Valdeci Gama; Jean-Martin Rabot & Moisés Martins

Resumo | No fim do século XX, o desenvolvimento acelerado dos novos conhecimentos e das
tecnologias da informação levou o mundo a uma nova era da comunicação, por meio
da internet. Sabe-se que atualmente a interatividade com a
internet modifica a sociedade a cada dia. Provocadas por essa constatação,
percebe-se que a transformação e apropriação dos media modificaram, também, a
forma dos deficientes visuais se relacionarem e comunicarem com a
realidade. O presente trabalho quer analisar brevemente o conceito atribuído
à midiatização digital, assumindo como contexto teórico, a transformação
do paradigma sociocultural na história da pessoa com deficiência visual.
Além disso, tem como objetivo não só aferir a importância da midiatização
nas transformações sociais e culturais para a pessoa com deficiência visual,
bem como tentar compreender e responder à pergunta: de que modo o uso
cotidiano dos media impacta a pessoa com deficiência visual? Para tanto, em
um primeiro momento discute-se o tema midiatização e a pessoa com deficiência
visual, a partir de conceitos como paradigmas comunicacionais no
contexto dos media sociais na cultura científica-tecnológica; em um segundo
momento, por meio da pesquisa empírica, buscar-se-á compreender como
os media afetam a vida da pessoa com deficiência visual.
Introdução
O presente trabalho limita-se às considerações mais diretamente associadas ao
tema proposto, a fim de permitir uma maior compreensão do
impacto dos media na pessoa com deficiência visual, procurando, ao mesmo tempo,
não alargar demais as fronteiras demarcadas. Assim, longe de
pretender esgotar o tema, este trabalho quer ser apenas uma colaboração
e uma reflexão pessoal de cunho introdutório de um assunto tão denso e
complexo. Inserido neste contexto midiático, é plausível considerar que a
percepção espacial das pessoas com deficiência visual se realiza de forma
concreta a partir do tato, da audição, do olfato e do paladar. Avessos à
visão, esses sentidos não representam a totalidade imediata do espaço físico, de
modo que, a construção do espaço físico centrada em sensações não
visuais ocorre de maneira lenta. No entanto, não se pode dizer o mesmo da
construção do espaço digital.
Com o advento da internet, foram aos poucos sendo desenvolvidas
novas ferramentas de mediação para um público específico (com alguma
deficiência), mas, é claro, que essas novas ferramentas não são criadas com
a mesma velocidade que se recebem inovações voltadas para o público vidente.
Softwares para uma determinada deficiência levam tempo, dinheiro
e vontade para serem desenvolvidos e nem sempre os nossos governantes
estão dispostos a investir no desenvolvimento de aplicativos para facilitar
a vida de uma minoria na sociedade. Mas hoje, alguns softwares e apps
são desenvolvidos por entidades sem fins lucrativos ou, até mesmo, por
pessoas com deficiência que se interessam em mudar um pouco o mundo.
Existia há alguns anos atrás uma enorme diferença na quantidade
de apps produzidas para o público vidente e para a pessoa com deficiência
visual. Hoje, as coisas estão mudando de forma lenta, mas em uma constante.
Atualmente, é possível notar essa diferença. Se for feita uma breve
busca no Google Play, digitando as palavras “aplicativos para deficientes
visuais”, os resultados que aparecerão serão milhares de aplicativos, grátis
ou pagos, voltados para a pessoa com deficiência visual. Mas é claro que
não eram tão abundantes assim há alguns anos atrás.
No início da popularização da internet, no final da década de 90, os
aplicativos que existiam eram voltados apenas para computadores. Até porque as
redes sem fios (wi-fi, 3G e 4G) só se tornaram populares mais tarde.
A popularização das apps só foi difundida com toda a sua intensidade a
partir de 2008, quando surgiram as primeiras apps voltadas para celulares.
Hoje, as apps são ferramentas de uma considerável importância
para a transformação da vida da pessoa com deficiência visual e de outras
pessoas com deficiência. É com elas que a pessoa com deficiência visual
encontra mais uma forma de comunicar e ver o mundo em sua volta. É
mais uma ferramenta tecnológica que faz a mediação do deficiente com a
extraordinária maneira de comunicar no século XXI.
Em face disso, os media digitais utilizados pela pessoa com deficiência visual
correspondem aos utilizados pelas pessoas que conseguem enxergar, exceto, que há
algumas modificações necessárias para ajudar na
interatividade. A diferença, portanto, está na forma com que ambos veem
e usam essas ferramentas. As pessoas que têm todos os sentidos utilizam,
basicamente, a visão, como primeiro contato com as ferramentas digitais.
Embora para essas pessoas seja quase imperceptível a necessidade dos
outros sentidos para o uso dos media, para a pessoa com deficiência visual,
o tato e a audição são de extrema importância, em um primeiro momento,
para a interatividade com os media.
