- Manual de Orientação e Mobilidade -
Sylas Fernandes Maciel
O Cego - Karl Hofer, 1941
APRESENTAÇÃO
A publicação deste trabalho visa levar subsídios para o trabalho diário do
professor com educandos portadores de deficiência visual - cegos e visão subnormal.
A “Orientação e Mobilidade” é parte integrante dos conteúdos curriculares das
séries iniciais do 1.º grau e da pré-escola para os portadores de deficiência
visual. É
através dela que o educando cego adquire a capacidade de locomover-se e
orientar-se
nos diversos espaços - escola, lar, comunidade. Ao dominar estes espaços e
sentir-se
neles inserido com independência e naturalidade, o educando adquire maior
autoconfiança, grande domínio pessoal e melhora a sua auto-estima por exercitar
um
direito fundamental do cidadão, qual seja, o “direito de ir e vir”.
As técnicas de “Orientação e Mobilidade” devem ser de conhecimento não só do
professor regente, do professor itinerante, do professor da sala de recursos e
de outros
profissionais, como também dos pais e familiares em geral, para facilitar a
inserção
social do portador de deficiência visual.
Ao elaborar este manual pretende-se passar de forma didática os conhecimentos
básicos para auxiliar o aluno portador de deficiência visual a descobrir e
conhecer o
mundo.
Cabe ao leitor dominar este conhecimento e enriquecê-lo com as vivências do
cotidiano, de tal forma que as técnicas e procedimentos tenham real significado
para
quem ensina e utilidade para quem usa.
I - INTRODUÇÃO
É escasso o material teórico escrito disponível sobre orientação espacial e
técnicas de locomotividade para cegos. Além disso, atualmente, são inexpressivas
as
oportunidades face à necessidade de treinamento de pessoal técnico para atuar
nesta
área. Os profissionais existentes se encontram absorvidos pela demanda da
prestação de
serviço, tanto a nível institucional, quanto pelo atendimento particular. Em
conseqüência disso, não tem sido produzido material técnico baseado na nossa
realidade
social que em nada se assemelha àquela dos países desenvolvidos.
À vista da situação acima descrita, procurou-se adaptar alguma literatura
técnica
estrangeira, mesclando-a com observações retidas da longa atuação profissional
nas
condições as mais diversas, quer com referência ao elemento humano, quer com
relação
às condições ambientais - físicas e culturais.
É propósito do autor colocar ao alcance de todos que se interessem pelo assunto
e militam nessa área, informações e procedimentos que facilitem o trabalho
diário de
ministrar treinamento de locomotividade às pessoas deficientes visuais.
O significado da produção deste material se faz mais relevante ao atentar-se
para
o fato de que as técnicas desenvolvidas pelo Dr. Richard Hoover se destinaram,
basicamente, aos portadores de cegueira adquirida na vida adulta, com o esquema
corporal desenvolvido em condições normais, o que favorece, sobremaneira, a
formação
e domínio dos conceitos de espaço e tempo, fundamentais para o êxito na
orientação
espacial e locomoção independente. Outro aspecto de real importância para ser
considerado nesta linha de
pensamento é o fato de grande número de cegos europeus e norte-americanos ser
constituído por veteranos de guerra. Esta condição privilegia o relacionamento e
posição
social deles diante do público.
A situação social do deficiente visual no Brasil nada tem em comum com o
quadro anteriormente descrito. A cegueira entre nós, não se constitui em ônus de
guerra
e os deficientes visuais, em sua maioria, são portadores de cegueira congênita
ou
adquirida ainda na primeira infância. Isto retrata uma situação socioeconômica
desprivilegiada tanto em relação às condições natais e de nutrição, quanto com
referência às facilidades de acesso ao tratamento médico adequado e oportuno.
Por isso,
o significado social da cegueira, no Brasil, é altamente negativo tanto para o
público
quanto para o seu portador. Assim sendo, o instrutor de locomotividade para
deficientes
visuais deverá levar em consideração tais aspectos ao planejar suas aulas,
reservando
espaço de tempo e ensejando numerosas oportunidades para o relacionamento social
da
pessoa cega com o público em geral, antes de considerá-la apta e dispensada de
orientação neste sentido.
II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS
1 - A PROBLEMÁTICA DA CEGUEIRA
A media da competência do indivíduo pela sua perfeição anatômica é um
conceito tradicional e traz, como conseqüência, a idéia de que as pessoas
portadoras de
moléstias crônicas ou mutilações em qualquer dos seus segmentos corporais, são
social
e profissionalmente inválidas.
A concepção atual sobre o incapacitado físico e/ou sensorial, baseia-se no seu
aproveitamento social através das suas capacidades remanescentes.
Diversos são os tipos de incapacidade, escalonando-se de muito leves a muito
graves, conforme o grau de limitação que impõem ao seu portador. A cegueira,
seqüela
de uma doença ocular, acidente ou má formação congênita, pelas limitações que
acarreta aos seus portadores, está enquadrada entre as incapacidade senhoriais
graves.
Entendem alguns que a cegueira significa apenas a perda total da visão, isto é,
a
acuidade visual nula. Essa conceituação não é completa, pois, não se pode
considerar
vidente uma pessoa com apenas percepção luminosa, ou mesmo de vultos. Uma
definição de cegueira faz-se necessária para o adequado atendimento das
necessidade
individuais dos seus portadores.
Como as limitações visuais apresentam-se em graus os mais variados e, algumas
delas podem ser vencidas Por tratamento médico, a definição de cegueira deve ser
em
termos oftalmológicos. Assim, “há cegueira quando a acuidade visual central é de
20/200, ou menos, no melhor olho, após a melhor correção, ou ainda, quando o
campo
visual está limitado a 20 graus. Esta é uma definição adotada pela Associação
PanAmericana
Americana de Oftalmologia e utilizada pelos serviços de educação especial e
de reabilitação em nosso país. Considera-se portador de visão subnormal o
indivíduo
cuja acuidade visual está entre 20/200 (0,1) e 18/60 (0,3), no melhor olho, após
a
melhor correção.
A cegueira origina diversos problemas e, para a compreensão da situação do seu
portador é necessário conhecer os prejuízos que ela ocasiona. O sentimento de
perda da
integridade física é um dos primeiros que aparece quando alguém é privado da
visão. O
indivíduo perde a consciência do todo corporal, do controle de si mesmo,
sentindo-se
isolado e sob forte sensação de morte. Muitas vezes sente-se aleijado,
especialmente
quando é obrigado a enuclear o olho. Ligado ao sentimento de não ser mais
completo
fisicamente, sente-se castrado e inseguro quanto a sua sexualidade.
Como a visão represente papel predominante no contato da pessoa com o mundo
exterior, sua perda conduz ao descrédito nas informações dos sentidos restantes.
Isto
vem contradizer a opinião corrente de que, ao ficar cego, o indivíduo adquire
melhor
acuidade nos outros sentidos. O que ocorre é apenas maior eficiência deles
através de
melhor e intensa utilização. Se existia algum déficit na acuidade sensorial, o
indivíduo
falhará nas áreas a elas relacionadas. Disto decorre a necessidade de serem
testados os
sentidos remanescentes para que possam ser treinados a um uso adequado.
A idéia de que a perda da visão ocasiona a perda do equilíbrio não é correta,
pois, este se encontra na dependência da sensibilidade vestibular e, se esta não
estiver
afetada, não haverá razão para isto. A perda da perspectiva visual, da
possibilidade de percepção do todo, dos
objetos em movimento, ocasiona também dificuldades de contato com o meio
ambiente.
Além disso, a cegueira ocasiona outras perdas, como a impossibilidade de
locomoção
independente, visto que a pessoa cega, ao andar, deverá encontrar muitos
obstáculos. As
atividades da vida diária são também seriamente prejudicadas, principalmente nas
áreas
de asseio e de aparência pessoal (encostar-se em coisas sujas, pingar líquidos
na roupa,
escolher o vestuário).
No campo da comunicação há dificuldade na utilização da linguagem escrita e
maior
dificuldade ainda em chegar às fontes usuais de informações. Ocorrerá também
falta de
consciência do cenário social, o que lhe impossibilita o controle completo da
situação.
Torna-se também impossível ao cego a observação das coisas que somente podem ser
percebidas visualmente, ressaltando-se aqui a perda da apreciação visual do
belo.
Com referência ao emprego, o portador de cegueira vê-se, geralmente, obrigado
a mudar de atividade, pois, a que ocupava, exigia controle visual; o mesmo se
verifica
com relação aos planos profissionais, porque se modificam as suas oportunidades
para o
trabalho. Tudo isso lhe dá um sentimento de inutilidade e a sensação de ser um
elemento improdutivo. Esta situação é agravada pelo desequilíbrio econômico que
advém na maioria dos casos, da procura da recuperação visual a qualquer preço,
provocando a perda da segurança financeira.
De todos os prejuízos apontados, o da independência pessoal é um dos mais
significativos. Para o público em geral, “o pobre cego” é o símbolo da
dependência. E
ele, conformando-se com isso, concorre para o aumento desta dependência. Duas
forças
atuam nos seres humanos: o desejo de independência com sua liberdade e o desejo
de
dependência com sua proteção. A verdadeira independência resulta do equilíbrio
destas
duas forças.
A adequação social do indivíduo cego é prejudicada pelas suas dificuldades
próprias de funcionamento e pelo impacto da atitude da sociedade sobre ele,
sentindo-se
pouco aceito, como se houvesse perdido o seu lugar na comunidade. De fato,
muitos
videntes mostram-se abertamente pouco à vontade na companhia de uma pessoa cega,
evitando o seu contato. Alguns tentam compensar estes sentimentos por expressões
de
admiração, mas traem-se mostrando pena. Outros ainda dispensam-lhe excessivos
cuidados, colocando-se até mesmo em situação difícil. O relacionamento social
normal
com a pessoa cega é raro ser encontrado. Essas atitudes das pessoas videntes
reforçam
os sentimentos de inadequação anteriormente apontados. Esta mesma situação se
repete
no círculo familiar onde, na maioria das vezes, o cego perde o seu papel de
provedor
para o de dependente. O indivíduo desenvolve então uma sensação de perda da
estima
do seu círculo social, acompanhada da subestimação de si mesmo. Não podemos
esquecer, ao tratar da adequação social da pessoa cega, a perda do direito de
ser
anônimo, de passar despercebido dentro de um grupo e de manter a sua própria
intimidade.
Cada pessoa possui uma estrutura de personalidade e sentimentos preexistentes
referentes à cegueira, que irão determinar sua atitude ao enfrentar a condição
de cego.
Os prejuízos apontados referem-se ao trauma ocasionado às pessoas videntes
que perdem a visão. Entretanto, muitos deles estão presentes nos casos de
cegueira
congênita, quando as pessoas não tiveram a oportunidade de esclarecimentos
precisos
sobre a sua condição e orientação adequada e individualizada.
Analisando todos os prejuízos causados pela cegueira pode-se compreender que
esses múltiplos traumas levam o indivíduo à desorganização da personalidade.
A reorganização da personalidade dentro de novos padrões é o período que se
segue à tomada de consciência da nova situação. Durante esse período o indivíduo
luta com sentimentos de revolta, ansiedade e hostilidade. Geralmente, esta luta
é muito
penosa porque a pessoa não se encontra preparada para tal esforço e ainda sofre
o
impacto do conceito de cegueira já estabelecido, que exerce sobre ela uma
pressão
poderosa.
Não se pode empreender um estudo completo sobre o ajustamento da pessoa
cega, sua integração à sociedade a qual pertence, sem considerar o relevante
papel dessa
mesma comunidade em relação ao indivíduo, os padrões de comportamento por ela
sancionados e o grau de expectativa social em relação ao portador de cegueira.
Deve-se lembrar que a maneira pela qual uma pessoa se comporta, é apenas
parcialmente improvisada, pois, há um amplo conjunto de regras e procedimentos
que
condicionam o comportamento humano, em toda e qualquer situação. Como a cegueira
não é comum, as regras norteadoras do comportamento tornam-se ambíguas e
confusas,
dificultando à pessoa cega o desempenho de seus vários papeis sociais. O fato de
ser
cego tende a tornar-se o papel predominante, obscurecendo todos os outros. Nos
sistemas sociais complexos das sociedades industriais, onde uma pessoa
geralmente
desempenha uma variedade de papeis, o deficiente visual é confinando a um papel
unitário, o de cego.
Apesar da cegueira ser relativamente pouco freqüente, e da maioria das pessoas
ter pouca experiência neste setor, isto não evita que elas tenham alguma noção
acerca
das pessoas cegas e seus atributos. Há opiniões sobre a cegueira culturalmente
determinadas e partilhadas por grande parte da comunidade. São essas concepções
que
orientam a maneira pela qual as pessoas videntes entram em contato com as que
são
cegas. Esses estereótipos referentes à cegueira estão baseados no tipo de
tratamento
dispensado a estas últimas, desde a Antigüidade.
A evolução das atitudes sociais em relação ao cego e aos deficientes em geral
pode ser considerada de acordo com o seguinte esquema:
-
a) eliminação física
desses
elementos que não eram considerados de utilidade para o bem comum;
-
b) amparo da
sociedade às pessoas cegas que eram consideradas como seres passivos, receptores
da
caridade pública;
-
c) oportunidade de educação adequada e de reabilitação,
possibilitando ao indivíduo enfrentar, com seus próprios meios, a luta pela
sobrevivência e contribuir como membro ativo da comunidade à qual pertence.
Esta
posição, baseada na filosofia democrática e na organicidade dos vários grupos
sociais,
leva em conta, não apenas a existência da limitação visual, mas, principalmente
a
existência de uma série de outras capacidades e recursos dos quais o ser humano
não
ficou destituído pela perda da visão. Muitas vezes, entretanto, essa posição é
apenas
uma atitude teórica, não vivenciada pelos membros da comunidade que a afirmam.
Considerando realisticamente a posição da pessoa cega na sociedade, observa-se
que ela
se encontra isolada. Ainda que constituindo sua responsabilidade e preocupação,
a
sociedade tem sido incapaz de assimilá-la.
Em contraposição à atitude de algumas sociedades da Antigüidade que
eliminavam as pessoas portadoras de deficiência, o direito de sobrevivência
física lhes é
concedido, não lhes sendo reconhecido, todavia, o direito de sobrevivência
social: há
uma eliminação simbólica, pois, essas pessoas não vivem como membros
participantes
da sociedade. As medidas tradicionais ainda empregadas para a solução dos
problemas
das pessoas cegas, vêm colaborar para o seu isolamento em grupos segregados e
superprotegidos. Assim mantém-se o status quo do “ceguinho” sustentado através
de
esmolas individuais e às instituições que o abrigam. A maioria dos programas
organizados para atender ao problema quer particular, quer governamentais, ainda
obedece a estes esquema predominante.
A comunidade não dispõe de recursos suficientes para o atendimento adequado e
satisfatório das necessidades das pessoas cegas, quais sejam: alojamento digno,
reabilitação, educação e emprego, de acordo com suas habilitações. Poucos são os
deficientes visuais que conseguiram independência e trabalho compatível às suas
reais
capacidades. A maioria dos cegos ainda vive em instituições que se mantêm de
esmolas
obtidas através de vários artifícios, o que reforça a figura do cego esmoler
dependente e
conformado. Além da figura física, o estereótipo traz também, uma série de
valores
integrantes desta concepção, que determina a maneira pela qual as pessoas
videntes
reagem às cegas. Estes valores observam-se serem diferentes dos que são
aplicados à
maioria das pessoas, o que coloca o cego numa situação muito especial. Ele é
avaliado
do ponto de vista sentimental, recebendo assim, sanções especiais e sendo, em
geral,
colocado numa posição de dependência reforçada e mesmo de inferioridade.
Os deficientes visuais partilham de experiências comuns e, as respostas dadas a
essas vivências revelam o impacto do estereótipo. Embora tais respostas nem
sempre
sejam de conformismo, as atitudes que revelam independência não são suficientes
para
destruir o estereótipo. Até as atividades rotineiras, quando realizadas por
cegos, podem
ser consideradas pelos videntes como realizações brilhantes. Há uma tendência a
exagerar qualquer habilidade normal por parte de indivíduos cegos,
considerando-os
possuidores de talentos e habilidades excepcionais. O “cego gênio” é também
parte das
tradições populares.
