- excerto -

Rapaz cego lendo braille com os lábios
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David Seymor (1948)
INTRODUÇÃO
Este livro é sobre o sentido do tacto. Abrangemos aqui desde detalhes de
fisiologia até questões de comunicação, cognição, e representação. A psicologia
do tacto inclui a sensitividade cutânea, cinestese, e háptica. O termo háptica
incorpora informação cutânea e cinestésica (Revesz, 1950).
Através da háptica, nós obtemos informações sobre objetos manipulando-os
ativamente, com input covariantes cutâneos e cinestésicos (Gibson, 1966). A
década de 80 assistiu a um vigoroso debate teórico e desafiadoras descobertas
empíricas sobre o tacto e a gama de percepções que ele permite. Nós examinaremos
o pensamento contemporâneo sobre esses assuntos. Em alguns casos, a discussão
esperará para seções mais à frente neste livro. Eu peço a indulgência do leitor
nesta questão, e paciência. O leitor interessado fará uma jornada intelectual
pelos capítulos deste volume.
O tacto pode envolver formas de perceber e representar a realidade que muitas
pessoas outrora pensavam que era uma reserva exclusiva da visão e audição.
Apenas na história recente, as pessoas têm tentado usar o tacto como um canal
para a leitura, sinalização manual da fala, gravuras, e música (via vibração).
Algumas dessas idéias têm sido incrivelmente bem-sucedidas.
A mão é um instrumento extraordinário, mas não é o órgão exclusivo do sentido do
tacto. Sendo as sensações a fonte da percepção, como muitos pesquisadores têm
implícita e explicitamente sustentado, então nós podemos experienciar sensações
táteis com toda a superfície de nossa pele. Se, por outro lado, o tacto é um
conjunto de atividades produzindo vários tipos de informações relativas à
estrutura, estado, localização de superfícies, substâncias, e objetos no
ambiente, nós usamos muitos tipos de informações hápticas para orientar as
nossas atividades. Os pés, por exemplo, fazem uso de informação textural a
respeito das superfícies ao andarmos sobre elas. Pense sobre a dificuldade que a
pessoa tem de andar sobre o gelo escorregadiço. Nós mudamos nossa passada como
resposta a mudanças em fricção, textura da superfície, dureza e temperatura.
Pedestres cegos fazem uso de informações hápticas vindas de uma bengala ao
andarem mundo afora. Os lábios são instrumentos maravilhosos para se adquirir
informação sobre a forma, substância, e talvez intenção e são uma grande fonte
de informação sobre forma. Critchley (1971, p. 118) mostra uma fotografia de uma criança cega lendo Braille
com o nariz.
Esta é uma indicação a mais da utilidade de outras superfícies da
pele para a percepção de padrões. Nós nos apoiamos muito fortemente no input tátil sobre grande parte de nossa pele ao estarmos envolvidos em muitas
atividades perceptuais. Este apoio no sentido do tacto muitas vezes passa
despercebido, mas em vez de diminuirmos sua importância, deve estimular a
consideração quanto a quão limitados têm sido nossos estudos sobre o tacto.
Podemos nos conscientizar de nossa dependência do sentido do tacto quando algo o
faz funcionar mal, e somente então é que nós reconhecemos a sua importância. Nem
a pessoa com hanseníase , nem o acometido pelo diabetes duvidam da importância
do input tátil. O tacto serve para nos advertir sobre o perigo iminente ou
imediato, por exemplo, através da sensibilidade à dor. Além disso, nossa
capacidade de manuseio e de exploração do mundo, como fazemos, exige input tátil.
Isto fica óbvio quando nós observamos o processo de reaprendizagem quando os
astronautas pela primeira vez andaram sobre a superfície da Lua. Até mesmo para
sentar utilizamos informação tátil, apenas para nos dizer a mudar de posição. O
fato de nos apoiarmos no tacto muitas vezes passa despercebido por causa da
atenção à percepção visual, e porque nós tendemos a pensar sobre o papel
performatório da mão, em vez de sua função sensorial (Gibson, 1962, 1966). Nós
usamos nossas mãos para obtermos informações táteis como também para
manipularmos objetos. Contudo, muitas de nossas informações táteis vêm de partes
do corpo que não as mãos (ver Stevens, 1990). A tendência de indentificar o tacto
principalmente com as mãos, e a íntima ligação entre performance e percepção,
pode ter contribuído para esse viés.
