
Ability in Disability 3 - Zishaan
Akbar Latif, 2009/10
RESUMO. Este trabalho teve como objetivo analisar os obstáculos ou as
dificuldades enfrentadas por cegos na educação superior, propondo algumas estratégias que podem ser
empreendidas por gestores e professores para a superação desses obstáculos que dificultam a inclusão
daqueles. A pesquisa ancorou-se em uma abordagem de natureza qualitativa, assumindo a forma de estudos de casos,
nos quais, inicialmente, visou-se identificar quais eram os obstáculos enfrentados pelos
sujeitos que dela participaram:
oito pessoas cegas, cinco do sexo masculino e três do sexo feminino. Os dados foram coletados por meio de
entrevistas narrativas e trabalhados por intermédio do processo de análise textual discursiva. Os achados
mostraram a existência dos seguintes obstáculos, para os quais se propuseram possíveis estratégias de
superação: 1) concernentes a aspectos institucionais, tendo como estratégia o investimento no ingresso e na
permanência do aluno cego; 2) concernentes a relações com professores, tendo como estratégia a adoção de
posturas pedagógicas condizentes com a situação de inclusão do estudante cego na educação superior.
A necessidade de discutir a participação de estudantes com deficiência na
educação superior brasileira (Castro, 2011; Costas, 2014; Lorensi, 2014; Lavarda, 2014) e, particularmente, a inclusão de estudantes cegos
1 (Silva, 2013; Delpino, 2004; Caiado, 2003; Dias, Morais, Neto & Henrique, 2010; Masini & Bazon, 2005; Masini, Chagas & Covre, 2006; Mazzoni & Torres, 2005; Melo, 2011;
Soares, 2011; Vargas, 2006; Reis, Eufrásio & Bazon, 2010; Oliveira, 2007; Pereira, 2008; Silva & Tauchen, 2012; Raposo, 2006
2) supõe que esse processo não está completamente organizado nas instituições universitárias e que os docentes estão falhando em algum ponto de sua prática pedagógica.
Não obstante os marcos históricos e legais voltados para a inclusão, na educação superior, de pessoas com deficiências e/ou necessidades educacionais especiais (def/NEE)
3 e o crescimento de matrículas de estudantes com deficiência na educação superior (Brasil, 2013)
4, por que ainda é tão complicado, para um cego, cursar uma faculdade?
A discussão que segue não tem a intenção de buscar respostas para tal questionamento. Neste texto, pretende-se, objetivamente, analisar os obstáculos ou as dificuldades
enfrentadas por cegos na educação superior, propondo-se algumas estratégias que podem ser empreendidas por gestores e professores para a superação de tais obstáculos que dificultam a a inclusão daqueles. O debate acerca da inclusão de estudantes cegos na educação superior implica uma revisão da literatura voltada para alguns
aspectos relacionados ao objetivo deste trabalho, mais especificamente, para os obstáculos encontrados por esses sujeitos no decorrer da graduação. Os estudos, abordados
na sequência, identificaram alguns desses obstáculos com os quais esses alunos se defrontaram na educação superior.
Tais obstáculos foram classificados em dois grupos:
a) atitudinais, que dizem respeito à maneira discriminatória com que o aluno cego é visto e tratado por professores e colegas; à falta de interesse
em relação ao trabalho pedagógico, voltado ao estudante cego; e à insegurança na relação pessoal com o deficiente visual; e
b) arquitetônicos, ou seja,
relativos a barreiras físicas.
Grupo a):
obstáculos atitudinais - os resultados de pesquisas, apresentados por Delpino (2004),
Mazzoni e Torres (2005), Nuernberg (2009), Caiado (2003) e Masini e Bazon (2005), indicaram que um dos principais obstáculos atitudinais com os quais o estudante cego se defronta, ao entrar na
universidade, relaciona-se ‘à maneira discriminatória como ele é visto e tratado por muitos de seus professores e/ou colegas de sala de aula’. Para Mazzoni e Torres (2005), o escasso conhecimento
por parte de colegas e de professores sobre as necessidades específicas das pessoas com deficiência visual contribui para a formação de falsos conceitos e gera essas atitudes e crenças discriminatórias. Esse
conhecimento diminuto em relação a esses estudantes começa, justamente, pelas próprias especificidades que cada sujeito apresenta em função da visão: a deficiência visual pode-se apresentar
como cegueira (na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção ótica) ou baixa visão (acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
ótica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores), o que demanda tecnologias assistivas distintas (Brasil, 2004).