As atitudes dos videntes com relação aos cegos influenciam estes,
profundamente, na sua tentativa de competir com o ambiente. É fácil verificar
como
uma pessoa, diante de qualquer situação, reage de acordo com a idéia
estereotipada que
formou da mesma e de acordo com a expectativa que o grupo tem a seu respeito.
Assim, muitas das atitudes individuais e mecanismos desenvolvidos pela pessoa ao
enfrentar a situação de cegueira, estão pautados por padrões aceitos e
desenvolvidos
pela comunidade cuja influência recebeu e, pela concepção que ele próprio formou
sobre a deficiência. As várias expectativas que as pessoas têm sobre a cegueira,
desempenham um papel significativo na formação de sua auto-imagem e
autoavaliação.
Isto não significa que as pessoas cegas tenham um comportamento
padronizado, pois, há diferenças importantes nos comportamentos de cada uma
delas,
resultantes das disposições psicológicas específicas de cada uma e também
determinadas pelas situações sociais em que se encontram inseridas. No estudo do
ajustamento da pessoa à cegueira, deve-se ainda considerar a classe social,
sexo, idade,
grupo étnico e religião a que pertence. Essas variáveis influenciam as formas de
adaptação à cegueira.
Desta análise da cegueira, conclui-se que ela resulta em grande privação social.
Por isso mesmo, há vários cegos que se recusam a identificar-se como tal. Não
aceitam
as definições que caracterizam esta deficiência na sociedade em que vivem e
procuram
sua identificação, não através do conjunto de utilidades e valores ligados à
cegueira,
mas, através de outros atributos que os localizam como membros da sociedade em
geral.
Observa-se, por outro lado, que as pessoas cegas em internação prolongada ou
definitiva em obras sociais ou grupos voluntários, têm a tendência a
desenvolverem uma
identificação que as coloca à parte da comunidade, sendo esta tendência
responsável
pela mentalidade segregacionista.
Essa tendência é mais forte nas pessoas portadoras de cegueira congênita que
naquelas que perderam a visão com uma certa idade, o que lhe permite manter sua
identificação social pré-cegueira.
Para melhor compreender os problemas apresentados pelos cegos e ajudá-los, é
essencial aquilatar como as pessoas que lhes são importantes os influenciam. A
família fornece um estreito entrelaçamento de influência interpessoal que afeta
aquilo que a
deficiência passa a significar para a pessoa cega. Embora a família tenha papel
relevante
na infância do indivíduo cego, chegando mesmo a constituir para este “a chave do
mundo”, sua influência é também relevante nas demais fases da vida, porque o
indivíduo tende a tornar-se aquilo que as pessoas que o cercam esperam dele.
As atitudes dos familiares em relação ao deficiente visual são baseadas no
conceito sócio-cultural que tenham a respeito dessa limitação e nos seus
problemas
pessoais.
Certas famílias expressam a rejeição da cegueira com indisfarçável hostilidade e
negligência. Referem-se ao deficiente sem qualquer afeição, negligenciam seus
interesses, descuidam de algumas responsabilidades que associam aos cuidados com
a
pessoa cega. Outras, conscientes de sua hostilidade e sentimentos negativos,
constroem
defesas para justificarem-se. Freqüentemente, culpam outras pessoas ou
circunstâncias
adversas para as suas dificuldades e problemas. Assim, pelo mecanismo de
projeção,
encontram um senso de autojustificação para seus impulsos antagônicos e aliviam
o
intenso sentimento de culpa.
A maior parte das famílias, todavia, não demonstra claramente sua atitude.
Aparentemente seus membros são muito bons para o deficiente, mostrando-se
extremamente solícitos a tudo que lhe diz respeito. Entretanto, se observados
mais
intimamente, vê-se que rejeitam a pessoa cega e, para acobertar essa rejeição,
provocadora de intenso sentimento de culpa, superior ao de hostilidade, procuram
uma
compensação através de uma proteção excessiva. Tal atitude da família poderia
levar à
supressão da iniciativa do deficiente visual, tirando-lhe a oportunidade de
comprovar
sua capacidade de manejar as diversas situações de vida.
A atitude de um pequeno grupo de familiares caracteriza-se pela negação, em
palavras e ações, dos efeitos que as limitações da pessoa cega têm sobre eles.
Negam
também a existência da deficiência visual.
Em conclusão, todas essas reações exercem influências negativas no portador de
cegueira e/ou visão subnormal, porque nenhuma delas leva em conta o valor
pessoa,
enfocando somente suas limitações e ignorando o seu potencial, o que dificulta e
até
mesmo impede que ele se realize como cidadão.
2 - O ENSINO DAS TÉCNICAS DE
LOCOMOTILIDADE PARA
DEFICIENTES VISUAIS
É nosso intuito abordar os principais aspectos do ensino das técnicas de
locomotividade para as pessoas portadoras de cegueira e de visão subnormal,
focalizando os três aspectos seguintes: as técnicas de locomotividade, a pessoa
que se
submete ao seu aprendizado e o instrutor que ministra o treinamento.
Psicofisicamente, a perda da liberdade de movimento é um problema bastante
grave. Com algumas exceções, os pequenos movimentos normais são controlados pela
visão. Com a perda desta, a mobilidade no meio ambiente transforma-se num
tremendo
desafio. Mesmo para as pessoas que possuem o melhor equipamento e tiveram o
melhor
treinamento, a movimentação de um lado para outro requer o máximo de atenção,
habilidade e coragem.
No início da cegueira, os problemas psicoemocionais da pessoa acrescido pelos
estereótipos sociais, agravam sobremaneira as dificuldades. Nas pessoas com
cegueira
antiga, o medo acumulado, a motivação diminuída e os hábitos de locomoção
prejudicados, aumentam a gravidade do problema. Em situação mais complexa estão
as
pessoas portadoras de cegueira congênita que não receberam na infância e
adolescência
educação e orientação adequadas. Não obstante esta situação, nada impede que o
deficiente visual se desenvolva em outras áreas de atividade, habilidade e
conhecimento, podendo mesmo alcançar posição de destaque na vida. Entretanto,
ele
sempre poderá ser comparado ao pássaro engaiolado que canta alegre e ajustado à
condição de prisioneiro. Mas, suas deficiências aparecerão tão logo o soltem e
seja
obrigado a locomover-se sozinho num mundo onde os pássaros selvagens são
normais.
Em outras palavras, o pássaro caseiro é funcionalmente ineficiente comparado ao
pássaro livre que percebe a diversidade de relações existentes no meio ambiente,
o que
tem pouco ou nenhum significado para o primeiro. Os indivíduos também, até certo
ponto, tornam-se funcionalmente deficientes quando enfrentam um ambiente confuso
e
complexo. Assim, cada um de nós, procura treinar e educar-se para enfrentar e
resolver
adequadamente situações complexas que surjam num mundo de competições. Neste
sentido, pergunta Platão, em se tratando de educação em geral: “não é a melhor
educação aquela que dá ao espírito e ao corpo toda a beleza e perfeição de que
são
capazes?” Quase todos responderíamos afirmativamente. Entretanto, há muitos que
nunca atingiram¸ atingem, ou não poderão atingir tal perfeição por este ou
aquele
motivo.
Discorrer sobre as vantagens de caminhar independentemente de ajuda seria
comentar o óbvio. Todavia, deve-se considerar a grande importância da atividade
muscular para a saúde do organismo. Somente a atividade e energia podem tornar
este
organismo em um ser humano eficiente. A musculatura humana precisa receber uma
quantidade de estímulos significativos para elevar-se acima da manifestação
banal da
atividade. Precisa de estimulação regular para desenvolver o sistema
neuromuscular, ou
pelo menos, para manter-se no ponto mais útil. A tranqüilidade e o vigor do
espírito e
do corpo podem estar mais intimamente ligados à ação muscular do que comumente
se
supõe. Assim sendo, é de vital importância que o deficiente visual receba uma
educação
que lhe proporcione uma função sensitivo-motora eficaz, o que não pode ser feito
parcialmente, tendo-se como escopo o objetivo de Platão e nosso também. É
evidente,
portanto, que andando sem um guia a pessoa cega terá muito mais condições e
oportunidades de atingir essa integração. Além disso, a autonomia é uma
necessidade
humana, portanto, um direito humano que todos devem desfrutar.
Embora muitos processos para a locomoção do deficiente visual tenham sido
estudados, tais como: auxílios eletrônicos e o “cão-guia” parece ser das
melhores
técnicas para diminuir os obstáculos à locomotividade e inculcar novos hábitos
de
locomoção aos cegos, o emprego da bengala longa. Isto porque o primeiro ainda
não
estão disponível comercialmente; o segundo, o “cão-guia”, devido à complexidade
da
seleção, aquisição, treinamento e manutenção do animal, aliadas à inexistência
de
escolas e treinadores no Brasil, bem como a efemeridade da vida do cão e a
necessidade
de legislação especial para permitir seu uso em qualquer situação, tornam este
recurso
inadequado à nossa realidade socioeconômica e cultural vigente. Entretanto, a
utilização
de qualquer meio para a locomoção: guia humano, cão-guia, bengala longa e
outros, do
ponto de vista de segurança e eficácia, deve ser avaliada em termos da
capacidade e
satisfação do indivíduo. Em nosso país há pouco para escolher.
A descrição detalhada de um sistema de locomoção, no presente trabalho, a
Técnica de Hoover, pode, sem dúvida, acarretar falsas concepções que trazem mais
prejuízos que benefícios. Entretanto, alguns esclarecimentos se tornam
imprescindíveis
para evitar idéias errôneas:
-
nada há de misterioso ou de complicação no sistema de andar como o ensinado
aos deficientes visuais. Trata-se de uma simples aplicação da lógica rigorosa,
fria e prática, associada a alguns princípios físicos elementares, baseados na
observação, experimentação, debate e na prática como foi investigada pelo Dr.
Richard R. Hoover;
-
não se trata de uma habilidade para ser dominada em dez lições fáceis.
Aqueles
que a conhecem e tiveram experiência, podem testemunhar isso;
-
quando a técnica é empregada de forma correta, se torna plenamente eficaz
para os fins a que se destina;
-
não é difícil de ser aprendida, porém, exige muita prática e treinamento
supervisionado;
-
a desvantagem a que a minoria se refere é o comprimento da bengala. Isto é
pouco relevante porque todos se acostumam logo, após um curto período de
treinamento;
-
esta técnica não deve ser considerada como a última palavra ou método
decisivo. O interesse e esforço para o seu aperfeiçoamento ou estudo de
melhores processos, devem estar sempre presentes no pensamento de todos
aqueles que se dedicam a esta atividade.
Alguém disse que a liberdade não é uma coisa que se procura às apalpadelas,
sempre além do alcance. Ela é intrínseca ao ser humano e deve ser desenvolvida a
qualquer preço. O valor da locomoção independente pode ser igualado ao da
própria
vida, se aceitarmos o argumento filosófico de São Tomás de Aquino, que define o
ser
vivo como sendo aquele capaz de mover-se por si mesmo.
O exercício do direito de
“ir
e vir” é mais significativo para o auto-respeito e a dignidade pessoal que o
emprego ou
posição de destaque social. A capacidade de locomoção independente e a
consciência
do mundo imediato são fatores essenciais para viver e ganhar a vida. Portanto, a
imobilidade pode ser considerada como elemento de estagnação física e mental.
Uma entre várias definições de locomotividade é o conhecimento e o controle do
deslocamento do corpo em relação ao ambiente. Esta definição deve ser ampliada
para incluir uma lembrança de “onde estou, o que estou fazendo, aonde vou”, em
relação aos
lugares, coisas e outras pessoas.
O que é necessário para que o deficiente visual enfrente com sucesso o
treinamento de sua locomotividade? Respondemos à pergunta antes pela análise das
dificuldades a serem por ele enfrentadas, que pela simples enumeração de pré-
requisitos.
O aprendizado das técnicas de locomotividade não é simples e frio como
aparentemente possa parecer. Não basta apenas ter a bengala e saber manejá-la de
acordo com as técnicas. A livre deambulação do deficiente visual despertará nele
os
problemas acarretados pela cegueira, os quais poderiam aparentemente resolvidos
pela
acomodação.
O Reverendo Thomas J. Carrol, líder no campo da pesquisa e
reabilitação
de cegos nos Estados Unidos, estudando os efeitos da cegueira em seus
portadores,
identificou uma série de prejuízos motivados por esta limitação, alguns dos
quais
citaremos:
-
perda da integridade física;
-
perda da confiança nos sentidos remanescentes;
-
perda de contato com a realidade;
-
perda da perspectiva visual;
perda da percepção das coisas que dão prazer visual;
-
perda da locomoção independente;
-
perda da facilidade de relacionamento com outras pessoas;
-
perda da recreação de caráter ativo;
perda da segurança pessoal, interna e externa;
-
perda do funcionamento social adequado;
-
perda da auto-estima, etc.
Considerando-se o indivíduo sob o impacto desses prejuízos e sob a pressão dos
preconceitos já estabelecidos pela sociedade a respeito dos cegos, fácil se
torna a
compreensão da necessidade do preparo psicoemocional do deficiente visual para
que se
disponha a enfrentar com êxito o treinamento da locomoção independente. Neste
preparo devem ser considerados aspectos tais como:
-
1. - grau de ajustamento à condição de cegueira;
-
2. - atitude da família face à limitação;
-
3. - pressões do ambiente em que o indivíduo vive;
-
4. - estrutura de sua personalidade que precisam ser estudados e trabalhados.
Códices físicas tais como: acuidade visual, causa da cegueira, prognóstico,
cuidados
especiais e época de instalação da deficiência são essenciais ao conhecimento da
pessoa
para que ela tome consciência da situação e possa decidir por ajudar a si
própria.
O conhecimento do nível mental, condições senhoriais, incapacidades
adicionais, condições orgânicas gerais, enfatizando os aspectos:
cardiovasculares,
endócrino e neurovegetativo, são de suma importância para a formulação de um
programa de treinamento adequado.
Conclui-se que para a recuperação da locomotividade pela pessoa cega, é
necessária a colaboração de várias disciplinas, o que nos induz à compreensão de
que a
locomotividade não é, nem pode ser um processo de aprendizagem isolado, devendo
fazer parte de um programa de reabilitação total, no sentido de promover o
máximo de independência e auto-suficiência desse indivíduo. Nesse esforço todos
os profissionais
são igualmente importantes e, se alguém deva sobrepor-se, com direitos
insofismáveis,
esse alguém é o aluno.
Talvez seja agora o momento oportuno para se dizer alguma coisa a respeito do
profissional que irá ministrar o treinamento da locomotividade. Antes, porém,
algumas
considerações se fazem necessárias. É preciso enfatizar a necessidade da
formação
profissional, pois, o instrutor de locomotividade toma a vida e a segurança
física e
emocional dos clientes em suas mãos. A carência de instrutores neste campo é
muito
grande e não é surpresa encontrar-se voluntários, cegos ou videntes, sem
treinamento,
“ensinando” aos deficientes visuais como se locomoverem. Convém ponderar que
ministrar treinamento de locomotividade a uma pessoa cega sem ter o preparo
profissional para tanto, é uma temeridade.
Que tipo de pessoa, que características deve possuir, o que deve saber o
indivíduo que pretende ser instrutor de locomotividade? Estes são alguns itens
que a
seguir procuraremos elucidar.
De acordo com a literatura especializada, a seleção de pessoal para esta
atividade
deve obedecer aos seguintes padrões:
> Escolar - instrução secundária completa.
> Físico - a) a visão não deve estar afetada de tal modo que não possa ser
corrigida a 20/20. Não deve haver erros no campo visual, nem sinais de afecção
patológica que possa progredir. b) Audição normal e bom estado físico.
> Características pessoais: - honestidade, capacidade de relacionar-se bem com
as pessoas em geral, ou seja, estabelecer relações positivas, cortesmente
profissionais;
firme convicção no direito à autonomia do ser humano; bom senso e arguta
capacidade
de observação e interpretação são imprescindíveis. Em suma, um caráter capaz de
reagir
a todas as situações emocionais de modo construtivo, realista e otimista.
Outras características poderiam ser arroladas, mas julgamos mais fácil indicar
como o instrutor não deve ser: mórbido, impaciente, autoritário, intolerante,
desorganizado, embaraçado no trabalho, indeciso e desonesto.
Concluindo, esperamos ter esclarecido que o ensino das técnicas de
locomotividade aos deficientes visuais é um serviço de alta relevância para a
integração
social dessas pessoas. Requer senso de responsabilidade e formação profissional,
não
devendo ser ministrado de forma isolada e empírica.