A falta histórica de interesse em formal e seriamente estudar o tacto deve ser
mencionada. Tradicionalmente, os psicólogos têm tido a tendência de enfatizar o
estudo da percepção de padrões visuais ao tentar resolver questões
epistemológicas. Muitas das pesquisas sobre a visão têm focalizado na tentativa
de entender o reconhecimento de padrões através da percepção de formas. Por
exemplo, mais de mil experimentos foram realizados sobre ilusões de ótica, tais
como as conhecidas setas de Muller-Lyer. O sentido do tacto não parece operar tão
eficientemente quanto a visão na detecção de formas de contorno. O tacto é, de
longe, mais lento, tipicamente scaneia seqüencialmente, e tem um “campo de
visão” muito mais restrito. Isto tem levado muitos pesquisadores a achar que o
tacto é menos importante do que a visão – um modo mais primitivo de perceber que
a visão. Nós devemos também notar que a postulada predominância da visão e
audição é apenas recente, e que historicamente, o tacto tem sido considerado como
predominante. Além do mais, muitos diriam que o tacto ainda é predominante, pelo
menos em termos como uma prova de existência para objetos, isto é, nós testamos
a realidade de uma miragem ou imagem onírica tentando tocá-la.
Este livro tem muito a oferecer a pesquisadores da visão e estudantes de
psicologia em geral. Ele sustenta que a investigação do tacto é importante e
valiosa. Poucos de nós estamos querendo meramente olhar para o nosso mundo.
Nossas vidas seriam curtas, de fato, se nós só pudéssemos olhar e não tocar;
muitas espécies iriam certamente desaparecer. E mais, muitos dos eventos mais
importantes de nossa vida envolvem o sentido do tacto. O tacto possui um poderoso
componente afetivo como também cognitivo. Nós sentimos dor ou prazer, e estes
parecem essenciais à existência. Não se pode pensar num indivíduo sem o sentido
do tacto. Imagine toda a superfície de nossa pele sempre sob o efeito de
anestesia! Rollman fornece uma detalhada discussão sobre a dor em seu capítulo
neste volume.
Além do mais, os componentes cognitivos/afetivos da experiência tátil parecem
diferentes da experiência visual. Nós podemos prontamente sentir que algo é
quente ou frio, suave ou duro, áspero ou macio, além de seus atributos
espaciais. Nós podemos sentir a sensualidade de um pedaço muito macio de
nogueira, e a fria e impessoal dureza do metal. Uma estilha incita intensas
reações emocionais às quais faríamos bem em atender.
Enquanto nós dependemos de nosso sentido do tacto, algumas pessoas se apóiam
muito mais intensamente no input tátil. Pessoas cegas usam informação tátil para
ler e escrever Braille, para examinarem mapas, e para muito de sua cognição
espacial. Pessoas surdas e cegas são ainda mais dependentes de informações
táteis, já que lhes falta o contacto acústico com o mundo.
O indivíduo com deficiência múltipla e lesões na coluna pode estar quase
completamente limitado ao input tátil. Em seu provocativo livro de ficção “Johnny
Got His Gun”, Dalton Trumbo (!970) descreveu a difícil situação de um veterano
que perdeu quase todo o input sensorial devido a um trauma físico; Johnny não
podia ouvir, nem ver, nem falar, mas aprendeu a se comunicar com uma enfermeira
batendo o código Morse com o pouco que restou de sua cabeça. A enfermeira podia
falar com ele imprimindo mensagens na pele de seu peito com o dedo dela (pp.
197-199). O indivíduo surdo e cego pode fazer uso de impressão na palma da mão
(POP) para se comunicar com pessoas que não são familiarizadas com a sinalização
manual, a saber, pessoas com ou sem o sentido da visão (Heller, 1986. Três
capítulos neste volume tratam da percepção e desenhos em adultos (Heller,
Kennedy et. Al.) E crianças (Millar).
O QUE E POR QUE OS PESQUISADORES SOBRE A VISÃO DEVERIAM SABER SOBRE O TACTO
Se todos os sentidos trabalhassem exatamente como o sistema visual, poderia não
ser tão importante estudar os sentidos não-visuais. Nós poderíamos aprender tudo
sobre percepção apenas estudando a visão. O problema não é, de perto, tão
simples, contudo. Muitos aspectos de objetos e espaço podem ser conhecidos
igualmente bem através da visão ou tacto, mas alguns não podem (ver Warren &
Rossano, neste volume). Texturas muito delicadas ou variações de superfícies,
por exemplo, são percebidas com precisão pelo tacto, mesmo quando a visão falha (Heller,
1989 a.). Além do mais, nós podemos muitas vezes sentir uma estilha (para o
nosso desconforto!) quando o mesmo objeto não é visível sem ampliação óptica. O
tacto pode ser especialmente adequado para a percepção de características do
objeto tais como dureza ou suavidade (ver Lederman & Klatzky, 1987). Ou
substâncias de substâncias (e.g. pedrinha na comida ou óleo de motor).