Segundo Nuernberg (2009), atitudes preconceituosas, provenientes de professores e alunos videntes, referem-se à negação de que seja possível um
aluno cego aprender corretamente os conteúdos científicos de determinada área para, posteriormente, exercer a profissão para o qual foi certificado; à crença
de que o cego é inseguro, fraco, dependente, indefeso, o que gera atitudes de superproteção por parte dos colegas ou professores (ou o contrário, a minimização
das dificuldades daquele, o que implica a não oferta de auxílio em diferentes situações); à crença em um ‘normalcentrismo’, ou seja, na ideia de que, para
exercer uma profissão, a pessoa deva estar em plenas condições físicas.
Barton (1998) afirma que a maneira de as pessoas se relacionarem com o deficiente (incluído o cego) é influenciada, basicamente, por dois fatores: suas
experiências passadas, referentes a esse tipo de relações, e a forma como definem (e encaram) a deficiência. Segundo o autor, os deficientes são alvo
de uma variedade de reações ofensivas, tais como espanto, horror, medo, ansiedade, hostilidade, desconfiança, lástima, exagerada proteção ou
paternalismo. Todas essas manifestações expressam as definições e os conceitos que determinados indivíduos possuem sobre os sujeitos cegos e podem
repercutir, de maneira discriminatória, na relação que estabelecem com tais sujeitos.
‘A falta de interesse de alguns docentes pelo trabalho pedagógico com o aluno cego’ também é
outro obstáculo atitudinal na educação superior. A pesquisa de Masini e Bazon (2005) apontou que a falta
de preparo e de interesse de alguns docentes, relativa ao ensino desse grupo de estudantes, na educação
superior, pode comprometer, decisivamente, a formação científica destes e, consequentemente, sua
futura participação no mundo do trabalho. Segundo Rodrigues (2004), muitas das dificuldades para a
obtenção de sucesso por parte do estudante com deficiência, na universidade situam-se no nível das
representações negativas que os docentes têm a respeito
da maneira como os alunos poderão atuar no campo
profissional após o término do curso superior.
Nuernberg (2009) indica que existe ‘insegurança
por parte de alguns professores acerca da maneira de
se relacionar com o aluno cego’. Essa insegurança é
traduzida, por exemplo, em fatos como estes:
professores não conversam com ele; não leem em
voz alta ou ditam o conteúdo, que é escrito na lousa,
no decorrer das aulas; não tentam desenvolver sua
sensibilidade, de modo a identificar as necessidades
do estudante cego. A pesquisa de Selau, Hammes e
Damiani (2015) também relata esse tipo de
comportamento, por parte de alguns professores de
estudantes cegos da educação superior, e entende
que a insegurança docente é um tipo de preconceito.
Os autores argumentam, ainda, que o tipo de
atuação docente, recém-descrito, viola direitos
humanos desses estudantes cegos:
[e]ntende-se que o princípio da valorização das
diferenças e das diversidades é, mais uma vez,
violado, bem como o princípio da igualdade de
direitos, este último expressando a necessidade de
condição de igualdade na orientação das relações
entre os seres humanos (Selau et al., 2015, p. 111).
Grupo b):
obstáculos arquitetônicos – muitas das
dificuldades encontradas pelos estudantes cegos no
ambiente universitário estão, também, ligadas à ‘falta
de adequação física destes espaços para aqueles que
possuem uma limitação sensorial’. Os ambientes
universitários privilegiam o acesso das pessoas que
têm a capacidade de ver quase ou totalmente intacta.
Os obstáculos arquitetônicos são representados por
barreiras físicas que impedem o deslocamento
seguro do aluno cego, pelas dependências da
instituição universitária. Os resultados das
investigações de Dias et al. (2010), Delpino (2004),
Mazzoni e Torres (2005) e Masini e Bazon (2005)
indicaram algumas dessas principais barreiras:
desníveis nas calçadas, objetos móveis e imóveis
deixados em locais inapropriados (bancos,
motocicletas etc.), desrespeito às faixas de pedestres
por motoristas de automóveis e ciclistas dentro do
campus etc.
Apresentada a revisão da literatura acerca dos
obstáculos enfrentados pelos cegos no curso da
educação superior, que dialogou com os dados desta
pesquisa, na sequência, apresentam-se os
procedimentos metodológicos que a guiaram, seus
achados bem como uma discussão a eles referente.
Por fim, são tecidas algumas considerações finais
sobre o tema.