Neste artigo apresenta-se apenas uma breve reflexão acerca das discussões
iniciais de uma investigação mais ampla, que está em desenvolvimento, para a
conclusão da tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação com o tema: “Ver
com os sentidos: as mídias digitais como condição
de possibilidade para os deficientes visuais”. No entanto, o objetivo geral
de toda a investigação consistirá em compreender, de um ponto de vista
teórico-empírico, uma problemática social atual e singular: como os sentidos das
pessoas com deficiência visual são estimulados e afetados pelos
media digitais na sua interatividade e comunicabilidade social. Além disso,
procurar-se-á entender os efeitos das percepções, sensações, memória
e emoções, estimuladas pelos sentidos (audição, tato, paladar e olfato) e
provocadas pela sociabilidade e interatividade midiática, especificamente,
no que diz respeito ao universo da pessoa com deficiência visual inserida
neste novo contexto mediático. Por fim, tentar-se-á evidenciar como é que
as pessoas com deficiência visual convivem e interagem entre si com as
mais diversas tecnologias que têm surgido, bem como refletir acerca do
papel dos media digitais na realidade comunicacional das pessoas com deficiência
visual das cidades de Braga, em Portugal, e Munique, na Alemanha,
principalmente, nas duas principais instituições (Acapo, de Braga, em
Portugal, e Das Blindeninstitut, de Munique, na Alemanha), que trabalham
direta e indiretamente com pessoas deficientes visuais. Desse modo, a
metodologia utilizada consistirá em aliar reflexões teóricas, fundamentadas
na leitura e interpretação de textos dedicados ao tema, com investigações
empíricas, alicerçadas no emprego de uma metodologia de foro qualitativo.
Portanto, o objetivo, aqui, não é um aprofundamento no objetivo
geral da investigação, mas, apenas, a partir de algumas observações em
curso. Trata-se de lançar um olhar de reflexão para tentar aferir a importância
da midiatização nas transformações sociais e culturais para a pessoa com
deficiência visual, bem como tentar compreender e responder à
pergunta: de que modo o uso cotidiano dos media impacta a pessoa com
deficiência visual?
Midiatização
Ver o mundo em transformações tecnológicas frequentes é quase
parte essencial da contemporaneidade, pois, a cada dia, são criadas novas
ferramentas para facilitar a vida que, por conseguinte, favorecem o
fortalecimento da midiatização.
-
O termo midiatização foi aplicado, primeiramente, ao impacto dos
meios de comunicação na comunicação política, por Ken Christer Asp
(1986). Asp é um pesquisador sueco em Comunicação e professor na Göteborgs
Universitet, na Suécia.
O termo midiatização foi aplicado, pela primeira vez, ao
impacto dos meios de comunicação na comunicação política e a outros efeitos na
política. Asp foi o primeiro a falar
sobre a midiatização da vida política, referindo-se a um
processo pelo qual um sistema político é, em alto grau,
influenciado pelas e ajustado às demandas dos meios
de comunicação de massa em sua cobertura da política. (Hjarvard, 2012, p 54).
Já para o pesquisador Jairo Ferreira, a midiatização é uma análise do
dispositivo midiático, que se configura a partir de três bases concretas: o
social, o tecnológico e a linguagem. A midiatização seria, portanto, todos
os media que se relacionam com a sociedade, com o tecnológico e com a
linguagem (Ferreira, 1998); já o sociólogo John B. Thompson (1995), vê a
midiatização como uma parte integral do desenvolvimento da sociedade
moderna. No entanto, o dicionário de língua portuguesa Houaiss online
apresenta o conceito de midiatização como a ação ou o efeito de midiatizar; e
midiatizar, por sua vez, é difundir qualquer informação por meio dos
veículos de comunicação. Portanto, a midiatização pode ser empregada
como um processo de propagação de conhecimento tecnológico e mudança de
interatividade, transitividade e comunicabilidade por meio dos media,
considerando as inter-relações entre a mudança comunicativa dos meios e
a mudança sociocultural.
O Homem na Cultura Científica-Tecnológica
Como produções da cultura, tanto a técnica, quanto a ciência, são
inauguradas e mantidas pelo processo de incidência e reincidência do ethos
sobre o bios. A cultura objetiva o homem para ele mesmo (suas ideias do
mundo, de si próprio), e a civilização, nas suas realizações concretas, objetiva
a cultura, produzindo um dinamismo que modifica a própria cultura.
O despontar da cultura da razão no Ocidente teve lugar no conflito entre
a sabedoria consubstanciada no ethos da tradição grega e no novo saber
científico, advindo da perscrutação da natureza e da sua transcrição na ordem da
razão humana. Essa passagem do saber à episteme é uma das mais
profundas revoluções da história. A partir desse momento, a razão lançava
as suas pretensões de dar as razões, demonstrar e ordenar, tanto o
mundo-natureza, quanto o mundo-humano. Assim, os eventos que ocorreram
nesta cultura da razão até o advento das tecnologias foram fundamentais,
por sua vez, para a constituição de uma cultura científico-tecnológica com
pretensões planetárias para a civilização posterior.