3 - TREINAMENTO SENSORIAL E INICIAÇÃO DA LOCOMOTILIDADE
DO DEFICIENTE VISUAL
A elaboração deste roteiro objetivou oferecer subsídios aos diferentes
profissionais que se encontram envolvidos diretamente com pessoas portadoras de
cegueira ou de visão subnormal e, também, orientar pais e mestres de crianças
cegas
quanto aos procedimentos facilitadores do desenvolvimento da prontidão
sensoperceptiva, psicomotora e emocional para o exercício da deambulação, o mais
cedo possível.
Não se trata de um esquema rígido a ser fielmente seguido, mas, sim, de um
conjunto de idéias objetivamente ordenadas, com o propósito de propiciar um
sentido
metodológico às experiências a serem oportunizadas aos deficientes da visão.
Este conjunto deverá ser alterado e enriquecido para se adequar ao atendimento
de cada
pessoa e situação em particular.
São inúmeras as dificuldades das pessoas portadoras de cegueira ou de grave
deficiência da visão para a estruturação da orientação espacial. Maiores, porém,
são os
embaraços advindos do seu deslocamento no espaço, por causa da imprescindível
reorientação após cada ponto conquistado, não importando com que nível de
facilidade.
Quanto mais cedo a pessoa recém-cega ou portadora de cegueira congênita for
colocada no exercício do processo contínuo da reorientação espaço-temporal,
maiores
facilidades ela encontrará para a consecução do desiderato de atingir outro
ponto no
espaço-tempo, com ou sem o auxílio de um guia. Para tanto, ela deverá vivenciar
a
permanente consciência do corpo, da sua pessoa e de toda a realidade
fenomenológica
que a envolve. Para a organização ou reorganização da auto-imagem, estruturará
ou
reestruturará o esquema corporal através do potencial intelectual,
sensoperceptivo e
psicomotor. Quanto mais aprimoradas forem essas conquistas, tanto maiores serão
as
facilidades a serem desfrutadas pela pessoa cega na difícil tarefa de
coincidentemente,
abandonar um ponto conhecido no espaço-tempo para atingir um outro, ainda que
próximo, com ou sem o auxílio de outrem.
As pessoas que compõem o círculo de convivência ou de relacionamento dos
cegos ou deficientes visuais graves temem pela segurança destes. Evitam, dentro
de suas
possibilidades, que eles se exponham a riscos físicos, emocionais e morais. Para
tanto,
prestam-lhes toda a sorte de serviços a fim de que eles não se desloquem no
espaçotempo.
Este procedimento, ainda que impregnado de forte humanismo e de boa
intenção, priva a pessoa cega de experiências elementares necessárias à
sobrevivência
física, psicoemocional e social, agravando, ainda mais, os prejuízos decorrentes
da
condição de cegueira.
Operacionalizando os procedimentos destinados a promover as condições de
funcionamento independente da pessoa cega, adulta ou criança, apresentamos a
seguir
uma série de conceitos e exercícios básicos para o desenvolvimento ou
aprimoramento
das funções senhoriais específicas e domínio das técnicas de locomotividade.
4 - FUNÇÕES ESPECÍFICAS - EXERCÍCIOS
4.1 - AUDIÇÃO
4.1.1 - Peça ao aluno que discrimine os diversos tipos de ruídos existentes em
diferentes ambientes. Aproveitando oportunidades semelhantes, posteriormente,
peça ao
aluno que localize as fontes sonoras, tocando-as, sempre que possível.
4.1.2 - Conduza o aluno a uma área livre de obstáculos e afaste-se dele alguns
passos (cinco a dez, por exemplo). Falando-lhe continuamente, diga-lhe que venha
até
você e o toque. Quando o aluno houver alcançado êxito freqüente, prossiga como
segue:
4.1.3 - Afaste-se novamente, cinco a dez passos do aluno e após pedir-lhe que o
alcance permaneça em silêncio - quando ele começar a andar em sua direção.
Quando
apresentar desvio acentuado, fale novamente com ele e silencie assim que tenha
feito a correção da rota. Quando o aluno houver alcançado êxito freqüente, passe
à etapa
seguinte:
4.1.4 - Em condições favoráveis (ausência de obstáculos e degraus), indique ao
aluno alguns sons eventuais no ambiente para que ele os localize, por exemplo,
ruído de
portas, telefone, etc. Recomendação: - Repetir estes exercícios e outros
semelhantes
tantas vezes quanto necessárias para ficar claramente provada a capacidade ou
não do
aluno orientar-se pela audição.
4.1.5 - Em horário de maior silêncio, caminhe com o aluno ao longo de um
corredor em que existam muitas portas ou recuos fechados. Cuidado especial deve
ser
tomado para que não haja corrente de ar saindo das portas abertas ou dos recuos
do
corredor. Peça ao aluno que caminhe e pare em frente a cada porta aberta ou
recuo do
alinhamento. Quando houver conexão de corredores, peça ao aluno que indique a
mudança de direção dos mesmos, sem que tenha tocado nas paredes. O aluno deve
ainda
ser capaz de indicar o término do corredor sem esbarrar nas pareces ou qualquer
coisa
que lhe possa servir de referência (vasos, quadros, etc.).
Quando o aluno apresenta grande dificuldade para efetuar este tipo de
discriminação, é aconselhável que ele produza algum tipo de ruído, por exemplo:
estalar
os dedos, assobiar, pisar mais forte, etc.
4.1.6 - Acompanhe o aluno para um corredor, pátio, ou mesmo rua, onde possam
ser encontrados pilares, árvores ou postes. Diga-lhe que pare ao lado de cada
obstáculo
percebido sem que o tenha tocado. Permita-lhe verificar quanto obteve de êxito.
4.1.7 - Caminhe com o aluno pelo pátio ou rua onde possam ser encontrados
toldos, sacadas ou marquises. Diga ao aluno que indique a presença dessas
coberturas
quando estiver passando sob elas.
Recomendação: - Nestes exercícios o aluno deve andar livremente. Cuidado
especial deve ser tomado para que ele não faça a discriminação por meio da
sombra em
horário de sol. Os exercícios devem ser repetidos tantas vezes quanto o
necessário, para
que se torne clara a capacidade ou não de o aluno servir-se dessas percepções
para
orientar-se.
4.2 - TATO
4.2.1 - Em passos sucessivos, apresente ao aluno coleções de materiais das mais
variadas texturas, por exemplo: diferentes tipos de papéis, de tecidos, de
madeiras, de
fios, de plásticos, de vidros, etc. Permita que ele examine os materiais e, a
seguir, faça a
discriminação tátil das diferentes texturas em termos de: liso, áspero, regular,
irregular,
etc. Diga-lhe que também discrimine a consistência dos materiais em termos de:
macio,
duro, flexível rígido.
4.2.2 - Aproveitando os mesmos materiais anteriormente utilizados, acrescente a
eles umidade e calor. Indique ao aluno que agora ele deve discriminar percepções
térmicas e de umidade, ou ambas simultaneamente.
4.2.3 - Quando o aluno tiver obtido êxito freqüente nos exercícios, proponha-lhe
que proceda as mesmas discriminações (liso, áspero, regular, irregular, macio,
duro,
flexível, rígido, seco e molhado), servindo-se para isto de um instrumento, por
exemplo:
uma espátula, para tatear os materiais.
4.2.4 - Para esta etapa que deve ser subseqüente às anteriores, prepare um
conjunto de vasilhas e coloque um conteúdo que apresente uma variação gradativa
do
estado líquido ao estado sólido. Este conteúdo deverá ser oleoso e não oleoso.
Exemplo: água, mingau, creme, pasta, massa semi-sólida, massa solidificada, óleo
fino, óleo
denso, graxa espessa, graxa solidificada. Indique ao aluno que identifique as
diversas
consistências. Inicialmente pelo tato direto e posteriormente, através de uma
espátula.
Recomendação: - Repetir os exercícios tantas vezes quantas sejam necessárias
para tornar clara a capacidade do aluno efetuar tais discriminações.
4.2.5 - Acompanhe o aluno a uma área onde possa ser exposto a correntes de ar
de saídas de edifícios, vãos de prédios e esquinas. Peça-lhe que o informe
quando
perceber a corrente de ar, indicando a direção de sua procedência.
Num passo subseqüente, aproveitando situações semelhantes, peça ao aluno que
discrimine a existência de correntes de ar, procedência das mesmas e temperatura
delas
- frias ou quentes.
4.2.6 - Numa etapa mais avançada, peça ao aluno que discrimine as ondas de
calor refletidas por diversos materiais: granito, asfalto, cimento, terra,
vegetação e
superfícies metálicas. Para tanto, conduza o aluno a áreas onde, em horários
adequados,
possam ser percebidas essas diferenças de temperatura na atmosfera.
Em caso de haver impossibilidade de saída do ambiente da casa ou da escola,
poderão ser empregados para se obter os mesmos efeitos, portas e janelas
(abertas ou
fechadas), ventiladores, aquecedores, geladeira, fogão, ferro elétrico, etc.
Será indispensável que o aluno saiba discriminar a área de sol e sombra, não
obstante possa haver correntes de ar quente na sombra e de ar frio na área de
sol.
Recomendação: - Os exercícios devem ser repetidos até que fique evidente a
capacidade ou não do aluno fazer uso dessas percepções para a sua orientação.
4.2.7 - Prepare, em relevo e em separado, os vários tipos de linhas e suas
combinações possíveis. Apresente-os sucessivamente ao aluno em seqüentes graus
de
complexidade. Permita-lhe que os examine e os identifique. A seguir, peça ao
aluno que
reproduza na reglete, em aparelho de desenho ou de outra forma que encontrar, os
modelos dados.
4.2.8 - Em seqüência aos procedimentos anteriores, faça com que o aluno
identifique os diversos tipos de linhas e de suas combinações, existentes nos
objetos de
seu uso diário.
4.2.9 - Apresente ao aluno um conjunto de sólidos geométricos. Permita que ele
os examine em separado e os identifique. A seguir, misture as peças e vá
sorteando uma
a uma, para que o aluno a reconheça.
4.2.10 - Apresente ao aluno as figuras geométricas representadas no plano, de
forma pontilhada e cheia. Podem igualmente ser usados modelos em madeira ou em
qualquer tipo de material disponível. Permita que o aluno examine e identifique
cada
modelo dado. Posteriormente, peça-lhe que identifique os modelos sorteados
aleatoriamente do conjunto, previamente embaralhados.
Recomendação: - Todos esses exercícios devem ser repetidos até que fique
evidente a capacidade ou não do aluno efetuar tais discriminações.
4.3 - OLFATO
4.3.1 - Em diversos ambientes e diferentes horários, estimule o aluno a
identificar os diferentes odores existentes. Supermercados e grandes magazines
são
locais apropriados para este tipo de exercício.
4.3.2 - Apresente ao aluno
produtos comuns, com odores fortes. Exemplo:
gasolina, naftalina, inseticida, cera, desinfetante, etc. Peça-lhe que os
discrimine por
tipo de produto.
4.3.3 - Num passo subseqüente, apresente ao aluno produtos comuns com odores
suaves. Exemplo: cosméticos, perfumes, etc. Peça ao aluno que faça a
discriminação por
tipo de produto: talco, batom, dentifrício, sabonete, colônia, etc.
4.3.4 - Acrescente aos odores os fatores de aquecimento e umidade. Peça ao
aluno que ao identificar o odor (doce, seco, acre, ácido, fermento) discrimine
também
suas condições de calor e umidade.
4.3.5 - Numa segunda fase, aproveite os mesmos produtos utilizados, colocandose
um por vez, em local desconhecido do aluno, porém de forma que possa ser
percebido o odor exalado. Estimule o aluno a localizar a fonte emanadora do
odor.
Recomendação: - Uma precaução deve ser tomada com relação ao treinamento
olfativo, pois, este sentido satura-se com muita rapidez. Portanto, os períodos
de
treinamento devem ser curtos. O ambiente onde se fizer o treinamento deve ser
arejado
para que a atmosfera não fique logo impregnada. Os exercícios devem ser
repetidos até
que fique evidente a possibilidade ou não do aluno utilizar-se das percepções
olfativas
para a sua orientação espaço-temporal.
4.4 - GUSTAÇÃO
4.4.1 - Faça com que o aluno experimente, sem engolir, alguns alimentos ou
produtos com os sabores básicos: amargo, azedo, doce e salgado. Peça-lhe que
discrimine cada sabor.
4.4.2 - Apresente ao aluno para que ele os discrimine alimentos básicos com os
sabores básicos bastante suavizados.
4.4.3 - Numa segunda etapa, faça as combinações possíveis dos sabores básicos
e peça ao aluno que os identifique nas misturas.
4.4.4 - Apresente ao aluno para que ele experimente, sem engolir, sólidos e
líquidos, cozidos ou crus, de preferência os mais comuns, a fim de que os
identifique
pelo paladar.
OBSERVAÇÃO: - Os exercícios devem ser repetidos até que fique evidente a
capacidade ou não do aluno efetuar tais discriminações.
4.5 - SENTIDOS INTEGRADOS
4.5.1 - Apresente ao aluno as diversas essências, empregadas na culinária, para
que ele as identifique olfativamente. Quando houver obtido êxito, dissolva-as em
água e
apresente-lhe para a discriminação gustativa.
4.5.2 - Acompanhe o aluno a ambientes onde ele possa ser envolvido em
situações as mais diversificadas. Peça-lhe então que discrimine alguns dos
estímulos
senhoriais presentes no ambiente e, tanto quanto possível, localize as fontes
estimuladoras com o máximo de precisão. Os estímulos podem ser: vozes humanas,
de animais, ruídos - de cozinha, de escritório de indústria; perfumes de pessoas
e odores
característicos - de farmácia, de açougue, barbeiro, bar, etc.
4.5.3 - Instrua o aluno para que o mantenha informado do ambiente assim como
ele o percebe: tipo de piso, espaço disponível, condições de arejamento,
quantidade de
pessoas presentes, calor, umidade, existência de mobiliário, bem como os
diversos tipos
de sons e ruídos existentes.
4.5.4 - Numa fase mais avançada, proponha ao aluno que faça a relação da
própria posição com a da fonte estimuladora. Peça-lhe que o mantenha informado
dos
detalhes da maneira pela qual ele efetua essa relação: fonte estimuladora à
frente, à
esquerda, à direita, etc Aluno à frente, à direita, à esquerda, etc. da fonte
estimuladora,
assim como as combinações possíveis.
4.5.5 - Peça ao aluno que efetue também a correção das posições das várias
fontes estimuladoras entre si, até que alcance o máximo de precisão na
localização.
4.5.6 - Na impossibilidade de sair da sala de aula ou da casa do aluno, esse
treinamento poderá ser feito da seguinte maneira: coloque o aluno diante de uma
mesa
onde haja diversos objetos que produzam sons específicos, por exemplo: rádio,
campainha, relógio, ventilador, etc. Diga-lhe que faça a relação da sua pessoa
com cada
objeto existente, separadamente.
Numa segunda etapa, o aluno deverá fazer a relação da sua pessoa com o
conjunto de objetos. Após o aluno haver alcançado êxito nesses exercícios,
poderão ser
acrescentadas fontes de calor, de odor, etc.
4.5.7 - Marque dois pontos no chão com uma distância mínima de cinco metros
entre eles. A seguir, coloque o aluno sobre a primeira marca e em seguida,
caminhe com
ele até a outra, parando sobre ela. Em seqüência, diga ao aluno que, partindo de
onde se
encontra, caminhe uma distância que lhe pareça igual à anterior. Quando o aluno
parar,
marque o local e meça o espaço por ele percorrido na segunda caminhada.
Informe-o
quanto obteve de acerto.
4.5.8 - Marque uma altura na parede ou árvore, que seja diferente da altura da
mão do aluno com o braço caído ao longo do corpo. Faça com que o aluno a
identifique
colocando a mão dele sobre a marca. A seguir, faça com que ele retorne a mão
utilizada
na verificação da marca para a posição normal, caída juntamente com o braço ao
longo
do corpo. Ande então com ele um espaço de cinco a seis metros e diga-lhe para
que
marque noutro local uma altura que lhe pareça igual à verificada anteriormente.
Após
conferir a medida exata, informe ao aluno o quanto obteve de acerto.