Procedimentos metodológicos
Este estudo ancorou-se em uma abordagem de
natureza qualitativa, assumindo a forma de estudos
de casos (Bogdan & Biklen, 1994; Lüdke & André,
1986). Os participantes 5 foram oito sujeitos cegos,
cinco do sexo masculino (SM) e três do sexo
feminino (SF), assim descritos: sujeitos do sexo
masculino: SM1 – tem graduação em ciências sociais
jurídicas (1999), exerce a profissão de advogado e
reside em Pelotas/RS; SM2 – com graduação em
letras (1995), exercia (faleceu após a coleta de dados)
a profissão de professor e residia em Pelotas/RS;
SM3 – graduado em fisioterapia (1983) e letras
(1994), exerce a profissão de fisioterapeuta e reside
em Curitiba/PR; SM4 – formado em ciências da
computação (2006), é analista de suporte e reside em
Porto Alegre/RS; SM5 – graduado em fisioterapia
(1984), atua na profissão e reside em Porto
Alegre/RS; sujeitos do sexo feminino: SF1 –
licenciada em letras/inglês (2009), trabalha como
professora e mora em Porto Alegre/RS; SF2 –
licenciada em história (2005), atua como assistente
administrativo e reside em Porto Alegre/RS; SF3 –
formada em pedagogia (2011), é professora e reside
em Porto Alegre/RS.
Os critérios de seleção desses participantes foram
os seguintes: (1) ser cego; (2) ser egresso da
educação superior; (3) ter disponibilidade para
participar da pesquisa. Os sujeitos foram localizados
por meio da rede de colaboração dos pesquisadores.
Os dados foram coletados por meio de
entrevistas narrativas com os sujeitos. Essa
ferramenta metodológica foi considerada crucial para
este trabalho, uma vez que propiciou o mapeamento
e a compreensão das relações entre os atores sociais e
sua situação de vida (Bauer & Gaskell, 2002). Além
disso, a entrevista tem sido utilizada em diversas
pesquisas voltadas a sujeitos cegos, dentre elas: as de
Bazon (2009), Oliveira (2007), Raposo (2006),
Delpino (2004), Caiado (2003) e Oliveira (2003).
Os dados foram trabalhados por meio do
processo de análise textual discursiva, proposto por
Moraes (2003). Os achados foram organizados em
duas grandes categorias, descritas na sequência.
Achados e discussão
Os achados mostraram a existência de outros
obstáculos para os sujeitos desta pesquisa, diferentes
daqueles discutidos na introdução (obstáculos
atitudinais; obstáculos arquitetônicos), relativos à
inclusão dos cegos no ensino superior. Esses
obstáculos, divididos em subcategorias, foram
tratados e discutidos em interlocução com possíveis
estratégias para sua superação, que poderiam ser
adotadas, na universidade, por gestores e professores.
Para cada obstáculo ou dificuldade, tomados em
forma geral, foi pensada uma estratégia geral. As
categorias que definem dificuldades e estratégias são:
1) dificuldades concernentes a aspectos
institucionais.
Estratégia: investimento no ingresso e
na permanência do aluno cego;
2) dificuldades
concernentes a relações com professores.
Estratégia:
posturas pedagógicas condizentes com a situação de
inclusão do estudante cego.
Categoria 1) dificuldades concernentes a aspectos
institucionais. Estratégia: investimento no ingresso e na
permanência do aluno cego
Subcategoria 1.1 – dificuldades no processo de ingresso.
Estratégia: constante avaliação dessa ação
Quando entrevistados, os sujeitos da pesquisa
indicaram que os problemas relativos à inclusão do
cego na educação superior começam antes mesmo
do início das aulas, ou seja, no exame de seleção
(vestibular ou Exame Nacional do Ensino Médio -
Enem). Dentre as dificuldades apontadas, foram
destacadas: a falta do material em braille, a realização
de provas orais com a presença do ledor 6, dentre
outras. Quanto a esta última dificuldade, foi
expresso o seguinte, por um dos sujeitos da
pesquisa:
Já o vestibular foi um problema: havia um ledor para
eu fazer a prova. Eu não gosto de fazer as provas
orais. Há muitos mitos a respeito dos cegos, dentre
os quais, o mito (o qual discordo veementemente,
até mesmo porque eu não tenho esse dote, esse dom,
ou não sei como pode ser chamado) de ter facilidade
de memória [...] De ter audição muito desenvolvida
etc. Eu não tenho nada disso e nem quero ter. Eu
não sou nenhum ser fantástico. Eu tenho muitas
limitações (SF1).
A estratégia proposta para o enfrentamento dessa
dificuldade refere-se à necessidade de o cego realizar
o exame vestibular ou o Enem em condições de
equidade com os demais concorrentes. Para que isso
se concretize, será necessária uma reestruturação do
processo de ingresso. Para que tal processo
contemple as condições de equidade, acredita-se que
a estratégia deveria envolver duas ações por parte dos
gestores da instituição de ensino superior: primeira,
procurar o candidato cego para um diálogo referente
à elaboração e aplicação da prova, em tempo hábil.