O termo civilização designa, de modo geral, um conjunto de instituições e
organizações, pelas quais os elementos culturais concretos ou abstratos de uma
sociedade são coletivamente racionalizados e realizados em termos materiais e
através da organização social. Uma civilização pode indicar
um grupo amplo de culturas, unificado ou integrado sob uma circunstância
histórica ou geográfica, marcado por um certo grau de desenvolvimento
tecnológico, econômico e intelectual (como a civilização romana, por exemplo). O
termo civilização apareceu em França no século XVIII, quando a
pesquisa considerava as culturas a partir do seu processo de evolução e do
ideal iluminista de progresso. Na medida em que a pesquisa, a descoberta
científica e a invenção técnica constituem a práxis cultural dominante da
nossa civilização, constituímos uma cultura tecnológica. O progresso material
nesta civilização é realizado mediante a construção contínua de novos
mecanismos produtores de riqueza e eficiência no domínio da natureza,
os quais são fabricados de acordo com leis e teorias científicas. A ciência
torna possível o progresso técnico, ao mesmo tempo em que é socialmente
justificada por ele. Assim, o contínuo progresso intelectual e cultural da
humanidade inclui, e o contínuo progresso material exige, o progresso tanto
da ciência, como da tecnologia, indistintamente (Kneller, 1980).
Não é aqui o lugar para se fazer um inventário exaustivo de tais revoluções e
transformações introduzidas nos diversos setores das relações
do ser humano com a natureza, e entre si. Evoca-se aqui, apenas, alguns
pontos representativos, para aumentar a percepção da extensão destas
transformações no conhecimento e nas técnicas, e das reações profundas
que provocaram na vida cotidiana, no imaginário e na capacidade de simbolização
do ser humano. Se formos à raiz destas transformações, perceberemos que se trata
de uma reconfiguração, um refazer das formas simbólicas, não só dos métodos e
meios materiais de produção e utilização de
bens, mas, de certos valores propriamente humanos da vida, especialmente, da
vida coletiva, expressa na organização do trabalho (novas fontes de
energia – petróleo, solar, atômica, etc. – máquinas, sistemas de gerenciamento e
organização), na circulação de pessoas e produtos (automóveis,
trens, aviões e espaçonaves), nas relações cada vez mais mediadas por
algum instrumento técnico (revolução das comunicações, informática ciberespaço,
cibercultura; inclui um decréscimo nas relações face a face), no
lazer (cinema, televisão, rádio, vídeo, internet). Enfim, o imenso poder que
têm os meios tecnológicos de conquistar espaço e tempo e de influenciar
planetariamente o pensamento, as visões de mundo e as culturas.
Hoje, a sociedade tecnológica não é mais a sociedade das máquinas
do século XIX e início do século XX; no século XXI, a sociedade tecnológica é a
sociedade da informação (Mattelart, 2002), das midiatizações, dos
media. Sobretudo, é a sociedade da internet. O processo de aquisição de
novos conhecimentos, por exemplo, passa agora para uma etapa em que
o armazenamento e controle da informação tornam-se cruciais, visto que
a produção de novos dados científicos está pulverizada, mesmo que de
forma desigual, no sistema global público e privado de pesquisa e desenvolvimento tecnológico
1.
Depois de assegurado o domínio da natureza nos seus componentes
mais elementares e do espaço-tempo (transportes, informação e comunicações), a
influência decisiva sobre o pensamento estaria mais bem assegurada, com
profundas repercussões sobre o comportamento humano e o
sentido da vida. Eis que a vida humana, até a liberdade do seu lazer ou até
o simples “ficar em casa”, está perpassada pelos objetos técnicos e pela
lógica da técnica. Televisão, smartphone, cinema e internet, por exemplo,
além de recursos técnicos de lazer e cultura, acabaram por perpetrar uma
revolução cultural, na qual submerge uma nova cultura, a cibercultura,
ciberespaço, que se torna-se a cultura da imagem, do visual, do virtual, do
online, do conectado e do não lugar (digitalização de imagens, filmes de
“realidade” virtual).
Percebe-se que toda essa evolução tecnológica foi, sem sobra de dúvida, uma
importante aliada para a transformação do ser humano. Com essas transformações,
também foram beneficiados grupos específicos, como
pessoas com alguma deficiência. Para esses grupos específicos, os mais
importantes benefícios demoram a chegar, mas quando chegam, mesmo
assim, é possível aproveitar algumas formas dessas ferramentas, que ajudam, seja
na locomoção, audição, visão, interação, comunicação ou quaisquer outras
maneiras de utilizá-las que sirvam para tirar algum benefício
para a vida cultural e social.