4.5.9 - Servindo-se de um cronômetro ou relógio com ponteiro de segundos,
marque um período de tempo, por exemplo: 15, 20, 30, 60 segundos, assinalando o
princípio e o fim do período de tempo com o toque de campainha ou de outro modo
bem distinto. A seguir, peça ao aluno que faça o mesmo: assinale o princípio e o
término de um período de tempo que lhe pareça igual ao anterior, porém, sem
fazer uso
do relógio. Cronometre o tempo por ele indicado e o informe sobre o quanto
obteve de
acerto.
4.5.10 - Assinale no corredor, pátio ou outro lugar, um espaço mínimo de 15
metros. Caminhe com o aluno de um extremo ao outro, cronometrando o tempo gasto.
A seguir, peça ao aluno que percorra um espaço que lhe pareça igual ao anterior,
usando
igual período de tempo. Cronometre e confira a distância percorrida. A seguir,
informe
ao aluno o quanto obteve de êxito.
4.5.11 - Apresente ao aluno uma superfície simetricamente perfurada ou
quadriculada em relevo. Permita-lhe que a examine inteiramente. A seguir,
peça-lhe
que marque um ponto de sua livre escolha e o relacione em termos de posição com
aqueles que você irá indicando. 4.5.12 - Após o aluno haver obtido êxito
freqüente no exercício anterior,
proponha-lhe que examine integralmente um ambiente fechado, por exemplo: a sala
de
aula. A seguir, permita-lhe que escolha um ponto em que se colocará para fazer a
relação de posição da sua pessoa com os objetos, e vice-versa, inclusive os
existentes no
plano vertical. Diga-lhe que escolha vários outros pontos no ambiente e repita o
exercício.
RECOMENDAÇÃO:
Todos os exercícios devem ser repetidos até que o aluno
obtenha o máximo de êxito, ou seja, que o seu desempenho não possa mais ser
melhorado.
5 - LOCOMOTILIDADE DO DEFICIENTE VISUAL
5.1 - POSTURA
São acentuadas as deformações da postura estática ou dinâmica provocadas pela
cegueira. A inclinação da cabeça para frente, para baixo, ou mesmo lateralmente,
perda
do balanceamento dos braços, encurtamento do passo, perda do equilíbrio e o
arrastar
dos pés, são alguns dos prejuízos na área física. Quanto maior for o tempo de
imobilidade após a cegueira, mais acentuadas serão essas dificuldades.
5.1.1 - Peça ao aluno que dê as costas a uma parede e nela se encoste
totalmente:
cabeça, costas e calcanhares. Deixe que ele permaneça nessa posição por alguns
minutos a fim de que tome consciência da diferença entre a postura correta e
aquela
adotada por ele habitualmente.
5.1.2 - Quando o aluno for capaz de manter o corpo corretamente na posição
vertical, encostado ou fora da parede, diga-lhe que volte a ela e se coloque na
posição
inicialmente ensinada. Peça-lhe que coloque as mãos na nuca, entrelaçando os
dedos. A
seguir, force os cotovelos do aluno de encontro à parede para provocar a
abertura dos
ombros. Em seguida, diga-lhe que deixe os braços caírem ao longo do corpo,
conservando o máximo de abertura dos ombros. Recomende-lhe que, doravante,
procure
manter a postura como a que apresenta no momento do exercício, quer se encontre
de
pé, sentado ou caminhando.
5.1.3 - Para que o aluno reconheça a importância da recomendação anterior,
conduza-o lentamente em direção a uma parede, mantendo a posição ensinada. Ele
deverá tocá-la com a ponta do pé, antes que seu corpo se choque com ela. Repita
a
experiência, recomendando ao aluno que conserve a posição curvada do tronco com
a
projeção da cabeça. Caminhando em direção da parede, esta será tocada
primeiramente
por sua cabeça.
RECOMENDAÇÃO:
- Pelo fato da postura constituir uma projeção física da
personalidade, segundo Gesell, deixa de ser pedagógico chamar continuadamente a
atenção do aluno para este aspecto. Não obstante, de quando em vez, ele deverá
ser
relembrado dos grandes benefícios que pode usufruir por manter a postura a mais
correta possível.
5.2 - MARCHA
Explique ao aluno que a marcha se compõe de três tempos básicos: batida do
calcanhar, apoio plantar e propulsão com a ponta do pé. Ela se desenvolve com o
emprego coordenado das articulações (tornozelos, joelhos e quadris), músculos e
tendões do aparelho locomotor, deslocamento do peso do corpo de um pé para o
outro,
balanceamento coordenado dos braços, em fim, com toda a harmonia corporal,
constituindo um todo em movimento. A divisão apresentada é apenas de caráter
didático.
5.2.1 - Coloque o aluno na barra paralela e permita que apóie uma das mãos.
Não havendo este equipamento disponível, peça ao aluno que se coloque
paralelamente
a uma parede onde se apoiará com uma das mãos. Diga-lhe que dê um passo à frente
e,
sem retirar o pé que ficou atrás, fixe-os nos pontos tocados. Instrua o aluno
para que
faça a transferência do peso do corpo do pé que está à frente, para o ponto de
partida.
Chame a atenção do aluno para o sincronismo das diversas posições dos pés
(batida do
calcanhar, apoio plantar e propulsão com a ponta do pé). Faça com que ele note a
necessidade de flexão dos tornozelos e joelhos e o emprego da articulação
coxofemoral.
Este exercício deve ser repetido até que o aluno resgate o movimento correto do
caminhar.
5.2.2 - Quando o aluno tiver aprendido os movimentos corretos da marcha, peça-lhe
para que ande, parando a cada passo, observando o sincronismo das diversas
posições dos vários segmentos do corpo envolvidos diretamente no andar. A
seguir,
peça-lhe que ande livremente e pare, a uma ordem sua, mantendo os vários
segmentos
do corpo na posição em que se encontrarem, fazendo ele próprio a avaliação da
coordenação e uso dos segmentos corporais.
5.2.3 - Para que o aluno consiga melhorar a extensão do passo, faça com que
verifique a distância existente entre o calcanhar do pé que vai à frente e a
ponta do que
ficou atrás. Para isto, permita-lhe que caminhe livremente e, ao seu sinal,
pare,
conservando os pés nos pontos tocados. Diga-lhe que se abaixe e verifique a
distância
entre os pés. Informe ao aluno que o espaço mínimo entre os pés para um caminhar
adequado é o tamanho do próprio pé. Quando este espaço é menor a pessoa anda
arrastando os pés, correndo maior risco de tropeços.
RECOMENDAÇÃO:
- Este exercício deve ser repetido freqüentemente, até que
o aluno forme o hábito de dar o passo na extensão proporcional aos seus membros
inferiores.
5.2.4 -Permita que o aluno ande livremente, numa sala sem obstáculos, partindo
de uma parede, indo até àquela que lhe fica oposta. Diga-lhe que conte os
passos. A
seguir, peça-lhe que faça o mesmo percurso com menor número de passos.
RECOMENDAÇÃO:
- Repetir este exercício até que a freqüência do número
menor de passos se estabilize. Explique ao aluno que o rendimento da marcha pode
ser
grandemente melhorado apenas com o aumento da extensão do passo, sem prejuízo da
segurança e aceleração do ritmo.
5.3 - SEGURANÇA FÍSICA
O andar ereto protege a cabeça de possíveis impactos em paredes, portas e
pessoas. Todavia, os obstáculos à meia altura e que não apresentam continuidade
de superfície até o solo, oferecem riscos à região baixa do abdome quando o
aluno se
locomove desacompanhado e sem utilizar-se da bengala.
5.3.1 - Ensine o aluno que os deslocamentos laterais devem ser evitados. Ele
sempre deverá voltar-se na direção em que irá mover-se. Coloque uma cadeira
junto à
mesa e o aluno do lado oposto. Diga-lhe que procure a cadeira e se sente. Cuide
para
que ao circular a mesa o aluno caminhe sempre de frente na direção do movimento.
5.3.2 - Em ocasiões diferentes, tome a mão do aluno e puxe-o para o lado. Caso
ele se desloque lateralmente, chame sua atenção para o fato, relembrando que ele
deverá
andar sempre voltado para a direção do movimento.
RECOMENDAÇÃO:
- O aluno deverá tomar cautela com relação aos
deslocamentos para trás, sem que se tenha voltado para a direção do movimento.
5.3.3 - Ensine o aluno a proteger o corpo colocando o braço em extensão,
diagonalmente, à frente do corpo, com a mão para baixo e o dorso da mesma
voltado
para frente, ao centro da região mais baixa do abdome. Deverá conservar um
espaço de
5 a 10 centímetros entre a mão e o corpo. Sempre que estiver caminhando sem
bengala
e desacompanhado, deverá conservar um dos braços na posição anteriormente
descrita,
a fim de evitar choques imprevistos. Faça com que o aluno caminhe empregando
esta
técnica de proteção. Para que ele reconheça a utilidade deste procedimento,
coloque
obstáculos de meia altura em seu caminho a fim de que ele os encontre com o
dorso da
mão do braço que o protege.
5.3.4 - Ensine o aluno a proteger o rosto contra possíveis choques ao abaixar-se
para apanhar algo no chão. Deverá abaixar-se conservando o mais possível o corpo
na
posição vertical. Para isto, deverá fazer uso das articulações coxofemoral,
joelho e
tornozelo, ao invés de inclinar o corpo para frente, flexionando a coluna na
altura da
cintura. Para que o movimento seja mais livre, recomenda-se que os pés fiquem um
pouco afastados e um adiante do outro. Tomando estes cuidados e colocando o
antebraço em ângulo reto com o braço, horizontalmente ao nível do rosto, ele
estará
protegido de choques eventuais da face com algum obstáculo: espaldar de cadeira,
quina
de mesa, gavetas abertas, etc.
Deixe cair algum objeto e peça ao aluno que o apanhe. Quando tiver aprendido
satisfatoriamente a posição descrita anteriormente, coloque obstáculos entre o
aluno e o
objeto a ser apanhado. Repita freqüentemente exercícios semelhantes para que o
aluno
adquira o hábito de proteger-se.
RECOMENDAÇÃO: - Ensine o aluno que, quando estiver em companhia de
outra pessoa cega e ocorrer a queda de algum objeto, antes de abaixar-se para
apanhá-lo,
deverá informar a outra pessoa que irá fazê-lo. Assim procedendo, estará
evitando o
provável choque das cabeças de ambos.
5.3.5 - Para as ocasiões em que ocorrer a necessidade de caminhar
desacompanhado e sem o auxílio da bengala em ambientes totalmente estranhos¸
recomenda-se que o aluno empregue a conjugação das duas técnicas de proteção,
superior e inferior, simultaneamente. Igual procedimento é recomendado para
porões,
quartos de despejo e áreas em que se acumulem grande quantidade de obstáculos
que
torne impraticável o emprego da bengala.
5.4 - ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
A orientação espaço-temporal é um contínuo processamento de inúmeros sinais
presentes no ambiente para determinar a posição ocupada pela pessoa e permitir o
planejamento da trajetória de deslocamento, a fim de alcançar outro ponto no
espaço,
previamente determinado, num período de tempo calculado.
5.4.1 - Ensine ao aluno a utilizar-se dos diversos estímulos senhoriais
existentes
no ambiente. Especialmente, ensine-o a posicionar-se em relação aos diferentes
objetos
existentes, utilizando suas linhas básicas como indicadores de direção. Faça-o
caminhar
ao longo de uma corda solta no chão e perceber as mudanças de direção indicadas
por
ela. Ele deverá senti-las com os pés.
5.4.2 - Ensine o aluno a seguir o alinhamento de uma parede, tocando-a com o
dorso da mão, com o braço abaixado. Permita, inicialmente, que ele toque a
parede
durante todo o percurso. Todavia, chame a sua atenção para que espace os toques
e
continue a perceber a existência da parede através de outras informações
senhoriais.
5.4.3 - Peça ao aluno que caminhe por entre as carteiras da sala de aula (ou
móveis de algum outro ambiente) mudando continuamente a direção, ao passar de
uma
para o outra.
5.4.4 - Numa segunda etapa deste treinamento, o aluno deverá ser colocado num
ambiente livre de obstáculos onde haja várias fontes sonoras (pessoas falando,
rádio
tocando, etc.). O aluno deverá caminhar de uma para outra fonte, mudando
continuamente de direção ao atingi-las.
III - PRÁTICA DE ENSINO
1 - PLANO DE ENSINO
Este plano de aulas tem por objetivos apresentar de maneira organizada os
conteúdo básicos para o adequado treinamento da orientação espacial e da
locomotividade da pessoa cega. Visa também apresentar uma seqüência básica dos
passos a serem seguidos a fim de facilitar o trabalho do instrutor.
Não se espera que o conteúdo de uma aula seja esgotado numa única sessão de
treinamento. A experiência de vida, as condições físicas e a capacidade
intelectual de
cada pessoa cega a quem é ministrado o treinamento, além da sua pré-disposição
emocional e psicológica para empreendê-lo, são fatores variáveis que determinam
o
grau de assimilação do conteúdo de cada aula.
Parte-se do pressuposto de que este material será usado somente por instrutores
qualificados e com uma preparação básica, treinamento específico e qualidades
pessoais que lhe permitam efetuar adaptações e, até mesmo improvisar, de acordo
com
as necessidades específicas de cada aluno.
Procurou-se limitar o conteúdo das aulas, de tal maneira, que ele se refira,
direta
e exclusivamente, ao treinamento da orientação espacial e da locomotividade.
Entretanto, espera-se que a compreensão tenha dos procedimentos pedagógicos e a
sua
capacidade de apreciar objetivos mais amplos que possam ser obtidos através de
tal
treinamento, o levem a motivar e explicar ao cliente o uso de procedimentos que
possam não ser essenciais para o alcance dos objetivos específicos dos planos,
mas que
darão especial interesse e valor aos seus resultados.
O instrutor terá um agradável e útil método que adicionará motivação para o
aluno, no seu dia a dia, se planejar várias rotas de caminhada para serem
empregadas
em cada aula, terminando-as nas proximidades de lanchonetes, bares e
restaurantes. Este
procedimento dará oportunidade para o instrutor e o aluno valerem-se do alívio
proporcionado por um refresco ou cafezinho e, num ambiente informal e de
descanso,
avaliarem as dificuldades do treinamento do dia. Freqüentemente, este método
proporcionará excelente oportunidade para o aluno aprender sob competente
supervisão,
a dirigir-se a um local público para comer - encontrar uma mesa, fazer o seu
pedido,
servir-se, pagar a conta, localizar o sanitário, etc.
É comum ter sido transmitido às pessoas cegas o conceito da existência de um
“esforço extra” na exploração do ambiente através do tato e das percepções
cinestésicas.
Isto tende a provocar nelas o desânimo e o abandono de seus esforços para
concretizar a
percepção da realidade. Por outro lado, existe nelas o termo de desenvolver um
verbalismo, sem bases concretas. Sua informação passa através de excessiva
submissão
da curiosidade ao autoritarismo do informante. Por isso, são freqüentemente
encontradas inferências errôneas de conteúdo que as deixam sentirem-se livres,
ou
desprovidas de cuidados e de experiência emocional que somente podem se originar
através do conhecimento de primeira mão. Esta situação tende a repercutir no
desenvolvimento da personalidade à qual faltará o vigor emocional e a necessária
maturidade social.
O problema acima indicado pode ser evitado ou grandemente reduzido pela
técnica de animar a pessoa cega a usar o tato e as percepções cinestésicas,
propositadamente e sem inibição, tanto quanto lhe seja possível. Ela deve ser
encorajada
a manter-se alerta e a atribuir significados a todos os estímulos existentes na
sua
proximidade. Esses estímulos serão por ela detectados através dos sentidos
remanescentes. O instrutor de locomotividade se encontra em excelente posição
para
fazer isso. No exercício do seu trabalho com o cego, freqüentemente ele pode
ajudá-lo a
interpretar sons, odores, vibrações, etc. Ele não deve perder a oportunidade
para
incentivar o aluno a usar o tato e as percepções cinestésicas na exploração de
conceitos
com objetos concretos em lugares comuns, ou em atividades que ele ainda não
domine.
A interpretação correta dos ruídos de uma rua em obras, do cheiro procedente de
uma
farmácia ou serraria e outras inúmeras pistas, assegurarão a compreensão das
ocorrências em lugares comuns e a orientação espacial em seus arredores. Isto
produzirá
um efeito positivo recíproco entre o indivíduo e o seu grupo social, o que é
imprescindível para a sua saúde emocional e desempenho social adequado.