Essa conversa se refere aos instrumentos que
poderiam ser disponibilizados ao candidato, ao
formato da prova bem como ao tempo que seria
disponibilizado para que o cego a realizasse (Brasil,
1999) 7. A segunda refere-se à necessidade de uma
constante avaliação dos métodos de seleção de
pessoas com deficiência visual, especialmente com
relação à aplicação da prova por ledores, modelo de
adaptação que gerou diferentes críticas, tal como se
observa em outro trecho do depoimento de SF1:
“[...] e por isso eu não gostei muito já do vestibular:
eu fiquei nervosa, ter que fazer uma redação ditada,
com ledores despreparados”. Uma capacitação dos
ledores, se a ajuda destes for opção dos candidatos,
durante a realização do processo de seleção, é algo
que parece ser necessário.
Subcategoria 1.2 – ‘invisibilidade’ dos alunos cegos.
Estratégia: identificação desses alunos na instituição
A permanência do estudante cego implica a
adoção de diferentes propostas que lhe oportunizem
a realização da educação superior com boa qualidade.
Estratégias de permanência começam com o
reconhecimento da presença desse aluno na
universidade. Os sujeitos SM4 e SF2, por exemplo,
relataram que muitas das dificuldades que sentiram
poderiam ser diminuídas se a instituição
universitária tivesse total conhecimento da sua
presença em suas instalações. Alegam que, muitas
vezes, sentiam-se ‘quase como invisíveis’ (SF2), dada
a falta de atendimento necessário.
Identificar a presença dos alunos cegos que estão
matriculados na universidade é uma iniciativa
necessária para que uma instituição universitária os
possa incluir. Barbosa e Fumes (2010) destacam que
o gestor e/ou coordenador de curso exercem papel
fundamental na estrutura das instituições de ensino
superior e nos projetos de inclusão dos cursos aos
quais estão ligados. Os autores apontam que, nesse
processo de identificação, cabe a esses gestores a tarefa de fazer contato com
os alunos e buscar
conhecimento sobre as suas necessidades específicas,
uma vez que cada aluno é único em suas capacidades
e dificuldades.
Lavarda (2014) investigou as ações voltadas à
permanência de estudantes com deficiência (cegos aí
incluídos) na Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), entrevistando os coordenadores de cursos
presenciais de graduação. O autor concluiu que há
problemas na forma como esses coordenadores são
informados pela instituição sobre a presença de
alunos def/NEE em seus cursos. Assim, sugere que a
instituição pense e elabore, com o seu Núcleo de
Acessibilidade, um instrumento padrão de
informação aos coordenadores de curso, voltado a
identificar os alunos ingressos pela Ação Afirmativa
‘B’ 8. Tal instrumento deve prever alternativas de
acolhimento e permanência de alunos com NEE.
Subcategoria 1.3 – falta de recursos específicos.
Estratégia: aquisição de instrumental tecnológico e
material adaptado
A permanência do cego está ligada, também, à
possibilidade de realizar todo o curso dispondo dos
recursos tecnológicos e material adaptado – na sala
de aula e em salas de recursos, tal como sugerem
SF1, SF2 e SF3 – condizentes com a sua realidade
perceptiva (Oka & Nassif, 2010; Raposo, 2006;
Mortimer, 2010; Nuernberg, 2009; Masini et al.,
2006). Todos os participantes ressaltaram a ausência
de diferentes recursos de acessibilidade para cegos
durante a realização de seu curso superior, o que
representou um problema. O relato da participante
SF3 ilustra esse fato: “A minha expectativa era
grande porque a universidade era, para mim, um
sonho. Mas aí começaram os empecilhos: a primeira
disciplina que eu tive em 2006 foi Comunicação e
Expressão. Sabe quando chegou o livro em braille?
Em 2008”. Segundo SF3, instrumentos tecnológicos
e material adaptado não representam nenhum tipo
de ‘luxo’; são elementos básicos em uma
universidade “[...] recursos físicos, tudo o que se
relaciona à acessibilidade, material impresso em
braille, computadores etc., isso tudo é básico” (SF3).