Alguns
aspectos da condutividade termal só podem ser revelados através do tacto. O
capítulo de Stevens fornece uma discussão sobre a sensação termal. Claro, nós
podemos também obter informações sobre a dureza de superfícies vendo e ouvindo
eventos que os envolvem. Além do que tacto e visão podem nem sempre operar da
mesma maneira (ver Day, 1990; Over, 1968). Alguns pesquisadores têm enfatizado
limitações do tacto, principalmente por causa da natureza seqüencial do
processamento (Revesz, 1950; ver Balakrishnan, Klatzky, Loomis, & Lederman,
1989). Mais recentemente, contudo, os pesquisadores têm demonstrado os efeitos
da superioridade da palavra na leitura do Braille (Krueger, 1982 b). O efeito se
refere à mais rápida e mais precisa detecção de uma letra numa palavra do que
numa não-palavra. Como veremos, este é um assunto teórico em curso, que é
considerado no capítulo sobre a leitura de Braille por Foulke.
Enquanto a visão e o tacto podem produzir alguns percepts equivalentes, é no
campo da experiência sensorial onde as diferenças aparecem mais obviamente. Não
há dúvida de que as reações afetivas surgem pela visão. Muitos de nós temos
experimentado a grande emoção trazida à tona por um pôr-do-sol, uma cachoeira,
ou outro panorama natural de grande beleza. Nós todos conhecemos o impacto
emocional da visão de uma pessoa muito atraente.
As conseqüências afetivas do tacto diferem dramaticamente da visão, mas são
dignas de investigação por si mesmas. Isto tem incitado o estudo de sensações
táteis e sensibilidade. Cholewiak e Collins trata sobre a sensitividade tátil e
a fisiologia em seu capítulo. Rollman fornece um relato interessante sobre a
sensibilidade à dor, em termos tanto de teoria quanto de aplicação.
Finalmente, deve ser apontado que pesquisadores interessados no tacto têm
estudado muitas das mesmas questões teóricas que têm direcionado a pesquisa em
visão e outras áreas.
A pesquisa sobre o tacto pode fornecer evidências convergentes em alguns
problemas teóricos muito intrincados. A pesquisa sobre o tacto possui algumas
vantagens singulares para o estudo de questões teóricas básicas. O tacto é bem
adequado para a investigação do papel do movimento revelatório na percepção,
isto é, de que mudanças na informação do estímulo são reveladas pela manipulação
ativa. É fácil imobilizar ou controlar o movimento da mão, mas tal controle é,
na melhor das hipóteses, árduo para a visão, a menos que você limite o campo de
visão como através de uma fenda. Contudo, nós devemos notar que a maior inércia
mecânica da mão (versus o olho) pode fazer a mão mais fácil de controlar e
estudar, mas ela também faz a mão muito mais “desajeitada” para o observador.
Além disso, a pesquisa tátil nos permite estudar as relações entre visão e um
outro sentido. Berkley (1709/1974, p. 302) afirmou que “as idéias de espaço,
exterioridade e coisas colocadas a uma distância não são, estritamente falando,
objeto da visão... eu nem mesmo vejo a própria distância, nem nada que eu admito
estar distante.” Ele sugeriu que nós aprendemos a associar experiências visuais
e auditivas com idéias tangíveis. Este tipo de discussão tem levado alguns
indivíduos a acreditarem que o tacto educa a visão e a audição (e.g. Diderot).
Trabalhadores em comportamento motor têm estado interessados na influência da
orientação visual na performance de destreza durante algum tempo. A orientação
visual pode auxiliar o tacto através da provisão de informação redundante, e por
movimento de sintonia fina, a fim de otimizar a assimilação da informação. A
orientação visual da mão pode ajudar a pessoa a enfrentar a alteração de padrões
ao tentar identificar o Braille (Heller, 1989c.
QUESTÕES TEÓRICAS
Muito da pesquisa do tacto tem sido direcionado para a solução de questões
teóricas fundamentais.
Equivalência Sensorial
Os sentidos da visão e do tacto podem nos dar as mesmas informações sobre objetos
e eventos? Uma versão da tradição empiricista sustenta que os sentidos são
originalmente separados e têm que aprender a tratar a informação como
equivalente. Nós podemos concluir isso quando nós aprendemos a, digamos, anexar
a mesma resposta ou rótulo a alguma coisa que tocamos e sentimos (ver Revesz,
1950). Pesquisas recentes sobre memória, especialmente aquela adotando uma
abordagem de processamento de informação, têm tendido a enfatizar as diferenças
de modalidade.