A pessoa com deficiência visual, hoje, pode fazer uso de várias ferramentas para
se tornar cada dia mais independente. Com as novas tecnologias, a sensação de
liberdade, de autonomia, fica mais próxima e possível. Tudo isso se torna real,
na medida em que a pessoa com deficiência
visual desenvolve a sua capacidade de concentração e de interação com os
seus sentidos, através dos quais, constrói uma nova realidade, por meio
dos conflitos provocados em sua percepção e imaginação. O pesquisador
Hugo Münsterberg afirma que a “peça cinematográfica nos conta uma história
humana ultrapassando as formas do mundo exterior – a saber, espaço,
tempo e causalidade” (Münsterberg, 1991, p. 27) e ajustando os acontecimentos às
formas do mundo interior – saber, atenção, memória, imaginação e emoção. Diante
disso, algumas dessas sensações, estimuladas pelos
sentidos, fazem com que a pessoa com deficiência visual não interaja com
uma realidade inerente a nós. No entanto, estas sensações são mais sensíveis e
perceptíveis para a pessoa com deficiência visual, que transcende
em outra realidade, por meio dos sentidos e das sensações. Como se esta
realidade fosse insuficiente, então, o imaginário introduz-se na realidade,
tal qual ela, e desfigura-a, intensifica-a, dando-lhe um significado novo e de
fácil compreensão para as pessoas com deficiência visual.
Estes estímulos não são um privilégio apenas da pessoa com deficiência visual.
Isso só acontece porque existe em todo o ser humano a
habilidade de entender sentimentos, chamada de estesia. O semiólogo Algirdas
Julien Greimas (2002), em 1978, definiu-a como uma condição de
sentir as qualidades sensíveis existentes e que exalam na sua configuração
para serem capturadas, sentidas e processadas, fazendo sentido para o
outro. Segundo o dicionário de língua portuguesa, estesia é a capacidade
de perceber sensações e sensibilidade. Por sua vez, a sensação consiste na
reação física do corpo ao mundo físico, que resulta na ativação das áreas
primárias do córtex cerebral. O organismo humano recebe inúmeros estímulos,
sendo que a pessoa interpreta somente os necessários. Apesar dos estímulos
recebidos serem iguais para todos, o que muda é a percepção.
Na pessoa com deficiência visual, a perda da visão estimula mais as percepções,
para supri-la de certa forma. Merleau-Ponty aprofunda um pouco
mais o tema, ao esclarecer que “a apreensão das significações se faz pelo
corpo todo: aprender a ver as coisas é adquirir um certo estilo de visão, um
novo uso do corpo próprio, é enriquecer a reorganizar o esquema corporal”
(Merleau-Ponty, 1994, p. 212). Portanto, pode-se considerar a estesia como
uma fonte de inspiração para a pessoa com deficiência visual, que usa dessa
habilidade para compreender e interagir com os media. É exatamente
o que sugere o pesquisador Hugo Müstenberg nas suas pesquisas sobre
atenção, memória, imaginação e emoções.
Sensações e sentimentos
Atenção, memória, imaginação e emoções são conceitos e métodos
da Psicologia usados por Hugo Münsterberg para explicar, no início do
século XX, o efeito de realidade que o cinema causa no espectador e que
elementos psicológicos são suscitados pela narrativa cinematográfica. No
entanto, é perfeitamente compreensível nos apoderarmos destes conceitos, para
compreendermos como estes são desenvolvidos pela pessoa com
deficiência visual por meio dos sentidos.
Hugo Münsterberg era psicólogo e professor de Harvard, nascido na
Alemanha, em Danzig. Ele foi um dos pioneiros a fazer críticas cinematográficas.
Na sua obra The photoplay: a psychological study (1916), Münsterberg analisa a
relação do cinema com o espectador e os elementos que a
sustentam, tais como a atenção, a memória, a imaginação e a emoção. Foi
este autor que antecipou a “teoria da recepção”, quando explorou o entendimento
de que os filmes produzem eventos mentais. Estes eventos não
estão apenas na tela do cinema, mas também na mente daqueles que os
observam e os escutam. Münsterberg usa a atenção, a memória, a imaginação e as
emoções para explicar o efeito de realidade que o cinema causa
no espectador. Seja ele pessoa com deficiência visual ou não, os efeitos são
basicamente os mesmos, porém com intensidade diferente para a pessoa
com deficiência visual. Para Münsterberg, os media nos impactam de diferentes
maneiras, mas nos afetam diretamente na atenção, na memória, na
imaginação e nas emoções.