A tecnologia de suporte e a adaptação de
materiais devem ser pensadas pelos gestores da
universidade antes de o aluno começar as aulas, uma
vez que é dever da instituição munir o estudante
com tais equipamentos. A portaria nº 3.284 (Brasil,
2003), por exemplo, exige alguns requisitos de
acessibilidade para instruir os processos de
autorização e reconhecimento de cursos e credenciamento de instituições. Para
deficientes
visuais, essa portaria estabelece a necessidade de se
manter uma sala de apoio com equipamentos braille,
computador com sistema de síntese de voz bem
como “[...] gravador e fotocopiadora que amplie
textos, software de ampliação de tela, equipamento
para ampliação de textos para atendimento a aluno
com visão subnormal, lupas, réguas de leitura,
scanner acoplado a computador”. A portaria ainda
cita a obrigação de a instituição adotar um “[...]
plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico
em braile (sic) e de fitas sonoras para uso didático”.
Também, o Instrumento de Avaliação de Cursos de
Graduação - presencial e a distância (Brasil, 2015) -
cria uma série de requisitos de acessibilidade para
pessoas com deficiência.
Raposo (2006) identificou que as tecnologias
disponibilizadas para os estudantes cegos
participantes da educação superior facilitam a
aprendizagem destes. De acordo com a
pesquisadora, a utilização de recursos tecnológicos
favorece a independência dos estudantes e se mostra
como meio de acesso rápido à informação. Hurst
(1998) chama a atenção para a importância de que,
aos universitários cegos, seja disponibilizado o
material teórico no formato que desejarem. Segundo
o autor, alguns estudantes farão opção pelo material
impresso em braille, outros optarão por material
previamente gravado, ou mesmo digitalizado.
Subcategoria 1.4 – falta de apoio nos diferentes
ambientes fora da sala de aula. Estratégia: reorganização
da biblioteca e das equipes de apoio
Diferentes dificuldades podem ser encontradas
pelos estudantes cegos também em vários espaços,
na universidade, fora da sala de aula. Entre esses
espaços destacam-se as bibliotecas e secretarias. SF1
narrou um fato referente à sua dificuldade de acessar
o material na biblioteca de sua universidade:
Os colegas podiam chegar à biblioteca, olhar e
folhear os livros, olhar as imagens. Perfeito: eu não
tinha esse recurso, não tinha livros disponíveis que
eu pudesse ler e eu não tinha o que fazer. E isso é
uma pobreza na educação, no acesso à informação.
Eu acho que é importante, que ajudaria muito os
cegos aproveitar todos os recursos (SF1).
O depoimento mostra a enorme barreira que um
estudante com deficiência visual pode encontrar
quando necessita acessar o acervo de uma biblioteca
universitária. Nuernberg (2009), Raposo (2006) e
Masini et al. (2006) destacam que importante auxílio
logístico pode ser dado ao cego pelas equipes de
apoio na universidade (tais como aquelas ligadas à
biblioteca ou às salas de recursos). Os pesquisadores
argumentam que o auxílio desses serviços é fundamental para a consolidação das
ações do
programa de promoção da acessibilidade e apoio para
o desenvolvimento do trabalho docente em sala de
aula. Masini et al. (2006) apontam, ainda, que um
ambiente que possa oferecer serviço de apoio (como
transcrição dos materiais em braille etc.) é
fundamental para o processo de inclusão na
educação superior, pois boa parte dos professores
não conhece o sistema braille ou o funcionamento
do instrumental tecnológico específico, tal como
impressoras braille.
Subcategoria 1.5 – falta de cuidado com o aprendizado
dos conceitos científicos. Estratégia: leitura do perfil do
profissional do egresso no projeto pedagógico do curso
Os sujeitos destacaram que dificuldades foram
encontradas pelo fato de alguns professores não
acreditarem na capacidade de aprendizagem dos
estudantes cegos. Essa descrença foi considerada,
pelos participantes, um elemento que influenciou
sua formação, já que, ao não crer na possibilidade de
aprendizagem do sujeito, o professor não elabora
estratégias de ensino adequadas a tal aprendizagem.
A participante SF3 fez o seguinte relato: “Eu fui
lá para aprender a ser professora, mas não parecia o
que ela queria para mim [...]”. Sua narrativa destaca,
basicamente, dois aspectos: o primeiro é o seu
interesse em aprender os conteúdos que se
constituem em pré-requisitos para ser professora –
mostrando sua consciência acerca dos
conhecimentos científicos necessários para exercer,
com boa qualidade, a profissão que escolheu; o
segundo é a descrença de sua professora quanto à
concretização de tal aprendizagem pela estudante.
