Anny Marquito |
Danielle Czmyr |
Giselle Silveira | Letícia de Oliveira
Rapazes albinos cegos - Escola para cegos em
Bengala, Índia - foto Brent Stirton, 2013
INTRODUÇÃO
Este manual objetiva oferecer informações para docentes, sobre o albinismo: como
devem ser tratadas as pessoas que possuem esta condição de natureza genética,
conceituando-a e descrevendo-a em seus aspectos biológicos, sociais e emocionais
afim de proporcionar instruções aos professores, e também a interessados da
comunidade escolar, para a compreensão dos limites biológicos que possuem a
pessoa com albinismo difundindo e aplicando tal conhecimento nas relações
escolares.
Abordamos também a questão do preconceito existente às pessoas albinas. A escola
infelizmente acaba sendo o principal agente de discriminação. Portanto antes de
se fazer qualquer observação sobre a pessoa com albinismo, é importante saber do
que se trata.
ASPECTOS BIOLÓGICOS
O albinismo é a incapacidade que alguns indivíduos têm de produzir a substancia
melanina, que desempenha um importante papel, pois ela forma uma barreira
natural contra as radiações solares, sendo responsável pelo pigmento que da cor
a pele, olhos e pêlos, como também pela proteção da pele.
O albinismo afeta os nervos ópticos, que ligam os olhos ao cérebro.
Conseqüentemente, praticamente todos os nervos ópticos se cruzam. As imagens
vistas pelos olhos nunca se combinam. O cérebro se adapta rapidamente, deixando
uma única imagem, mas há alguns problemas para enxergar em profundidade. Além do
nistagmo, alguns albinos apresentam estrabismo, em que um olho parece se mover
independentemente do outro; alguns também apresentam hipermetropia,
astigmatismo, miopia, transiluminação da íris, nestagismo; Os casos mais
freqüentes são de fotofobia e baixa visão.
CAUSAS
As causas do Albinismo variam de caso para caso, assim como a intensidade dos
seus efeitos. Geralmente o Albinismo é causado por falhas ao acaso (aleatórias)
ou herdadas em um ou mais genes que regulam a produção de melanina. Uma pessoa
pode ser portadora do gene que causa a doença e não ser albina. Contudo, na
fecundação, se os dois genes que contem a mutação se juntarem, as células do
bebê em formação não são programadas para produzirem melanina, ou seja, duas
pessoas com o gene da doença, mas não sendo albinos, poderão eventualmente ter
filhos albinos.
TIPOS
Albinismo óculo-cutâneo: Essas pessoas apresentam a pele e os pêlos de cores
branca, e olhos de tom rosado. Sofrem de transtornos visuais, fotofobia,
movimento involuntário dos olhos ou estrabismo e, em casos mais severos, podem
chegar à cegueira. A exposição ao sol não produz o bronzeamento, além de causar
queimaduras de graus variados.
Albinismo Ocular: Nessas pessoas, somente os olhos são afetados; a cor da íris
pode variar de azul a verde e, em alguns casos, castanho-claro, cuja a detecção
se dá mediante exame oftalmológico.
Tratamento: Até hoje, não existe nenhuma maneira de adicionar a melanina em
pessoas albinas, ou de forçar o corpo a produzi-la. Porém existem disponíveis
tratamentos para as possíveis complicações decorrentes do albinismo; o
tratamento precoce com oftalmologistas pode melhorar a visão.
A CRIANÇA COM ALBINISMO EM SALA DE AULA.
• Quais são os efeitos do albinismo
na visão do meu aluno?
O albinismo pode causar perda parcial de visão. Esses problemas podem ser
amenizados com ajuda médica especializada, o que pode ajudar no aprendizado
dessas crianças. Os óculos normais e as lupas podem proporcionar uma boa
melhoria. O grau de deficiência visual das crianças com albinismo varia muito. A
visão da criança também pode variar conforme a luz do sol e a luz artificial. A
maneira como cada criança convive com sua deficiência é muito particular e cada
caso deve ser avaliado individualmente.