A atenção seria uma das funções internas que mais cria significados
do mundo exterior. É considerada mais fundamental, pois seleciona o que
é significativo e relevante. Münsterberg (1991) analisa a atenção de duas
formas: voluntária e involuntária. A voluntária é quando as impressões partem de
ideias pré-concebidas. A involuntária é muito diferente da voluntária. A
involuntária influencia diretamente aquilo que lhe é extrínseco, de
modo que o foco de atenção é dado pelos objetos percebidos. Tudo o que
mexe com os instintos naturais assume o controle da atenção. A memória
é a nossa fonte de ideias e da imaginação. A memória atuaria na mente do
espectador, evocando coisas que dão sentido pleno, situando melhor cada
cena, cada palavra e cada movimento.
Münsterberg (1991) afirma que a memória se relaciona com o passado e a
imaginação com o futuro. O cinema agiria de forma análoga à imaginação. Possui
ideias que não estão subordinadas às exigências concretas
dos acontecimentos externos, mas sim, às leis psicológicas de associações
de ideias. Assim, a memória pode se correlacionar com a imaginação.
As emoções podem ser distinguidas em dois grupos diferentes: de
um lado, as emoções que comunicam os sentimentos dos atores e de seus
respectivos personagens dentro do filme; do outro lado, as emoções que as
cenas do filme suscitam no espectador, podendo ser inteiramente diversas,
até mesmo as emoções expressas pelos personagens. Esses métodos da
Psicologia usados por Hugo Münsterberg para explicar o efeito de realidade
que o cinema causa no espectador são centrais na percepção do ser humano.
Mas o que é que a atenção, a memória, a imaginação e as emoções
que Münsterberg (1991) descreve têm a ver com comunicação mediada pela
midiatização digital e com a pessoa com deficiência visual? Na verdade,
Münsterberg mostra em seu texto um método psicológico especificamente
para o cinema, fazendo comparações entre o cinema e o teatro. Mas, se se
analisar com bastante atenção, é possível perceber e entender que essas
técnicas desenvolvidas pelo autor também podem ser aplicadas aos novos
veículos de comunicação, mediados pela midiatização digital, sobretudo na
internet. A internet, por sua vez, é uma dessas ferramentas a que se pode
aplicar perfeitamente o que Münsterberg apresentou para o cinema.
E, como seria aplicar essas técnicas para perceber os efeitos e os impactos que
provocam na pessoa com deficiência visual? Para uma pessoa
deficiente visual é bastante natural que os subsentidos (atenção, memória,
imaginação e as emoções) germinem com mais facilidade, são mais
aguçadas e perceptíveis, provocando sensações direta nos sentidos. Essas
sensações surgem de forma natural para a pessoa com deficiência visual;
com isso, esta acaba se apropriando de outras formas de ver, perceber e
sentir o mundo, estimulando de uma forma instintiva os outros sentidos,
suprindo a falta do sentido que lhe falta.
Na pessoa com deficiência visual, as sensações dos subsentidos são
mais acentuadas, seja no cinema, como relata Münsterberg (1991), ou em
outros meios de comunicação, como a internet e a TV. A pessoa com deficiência
visual utiliza a atenção para compreender de forma clara o que ela
está acessando; a memória e a imaginação, além de se exercitar a si próprias,
exercitam também as emoções.
A comunicação mediada pela midiatização digital é uma das possibilidades para a
pessoa com deficiência visual. Essas novas ferramentas dão
um novo significado aos conceitos trabalhados por Münsterberg (1991): a
atenção, memória, imaginação e emoções, que eram usadas plenamente,
quando não existiam estas novas técnicas de comunicar mediadas pelas
novas tecnologias.
Análise de Possíveis Resultados
Parte relevante da pesquisa empírica para este trabalho, está sendo
desenvolvida e efetuada em parceria com a Acapo e com Das Blindeninstitut. São
duas instituições importantes que se dedicam exclusivamente à
inclusão social e comunicacional de pessoas com deficiência visual. Até o
presente momento, a análise preliminar permitiu confirmar algumas constatações
obtidas. No processo de desenvolvimento da pesquisa estão a
ser realizadas observações, conversas e entrevistas e, posteriormente, será
organizado um grupo focal para o aprofundamento da investigação em curso. A
metodologia adotada para a realização desta pesquisa é a pesquisa
qualitativa. Para o enriquecimento da pesquisa empírica, além das visitas,
conversas e partilhas, foi realizada a apresentação do documentário Janela
da alma (Jardim & Carvalho, 2011), de uma hora e 13 minutos, dos diretores João
Jardim e Walter Carvalho. Contudo, não será possível apresentar
detalhadamente a pesquisa realizada até o momento. No entanto, neste
trabalho apresenta-se apenas um breve recorte do conteúdo investigado
para, assim, se compreender como e de que modo os media impactam a
vida da pessoa com deficiência visual.
Num primeiro momento, clarificou-se aos participantes os objetivos
dos encontros, o desenvolvimento das questões e o plano de execução da
pesquisa. Desse modo, buscou-se estabelecer confiança e liberdade aos
participantes para partilharem informações sem receios com a pesquisa
proposta. Em um segundo momento, iniciou-se uma conversa acerca da
relação dos cinco sentidos e os media e a sua importância na vida das pessoas,
como forma de introdução, para lançar as perguntas chaves relativas ao tema do
trabalho.