São óbvios os benefícios vocacionais, sociais e econômicos que resultam da
habilidade de permanecer orientado dentro do próprio ambiente e desfrutar de
locomoção independente. Mas, esta habilidade proporciona um benefício
psicológico
que é ainda mais importante e fundamental para ele. O instrutor deverá
empenhar-se no
sentido de que o aluno alcance esta compreensão.
PRIMEIRA FASE
OBJETIVO GERAL: ENSINAR AO ALUNO ACOMPANHAR UM GUIA,
DE MANEIRA CONFORTÁVEL, SEGURA E
SOCIALMENTE ADEQUADA
1.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno um método conveniente de acompanhar um estranho na
travessia de uma rua ou de uma área de perigos semelhantes, de curta extensão.
2 - Ensinar ao aluno um método confortável de acompanhar um amigo, por um
período extenso de tempo.
3 - Ensinar ao aluno a acompanhar um guia por uma área altamente obstruída,
envolvendo o uso de passagens estreitas.
2 - PROCEDIMENTOS
1. Instruir o aluno que, ao aceitar o serviço de um guia sob condições nas quais
o
contato corporal a corpo possa ser visto como inadequado, ou nas quais a
rapidez do estabelecimento e quebra de contato pode ser requerida, ele deverá
segurar suavemente na parte mais alta do antebraço flexionado do guia, com o
polegar para o lado de fora e seguir meio passo atrás dele. Enfatizar para o
aluno
que, ao seguir o guia dessa maneira, será inevitável um certo número de
movimentos desorientados entre o corpo e o braço do mesmo.
Conseqüentemente, é importante para o aluno caminhar ligeiramente atrás do
guia. Isto permitirá essas menções de movimentos do corpo dele e, possibilitará
a interpretação para tais movimentos e a respostas apropriadas para eles.
2. Instruir o aluno que, ao acompanhar um guia por longo período de tempo,
deverá
tomar o braço dele segurando o antebraço próximo ao cotovelo, pela parte
inferior e caminhar lado a lado. Ressaltar que, caminhando com o companheiro
nesta posição, ele deverá encostar a parte externa do pulso no quadril do guia.
Assim, terá providenciado os meios de contato para interpretar os movimentos
do corpo deste, o que também muito lhe facilitará sincronizar seus passos aos
dele. Desta forma, as respostas para os movimentos do guia serão virtualmente
instantâneas.
3. Enfatizar para o aluno que este método de caminhar com acompanhante será
considerado confortável em condições comuns. Entretanto, na subida ou decida
de degraus altos, por exemplo, entrada e saída de ônibus, será vantajoso
permanecer um passo atrás e conservar sua mão presa ao pulso do guia, com o
polegar do lado externo ao subir. Ao descer, deverá mover sua mão para a parte
superior do braço do guia, com os dedos descansados ligeiramente na parte
posterior do ombro dele.
4. Instruir o aluno que, se deseja usar a bengala enquanto acompanha o guia,
deverá segurá-la da maneira empregada ao caminhar em ambiente fechado e
familiar. Todavia, segurá-la um terço abaixo do cabo, com o braço abaixado,
assim como colocá-la num ângulo de 5 a 10 graus em relação ao seu corpo.
5. Instruir o aluno que, ao seguir o guia em lugares muito estreitos, poderá
obter
excelente ajuda segurando o pulso dele e andando com o passo menor possível,
atrás do guia. Isto proporcionará suficiente flexibilidade para manobras através
de passagens estreitas que não permitam a duas pessoas seguirem lado a lado.
6. Proporcionar ao aluno ampla oportunidade para praticar, sob supervisão, as
várias técnicas de seguir um guia.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deverá ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Subir e descer guias, sem tropeçar.
2 - Virar quando o guia vira, sem pendurar-se ou colidir com ele.
3 - Começar a subir ou descer degraus sem tropeçar, cair ou hesitar.
4 - Reassumir a caminhada após subir ou descer escadas, sem tomar um degrau
inexistente no topo, ou arrastar os pés embaixo.
5 - Embarcar ou desembarcar de ônibus e outros meios de transporte sem medo, ou
hesitação aparente.
6 - Sincronizar, apropriadamente, seus passos com os do guia e caminhar com
liberdade, de maneira relaxada.
SEGUNDA FASE
OBJETIVO GERAL:
AUMENTAR A VIGILÂNCIA DA ACUIDADE
SENSORIAL DO ALUNO, UMA VEZ QUE ELA
REPRESENTA GRANDE AUXÍLIO PARA A
ORIENTAÇÃO ESPACIAL.
2.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Proporcionar ao aluno exercícios para o desenvolvimento da vigilância
sensorial, da orientação espacial e da habilidade de caminhar desacompanhado.
2 - Enfatizar para o aluno a importância da vigilância auditiva na orientação
espacial e provê-lo com exercícios para o desenvolvimento da habilidade de
localizar
sons.
2 - PROCEDIMENTOS
1 - Falar ao aluno a uma distância de cinco passos e pedir-lhe para que se
aproxime e coloque a mão em você, enquanto continua a falar. Repita este
procedimento a distâncias variáveis.
2 - Falar ao aluno a uma distância de cinco passos e pedir-lhe que se aproxime e
coloque a mão em você. Todavia, pare de falar assim que ele comece a mover-se na
sua
direção. Repetir este procedimento a distâncias variáveis. Conceder ao aluno
ampla
oportunidade para praticar estes exercícios.
3 - Pedir ao aluno para indicar a direção da sua voz e aproximar-se de você,
tocando-o da maneira especificada anteriormente. Você não deverá satisfazer-se
com o
simples apontar do aluno, ao invés de aproximar-se e tocá-lo, visto que, o
indicar sem
tocar, não permitirá a ele apreciar adequadamente o grau do seu erro e nem
avaliar o
progresso nessa prática.
4 - Instruir o aluno para que ande ao longo e no centro da calçada, numa área
onde a linha da construção seja regular e imediatamente adjacente à calçada e
onde haja
um grande recuo na linha da construção. Se o aluno não usar sapatos com saltos
de
couro, instrua-o a estalar os dedos repetidamente, ou equipe-o com algum
dispositivo
que produza estalidos rítmicos.
Enfatizar para o aluno que, ao deslocar-se ao longo da linha de construção, a
refração do som permitir-lhe-á sentir as variações da presença dela.
Interrupções na
mesma, ou marcadas mudanças na sua distância em relação à linha do movimento do
aluno, podem ser detectadas por meio das mudanças na qualidade dos sons: aumento
do
eco (assim que a linha da construção recua); redução do eco (assim que a linha
da
construção avança para perto da linha do seu movimento); ausência de refração do
som
(no ponto em que a linha de construção termina).
Treinar o aluno a caminhar na calçada, ida e volta, parando tão logo chegue ao
término da linha de construção (ida) e atinja o recuo na linha de construção
(volta).
5 - Propiciar ao aluno ampla oportunidade de praticar exaustivamente estes
exercícios sob supervisão, até que ele esteja plenamente cônscio das mudanças na
qualidade do som que ele produz e segue, o qual é afetado pelas variações na
linha de
construção ao longo da qual ele se desloca. Ou então, até que fique claramente
estabelecido que ele é incapaz de determinar as mudanças na qualidade do som,
talvez
por causa de algum problema de audição.6 - Informar ao aluno as vantagens que
ele poderá obter pelo uso de sapatos com
sola de couro, para maior produção de ruído. Acautelá-lo, porém, quanto à maior
probabilidade de escorregar com eles. Sugerir que compare as vantagens e
desvantagens no uso dos diferentes tipos de calçados, antes de decidir-se por um
deles.
3 - PRECAUÇÕES
Conduzir os exercícios precedentes no horário em que o ruído da rua seja menor,
para não distraí-lo. Cuidado especial deve ser tomado com relação à presença de
sons
peculiares emanados das vizinhanças, dos recuos ou dos términos da linha de
construção, através dos quais o aluno possa detectar mudanças da mesma, sem
interpretar os sons sobre os quais estão baseados os exercícios.
Se o aluno, enquanto caminha, se julgar capaz de detectar a presença de grandes
objetos pela sua habilidade de avaliar as mudanças na linha de construção,
solicite que
os indique quando estejam presentes, por exemplo: poste, árvore e outros grandes
objetos. Não será preciso nomeá-los, mas apenas indicar quando estiver passando
por
um deles.
Prosseguir com estes exercícios até que o aluno esteja seguro de possuir a
habilidade de detectar com precisão a proximidade de grandes objetos, com
suficiente
eficiência para servir-lhe de auxílio na prevenção de colisões no caminhar.
3.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Aumentar no aluno a consciência da importância da memória cinestésica na
orientação espacial.
2 - Proporcionar-lhe exercícios para a utilização do sentido cinestésico e para
o
desenvolvimento da memória cinestésica.
2 - PROCEDIMENTOS
1 - Chamar a atenção do aluno para o fato de que o sentido cinestésico é
formado pelas sensações resultantes das tensões e pressões sobre os músculos,
tendões e
articulações envolvidos nos movimentos do corpo. Enfatizar que esta percepção em
conexão com o sentido do tato é o meio básico através do qual ele está
capacitado para
obter informação fundamental e concreta sobre o seu ambiente.
Evidenciar para o aluno que as tentativas para desenvolver o uso do sentido
cinestésico e para melhorar a memória cinestésica são freqüentemente
inadequados, ou
totalmente ausentes no treinamento das pessoas cegas. Conseqüentemente, é
importante que ele próprio aumente a consciência do uso deste sentido na sua
maneira de pensar e
nas atividades do dia a dia, refletindo e tentando formas pessoais para
desenvolvê-lo.
2 - Dirigir o aluno para subir um lance de escadas, sem usar o corrimão ou a
bengala e sem contar os degraus. Se ele subir um degrau extra no topo, recomende
repetir o exercício da mesma maneira, até que seja capaz de, acuradamente,
determinar
sua chegada ao topo da escada.
Repetir este exercício com um intervalo de um ou mais dias entre as aulas, até
que o aluno seja capaz de determinar com precisão a chegada ao topo de uma
escada
conhecida, na primeira tentativa.
3 - Marcar na calçada uma distância de 5 a 10 metros. Postar o aluno numa das
extremidades e andar com ele até a outra. Em seguida, pedir-lhe que continue
andando,
sem contar os passos, parando quando julgar que já cobriu a distância igual à
original.
Medir a segunda distância por ele andada e informá-lo sobre a diferença entre a
segunda
e a primeira.
Repetir este exercício, de tempos em tempos, até que o erro do aluno na
comparação entre as duas distâncias seja reduzido ao mínimo.
4 - Marcar uma altura num poste ou parede - l,50 a 1,70 m - e colocar a mão do
aluno sobre a marca. Em seguida, pedir-lhe que retire a mão e a mantenha baixa
ao
longo do corpo. Andar até outro local vários passos distante. Pedir-lhe então
que ele
coloque a mão na parede ou poste, na altura que ele estime ser igual à marcada
anteriormente. Meça a altura indicada pelo aluno e o cientifique da diferença
entre
ambas.
Repetir este exercício de tempos em tempos, até que o erro do aluno na
comparação das duas alturas, se reduza ao mínimo.
5 - Preparar um feixe com sete hastes do mesmo diâmetro, graduadas de cinco
em cinco centímetros na extensão, a partir de 0.80 até 1.10 m. Colocar o feixe
horizontalmente sobre a mesa, à frente do aluno, numa ordem aleatória. Pedir-lhe
que
apanhe cada haste pelo centro, avalie seu comprimento pelo vão entre os braços,
colocando-as, a seguir, nas ranhuras de um quadro, pela ordem de tamanho, com a
menor mais próxima de si.
Repetir este exercício de tempos em tempos, até que o erro esteja reduzido ao
mínimo.
4.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Aumentar a consciência do aluno sobre a importância do sentido do olfato na
orientação espacial.
2 - Propiciar-lhe exercícios para o desenvolvimento do uso deste sentido.
2 - PROCEDIMENTOS
1 - Chamar a atenção do aluno para o fato de que seu sentido olfativo adapta-se
rapidamente. Fazê-lo compreender que para usá-lo de forma vantajosa, deve estar
alerta
para reconhecer e usar rapidamente as informações deduzidas através dele.
2 - Selecionar um grupo de diferentes materiais com odores característicos e
suaves, por exemplo: madeira recentemente serrada, borracha, couro, etc. Peça ao
aluno
que identifique cada material pelo seu odor.
Repetir este exercício de tempos em tempos, até que o erro do aluno se reduza
ao mínimo.
3 - Conduzir o aluno para caminhar em ruas da zona comercial, sob supervisão,
pedindo-lhe que identifique, pelos odores, cada loja que possua cheiro
característico.
Depois, peça-lhe que siga a fonte de cada odor, até a entrada das lojas das
quais eles
emanam. Se o aluno apresentar falta de familiaridade com algum odor que seja
característico o suficiente para ser identificado, acompanhe-o dentro da loja e,
se
possível, permita-lhe que examine a fonte do odor.
Repetir este exercício até que o erro esteja reduz do ao mínimo, ou até que
fique
claramente estabelecido que o aluno não desfruta de acuidade olfativa suficiente
para se
orientar por este sentido.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deverá ser capaz de realizar o seguinte:
1. Localizar com precisão fontes sonoras, de emissão contínua, tocando-as.
2. Localizar com precisão fontes sonoras, de emissão intermitente, tocando-as.
3. Localizar com precisão uma fonte sonora de emissão eventual, tocando-a.
4. Caminhar livremente, sem bengala e sem auxílio de guia humano, em local sem
obstáculo e sem mudança de nível.
5. Indicar com precisão as variações na linha
de construção ao longo da qual ele
caminha, através das mudanças da qualidade do som por ele produzido
(ressonância).
6. Indicar com precisão a presença de grandes obstáculos, tais como: poste,
árvore,
veículo estacionado, etc.
7. Subir e descer escadas conhecidas, sem auxílio da bengala e do corrimão, sem
tomar um degrau inexistente, em qualquer das extremidades.
8. Caminhar distância igual ao espaço anteriormente percorrido.
9. Marcar num poste, árvore ou parede, uma altura igual à verificada
anteriormente, em local distante.
10. Colocar em ordem de tamanho um feixe de sete hastes de diâmetros iguais e
comprimentos variáveis de cinco em cinco centímetros, a partir de 0.80 m,
tomando-as pela parte central e avaliando seu comprimento pelo vão entre seus
braços. Não deverá comparar as hastes entre si.
11. Discriminar com segurança e prontamente, odores suaves e familiares.
12. Identificar, em área comercial, diferentes lojas com odores
característicos.
TERCEIRA FASE
OBJETIVO GERAL:
ORIENTAR O ALUNO PARA QUE ELE POSSA
ANDAR NO CENTRO
DE REABILITAÇÃO, ESCOLA E EM VÁRIAS
OUTRAS ÁREAS QUE
TERÁ NECESSIDADE DE FREQÜENTAR
DURANTE O TREINAMENTO.
5.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno, pela planta do prédio a orientar-se por ela: a localização
de
escritórios, de salas de aula e outras dependências, a fim de que ele possa
movimentar-se
com liberdade e confiança.
2 - Ensinar ao aluno a reconhecer pontos de referência: bebedouros, proximidade
de escadas, hidrantes, extintores de incêndio, jardineiras, etc. Através deles
poderá
identificar a área onde se encontra e orientar-se com precisão.
3 - Ensinar ao aluno a transitar, sem hesitação, por diferentes áreas e
dependências tais como: recepção, setores de treinamento, de lazer e outros, que
possa
ter necessidade de freqüentar.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Estabelecer uma discussão informal com o aluno a respeito do que ele espera
como resultado do seu treinamento em orientação espacial e técnicas para a
locomotividade. Esclarecê-lo a respeito do que lhe será exigido pelo instrutor
durante os
treinamentos.
2 - Dar um passeio com o aluno pelas dependências do centro de reabilitação,
entidade ou escola, explicando-lhe o significado dos pontos de referência.
3 - Incentivar o aluno a explorar as áreas entre os pontos de referência, medir
a
distância entre eles, avaliar o tempo e a energia gasta para mover-se entre
eles. O
instrutor deverá ajudar o aluno a estabelecer as relações entre os diversos
pontos de
referência.