O cuidado com a permanência do cego na
instituição de ensino superior inclui a elaboração de
um projeto pedagógico (em cada curso) que esteja
voltado para o aprendizado dos conhecimentos
científicos por todos os estudantes. É da alçada da
universidade a tarefa de acompanhar as situações
pedagógicas que fundamentam os mais diferentes
cursos, na tentativa de proporcionar aos alunos um
ambiente adequado para a aprendizagem. Assim,
crê-se que as ações que poderiam ser colocadas em
movimento, para o desenvolvimento de um projeto
pedagógico voltado para o aprendizado dos
conhecimentos científicos, pelos cegos, deveriam ser
levadas a cabo em dois níveis: (1) o do projeto
pedagógico do curso; (2) o das situações pedagógicas
na sala de aula (que será abordado no decorrer da
categoria 2).
O ponto central do projeto pedagógico de um
curso superior, para o qual os docentes se devem
voltar, para pensar e elaborar estratégias que
facilitem o aprendizado do aluno cego, é o ‘perfil do profissional egresso’ (1).
Esse perfil deve indicar
uma consistente formação com articulação entre
teoria e prática, ao longo do curso, com o intuito de
habilitar o futuro profissional para o trabalho. Os
professores e gestores do curso devem seguir esse
projeto e estar cientes do perfil do egresso para
poder auxiliar o aluno, seja ele cego ou não, a tornarse
apto para a atuação profissional. As adaptações do
material pedagógico, do equipamento tecnológico,
dos recursos físicos, da comunicação devem ser
buscadas pelos gestores institucionais e
proporcionadas pelos professores, para mediar o
aprendizado dos conteúdos científicos por parte de
todos os estudantes.
Chahini e Silva (2009, p. 1) ressaltam que a
inclusão na educação superior não representa
concessão de privilégios para os estudantes com
deficiência, mas a promoção da equiparação de
oportunidades, para que todas as pessoas sejam “[...]
incluídas na sociedade como cidadãs plenas de
direitos para o desenvolvimento de suas
potencialidades”. Guimarães e Aragão (2010, p. 2)
chamam a atenção para a necessidade de essas
instituições realizarem adaptações para atuar frente à
diversidade dos alunos, garantindo o acesso, a
permanência e, fundamentalmente, a aprendizagem
de todos. As autoras citam que “[...] o ingresso das
pessoas com deficiência, por si só, não caracteriza a
sua inclusão no ambiente acadêmico e social, bem
como que estes consigam chegar à terminalidade de
seus estudos”.
As situações pedagógicas na sala de aula (2) serão
abordadas na sequência, quando se apresenta a
categoria 2.
Categoria 2) dificuldades concernentes a relações com os
professores.
Estratégia: posturas pedagógicas
condizentes com a situação de inclusão do estudante
cego
Nas entrevistas dos cegos egressos da educação
superior, observou-se, de maneira geral, que eles
ansiavam por expor suas opiniões a respeito da
atuação dos professores. Foram relatados, em vista
disso, diferentes tipos de obstáculos na relação do
estudante com o professor. SM1, por exemplo,
disse: “[...] encontrei dificuldades com os
professores. Ah! Aí tu encontras diversos tipos de
dificuldades”.
Quando o professor tem, entre seus alunos, um
cego, necessita adotar algumas estratégias
pedagógicas condizentes para a superação dos
obstáculos que possam existir. Muitas dessas
posturas são diferentes daquelas que adotaria se
houvesse, na sala de aula, somente alunos videntes.
A didática adotada pelo docente deve estar em harmonia com a incapacidade visual
do aluno e, ao
mesmo tempo, envolver todos os demais estudantes.
Com base na análise realizada, sugerem-se algumas
posturas pedagógicas como estratégias:
1ª: a preparação pedagógica para o atendimento a
alunos cegos e videntes, coletivamente, começa pela
reflexão sobre as concepções que se tem a respeito da
cegueira (Barton, 1998; Delpino, 2004; Mazzoni e
Torres, 2005; Nuernberg, 2009; Caiado, 2003;
Masini e Bazon, 2005). Segundo SM3, as
concepções que determinados professores têm em
relação ao cego, muitas vezes, interferem no
processo de ensino:
Uma das piores situações que o professor pode
provocar para o aluno que não enxerga é,
justamente, não provocar nenhuma situação de
ensino, ‘passar a mão por cima’, ter pena do aluno,
não exigir dele o mesmo que exige dos demais,
atribuir-lhe a maior nota sem merecimento, seja por
comodismo, seja por pena que se tenha do cego
(SM3, grifo do autor).
Realizar estudos sobre a temática pode favorecer,
ao educador, melhor entendimento de seu aluno
cego e auxiliá-lo a abandonar possíveis mitos ligados
aos deficientes visuais, o que pode repercutir no
planejamento de suas ações didáticas.