Os psicólogos gestálticos tenderam a enfatizar a noção de que nós obtemos
estruturas equivalentes de modalidades de visão e tacto (ver Marks, 1978). A
visão ecológica de Gibson (1966) tem favorecido percepts amodais, isto é, a
noção de que a percepção transcende a experiência sensorial de modalidade
específica. Atenção a sensações atípicas, e fenômenos subjetivos como a dor ou
frio, levam-nos a notar as diferenças entre as modalidades. Assim, nós vemos a
cor, mas sentimos a dor. Quando nós identificamos objetos, contudo, pode
importar pouco que sentido obtém a “informação” relevante. O capítulo de Warren
e Rossano preocupa-se com relações intermodais, especialmente a relação entre a
visão e o tacto.
Representação: Imagem Visual, Cognição no Cego, e Imagem Tátil
Há pouca dúvida de que a aprendizagem desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento de habilidades táteis. Basta observar uma pessoa que é
habilidosa no uso desse sentido, usando Braille, ou uma bengala para se
compreender o tremendo papel que a aprendizagem deve desempenhar.
Papel do Movimento Receptor: Tacto Ativo versus Tacto Passivo
Pesquisadores do tacto têm, por muito tempo, ficado fascinados pelo papel do
movimento na percepção (Katz, 1989; Revesz, 1950). Gibson (1962, 1966) tem sido
mais amplamente citado para esta discussão entre o tacto ativo e passivo. De
acordo com Gibson, o tacto é passivo quando o observador não se move e a
informação é imposta sobre a pele. O tacto ativo consiste de um movimento
auto-produzido que permite ao perceptor obter informação objetiva sobre o mundo.
Gibson argumentou que o tacto passivo é atípico de experiências “normais”. Nós,
na maioria das vezes obtemos informações sobre o mundo através de movimento
intencional.
O movimento ativo permite que se atinja percepts “amodais” que não estão ligados
a uma modalidade específica, e permite a interpretação de que muito do que se
aprende na percepção tátil são estratégias ou exploratórias ou manipulatórias
que revelam informações mais úteis.
Várias pessoas podem usar o Optacon, um aparelho que traduz o input visual
(letras e números) para um mostrador vibratório. Essas pessoas movem ativamente
a câmera do Optacon com a mão direita, mas o dedo indicador fica passivo no
display vibrotátil.
Muitos pesquisadores têm enfatizado a natureza ativa do tacto. A partir desse
ponto de vista, a percepção é uma realização que pode depender de performance
treinada. Esta tradição é consistente com uma tendência recente em direção a uma
ênfase da natureza ativa da cognição; embora o local de atividade seja
principalmente na cabeça, em vez de na mão, onde ela tende a ser metaforicamente
colocada por pesquisadores na tradição gibsoniana.
Percepção Total versus Percepção Parcial
Processamento Serial versus
Processamento Paralelo
Nós processamos input tátil em forma serial ou paralela? Por exemplo, a pessoa
pode pensar se o leitor do Braille assimila um carácter por vez, ou percebe a
palavra como uma unidade perceptual básica?
Dominância Sensória
Nós temos um conflito intersensório apenas se nós acreditamos que sentimos um
objeto unitário, mas os sentidos não nos dizem a mesma história sobre este
objeto único. Isto pode acontecer se nós observarmos um remo na água, para tomar
o clássico exemplo de John Locke. A aparência do remo é distorcida pela juntura
do ar e da água. O remo parece torto, mas a sensação é de que ele é reto. Em que
sentido nós acreditamos? (ver Welch & Warren, 1980)?
Um sentido com maiores poderes de alerta, a saber a audição, pode ser dominado
pela visão durante o efeito do ventriloquismo; a audição pode ser ignorada
quando “boa” informação visual está disponível (Schiff & Oldak, 1990).
Uma pessoa pode interpretar os experimentos de dominância com indicando que não
é um sentido que é dominado, em vez disso, um atributo, por exemplo, direção.
Assim, quando nós caímos vítimas do “efeito do ventriloquismo”, nós erramos em
nossa crença de que o boneco disse alguma coisa. Este é um erro na fonte de
fala, não no que foi dito.
Efeitos de Lateralidade e Especialização Hemisférica
Pesquisadores do tacto, como da visão, têm estado preocupados com a
especialização hemisférica. A pessoa pode pensar que a mão esquerda seria melhor
para a percepção espacial, se o lado direito do cérebro fosse especializado para
esta habilidade. Tem havido demonstrações de vantagens da mão esquerda para a
leitura de print-on-palm (Heller, 1986).