4 - Praticar com o aluno rotas específicas, tal como as indicadas no item 3 dos
objetivos específicos. Durante as caminhadas, fazer com que ele se ocupe com os
pontos de referência. Este procedimento auxiliará o aluno a orientar-se e a
tornar-se
capaz de mover-se de ponto a ponto com confiança, segurança e sem o auxílio do
instrutor.
5 - Praticar com o aluno rotas específicas até que ele seja capaz de conduzir-se
de um ponto ao outro, sem qualquer preocupação, com segurança e sem o auxílio do
instrutor.
6.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Dar ao aluno o conhecimento das regras básicas de segurança que sejam
capazes de fazê-lo sentir-se dentro de território familiar.
2 - Acautelar o aluno contra possíveis perigos no seu deslocamento dentro de
ambientes familiares.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Assinalar para o aluno a importância de manter-se sempre à direita, em
qualquer rota.
2 - Apontar para o aluno os danos que podem resultar do caminhar com
cachimbo ou cigarros acesos.
3 - Ensinar ao aluno como carregar ferramentas, objetos pontiagudos ou com
bordas cortantes. Eles apresentam risco de danos a outrem que passe por onde o
aluno
se desloca, ou a ele próprio que pode esbarrar, cair e ferir-se com o objeto
transportado.
4 - Ensinar ao aluno a regular a velocidade do seu andar, ou então, torná-lo
coerente com as normas de segurança enquanto, ao mesmo tempo, não tolha a livre
expressão da personalidade do aluno.
5 - Pressionar o aluno a desligar toda a maquinária e a repor em seus lugares
todas as ferramentas e equipamentos após seu uso. Insistir com ele a não
obstruir as
passagens e deixar as portas fechadas ou complemente abertas.
6 - Ensinar ao aluno o acesso cuidadoso às máquinas, ferramentas, equipamentos
e portas. Alertá-lo sobre as possibilidades de perigo em relação a essas
situações.
Explicar-lhe que com tais precauções poderá evitar ferir a outrem e a si
próprio.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deverá ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Entender as regras básicas de segurança e aderir a elas, praticando-as
permanentemente.
2 - Manter a postura correta do corpo.
3 - Andar ereto.
4 - Andar em linha reta e fazer curvas sem vacilar.
5 - Usar com eficiência os pontos de referência.
6 - Caminhar sozinho, com calma e segurança, sem embaraçar-se.
7 - Identificar com precisão a localização dos seus objetivos.
QUARTA FASE
OBJETIVO GERAL
ENSINAR AO ALUNO O CONTEÚDO DAS
TÉCNICAS PARA
CAMINHAR COM SEGURANÇA EM AMBIENTES
INTERNOS COM
OS QUAIS NÃO ESTEJA FAMILIARIZADO.
7.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno a técnica de uso da bengala para ambiente fechado, ao qual
não esteja familiarizado.
2 - Ensinar ao aluno as técnicas com as quais poderá contar em situações de
emergência, quando tiver de caminhar sem bengala, em ambiente fechado, não
familiar.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Instruir o aluno a segurar a bengala pelo cano, um palmo abaixo da
extremidade superior (22 cm). O braço deve ficar estendido para frente, num
ângulo de
30 graus com o corpo. O pulso deve ficar voltado para baixo, o dedo indicador
estendido ao longo e ao lado da haste, como se esta fosse seu prolongamento. A
curva
do cabo da bengala, se houver, ficará voltada para fora e a haste para baixo,
cruzando a
frente do corpo. O aluno deverá manter a ponta da bengala cerca de cinco
centímetros
afastada do piso, à frente do pé oposto à mão que a segura.
2 - Instruir o aluno a segurar a bengala de maneira firme, com o pulso relaxado,
mas não caído, com o braço estendido enquanto anda. Ele usará a bengala como um
pára-choque.
3 - Instruir o aluno a estender um dos braços à frente, na altura do ombro,
fletindo o antebraço num ângulo reto (90 graus). A palma da mão deverá ficar
voltada
para baixo e os dedos estendidos em posição confortável. Ressaltar que nesta
posição,
seu braço fica suficientemente distante, em frente ao corpo e se comporta como
um
eficiente pára-choque, na ausência da bengala. Seu outro braço deverá permanecer
caído, regaladamente ao longo do corpo.
Enfatizar para o aluno que assim caminhando, ele poderá adquirir confiança na
habilidade de andar sozinho sem bengala, em ambiente interno desconhecido.
4 - Permitir ao aluno desenvolver esta habilidade, mantendo os braços em
posição confortável e natural. A fim de que possa fazer uso dos mesmos para sua
proteção, orientá-lo a manter um deles dobrado, com a mão na altura da fivela do
cinto.
5 - Ensinar ao aluno como caminhar com e sem bengala, atentando para os sons
e outros estímulos, os quais devem servir como indicadores de pontos de
referência.
6 - Prover ao aluno ampla oportunidade de treinar, sob supervisão, a localização
de sons e outros estímulos, por exemplo: ruído de elevador (chegada e abertura
da
porta), ruído de máquina de escrever, correntes de ar (portas e janelas), cheiro
de
comida, de combustível de veículo, ressaltando a correta interpretação para fins
de
orientação espaço-temporal.
8.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Familiarizar o aluno com as técnicas de segurança que ele deverá aplicar em
seu caminhar por ambientes fechados não familiares.
2 - Prevenir o aluno quanto aos possíveis obstáculos no ato de caminhar por
ambientes fechados e não familiares.
2 - PROCEDIMENTOS
1 - Esclarecer ao aluno que o perigo de tropeçar nos transeuntes pode ser
resultado do fato de levar sua bengala para os lados, além da largura do seu
corpo.
Evidenciar a proteção inadequada que resulta do fato de abrir muito para os
lados, além
da largura do seu corpo, ou de fechar muito a bengala em direção ao chão.
2 - Ressaltar para o aluno a necessidade de parar instantaneamente quando a
bengala ou seu braço, acusarem perigo.
3 - Assinalar para o aluno que tensão resulta em fadiga precoce e que ele não
poderá manter-se completamente alerta todo o tempo se estiver sobremaneira
cansado.
Por isso, ele deverá manter-se durante todo o tempo da caminhada o mais possível
relaxado, particularmente quando caminhar sozinho. Assim, deverá evitar caminhar
desacompanhado quando se sentir nervoso ou muito cansado.
4 - Prevenir o aluno contra a falta de proteção que pode advir da utilização
inadequada de sua bengala, assim como o perigo de ferir sua mão, ou dedo, pode
ser
resultante da insistência de usar o braço como pára-choque à sua própria
maneira.
5 - Advertir o aluno que as técnicas de uso da bengala para caminhar em lugares
fechados são as mais convenientes para tais ambientes, desde que não haja a
probabilidade de encontrar escadas descendentes, ou pequenas armadilhas
(buracos,
canos, esgotos, etc.). Por outro lado, as técnicas para caminhar em lugares
abertos não
familiares, nas quais ele será instruído subseqüentemente, deverão ser
empregadas em
qualquer terreno não familiar para detectar escadas descendentes e toda a sorte
de
perigos.
6 - Encorajar o aluno a solicitar auxílio sempre que ele necessite ou lhe seja
sobremaneira vantajoso.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deverá ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Manter o braço estendido do ombro até o pulso.
2 - Ficar com a mão e o pulso relaxados.
3 - Segurar a bengala firmemente, com o
dedo indicador estendido para baixo,
ao lado da bengala, com a curva desta (se houver) para fora, de modo a proteger
o dorso
da mão.
4 - Sustentar a bengala suficientemente ao longo do corpo.
5 - Manter a posição correta do corpo, evitando a tendência de inclinar-se
quando usa a bengala, ou de esconder a cabeça atrás do braço, quando caminha sem
ela.
6 - Caminhar resolutamente, sem embaraços ou confusões, sem arrastar os pés.
7 - Localizar e interpretar eficientemente sons e outros estímulos.
QUINTA FASE
OBJETIVO GERAL:
ENSINAR AO ALUNO A TÉCNICA DO RITMO DA
BENGALA PARA
SER APLICADA AO CAMINHAR EM TERRENO
ABERTO E NÃO
FAMILIAR.
9.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno a maneira correta de segurar a bengala ao usar a técnica do
ritmo.
2 - Ajudar ao aluno a desenvolver o ritmo próprio e também a sincronização da
bengala com o passo.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Instruir o aluno a segurar a bengala com a curva (quando houver) para baixo,
entre o dedo médio e o polegar, com o indicador estendido ao lado da haste,
colocando
esta firmemente aderida à palma da mão, mantendo o terceiro, quarto e quinto
dedos
fechados para segurar a bengala.
Instruir o aluno a manter o braço, assim como a mão que maneja a bengala, em
frente ao centro do corpo, abaixo da linha da cintura com o cotovelo preso
firmemente
na frente do corpo. Com a bengala nesta posição, a ponta tocará o chão à sua
frente.
Instruir o aluno a levantar, ligeiramente, a bengala e movê-la de um lado para o
outro, com o pulso servindo como apoio, permanecendo com o braço parado.
Adverti-lo
de que esta é a maneira mais confortável e correta para utilizar a bengala.
Instruí-lo para que use a mão dominante. Não obstante, deverá treinar o
movimento da bengala também com a outra mão afim de que possa fazer uso
alternado
das mesmas durante caminhadas longas, ou quando estiver carregando peso.
2 - Instruir o aluno para mover a bengala de um lado para o outro, com a ponta
tocando levemente o solo, em cada lado. Descrever assim um arco largo à sua
frente,
com uma elevação variável de l a 2 centímetros em seu ponto mais alto.
Ressaltar para o aluno que a bengala não deverá mover-se dentro de sua mão: ela
deve ser segurada firmemente, porém, sem tensão, com o polegar, indicador e dedo
médio; já o movimento deve ter sua origem no pulso.
3 - Após o aluno haver demonstrado habilidade para movimentar a bengala de
maneira correta, instruí-lo para andar e sincronizar o movimento da bengala com
a
ponta da mesma tocando o solo à frente do pé que se encontra atrás. Assim,
quando o pé
direito estiver à frente, a bengala deverá tocar o solo em frente à esquerda.
Com esta
sincronização a ponta da bengala tocará o solo no ponto onde será dado o passo
seguinte, informando-o de qualquer perigo.
4 - Providenciar oportunidades adequadas para o aluno praticar, sob supervisão,
a técnica do ritmo da bengala.
5 - Providenciar oportunidades adequadas para o aluno praticar a mudança de
posição da bengala empregada na técnica do ritmo para aquela empregada na
técnica
para ambientes fechados. Habilitá-lo a completar cada mudança, prontamente, como
a situação o requeira, sem que para isto tenha que fazer uso da outra mão.10a
AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno que as medidas de segurança também são aplicadas à
técnica do ritmo no caminhar em ambiente fechado não familiar.
2 - Prevenir o aluno sobre possíveis perigos ao caminhar em terreno aberto não
familiar.
3 - Ensinar ao aluno o uso correto da técnica do ritmo ao seguir a linha de
construção, uma cerca, ou tapume.
4 - Ensinar ao aluno o método seguro de contatar com objetos que deseje
explorar tatilmente.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Enfatizar para o aluno o perigo de tropeçar em transeuntes. Isto pode
acontecer em conseqüência do uso de um arco muito grande, além da largura do seu
corpo. Enfatizar também a proteção inadequada que resulta do emprego de um arco
muito alto e também maior que a largura do seu corpo.
2 - Ressaltar para o aluno a importância de parar imediatamente quando a ponta
da bengala acusar algum perigo.
3 - Assinalar para o aluno que as construções, cercas e bordas de longas
obstruções as quais não apresentem grande número de vãos ou irregularidades
podem
servir como linhas-guia convenientes.
4 - Instruir o aluno para seguir cada linha, caminhando suficientemente próximo
a ela. Possibilitar-lhe, através de uma ligeira extensão do arco no uso da
técnica do
ritmo, tocar as construções, sarjetas, ou objetos os quais esteja ladeando,
sentindo com a
ponta da bengala a linha da parede junto ao solo, cada vez que completar o arco
do lado
da linha que está seguindo.
5 - Providenciar oportunidades adequadas para que o aluno pratique com cada
um destes tipos de linha-guia, da maneira anteriormente indicada.
6 - Assinalar para o aluno os perigos de dano ou embaraço que podem resultar
do fato dele levar a mão ao ar para tocar objetos que deseja explorar pelo tato.
Explicar-lhe que o perigo pode ser evitado pelo seguinte procedimento: quando a
bengala tocar um objeto, ele deverá manter a sua ponta fixada nesta posição.
Depois,
acompanhando a haste da bengala até alcançar o objeto, ele iniciará a
exploração.
7 - Ressaltar que o método de estabelecer contato direto com os objetos provará
sua eficácia na descoberta de troca de bancas (de feira), maçanetas de portas,
bancadas,
etc.
8 - Prover oportunidades adequadas para o aluno praticar este método sob
supervisão.
9 - Ressaltar para o aluno que o uso da bengala em toda a sua extensão constitui
perigo de tropeço em áreas muito congestionadas de pessoas.
10 - Prover
oportunidades adequadas para o aluno praticar a técnica do ritmo
com a mão situada um pouco mais baixo na haste da bengala, assim como prover
maior
encurtamento de extensão da bengala para uso em calçadas muito estreitas.
11- Chamar a atenção do aluno para o fato de que a técnica do ritmo não oferece
proteção contra obstáculos suspensos, como por exemplo, toldos, andaimes,
telefones
públicos (orelhões) e carroceria de caminhão.
12 - O aluno deve ser instruído para usar seu braço livre como pára-choque,
sempre que se encontre sozinho em área onde a existência de tais perigos é muito
freqüente e não disponha de ajuda.
13 - Encorajar o aluno a solicitar auxílio, se ele estiver disponível, sempre
que
dele necessite.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deve ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Manter o movimento apropriado da bengala sincronizado com o passo.
2 - Manter o arco da bengala com a abertura na largura do seu corpo e fechar
imediatamente para a linha da construção a fim de detectar falhas e outros
embaraços.
3 - Bater com firmeza a bengala de modo a produzir vibrações que o auxiliem a
identificar o tipo de terreno que está sendo atravessado, por exemplo, concreto,
asfalto,
terra, etc.
4 - Bater a bengala com suavidade de modo a indicar que não a está agarrando
demasiadamente firme. A inobservância deste procedimento evidencia um estado de
tensão gerador de fadiga excessiva.
5 - Conservar o dedo indicador esticado lateralmente à haste da bengala de modo
a fazer dela, efetivamente, uma extensão do mesmo.
6 - Manter a bengala bem segura na mão e realizar todos os seus movimentos
através do movimento do pulso.
7 - Estender o braço para frente e para baixo, com o cotovelo apropriadamente
colocado contra o corpo, localizando a mão em frente ao centro do corpo,
ligeiramente
abaixo da linha da cintura.
8 - Evitar a extensão da bengala, usando-a tão somente para detectar e não para
explorar.
9 - Evidenciar suficiente interesse em praticar o uso correto da técnica do
ritmo
para habilitar-se no seu desempenho, automaticamente, sem excessiva
concentração.
10 - Usar a bengala adequadamente quando seguir uma linha-guia.
11 - Usar apropriadamente a bengala para manter contato com objetos os quais
deseja explorar tatilmente.
SEXTA FASE
OBJETIVO GERAL:
ENSINAR AO ALUNO AS TÉCNICAS DE USO
DA BENGALA PARA SUBIR E DESCER
ESCADAS.
11.ª AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Instruir o aluno como usar a bengala ao se preparar para subir ou descer
escadas.
2 - Instruir o aluno na técnica da bengala para realizar a ascensão e recomeçar
a
caminhar livremente em seguida.
3 - Ensinar ao aluno a técnica da bengala para descer escadas e retomar a
caminhada em seguida.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Alertar o aluno que tão logo a ponta da bengala entre em contato com a base
do degrau de uma escada ascendente, ou com a borda do primeiro degrau de uma
escada
descendente, ele deverá fixá-la, firmemente, à borda do degrau e caminhar à
frente até
que um dos pés toque o degrau.
2 - Instruir o aluno a determinar a altura e a profundidade do degrau através da
elevação da bengala até que a ponta alcance o topo do espelho e, através da
extensão do
braço à frente, até a ponta da bengala alcançar a parte inferior do espelho do
segundo
degrau. Tal procedimento precede a ascensão da escada.