• Um estudante com albinismo pode freqüentar uma sala de aula normal?
Sim, a maioria dos estudantes com albinismo podem participar de aulas normais
com uma ajuda apropriada.
• Que modificações necessito fazer em minha sala de aula para ajudar meu aluno?
-
A mudança da carteira da criança para a primeira fila, de modo que ela
tenha uma visão melhor do quadro negro.
-
Garantir que a carteira do aluno fique em uma posição que evite luzes fortes
ou reflexo das janelas.
-
Aumentar o tamanho das letras de provas e apostilas.
-
As folhas devem possuir linhas muito escuras e mais espaço entre elas para
facilitar a escrita dos alunos.
• Que mudanças posso fazer nas provas?
- Amplie as letras da prova,
- Leia a prova para o estudante,
- Permita que o aluno consulte os livros,
- Permita o uso de uma lupa,
- Aumente o limite de tempo da prova.
• Que adaptações um aluno com albinismo precisa para a Educação Física?.
Os professores precisam encontrar maneiras de incluir os alunos com baixa visão
em todas as atividades e evitar que se sintam excluídos. O sol é o maior inimigo
do aluno, tanto para os olhos como para a pele e precisa ser evitado ao máximo
possível. A melhor solução é a prática de atividades em ginásios e piscinas
cobertos.
É necessário que as escolas estejam prontas para discutir o assunto e integrar
os alunos com albinismo, que frequentemente são vitimas de bullying. O professor
irá se deparar com situações de comentários maldosos e apelidos que são o
resultado de falta de informação sobre o assunto. Quando o professor esclarece
para seus alunos sobre as características das pessoas albinas, estes deixam de
ser ofensivos e podem tornar-se úteis aos colegas albinos. O objetivo é
desenvolver nas crianças uma atitude positiva e de aceitação quanto as
diferenças dos outros. Os alunos com albinismo, como as outras crianças, não
querem parecer “diferentes”, muito menos evitadas.
PROFESSOR, FIQUE ATENTO!
As vezes, o aluno albino pode não reagir a comunicações visuais ou sinais a
certa distancia, isso se dá, provavelmente, porque ele não pode vê-lo! Pode ser
difícil para estas crianças reconhecer expressões faciais e gestos com as mãos.
Use sugestões verbais e físicas.
A fotofobia: As crianças com albinismo geralmente possuem fotofobia, uma extrema
sensibilidade à claridade.
MITOS SOBRE O ALBINISMO.
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O albinismo não é contagioso – É uma condição hereditária transmitida por genes.
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Os albinos não enxergam melhor à noite – como não há pigmentação nos olhos, às
vezes à noite com menos luz é mais confortável, pois os albinos sofrem com a
fotofobia.
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O albinismo não afeta a capacidade mental e cognitiva do individuo.
-
Os albinos não têm olhos vermelhos – o que ocorre é que sob certas luzes os
olhos ficam vermelhos.
Algumas curiosidades:
O albinismo não é uma exclusividade dos humanos, e pode acontecer em animais e
plantas.
Os tecidos internos de uma pessoa albina são brancos, até mesmo o cérebro e a
espinha dorsal são totalmente brancos; enquanto que nas pessoas que não possuem
o albinismo são escuros.
Qual a diferença entre albinismo e vitiligo?
O albinismo é a incapacidade do corpo de produzir melanina, essa substância não
pode ser reposta no organismo, é hereditário; enquanto que o vitiligo é uma
doença não contagiosa em que ocorre a perda da pigmentação natural da pele. Essa
despigmentação ocorre geralmente em forma de manchas brancas de diversos
tamanhos, os locais atingidos se tornam extremamente sensíveis a luz do sol,
sendo necessário assim como no caso do albinismo a utilização de protetor solar.
