimento
de uma relação pedagógica e afetiva entre ambas as partes contribui para que,
juntos, procurem
meios, alternativas e recursos para alcançar uma formação musical qualificada.
Apesar de sentirem falta de formação específica para ensinar alunos deficientes
visuais, os professores
acreditam na sua prática educativa e no sucesso pedagógico deste grupo
educacional.
Conclusão
Constatou-se que, no início de um projecto desta natureza, há uma série de
questões logísticas
que urge ultrapassar com paciência e determinação. A questão da mobilidade
física dos alunos
deficientes visuais deve ser, pelo menos no início, o mais facilitada possível,
proporcionando os
meios de chegar à escola e de regressar a casa. A conciliação e articulação dos
horários necessários
à aprendizagem da música com os restantes compromissos dos alunos pode
igualmente levantar
muitas dificuldades. Finalmente, o acesso aos suportes necessários ao ensino e
aos meios técnicos
adaptados à realidade dos deficientes visuais (material braille, software
indicado) deve ser estudado
com cuidado, especialmente pelo facto de se estarem a realizar constantes
aperfeiçoamentos e
desenvolvimentos nestas áreas.
É fundamental que, logo à partida, o acento das questões seja posto, não na
deficiência em si, mas
nas capacidades das pessoas envolvidas e nos obstáculos que se vão enfrentar.
Ao nível pedagógico, verificou-se que a relação professor/aluno é um fator
determinante em todo
o processo, tornando-se um elemento essencial para a superação dos obstáculos. O
estabelecimento
de uma relação pedagógica e afetiva entre ambas as partes contribui para que,
juntos, procurem
meios, alternativas e recursos para alcançar uma formação musical qualificada.
Na primeira da aula será necessário algum apoio em termos de orientação e
mobilidade, para
que o aluno cego consiga construir o mapa cognitivo do espaço que o rodeia e a
deslocar-se nesse
espaço. É importante ter presente que as mãos são os olhos do cego. Assim, o
aluno deverá percorrer
todo o espaço físico onde decorrerá a aula, tocando em tudo (móveis,
instrumentos, estantes,
cadeiras) e em todos os que estiverem na sala (professor e colegas), devendo o
professor descrever
verbalmente o que se tornar necessário.
O professor deverá valorizar o comportamento exploratório, a estimulação dos
sentidos remanescentes,
a iniciativa e a participação ativa. As atividades visuais devem ser adaptadas
com antecedência, por
meio de descrição, informação tátil, auditiva, olfativa e qualquer outra
referência que permita compreen-
der a organização do cenário ou do ambiente. Destaca-se a fala e os recursos não
visuais, como dois
dos principais instrumentos para a construção do conhecimento e compreensão da
realidade.
É muito importante que o professor tenha consciência de que os problemas visuais
não estão
associados a quaisquer incapacidades intelectuais.
Sabendo que as necessidades básicas de um aluno cego são as mesmas que as de um
aluno
normovisual, torna-se também importante que o professor consiga perceber, o mais
cedo possível,
qual a estratégia mais funcional para poder adaptar os materiais de estudo.
O Ministério da Educação e Ciência recomenda que, devido à “necessidade de se
proceder a
adaptações, definidas com base numa rigorosa avaliação do funcionamento visual”
para permitir ultrapassar
as barreiras resultantes das limitações dos alunos cegos, o professor deverá
adotar algumas
estratégias de organização e gestão da sala de aula, a saber:
-
Ler em voz alta enquanto escreve no quadro;
-
Proporcionar informações verbais que permitam ao estudante aperceber-se dos
acontecimentos
ocorridos na sala de aula;
-
Alertar o estudante sempre que ocorram mudanças na disposição da sala de aula;
-
Não posicionar o estudante de frente para uma fonte de luz (natural ou
artificial);
-
Permitir que o estudante faça uma pausa sempre que apresente sinais de fadiga,
tais como
olhos lacrimejantes, vermelhos ou dores de cabeça;
-
Permitir a utilização de portáteis com auscultadores, pois torna o registo de
apontamentos
mais eficiente.
-
Fornecer formatos alternativos (Braille ou formato digital acessível) do
material impresso
necessário para a aula.
-
É de evitar quaisquer considerações sentimentais sobre a cegueira ou
referências a ela
como um tormento;
-
Evitar expressões de espanto quando algum deficiente visual executa tarefas
usuais do
dia a dia.
Apesar de algum receio do fracasso educativo, os professores mostraram-se
disponíveis para trabalhar
com alunos deficientes visuais. Salienta-se o reconhecimento, por parte destes,
da falta de
preparação para atuar diante da deficiência e as inúmeras barreiras que impedem
o sucesso pedagógico
deste tipo de alunos. Simultaneamente, para a maior parte destes, esta
experiência constitui
uma mais-valia no seu percurso como docentes.