3 - Procedimento semelhante deve ser adotado antes de iniciar-se a descida de
uma escada. Instruir o aluno a deslizar a ponta da bengala pelo espelho do
primeiro
degrau, desde a borda até a sua base. Em seguida, através da extensão do braço à
frente,
deslizar a ponta da bengala pelo piso do degrau, desde o espelho até a sua
borda. Para
evitar a inclinação do corpo para frente, o aluno deverá segurar a bengala na
parte mais
alta do cabo.
4 - Ensinar ao aluno que mova a bengala para o lado direito, fazendo com que a
ponta da mesma deslize pela junção do espelho com o piso do segundo degrau.
Deverá
mover a bengala até que ela alcance o corrimão (se houver um) e indique que ele
se
posicionou suficientemente à direita da escada, deixando espaço que Permita
evitar
colisão com quem eventualmente esteja descendo.
5 - Ensinar ao aluno que ao subir a escada deverá manter a bengala na posição
vertical, perpendicularmente à linha do degrau, segurando-a ente o polegar e o
indicador
da mão esquerda, com os outros dedos encostados suavemente ao longo da haste,
para
dar-lhe estabilidade, a uma altura que Permita a ponta da bengala tocar o
espelho dos
degraus acima dele. Assim, fará toda a ascensão.
6 - Salientar para o aluno que quando a ponta da bengala não acusar a presença
de degrau, ela estará indicando que ele se encontra um degrau antes do topo da
escada.
7 - Advertir ao aluno que se a escada possuir corrimão, ele deverá colocar a mão
sobre o mesmo e então subir.
8 - Instruir o aluno que tão logo encontre o topo da escada, deverá
imediatamente, empregar a técnica da bengala para lugares familiares e fechados,
ou a técnica do ritmo, qualquer delas que melhor se adapte às circunstâncias,
antes de seguir
seu caminho a partir da escada.
9 - Providenciar ampla oportunidade para que o aluno pratique sob supervisão o
preparo para subir escadas, sua ascensão e retomada do caminho após completar a
subida.
12.ª AULA
1 - OBJETIVO ESPECÍFICO
1 - Ensinar o aluno a usar sua bengala para descer escadas e a retomar a
caminhada depois de concluída a descida.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Instruir o aluno para que tão logo a ponta da bengala acuse a borda do
degrau
para descer, ele deverá fixá-la firmemente nesta posição e caminhar para frente
até que
a ponta de um dos pés se projete ligeiramente para fora do degrau.
2 - Instruí-lo depois a estender a ponta da bengala para baixo e para frente a
fim
de determinar se está em frente a um degrau apenas, ou no topo de uma escada
descendente.
3 - Após o aluno haver determinado que se encontra no topo de uma escada,
deverá localizar a ponta da bengala no piso do degrau abaixo dele, movê-la para
a
direita até alcançar esta lateral da escada. Ressaltar para o aluno que é
importante
assegurar-se de que conservou espaço suficiente, à sua esquerda, para evitar
colidir com
alguém que possa estar subindo.
4 - Caso a escada não possua corrimão, instruir o aluno a continuar segurando a
bengala da maneira empregada na técnica do ritmo, mas abaixar o braço ao longo
do
corpo, assim que a ponta da bengala alcance alguns centímetros adiante e abaixo
do
degrau à sua frente. Deverá manter o outro braço na posição empregada para a
proteção
do andar em ambiente fechado e familiar, sem bengala, porém, aproximadamente ao
nível da cintura. Salientar para o aluno que descendo os degraus com os braços
nessa
posição, a ponta da bengala mover-se-á livremente sobre a borda de cada degrau,
sucessivamente, até atingir o último, após o qual ela indicará o chão. A ponta
da bengala
servirá também para indicar algum obstáculo de tropeço enquanto que o outro
braço o
protegerá de alguma obstrução larga nos degraus.
5 - Instruir o aluno que ao encontrar um patamar na escada descendente, deverá
usar a técnica do ritmo para localizar a continuação da mesma. Explicar ao aluno
que se
existir corrimão, freqüentemente este se prolongará através do patamar,
indicando assim
a continuação da escada.
6 - Explicar ao aluno que ao término da descida, ele deverá estender a bengala
para frente, movimentar sua ponta sobre o piso a fim de detectar qualquer
tropeço ou
obstrução existente na área. Ao reassumir o caminhar, usar a técnica do ritmo ou
a de
pára-choque, (qualquer uma é apropriada para adjacências) antes de caminhar a
partir da
escada.
7 - Prover ao aluno ampla oportunidade para praticar, sob supervisão, o preparo
para descer, a descida e a retomada do caminhar ao término da descida.
3 -
AVALIAÇÃO
O aluno deverá ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Colocar a ponta da bengala na quina do degrau ao subir.
2 - Orientar-se para a direita da escada e segurar-se no corrimão se houver.
3 - Avaliar a largura, altura e profundidade do degrau.
4 - A partir de dois degraus acima, tocar cada um ao subir.
5 - Manter a bengala na posição correta e livre, de modo a permitir a ela
estalar
suave e sucessivamente contra cada degrau.
6 - Reconhecer o topo da escada e evitar subir um degrau inexistente.
7 - Manter a ponta da bengala sobre a borda do degrau inferior ao caminhar para
descer.
8 - Colocar a ponta de um dos pés, ligeiramente para fora da borda do degrau,
tão logo dele se aproxime, antes de determinar do que se trata: se um único
degrau para
descer, ou o topo de uma escada descendente.
9 - Descer orientando-se pela direita da escada, segurando-se no corrimão, se
houver.
10 - Quando descer, segurar a bengala assim que a ponta acuse, com exatidão, a
ausência da borda de cada degrau abaixo de si, tocando apenas o piso.
11 - Identificar o fim da descida de uma escada pelo toque da bengala, evitando
arrastar os pés, ou tropeçar.
SÉTIMA FASE
OBJETIVO GERAL
ENSINAR AO ALUNO O USO ADEQUADO DA
BENGALA PARA MANTER O MOVIMENTO NA
DIREÇÃO DESEJADA E GARANTIR O MÁXIMO
DE SEGURANÇA NA TRAVESSIA DE RUAS, SEM
AUXÍLIO.13a AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Ensinar ao aluno a técnica apropriada de verificação da direção para a qual
se
encontra voltado, ao chegar a uma esquina.
2 - Habilitá-lo, metodicamente, a fazer o caminho mais curto em direção à guia
oposta, a fim de prepará-lo para as ocasiões em que seja obrigado a atravessar a
rua sem
auxílio.
3 - Ensinar ao aluno a técnica da bengala para travessia de ruas sem ajuda, sob
condições de emergência, para as quais ele deve estar capacitado a detectar
obstáculos
parados.
4 - Permitir-lhe, de vez em quando, travessias nas condições acima, com o
mínimo de erros e de demora.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Instruir o aluno para que ao detectar com a ponta da bengala a descida da
calçada, fixe a bengala firmemente na borda da guia. A seguir deverá caminhar
até que
os dois pés toquem a borda da guia, deixando que fiquem com as pontas para fora.
Instruí-lo que, a partir dessa posição e sem virar o corpo, deverá passar a
ponta
da bengala ao longo da guia, até onde possa atingir confortavelmente, trazê-la
de volta a
si, ao longo da mesma, transferi-la para a outra mão e repetir o processo.
Evidenciar para o aluno que, se a bengala se move em linha com os seus ombros
de ambos os lados, ela indica que ele se encontra diretamente voltado para o
lado oposto
da rua.
2 - Salientar para o aluno que quando ele move a ponta da bengala ao longo da
guia, da maneira ensinada e percebe que ela se move para trás da linha dos seus
ombros,
para qualquer dos lados, isto indica que ele se encontra localizado numa guia
curva.
Ajustando as pontas dos pés contra a guia ele poderá sentir a própria posição.
Deverá
então voltar diagonalmente na calçada que estava seguindo em busca da linha de
construção, ao invés de realizar a travessia.
3 - Advertir o aluno que se ele perceber a própria posição na guia da esquina,
poderá voltar até a linha da construção à qual estava seguindo e andar alguns
passos ao
longo da mesma, voltar à guia empregando a técnica do ritmo para proteger-se de
hidrantes e outros obstáculos. Repetir, então, o processo de verificação de
direção para
a qual se encontra voltado.
4 - Providenciar oportunidades adequadas para o aluno praticar o processo de
verificação da direção para a qual se acha voltado, de ambos os lados da curva
da guia.
5 - Instruir o aluno que após haver determinado sua posição da maneira
apropriada para cruzar a rua, deverá estender a bengala para frente, movê-la
através da
rua para determinar se, ao descer da guia, encontrará veículo estacionado, ou
outra
obstrução. Advertir o aluno a não executar esse processo mais de uma vez antes
iniciar o movimento de travessia da rua. Explicar-lhe que a repetida extensão da
bengala dessa maneira não será vantajosa e desenvolverá o hábito de empregá-la
como
pára-choque.
6 – Incutir no aluno a importância de ouvir, cuidadosamente, o ruído do tráfego,
tanto quanto possível, para agir com certeza. Procedendo assim, deverá estar
seguro,
antes de descer da calçada, que a rua a ser atravessada encontra-se livre de
tráfego.
Instruir o aluno a usar a bengala quando atravessar a rua, da mesma maneira
como lhe foi ensinado para caminhar em terreno aberto e desconhecido.
Lembrar-lhe
que durante a travessia da rua ele deve percebê-la, cuidadosamente, tocando o
pavimento com a ponta da bengala em dobro e em ordem, para certificar-se que a
está
mantendo na altura apropriada. Pelo fato de ter que andar mais firme e
rapidamente do
que o faz em ambiente fechado, deverá seguir o princípio de manter a bengala
mais
afastada de si.
Adverti-lo que tão logo a ponta da bengala entre em contato com a guia oposta,
na junção desta com o leito da rua, ele deverá medir a altura da guia e passar a
ponta da
bengala sobre ela, antes de subir na calçada.
7 - Instruir o aluno a manter a bengala na posição usada para a travessia da
rua,
até depois de subir a guia oposta, ordenadamente, pois, poderá detectar latas de
lixo,
poste, ou outras obstruções, antes de retomar a técnica do ritmo.14a AULA
1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 - Enfatizar para o aluno as informações do método para a travessia de ruas sem
ajuda, em condições de emergência.
2 - Prevenir o aluno para usar bem a audição e outros auxílios para a sua
segurança na travessia de ruas.
3 - Familiarizar o aluno com maneiras convenientes e seguras de atrair o auxílio
das pessoas videntes na travessia de ruas.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Enfatizar para o aluno que, sem a responsabilidade da assistência visual,
ele
não possui uma maneira adequada de prover a necessária proteção para si contra
os
perigos do tráfego de veículos na travessia de ruas. Assim, somente deverá
atravessar
sozinho, quando “absolutamente” necessário.
2 - Ressaltar para o aluno que ele deve ser capaz de determinar se o semáforo
está a seu favor, através da interpretação cuidadosa dos sons do tráfego.
Enfatizar a
importância de conceder tempo suficiente para os veículos virarem a esquina após
o
semáforo ter ficado a seu favor.
3 - Chamar a atenção do aluno para uma esquina apropriada onde haja clique e
outros sons mecânicos que indicam a mudança da luz do semáforo, nos quais o
aluno
deve apoiar sua inferência para ajuizar sobre a mudança da direção do movimento
do
tráfego.
4 - Advertir o aluno que algumas vias públicas são equipadas com semáforo
acionado pelo pedestre para fazer parar o tráfego, sendo imprescindível que o
aluno se
familiarize com o uso desse equipamento, onde quer que ele exista.
5 - Ressaltar para o aluno que nas áreas de ruas de mão única, ele deve ser
capaz
de planejar sua rota de travessia da mesma maneira como procede em todas as ruas
que
deseja atravessar. Tão logo ouça o tráfego parar em frente a si e tenha a
certeza de que
não há perigo de veículo virando para a rua que ele quer atravessar, deverá
mover-se a
partir da linha da construção ao longo da qual está caminhando e efetuar a
travessia.
6 - Recomendar ao aluno que se familiarize, tanto quanto possível, com a planta
do metrô e das estações elevadas, assim como passarelas, de modo que possa
prever sua
utilização e, a partir delas, eliminar a necessidade de travessia de ruas.
Explicar-lhe que em muitas ocasiões ele pode encontrar a possibilidade de
atravessar as ruas entrando em passarelas, passagens de nível ou estações de
metrô, sem
ser necessário passar nas catracas.
7 - Explicar ao aluno que ao solicitar auxílio na travessia de ruas deve ser
capaz
de tirar proveito em despertar a atenção de um grupo de pessoas, ou de uma
particularmente. Para tanto, poderá bater a bengala na guia ou, por outro meio,
evidenciar sua necessidade de assistência. Ressaltar para o aluno que se for
capaz de
envolver a atenção daqueles os quais ele deseja que o assistam, terá uma
oportunidade
para avaliar a responsabilidade de cada pessoa. Poderá então estabelecer uma
escala de relacionamento entre ele e os demais e assim tornar claro o espírito
do auxílio
requerido. Sugerir ao aluno que, tocando suavemente o corpo da pessoa da qual
deseja
despertar a atenção com sua bengala, ou criando alguma situação inofensiva
semelhante, para pedir desculpas, freqüentemente provê os meios convenientes
para
despertar uma resposta que poderá auxiliá-lo a decidir se solicita o auxílio
necessitado a
ela ou a outra pessoa.
8 - Instruir o aluno a pedir para segurar o braço da pessoa que se oferece para
guiá-lo, preferivelmente a deixar-se puxar na travessia de ruas ou através de
outras áreas
de perigo.
9 - Observar o aluno à distância, permitindo-lhe ampla liberdade para solicitar
a
assistência do público na travessia de ruas, a fim de ajudá-lo a desenvolver
este hábito.
Este procedimento possibilita ao instrutor dispor de base para discutir com o
aluno suas
técnicas de despertar a atenção de estranhos e poder assim orientá-lo.
3 - AVALIAÇÃO
O aluno deve ser capaz de realizar o seguinte:
1 - Permitir que seus pés avancem ligeiramente para fora da guia, enquanto
verifica a direção para a qual está voltado.
2 - Virar o rosto corretamente para frente, ao passar a ponta da bengala ao
longo
da guia, a fim de verificar a direção para a qual está voltado.
3 - Empregar a técnica do ritmo quando ela se faz necessária para caminhar ao
longo da guia.
4 - Estender a bengala para frente, apenas uma vez, para determinar se o
caminho está livre de obstruções, antes de descer da calçada.
5 - Manter a ponta da bengala um a dois centímetros acima do pavimento,
enquanto atravessa.
6 - Segurar a bengala suficientemente afastada do corpo, enquanto atravessa.
7 - Pedir para segurar o braço da pessoa que se oferece para auxiliá-lo,
preferentemente a permitir ser agarrado pelo guia.
8 - Atravessar, rapidamente, sem nervosismo aparente.
OITAVA FASE
OBJETIVO GERAL:
PROPICIAR AO ALUNO AMPLA
OPORTUNIDADE DE FAZER USO DOS
MÉTODOS, TÉCNICAS E HABILIDADES
REFERENTES ÀS EXIGÊNCIAS DO CAMINHAR
DIÁRIO AOS QUAIS SE REFEREM OS PLANOS
DAS AULAS ANTERIORES.
15.ª AULA
1 -OBJETIVO ESPECÍFICO
1 - Prover exercícios e testes práticos para avaliar a aplicação pelo aluno dos
métodos, técnicas e habilidades referentes às exigências do caminhar diário.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Acompanhar o aluno a um lugar adequado, pedir-lhe que se dirija a um
destino que envolva a passagem por várias obstruções, através de uma área
sossegada,
com pavimentação regular e sem travessia de ruas. Observar à distância a postura
do
aluno, seu equilíbrio, o uso da técnica do ritmo e as suas respostas aos
estímulos
sensoriais. Tomar notas de cada observação e após o aluno haver alcançado seu
destino,
discuta-as com ele. Evitar fazer advertências e auxiliá-lo ao longo do caminho,
a menos
que a sua segurança fique claramente ameaçada.