Preconceito:
O maior problema enfrentado pelas pessoas albinas é o preconceito. E isso
acontece principalmente no ambiente escolar. Muitas pessoas se referem aos
albinos com apelidos maldosos, pois essas pessoas podem ter aparências que levem
outras a caçoarem delas, é importante que o professor trate a criança albina
como outra criança qualquer. .
O objetivo é desenvolver nas crianças uma atitude positiva e de aceitação quanto
às diferenças dos outros. É importante a inclusão desses alunos em todas as
áreas do currículo escolar de modo que todos os alunos participem de todas as
atividades, dentre elas: arte, música, educação física, etc.
O professor de educação física deve ter um cuidado especial com os alunos
albinos, pois esses não devem se expor aos raios solares devendo estar sempre
protegido com protetor solar, boné e óculos escuros.
QUIZZ
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1- Qual a principal característica de pessoas albinas?
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a) Problemas no sistema imunológico;
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b) Dificuldade de produzir melanina no corpo;
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c) Problemas cardíacos.
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Resposta: 1 – b. A principal característica do albinismo é a baixa produção do pigmento melanina, que dá cor aos olhos, à pele e ao cabelo.
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2 - Qual destas noções em relação ao albinismo tem algum fundamento?
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a) Albinos podem ter filhos albinos;
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b) Albinos podem curar doenças;
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c) Albinos são frutos de incesto. .
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Resposta: 2 – a. Como o albinismo pode ter origem genética, é possível, sim, que
albinos tenham filhos albinos. Porém, não é sempre que isso acontece.
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3 - Quantas pessoas no mundo têm algum tipo de albinismo?
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a) Uma em cada 17 mil;
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b) Uma em cada 25 mil;
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c) Uma em cada 50 mil.
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Resposta: 3 – a. O albinismo é relativamente raro. Uma em cada 17 mil pessoas no mundo apresenta uma de suas formas.
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4 - Qual desses esportes não é recomendado para pessoas albinas?
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a) Futebol;
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b) Atletismo;
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c) Tênis.
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Resposta: 4 – c. O tênis não é recomendado para pessoas com albinismo. Como o
albinismo causa problemas de visão, pode ser difícil para um albino acompanhar a
pequena bola que é utilizada no esporte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pessoas com albinismo sempre sofreram problemas para ter uma vida saudável,
mas o principal deles é o convívio com as pessoas ao seu redor. Mesmo nessa
época de inclusão, albinos são discriminados e excluídos socialmente. Além disso
os professores não tem capacidade de lidar com alunos com essa característica
genética, desconhecendo fatos importantes para o pleno aprendizado desses
jovens. Isso significa que a entrada de crianças com albinismo no ensino regular
é dificultado. Pessoas com albinismo tem direitos, e estes devem ser
respeitados. Só dessa forma haverá uma sociedade mais justa e em que todos
tenham acesso à educação e à cultura.
FONTES
-
FRASER, Clarke; JAMES, Nora. Genética Médica. Rio de janeiro. Editora
Guanabara, 1991.
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COMIUR, Ferguson; MITH, S. Fundamentos da Genética Medica. Rio de Janeiro,
Editora Guanabara, 3° edição, 1993.
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MICHALANY, Jorge. Anatomia Patológica Geral: Na Pratica médico cirúrgica.
Editora Artes Médicas, 2° Edição, 2000.
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PESSOA, Oswaldo Frota; OTTO, Paulo Alberto; OTTO, Priscila. Genética Humana e
Clínica. Editora Roca, 1° Edição, São Paulo, 1998.
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ALBINISMO
Manual educativo para professores
AUTORAS:
Anny Caroline Marquito,
Danielle Ferreira Czmyr,
Giselle Nayara Silveira,
Letícia de Oliveira.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURITIBA, 2009
25.Jan.2017
publicado
por
MJA
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