Até o momento da investigação, foi possível constatar, mesmo que
brevemente, como o uso dos media, de uma forma ou de outra, “modificava” ou
ajudava a pessoa com deficiência visual e a perceber a sua realidade.
Para evidenciar melhor a pesquisa, em uma das etapas, a apresentação do
documentário Janela da alma (2011), dos diretores João Jardim e Walter
Carvalho, foi, e está sendo, importante para facilitar o diálogo. Existe aí uma
nítida identificação com as personagens apresentadas no documentário.
Isso facilita a abertura, por meio de compartilhamento de opiniões e reflexões.
O documentário mostra algo bastante acentuado na troca de informações, na
interatividade e comunicabilidade, como vividas pela comunidade
de pessoas com deficiência visual. O documentário serviu apenas como
um pretexto para compreender como os participantes da pesquisa poderiam se
perceber e se identificar com as personagens do documentário.
Neste documentário, os métodos da Psicologia usados por Münsterberg (1991) estão
bastante presentes. O filme apresenta 19 pessoas com diferentes graus de
deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, que
falam sobre como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo. O
documentário aborda a visão de uma forma subjetiva, atribuindo-lhe
diferentes sentidos de interpretação da realidade de cada um; e mostra
também como cada pessoa lida com a realidade que está relacionada com
as suas experiências de vida, perceções e as demais influências presentes
no cotidiano. Mostrando de forma mais concreta como a imaginação é
essencial para a construção e a interação com a realidade e com os media.
A imaginação é um dos pontos essenciais estabelecidos pelo documentário. O
neurologista Oliver Sacks (2010) afirma, em sua linha de estudo, que o limite do
olhar não é a janela da rua, ou seja, a visão de fora.
Não se limita a olhar o visível, mas também o invisível, algo imaginado pela
mente. Acrescentar visões do mundo, do nosso mundo, ao ser exterior não
tem limites. A imaginação relatada pelo filme aumenta a visão do mundo
que nos cerca em relação às imagens. Atualmente, as imagens, principalmente, as
das novas tecnologias, já estão prontas, sem grandes margens
para a imaginação. O documentário mostra como é possível usar a imaginação e os
sentidos para enxergar uma nova realidade. O olho, na verdade, não é apenas
passivo, se o considerarmos como a janela da alma; ele,
também, é ativo, as imagens não entram, mas veem de dentro para fora.
O ver vem de dentro. A alma é a imaginação que sai. O que vemos é quase sempre
modificado pelos nossos sentidos, conhecimentos, emoções, desejos e,
principalmente, pela cultura na qual estamos inseridos.
É exatamente neste contexto que a pessoa com deficiência visual
estava apenas inserida até o advento das novas tecnologias. Com o surgimento das
novas ferramentas tecnológicas, o universo da pessoa com
deficiência visual se expandiu e agora ela pode usufruir de vários instrumentos,
principalmente, os aplicativos interativos que lhe são destinados.
A midiatização dessas ferramentas tecnológicas contribuiu para um acréscimo
grandioso do acesso da pessoa com deficiência visual a ambientes
diferentes e revolucionando a forma desta comunicar como o mundo.
Junto com os sentidos primários, os subsentidos (a atenção, a memória, a
imaginação e as emoções) são conceitos e métodos da Psicologia
usados por Hugo Münsterberg (1991). Estes elementos são a base para
uma comunicação mais interativa para o deficiente visual. A pessoa com
deficiência visual usa exatamente estes sentidos para compensar a perda
da visão. É impressionante perceber que, fazendo uso destes sentidos, as
pessoas com deficiência visual desenvolvem as suas sensibilidades de uma
forma tão única, que conseguem escutar, sentir, cheirar, perceber o espaço
físico, com uma qualidade muito superior à de pessoas que enxergam
perfeitamente.
No documentário Janela da alma, o vereador Arnaldo Godoy relata
exatamente essa forma diferente de ver a “realidade” em uma breve conversa com o
motorista que o está a conduzir para o lugar da entrevista.
Arnaldo: Aí você vai virar a primeira à esquerda.
Motorista: Arnaldo como é que você sabe, assim, o caminho todo. Se você não está
vendo?
Arnaldo: A gente vai fazendo um mapa na cabeça. Eu fiz
uma maquete de Belo Horizonte.
Motorista: Vocês estão vendo, né. Eu tenho que ficar ligado
em outros referencias, como os sons.