2 - Seguir o procedimento indicado acima. Pedir ao aluno que vá a um destino
que envolva a passagem por vários obstáculos através de uma área sossegada com
pavimentação regular, com a linha de prédios, cercas e guias completamente
regulares e
com travessia de ruas. Em complementarão aos pontos a serem observados,
anteriormente citados, anotar a maneira do aluno solicitar auxílio na travessia
de ruas, as
condições nas quais ele decide atravessá-las sem auxílio e o cuidado com que ele
faz
cada travessia.
3 - Em seqüência aos procedimentos indicados nos itens 1 e 2, pedir ao aluno
que vá a um destino que envolva a passagem por vários obstáculos, pavimentos
irregulares, cruzamentos de ruas bem movimentadas para atravessar e com um nível
de
ruído moderado, sem prédios, cercas ou guias regulares.
4 - Em seqüência ao mesmo procedimento já referido no item 3, pedir ao aluno
que vá a um destino que envolva a passagem por vários obstáculos através de uma
área
comercial central, com tráfego intenso de veículos e pedestres.
5 - Repetir tantas vezes quanto necessário o plano de exercícios acima nos quais
o desempenho parcial demonstrado pelo aluno seja menor que o satisfatório.
16.ª
AULA
1 - OBJETIVO ESPECÍFICO
: Auxiliar o aluno a desenvolver as habilidades em usar os meios de transporte
coletivos e privados, com auto-segurança e confiança.
2 - PROCEDIMENTO
1 - Acompanhar o aluno a um ponto terminal de ônibus e, angariando a
colaboração do pessoal encarregado, assistir ao aluno no exame cuidadoso dos
esquemas dos vários tipos de ônibus comumente usados para o transporte público
na
comunidade. Ajudar o aluno a observar a localização das portas, a altura dos
degraus, a
localização da caixa (cobrador), o corrimão do teto, as alças de apoio para os
passageiros em pé, assim como outras características de importância para a
segurança
do e o eficiente uso do transporte coletivo. Não devem ser esquecidos os postes
de
parada de ônibus e alguns outros itens característicos que possam auxiliá-lo a
identificar
as paradas de ônibus.
2 - Acompanhar o aluno numa viagem de ônibus e auxiliá-lo a manter-se atento
para as curvas ao longo do itinerário, as paradas nas quais, ordinariamente,
grande
número de passageiros desce ou sobe, além de outras características da viagem
que
possam ser usadas pelo aluno como indicação do seu paradeiro. Alertar o aluno
sobre
a importância de memorizar as paradas menos importantes do itinerário de um
ônibus
do qual possa ter necessidade de uso freqüente. Todas as vezes deverá pedir para
o
motorista anunciar a rua do seu destino. Se tiver dúvida quanto a certeza do
motorista
atendê-lo, deverá solicitar a um passageiro que o informe por onde está passando
o
ônibus, tantas vezes quanto lhe pareçam necessárias.
3 - Pedir ao aluno que vá a um destino que implique na utilização de ônibus,
seguindo os procedimentos esboçados nos itens 1 e 2 da aula precedente.
4 - Seguindo o procedimento esboçado e referido acima, auxilie o aluno a
adquirir as informações necessárias para a sua segurança e eficiente utilização
de uma
linha de ônibus.
5 - Selecionar o itinerário de uma viagem vinculada ao uso de metrô, na qual a
estação para seguir numa direção seja essencial e exatamente a mesma a ser usada
para
a viagem na direção oposta.
Acompanhar o aluno ao longo desse itinerário, aconselhando-o a examinar
cuidadosamente a estação onde ele toma o metrô notando, particularmente, a troca
de
trem (baldeação), o bloqueio, o acesso à outra plataforma (se existir), as
saídas, todas as
escadas rolantes entre a plataforma e a rua, a largura da plataforma, o espaço
dos pilares
de suporte e outras características que possam ajudá-lo a encontrar sua posição
se ele
perder a direção dentro da estação.
Quando embarcar no trem com o aluno, auxilie-o a examinar o máximo de
detalhes que lhe pareçam aproveitáveis, por exemplo: a distribuição dos assentos
no
vagão, etc. Enfatize para ele os trechos em que o trem passa sobre um rio, faz
curva
fechada, etc. Se necessário, espere o sinal de partida, a abertura das portas do
lado oposto àquele que freqüentemente elas se abrem e outras características da
viagem que
servirão ao aluno como pistas para o seu bom desempenho.
Ao chegar ao final do itinerário selecionado, pedir ao aluno que faça a viagem
de
regresso pelos seus próprios recursos. Se ele estiver pronto para enfrentar este
desafio,
observe-o à distância, da maneira indicada nos itens 1 e 2 do plano de aula
anterior.
6 - Seguindo o procedimento esboçado e referido acima, auxiliar o aluno a
adquirir as informações necessárias para a sua segurança e eficiência no uso do
metrô
ou trens.
7 - Indicar ao aluno que se dirija a um destino de sua livre escolha que envolva
o
uso de um ou mais meios de transporte, num itinerário não previamente percorrido
na
companhia do instrutor. Planeje o objetivo da observação da conduta do aluno no
trilhar
o itinerário, a exemplo do especificado no procedimento 1 e 2 da aula anterior.
8 - Repetir este procedimento até que a habilidade do aluno para caminhar
sozinho possa ser avaliada como sendo satisfatória para garantir sua segurança e
encerramento do treinamento.
IV - AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EM LOCOMOTILIDADE
O instrutor ou professor deverá preparar um relatório sumário das atitudes do
aluno, após ter completado o seu treinamento, indicando a curva de progresso nas
várias
fases, a proficiência na orientação espacial e na locomoção até o término do
treinamento.
O relatório deverá ser baseado nas anotações do progresso diário do aluno, onde
o instrutor ou professor encontrará excelente material para fazer o relatório
final. Ao
proceder assim, o instrutor estará se baseando nos resultados de cada aula e não
apenas
nos êxitos alcançados na última fase do treinamento, os quais adquirem maior
evidência. Este relatório deverá fazer parte do prontuário geral e permanente do
aluno.
1 - QUESITOS A SEREM OBSERVADOS
PRIMEIRA FASE
1. Subir e descer guias e degraus sem tropeçar.
2. Virar quando o guia vira, sem pendurar-se ou colidir com ele.
3. Começar a subir ou descer degraus sem tropeçar, cair ou hesitar.
4. Reassumir a caminhada após subir ou descer escadas, sem tomar um degrau
inexistente no topo, ou arrastar os pés, embaixo.
5. Embarcar ou desembarcar em ônibus ou outro meio de transporte sem medo ou
hesitação aparentes.
6. Sincronizar, apropriadamente seus passos com os do guia e caminhar com
liberdade, de maneira relaxada.
7. Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
SEGUNDA FASE
1 - Localizar com precisão fontes sonoras de emissão contínua, tocando-as.
2 - Localizar com precisão fontes sonoras de emissão intermitente, tocando-as.
3 - Localizar com precisão uma fonte sonora de emissão eventual, tocando-a.
4 - Caminhar, firmemente, sem bengala e sem auxílio de guia-humano em local
sem obstáculos e sem mudança de nível.
5 - Indicar com precisão as variações na linha de construção ao longo da qual
ele
caminha, através das mudanças da qualidade do som por ele produzido
(ressonância).
6 - Indicar com precisão a presença de grandes obstáculos tais como: poste,
árvore, veículo estacionado, etc.
7 - Subir e descer escadas conhecidas sem auxílio da bengala e do corrimão, sem
tomar um degrau inexistente em qualquer das extremidades.
8 - Caminhar distância igual ao espaço anteriormente percorrido.
9 - Marcar num poste, árvore ou parede, uma altura igual à verificada
anteriormente em local distante.
10 - Colocar em ordem de tamanho um feixe com
sete hastes de diâmetros iguais
e comprimentos diferentes, variando de cinco em cinco centímetros, a partir de
0.80 m,
tomando-as pela parte central, avaliando seu comprimento pelo vão entre seus
braços,
não devendo comparar as hastes entre si.
11 - Discriminar, prontamente e com segurança, odores suaves e familiares.
12 - Identificar, em área comercial, diferentes lojas com odores
característicos.
13 - Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
TERCEIRA FASE
1 - Compreender as regras básicas de segurança e aderir a elas, praticando-as
durante todo o tempo.
2 - Manter a postura correta do corpo.
3 - Andar ereto.
4 - Andar em linha reta e fazer curvas sem vacilar.
5 - Usar com eficiência os pontos de referência.
6 - Caminhar sozinho, com calma e segurança, sem embaraçar-se.
7 - Identificar com precisão a localização dos seus objetivos.
8 - Comentário a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
QUARTA FASE
1 - Manter o braço estendido, desde o ombro até o pulso.
2 - Ficar com a mão e o pulso relaxados.
3 - Segurar a bengala firmemente, com o dedo indicador estendido para baixo e
ao lado da bengala, com a curva do cabo (se houver) voltada para fora, de modo a
proteger o dorso da mão.
4 - Sustentar a bengala suficientemente longe do corpo.
5 - Manter a posição correta do corpo, evitando a tendência de inclinar-se
quando usa a bengala, ou de esconder o rosto atrás do braço quando caminha sem
ela.
6 - Caminhar resolutamente, sem embaraços ou confusões e sem arrastar os pés.
7 - Localizar e interpretar eficientemente, sons e outros estímulos.
8 - Comentários sobre o desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
QUINTA FASE
1 - Manter o movimento apropriado da bengala sincronizado com o passo.
2 - Manter a abertura do arco da bengala na largura de seu corpo e fechar
imediatamente para a linha da construção a fim de detectar calhas e outros
embaraços.
3 - Bater com firmeza a bengala de modo a produzir vibrações que o ajudem a
identificar o tipo de terreno que está sendo atravessado, por exemplo, concreto,
asfalto,
terra, etc.
4 - Bater a bengala com suavidade de modo a evidenciar que não a está
agarrando demasiadamente firme. A inobservância deste procedimento evidencia um
estado de tensão gerador de fadiga precoce.
5 - Conservar o dedo indicador esticado lateralmente à haste da bengala, de
modo a fazer dela, efetivamente, uma extensão deste dedo.
6 - Manter a bengala seguramente na mão e realizar todos os seus movimentos
através da movimentação do pulso.
7 - Estender o braço para frente e para a
baixo, com o cotovelo apropriadamente
colocado contra o corpo, localizando a mão em frente ao centro do mesmo,
ligeiramente
abaixo da cintura.
8 - Evitar a repetida extensão da bengala, usando-a tão somente para detectar e
não para explorar.
9 - Evidenciar suficiente interesse em praticar o uso correto da técnica do
ritmo
para habilitar-se no seu desempenho, automaticamente, sem excessiva
concentração.
10 - Usar a bengala adequadamente quando seguir uma linha-guia.
11 - Usar apropriadamente a bengala para manter contato com objetos que
deseja explorar.
12 - Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
SEXTA FASE
1 - Colocar a ponta da bengala na quina do degrau ao subir.
2 - Orientar-se pela direita da escada e segurar-se no corrimão, se houver.
3 - Avaliar a largura, a altura e a profundidade do degrau.
4 - A partir de dois degraus acima, tocar cada um dos subseqüentes, ao subir.
5 - Manter a bengala na posição correta e livre, de modo a permitir que ela
estale
suave e sucessivamente contra cada degrau ao subir.
6 - Reconhecer o topo da escada e evitar subir um degrau inexistente.
7 - Manter a ponta da bengala sobre a borda do degrau inferior, ao caminhar para
descer.
8 - Colocar a ponta de um dos pés, ligeiramente para fora da borda do degrau,
tão logo dele se aproxime, antes de determinar do que se trata: se um único
degrau para
descer, ou o topo de uma escada descendente.
9 - Descer, orientando-se pela direita da escada, fazendo uso do corrimão, se
houver.
10 - Quando descer, segurar a bengala assim que a ponta acuse com exatidão a
ausência da borda de cada degrau abaixo de si, tocando apenas o piso.
11 - Identificar o fim da descida de uma escada pelo toque da bengala, evitando
arrastar os pés ou tropeçar.
12 - Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
SÉTIMA FASE
1 - Permitir que seus pés avancem ligeiramente fora da guia enquanto verifica a
direção para a qual está voltado.
2 - Virar o rosto corretamente para frente ao passar a ponta da bengala ao longo
da guia para verificar a direção para a qual está voltado.
3 - Empregar a técnica do ritmo quando se faz necessário para caminhar ao
longo da guia.
4 - Estender a bengala para frente, apenas uma vez, a fim de determinar se o
caminho está livre de obstrução, antes de descer da calçada.
5 - Manter a ponta da bengala acima do pavimento um ou dois centímetros,
enquanto atravessa a via pública.
6 - Segurar a bengala suficientemente afastada do corpo, enquanto atravessa a
rua.
7 - Pedir para segurar o braço da pessoa que se oferece para auxiliá-lo,
preferentemente a permitir ser agarrado pelo guia.
8 - Atravessar a via pública rapidamente, sem nervosismo aparente.9 -
Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
OITAVA FASE
1 - Caminhar naturalmente e desacompanhado por área sossegada, de piso
regular e sem travessia de ruas.
2 - Caminhar desacompanhado e naturalmente por áreas com diversos tipos de
obstruções, porém, com linha de prédios, cercas e guias completamente regulares.
3 - Cumprir itinerário que exija a passagem por diversos obstáculos, inclusive
travessia de ruas moderadamente movimentadas de veículos e pedestres.
4 - Cumprir itinerário que implique em passar por áreas comerciais com
travessia de ruas de tráfego intenso de pessoas e veículos.
5 - Localizar ponto de parada de ônibus.
6 - Identificar o tipo do veículo ao embarcar, a fim de localizar-se
adequadamente no seu interior, podendo desta forma escolher o assento, detectar
a
saída, etc.
7 - Manter-se atento durante uma viagem em transporte coletivo, por itinerário
conhecido, a fim de poder identificar o ponto pretendido para o desembarque.
8 - Levantar as informações necessárias para chegar a um destino que exija a
utilização de ônibus.
9 - Cumprir um itinerário que envolva a utilização do sistema de integração
ônibus-metrô.
10 - Cumprir um itinerário que implique na utilização de passarela como meio
seguro de travessia de um complexo viário.
11 - Cumprir um itinerário que envolva a utilização de uma estação de metrô
como facilidade de travessia de complexo viário, superior, ou inferior.
12 - Pesquisar áreas desconhecidas, por conta própria.
13 - Chegar a um destino, de livre escolha, fazendo uso de trajetos
alternativos.
14 - Comentários a respeito do desempenho do aluno e número de sessões de
treinamento.
2 - CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO
1. COMPLETO - Quando o aluno desempenha adequadamente uma determinada
fase do treinamento, dentro de suas potencialidades, a fim de conseguir o
máximo de segurança.
2. SATISFATÓRIO - Quando o aluno desempenha adequadamente uma fase da
locomoção (dentro de suas potencialidades), sob supervisão, mas volta a
praticar uma técnica erradamente, de maneira ocasional, ou mostra-se relapso
quanto à perfeição e segurança durante períodos curtos. O treinamento está
completo.
3. INCOMPLETO - Quando o aluno desempenha uma determinada fase da
locomoção de um modo desordenado, com resultado mínimo quanto à perfeição
e segurança, o treinamento deve ser continuado.
V - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-
CARROL, Thomas J. - Cegueira, Campanha Nacional de Educação de Cegos, MEC.
São Paulo, 1968.
-
CUTSFORTH, Thomas D. - O cego na escola e na sociedade, um estudo psicológico,
Campanha Nacional de Educação de Cegos, MEC. São Paulo, 1969.
-
DAY, R. H. - Psicologia da percepção, Editora José Olímpio, São Paulo,
FORGUS, R. H. - Percepção, o processo básico do desenvolvimento congênito,
Editora Herder, São Paulo, 1971.
-
GREGÓRIO, Homero D. - Cómo afronté la ceguera, Gráfica Berschesi S/A,
Montevideo, 1983.
-
MACIEL, Sylas F. - O ensino da técnica de locomoção para os cegos, in Lente, n.o
19
Vol. VI, Fundação para O livro do Cego no Brasil, São Paulo, 1982.
-
SEMICOM, ANAIS, Campanha Nacional de Educação de Cegos, MEC. São Paulo, 1972.
ϟ
Manual de Orientação e Mobilidade
O “IR E VIR” DO DEFICIENTE VISUAL (PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS)
Sylas Fernandes Maciel
São Paulo, 2003
Δ
12.Nov.2015
publicado
por
MJA
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