Muitos pesquisadores acreditam que o hemisfério direito é especializado para o
processamento do Braille e de outras informações táteis.
A literatura sobre a leitura do Braille sugere que a lateralização pode mudar
com a experiência intelectual e cognitiva (Harris, 1980; Karavatos, Kaprinis, &
Tzavaras, 1984).
BREVE HISTÓRIA
Os médicos têm estado interessados na percepção da dor, e desordens do
funcionamento tátil.
Diderot também fornece uma ilustração do conflito intersensório de como lentes
de aumento podem levar os sentidos da visão e do tacto a um conflito, de modo que
as impressões visuais de um objeto são diferentes.
Diderot descreveu a importância das exigências de memória no sentido do tacto, e
acreditava que uma impressão de formas depende da retenção de sensações
componentes.
Fenômeno Sensorial e Psicofísica
Weber (1934/1978) deve ser considerado o pai do estudo sistemático da
sensitividade da pele. Ele dedicou tempo considerável à investigação da
resolução espacial da superfície da pele. Além disso, Weber forneceu um relato
abrangente sobre a variação em sensibilidade a propriedades termais, peso, e
outras propriedades táteis.
No transcurso de suas investigações empíricas da sensação cutânea, Weber
formulou o que mais tarde se tornou sua famosa “lei”. A lei de Weber: a
capacidade da pessoa de discriminar diferenças entre um estímulo padrão e de
comparação é uma função constante da magnitude do padrão. Assim, a pessoa
precisa de uma diferença muito maior entre os pesos para discriminá-los com
sucesso quando o padrão pesa 100 gramas do que quando o padrão pesa 20 gramas. A
proporção, claro, permanece constante ao longo de uma amplitude moderada de
estímulo. Fechner mais tarde traduziu esses princípios numa fórmula matemática.
Nós devemos lembrar que este importante avanço em psicologia dependeu em grande
parte da investigação dos sentidos do tacto e cinestesia.
Baseado em evidência empírica, Weber sugeriu que a mão esquerda é mais sensitiva
ao peso e propriedades termais dos objetos (ver Harris, 1980; Heller et al.,
1990).
Teorias da Sensação
Os pesquisadores têm muitas vezes tentado associar os receptores na pele com
qualidades sensórias específicas.
Nós sabemos que o corpúsculo paciniano responde à vibração. Outras estruturas
estão relacionadas à sensação termal.
Henry Head distinguiu entre a sensibilidade epicrítica e protopática. Ele achava
que os dois tipos de sensibilidade eram servidos por mecanismos diferentes de
transmissão neural. A sensibilidade epicrítica envolve o tacto leve,
discriminação fina de temperatura, e localização espacial (Sinclair, 1967). A
sensação protopática envolve diferentes fibras nervosas e serve à dor e extremos
de temperatura. A teoria pode representar uma supersimplificação, e a evidência
fisiológica não apóia claramente todos os aspectos da teoria (Sinclair, 1967).
Raízes Clínicas
Vários autores têm estudado o tacto num setting clínico. O tacto pode ser
suscetível a dramáticas distorções perceptuais devido a traumas na cabeça ou
danos neurológicos. O fenômeno do membro fantasma, no qual uma pessoa sente dor
numa parte do corpo não existente, é um dos mais admiráveis exemplos de
experiência tátil ilusória.
História Moderna: Katz, Revesz, e Gibson
Katz, Revesz, e Gibson têm tido um forte impacto na pesquisa sobre o tacto.
Muitos pesquisadores têm sido influenciados pelos seus textos. Um curso comum ao
longo do trabalho deles é a ênfase na importância do movimento da mão para a
percepção.
Katz (1989) enfatizou o papel essencial do movimento para a percepção tátil. O
movimento das mãos ou do estímulo pareciam essenciais para a percepção de
texturas. Katz notou que o sentido do tacto era superior à visão para julgamentos
de atributos tais como a espessura do papel ou a presença de vibração. O tacto
pode certamente superar a visão em julgamentos de textura (Heller, 1989 a).
A háptica opera através do princípio estereoplástico, uma tendência de apreender
um objetoi de todos os lados. Isso pode apresentar um problema quando nos
defrontamos com 2-D. Um scanning quase simultâneo pode ser mais provável com
objetos menores que cabem na mão, ou nas duas mãos juntas, ou talvez nos braços.
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A PSICOLOGIA DO TACTO
Morton A. Heller Winston
[Salem State University]
excerto da obra:
"The Psychology of Touch" de WILLIAM SCHIFF e MORTON A. HELLER
Fonte: RBTV
Δ
24.Nov.2012
publicado
por
MJA
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