Arnaldo: Descida, subida, gira, barulho de rua são os meus
sinais. Eu vou construindo essas referências nas ideias. (Jardim & Carvalho, 2001)
Arnaldo relata exatamente a forma como a pessoa com deficiência
visual se vai apropriando do espaço onde vive para poder enxergar de outra
forma, usando exatamente os conceitos e métodos de Psicologia desenvolvidos por
Hugo Münsterberg: a atenção, a memória, a imaginação e as
emoções.
O documentário cumpre bem a sua função de reforçar a ideia de
que a memória visual e toda a forma de percepção estão, impreterivelmente,
ligadas à emoção. O olhar é uma interpretação mediada pelos nossos
conceitos, nossos valores, nossa cultura, nosso meio. Assim, como nos
diz José Saramago, no documentário Janela da alma (2001): “se o Romeu
tivesse os olhos de um falcão não se apaixonaria por Julieta”. Ou, em outras
palavras, aquilo que enxergamos somente é um recorte relacionado
com a nossa experiência visual, vivência social e emocional. Já o professor
de literatura Paulo Cezar destaca a importância das nossas experiências
e diz, com bastante sensatez, que a realidade real não existe, é sempre
condicionada por um olhar, ou seja, quem enxerga o objeto são as nossas
experiências. O que Wim Wenders nos apresenta no documentário Janela
da alma (2001) é que os olhos nos dão apenas parte da visão: “vemos com
os ouvidos, com o cérebro, estômago e alma”.
Consideações finais
A ciência nos faz perceber a complexidade do mundo. A ciência é
a possibilidade do cálculo do mundo. O cálculo é uma expressão da luta
pela ordem, pelo controle e pela previsibilidade. O cálculo do mundo nos
dá uma representação, mas o que está “re-presentado” não é ele mesmo.
O cálculo do mundo se revela mais e mais complexo. O que é complexo,
torna-se dificilmente calculável, muitas vezes, não pode ser calculado. A
complexidade desorienta. A complexidade faz com que resultados de longo
prazo para entidades complexas, como o sistema de pesquisa e desenvolvimento ou
a tecnologia, não sejam passíveis de serem conhecidos. Isto,
porque as relações entre as ações e os seus resultados são não lineares;
as causas podem se transformar em efeitos e vice-versa. Dependendo das
condições iniciais, variações insignificantes podem ser amplificadas até
produzirem consequências surpreendentes.
Enxergar o mundo de uma outra forma, conhecer uma outra perspectiva e não ter
medo ou insegurança do novo apresentado pela tecnologia
digital; estar aberto a novas possibilidades, principalmente, à internet, que
é hoje uma extraordinária e importante ferramenta para que a pessoa com
deficiência visual possa se tornar cada vez mais independente, são outras
tantas condições para a emergência de novas formas de conectividade,
comunicabilidade e interatividade presentes nos media. Os impactos dos
media na vida da pessoa com deficiência visual podem ser infinitos, talvez
seja quase impossível compreender o seu todo em uma comunidade em
constantes modificações.
Atualmente, além das formas não técnicas citadas no decorrer do artigo –
atenção, memória, imaginação e emoções –, a pessoa com deficiência visual pode
contar com as formas técnicas que facilitam o acesso a uma
nova realidade. Realidade essa que lhe fornece uma liberdade e autonomia
para uma interação mediada com o mundo, nunca antes pensada. Liberdade talvez
seja a palavra correta para expressar o desejo que a pessoa com
deficiência visual sempre procurou. Com a liberdade, vem a autonomia de
poder ir para onde quer ir; de poder assistir um filme, navegar na internet,
ler (escutar) um jornal, um livro, ir às praças, ruas e avenidas com segurança e
sem a interferência de um terceiro.
Para a pessoa com deficiência visual ver o mundo sem precisar dos
olhos, sempre utilizou estratégias alternativas para poder se comunicar e
interagir com o mundo, como, por exemplo, por meio da atenção, memória,
imaginação, emoções, corpo, braille, e por meio também dos outros
sentidos. Agora, as novas tecnologias oferecem à pessoa com deficiência
visual novas maneiras e formas de agir, de interagir e de se comunicar com
o mundo de uma forma totalmente autónoma.
A partir das reflexões estabelecidas com as observações, entrevistas
e o documentário, foi possível perceber alguns pontos importantes no
desenvolvimento da pesquisa. No entanto, é quase impossível responder de
forma mais aprofundada a questão do impacto dos media nas pessoas com
deficiência visual, mesmo que estas constituam uma comunidade restrita,
na medida em que a investigação se encontra ainda em fase de desenvolvimento.
Diante do exposto, este artigo compreende apenas uma pequena
amostra de uma realidade bem mais complexa.
Por fim, a pergunta chave apresentada, no início deste trabalho, refere-se ao
modo como o uso cotidiano dos media afeta a pessoa com deficiência visual, cuja
resposta está longe de ser simples e completa, pois no decorrer da pesquisa
verificou-se que tanto os media, como a comunidade das
pessoas com deficiência visual, encontram-se em constante processo de
transformação, o qual se revela profundo e impacta direta e indiretamente
essa relação. Portanto, isso faz com que haja somente percepções da compreensão
de como a realidade se apresenta em um determinado momento.