2ª: dialogar com o aluno cego sobre as possíveis
formas de estabelecer a relação professor-conteúdoaluno,
previamente ao ensino dos conteúdos (Bazon,
2009; Dias et al., 2010; Barton, 1998; Masini e
Bazon, 2005; Nuernberg, 2009). Esse diálogo pode
ser fundamental como potencializador da
compreensão dos conceitos científicos que serão
trabalhados em aula, na medida em que o professor
se ‘abrir’ ante as expectativas do seu aluno, relativas
ao formato da apresentação desses conceitos.
3ª: alargar o prazo de entrega de trabalhos. A
atividade do professor, em sala de aula em que há
um estudante com cegueira, também envolve
planejamento, para que esse estudante tenha um
tempo maior para entregar os seus trabalhos. Essa
sugestão está prevista pelo decreto n.º 3.298/1999,
art. 27 (Brasil, 1999).
4ª: mediar a relação do cego com os demais
estudantes, oportunizando a realização de trabalhos
em grupo (Vygotski, 1997; Selau, 2013). Esse tipo de
atividade implica diferentes ganhos para todos os
alunos: faz com que eles se relacionem entre si;
promove debates, consolidando os conhecimentos
internalizados e favorecendo a ocorrência de boas
aprendizagens (Vigotski, 1998). Há um efeito
recíproco entre trabalhar em grupo e relacionar-se
bem com os pares (Selau, 2013).
5ª: elaborar avaliações em formatos condizentes
com as possibilidades do cego (Oliveira, 2003;
Masini e Bazon, 2005; Caiado, 2003) é de vital
importância. Além de se pensar no modelo de
instrumento (se no formato braille, no computador
etc.), deve ser disponibilizado um tempo maior para
que o sujeito possa realizar a prova, já que ele poderá
demorar mais na leitura e escrita, dependendo do
instrumento que estiver utilizando (computador,
braille etc.).
6ª: incentivar o aluno cego a concluir a educação
superior, alertando-o sobre a importância dessa
conclusão para o seu futuro profissional e pessoal. O
incentivo do professor pode gerar no estudante a
conscientização sobre essa importância, já que a
palavra, nas interações sociais, pode despertar a
conscientização da necessidade, gerando a vontade
de sua realização (Vygotski, 1995; Selau, 2013).
Considerações finais
Destaca-se, por fim, que as propostas de
estratégias para a superação das barreiras e inclusão
de cegos nas universidades brasileiras, apresentadas
neste trabalho, devem estar amarradas à necessidade
de uma definição sobre as políticas de acessibilidade
e inclusão educacional desse grupo de alunos. Essas
políticas devem ir além do programa Incluir, do
Ministério da Educação (MEC), devem ser
desenvolvidas, por cada universidade, políticas
institucionais de educação inclusiva, com metas e
características próprias, que proponham articular
toda a comunidade acadêmica, firmando um
compromisso com a proposta inclusiva e, de fato,
pensando e repensando suas ações nesse âmbito.
A presença dos obstáculos, recém-descritos, é
uma evidência de que a permanência do cego na
educação superior é complicada por influência de
professores e/ou gestores. As pesquisas de Vargas
(2006) e Masini e Bazon (2005), todavia, indicaram
que não são somente os atores citados aqueles que
podem oferecer resistência à inclusão do cego: os
próprios estudantes cegos podem desencadear
situações que implicam dificuldades para a realização
de seus estudos. Vargas (2006) relata que os
estudantes cegos que frequentavam uma disciplina
que ministrava, também participantes de sua
pesquisa, manifestaram sua insatisfação por terem
que constituir grupos de estudo com alunos de outra
turma que não a sua. Masini e Bazon (2005)
apontaram que determinadas atitudes e certos
comportamentos, tais como não gostar de estudar,
insegurança, afinidade apenas com pessoas com
deficiência visual, problemas em aceitar a deficiência
e com a comunicação social, implicam aumento na dificuldade de realização da
educação superior por
esses estudantes.
Provavelmente, por esses motivos, todos os
participantes desta pesquisa consideraram que a
inclusão do cego nas instituições de ensino superior
também depende do próprio sujeito. Assim,
declararam que o estudante cego precisa ter iniciativa
para estudar em uma universidade. Para os sujeitos,
isso significa realizar diferentes ações que possam ser
úteis para o cumprimento das atividades do
cotidiano, tais como aperfeiçoar a comunicação com
os demais; cobrar da universidade a provisão de
estrutura adequada para a sua participação na
educação superior; estudar, sozinho ou em grupos
de colegas, para além do horário das aulas.