Neste processo foi importante o contacto com outras instituições/profissionais
estrangeiros com
experiência na área do ensino da música a deficientes visuais, não só como forma
de partilhar conhecimentos
como pela possibilidade de tirar dúvidas e resolver problemas.
Sublinha-se a potencialidade do aluno cego em desenvolver as suas habilidades
musicais, desde
que exista um material adequado para a sua aprendizagem (partituras em Braille)
e uma preocupação
do docente relativa ao ensino da música e aos movimentos utilizados. Movimentos
que não
poderão ser aprendidos visualmente e que dependerão do esforço e empenho do
professor para
encontrar estratégias alternativas e dinâmicas por forma a estimular a perceção
do próprio corpo do
aluno e das suas sensações.
Pudemos constatar o papel importante que o Sistema Braille desempenha na vida da
pessoa
cega, proporcionando a comunicação em vários campos de conhecimento: música,
química, física,
matemática, literatura, etc..
Neste contexto, verificou-se que, do ponto de vista da autonomia e da
independência na leitura de
partituras, a aprendizagem da Musicografia Braille, é um aspeto essencial na
aprendizagem musical
do aluno cego, terminando com a dependência exclusiva da memória ou da ajuda de
outras pessoas.
Foi fundamental para o sucesso da aprendizagem da música destes alunos, o facto
de terem participado
em audições públicas e concertos.
É também necessário que as políticas educacionais promovam um melhor
aproveitamento do
código Braille em todos os segmentos da sociedade.
Por considerarmos ser fundamental a aprendizagem teórica e prática dos alunos
deficientes visuais
aconteça ao mesmo tempo e de forma integrada, é importante que o professor tenha
algum conhecimento
sobre o funcionamento da Musicografia Braille para conseguir comunicar
adequadamente
com seu aluno e seja capaz de criar uma metodologia de ensino, cuja planificação
e desenvolvimento
contemple as diferenças entre a notação em tinta e em Braille, especialmente na
iniciação musical
do aluno. Acreditamos que, proporcionando-lhes segurança, acreditando e educando
por objetivos,
este grupo educacional vai responder dentro das suas possibilidades, de forma
criativa e espontânea,
como se espera de qualquer criança.
Apesar dos recursos tecnológicos atualmente existentes assumirem uma grande
importância no
processo ensino-aprendizagem neste grupo educacional, o resultado musical do
aluno deficiente
visual não depende somente destes recursos disponíveis ou de algumas adaptações
didáticas, mas
também de diversos outros fatores: do empenho e da eficácia do professor, da
qualidade e competência
do sistema educativo. Assim, a educação musical e instrumental deverá ser
repensada para
que alunos deficientes visuais e normovisuais usufruam da mesma maneira de
ensinar e com a
mesma qualidade.
Sublinha-se a necessidade e a importância de o professor registar as suas
experiências, pois estas
são essenciais para o enriquecimento de todos os docentes. Ao tratar todas as
questões com naturalidade
e respeito, sem assumir uma atitude dramática, adequando a linguagem de acordo
com a
idade, o professor conseguirá transmitir com sucesso ao seu aluno cego,
conceitos e competências
que visam o seu desenvolvimento musical e humano.
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Sites Nacionais
-
http://www.acapo.pt/
-
http://www.acessibilidade.gov.pt/
-
http://sobreadeficienciavisual.blogspot.pt/
-
http://www.lerparaver.com/
-
http://anip.net/
-
http://www.anditec.pt/
-
http://www.pcd.pt/
-
http://www.tiflotecnia.com/
-
http://www.ataraxia.pt/index.php
-
http://iact.ipleiria.pt/
-
Sites Internacionais
-
http://www.tecnologia-assistiva.org.br/
-
http://www.rnib.org.uk/Pages/Home.aspx
-
http://www.primavistamusic.com/
-
http://www.avh.asso.fr/rubriques/association/association.php
-
http://www.ibc.gov.br/Nucleus/index.php
-
http://www.rcm.ac.uk
-
http://isabelbertevelli.blogspot.pt/
-
http://www.blindmusicstudent.org/
-
http://www.menvi.org/
-
http://www.musicfortheblind.com/
-
http://www.loc.gov/nls/music/
-
http://www.dancingdots.com/main/index.htm
-
http://vimusicians.ioe.ac.uk
-
http://www.berklee.edu
-
http://www.victoriaoruwari.com
-
http://www.davidliddle.org
-
http://www.matthewwadsworth.com
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Ver pela Arte:
Projecto de Ensino de Música a Deficientes Visuais
RESUMO DE UMA EXPERIÊNCIA PILOTO
Centro Nacional de Cultura
| Escola de Música de
Nossa Senhora do Cabo,
em Linda a Velha
Δ
29.Jul.2017
publicado
por
MJA
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