Neste artigo, apresentou-se apenas reflexões acerca das discussões
iniciais da pesquisa de doutoramento sobre os possíveis impactos dos media na
vida da pessoa com deficiência visual. Uma primeira análise trata
da vida da pessoa com deficiência visual, como viver e compreender um
mundo cada vez mais visual; depois, a comunicação e interação com as
demais pessoas e com os media. Em um segundo momento, é possível
notar, a partir da pesquisa empírica, que o impacto provocado pelos media
pode afetar positiva ou negativamente os sentidos e, em seguida, a relação
com outros. O impacto nos sentidos se dá primeiro por resistência, ao não
se sentir capaz de aprender e compreender quaisquer fatos sem a visão;
seguido, pela entrega ou fechamento, quase natural, do desenvolvimento
e do aguçamento dos outros sentidos, a fim de compreender ou recusar as
novas possibilidades oferecidas pelos media. O impacto na relação com as
pessoas ocorre na medida em que a pessoa com deficiência visual se abre
ao mundo tecnológico, sem receio ou insegurança de se relacionar com o
outro, construindo, desse modo, novas possibilidades livres de preconceitos. A
entrega na relação acontece de forma gradativa, mas segura, seja por
meio das tecnologias ou de forma pessoal. O impacto positivo dos media
nos sentidos faz com que a pessoa com deficiência se sinta segura para
usá-los, enquanto que o impacto negativo, principalmente, o do isolamento, tão
presente na vida da pessoa com “visão”, que os media poderiam
provocar na vida das pessoas com deficiência visual, não foi perceptível
na pesquisa realizada. Nos relatos e compartilhamentos, os media foram
classificados não como um fim, mas como um meio para a comunicação e
interação pessoal, e não como uma forma de isolamento.
Esta pesquisa pode abarcar tão somente a ponta do iceberg para uma
infinidade de possibilidades e de impactos que os media trazem para facilitarem
o cotidiano e a relação comunicacional da pessoa com deficiência visual. É
compreensível que a importância da construção de uma nova realidade de
interatividade, transitividade e comunicabilidade com a sociedade
mediada pelas tecnologias digitais através dos sentidos seja um caminho
sem volta para a pessoa com deficiência visual, mas um caminho que leva
a novas possibilidades nunca antes imaginadas, por uma comunidade que
está sempre em busca de um elemento essencial para viver em comunhão
com um mundo cada vez mais efêmero, tecnológico e complexo.
FIM
Agradecimentos
| Este trabalho é apoiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação
para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UIDB/00736/2020.
Notas
1
Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, França, Canadá, Austrália e Japão,
produziram mais de 62%
dos artigos científicos publicados no ano de 2002. O Brasil contribuiu com
apenas 1,3% e a China
com 3,8% (retirado de www.mct.gov.br).
Referências
-
Asp, K. (1986) Mäktiga massmedier: studier I politisk opinionsbildning [Powerful
mass media: studies in political opinion-formation]. Stockholm:
Akademilitteratur.
-
Ferreira, J. (1998). A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia.
Petrópolis:
Editora Vozes.
-
Greimas, A. J. (2002). Da imperfeição. São Paulo: Hackers Editores.
-
Hjarvard, S. (2012). Midiatização: teorizando a mídia como agente de mudança
social e cultural. Matrizes, 5(2), 53-91.
-
Jardim, J. & Carvalho, W. (Realizadores). (2001). Janela da Alma [Documentário].
Brasil: Ravina.
-
Kneller, G. F. (1980). A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar.
-
Mattelart, A. (2002). História da sociedade da informação. São Paulo: Edições
Loyola.
-
Merleau-Ponty, M. (1994). Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins
Fontes.
-
Münsterberg, H. (1916). The photoplay: a psychological study. D. Appleton.
-
Münsterberg, H. (1991). A atenção, a memória e a imaginação. In I. Xavier (Ed.),
A experiência do cinema: antologia (pp. 25-45). Rio de Janeiro: Edições Graal.
-
Sacks, O. (2010). O olhar da mente. Editora Companhia das Letras.
-
Thompson, J. B. (1995). Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na
era dos
meios de comunicação de massa. Petrópolis: Editora Vozes.
ϟ
Gama, V. R., Rabot, J. M. & Martins, M. L. (2020).
O impacto dos media na vida
da pessoa com deficiência visual.
In Z. Pinto-Coelho; T. Ruão & S. Marinho (Eds.), Dinâmicas comunicativas e
transformações sociais.
Atas das VII Jornadas Doutorais em Comunicação & Estudos
Culturais (pp. 265-280). Braga: CECS.
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
(CECS), Universidade do Minho, Portugal
|