Não se espera, por um lado, que as sugestões,
anteriormente descritas, sirvam como um
receituário, como se fossem as únicas estratégias para
a implementação da proposta de inclusão de alunos
cegos na universidade: elas se referem aos
posicionamentos que emergiram das análises da
expressão dos entrevistados e da revisão teórica.
Outras atitudes a serem tomadas pelos professores,
que visem facilitar a inclusão e o aprendizado desses
estudantes no ambiente universitário, poderão ser
pensadas. Considera-se que a exposição dessas
sugestões, todavia, é de grande relevância para
colaborar com o estabelecimento de estratégias de
inclusão dos cegos no ensino superior, uma vez que
elas servem para divulgar a opinião de deficientes
visuais que passaram por essa etapa da escolarização,
concluindo-a.
Agradecimento
Os autores agradecem ao Dr. Adriano Henrique
Nuernberg (professor do Programa de Pósgraduação
em Psicologia da Universidade Federal de
Santa Catarina), por sua leitura atenta, comentários e
sugestões para melhorar a qualidade do trabalho.
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atendimento às pessoas que especifica, e nº 10.098, de
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e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário
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NOTAS
1 O termo cego, utilizado neste estudo, está de acordo com o exposto pela legislação brasileira (Brasil, 2004).
2 Para citar apenas alguns estudos.
3 Diferentes conceitos não são sinônimos do exposto, tal como apresentado na
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva:
“[...] a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação” (Brasil, 2008, p. 14; Costas &
Tambara, 2013).
4 As matrículas de estudantes com deficiência passaram de 5.078 no ano de
2003 para 29.034, em 2013, o que indica um crescimento de 572% neste
período (Ciantelli, 2015).
5 Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
6 Pessoa que, à época, foi designada pela instituição para ler cada uma das
questões, com as alternativas de resposta, bem como para anotar a dada pelo
candidato cego.
7 De acordo com o Decreto nº 3.298 (BRASIL, 1999), que regulamenta o
processo seletivo para ingresso em cursos de instituições de ensino superior,
estas devem oferecer adaptações e tempo adicional para a realização de provas
e apoios, quando solicitados pelo candidato.
8 Refere-se a cotas para def/NEE. Na UFSM, todos os cursos devem destinar 5% de
suas vagas a pessoas com def/NEE.
AUTORES:
Bento Selau da Silva Júnior: Graduação em Educação Física pelo Centro
Universitário Metodista IPA (1999), mestrado
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2005) e
doutorado em Educação pela
Universidade Federal de Pelotas (2013). Atualmente é professor da Universidade
Federal do Pampa, atuando no Curso de
Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Tem experiência na área da
Psicologia da Educação, com ênfase
em defectologia de Vygotski.
E-mail: bentoselau@gmail.com
http://orcid.org/0000-0002-5792-0284
Magda Floriana Damiani: Bacharel em Psicologia pela Universidade Católica de
Pelotas (RS), Mestre em Psicologia
Educacional e Doutora em Educação pela Universidade de Londres (Inglaterra),
realizou estágio pós-doutoral na
Universidade de Siegen (Alemanha). Professora Titular aposentada da Faculdade de
Educação da Universidade Federal se
Pelotas (RS), tendo atuado principalmente no Curso de Pedagogia e no Programa de
Pós-graduação em Educação /
Mestrado e Doutorado. Foi bolsista de produtividade do CNPq.
E-mail: flodamiani@gmail.com
http://orcid.org/0000-0003-3904-8856
Fabiane Adela Tonetto Costas: Pedagoga - Hab Séries Iniciais e Mat. Pedagógicas
pela Universidade Federal de Santa
Maria (1990). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria
(1996). Doutora em Educação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003). Pós-Doutorado pela
Universidade do Minho, Portugal(2014).
Atualmente é Professora Associada do Departamento de Fundamentos da Educação,
Professora do Programa de Pós-
Graduação em Educação - PPGE da UFSM, na Linha de Pesquisa em Educação Especial.
Membro do Conselho
Consultivo da Revista Educação Especial (UFSM). Pesquisa e realiza estudos na
área de Educação, com ênfase em
Educação Especial e Psicopedagogia, atuando principalmente nos seguintes temas:
Educação Especial, Psicologia da
Educação, Formação de Conceitos, Jogo e Formação de Professores.Coordena o Grupo
de Estudos e Pesquisas em
Psicologia da Educação e Educação Inclusiva -GEPEIN
E-mail: fabicostas@gmail.com
http://orcid.org/0000-0003-3698-2782
in Acta Scientiarum.
Education Maringá, v. 39, n. 4, p. 431-440,
Oct.-Dec., 2017
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