imagem: Cabra-cega - Ivan Cruz
INTRODUÇÃO
Muitas crianças cegas e com baixa visão, além da deficiência visual, poderão
apresentar transtornos de
desenvolvimento, déficit intelectual, dificuldades motoras, síndromes, ou
outros comprometimentos.
Historicamente, se sabe que o ato de brincar é tão antigo quanto à
humanidade. Existem registros da evolução social e cultural dos brinquedos e
brincadeiras das crianças, que construíam seus brinquedos ao longo dos
tempos com diferentes objetos simples conforme os hábitos e costumes da
época.
Eu, por exemplo, fui criada no interior, meus pais agricultores,
morávamos no campo longe da cidade. Meus brinquedos eram produzidos
pelos meus irmãos, com carretéis de linha, tampinhas de garrafas, pedaços de
madeira, ossos, paus, couro e borracha. Faziam carrinhos, bicicletinha, motos,
...tudo de faz de conta. Uma lata vazia de leite em pó, cheia de pedras, ou
qualquer coisa que produzisse barulho, com furos na extremidade, e onde
passava um arame formando uma alça onde se amarrava uma corda longa.
Eu saía a caminhar em volta da casa puxando o que chamava de rolete. Meu
prazer era mexer em tudo, catando em busca de coisas pequenas, grãos,
pedras, gravetos, para colocar dentro das latas que produzisse sons diferentes.
Formei uma coleção de roletes! Minhas poucas bonecas eram feitas de pano,
de barro, de pedaços de pau, de papel, até de massa de pão. Tinham cabelos
de lã, enchimento e roupas de retalhos, por sorte uma das minhas irmãs era
costureira.
Este relato aponta para a proposta que é de socializar aqui algumas das
minhas experiências, e alguns conhecimentos que venho organizando ao longo
desses anos, em razão das diferentes situações que tenho encontrado no
cotidiano do lugar que hoje ocupo que é de professora em uma escola de
periferia.
Muitas crianças cegas e com baixa visão nos chegam com um repertório
reduzido de experiências lúdicas. Elas pouco sabem explorar os objetos ou
brinquedos. Demonstram ter tido poucas experiências de brincar sozinhas e
com outras crianças. Algumas não tiveram vivências em creches, ou em
escolas infantis.
EDUCAÇÃO INFANTIL:
Quais os direitos das crianças cegas e com baixa visão?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1998, a educação infantil
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos
de idade. O ato de brincar permeia todas essas fases. Na Educação Infantil, já
no planejamento a escola deverá garantir na sua rotina escolar, muitos
momentos destinados ao brincar. Pois é neste espaço que a criança estará
ingressando em um grupo social diferente da sua família. É neste espaço que
ela irá compreender e se perceber como um sujeito que é capaz de construir
e aprender.
A criança passa a se relacionar com objetos diferentes, sejam estes reais
ou imaginários, onde atribui para estes significados de acordo com seus
interesses e principalmente seus conhecimentos.
As crianças cegas e com baixa visão têm os mesmos direitos: antes de
tudo, são crianças como as outras, que também tem possibilidades de
aprender e brincar como as crianças que enxergam. Mas, para que isso seja
possível, é imperativo que sejam respeitadas as suas individualidades e
diferenças, de forma que suas experiências sejam concretas a fim de que suas
aprendizagens adquiram significado. Para a criança com Deficiência Visual é
necessário que o ato de brincar se estabeleça desde o seu nascimento, pois
em virtude das suas limitações visuais não terá condições de ir em busca do
objeto, reconhecer o brinquedo ou condições de brincar sozinha, é necessário
que alguém oportunize isto. Por exemplo, ainda no colo, a mãe deve falar com
o bebê brincando com sua voz, colocar a sua mãozinha em seus cabelos, no
seu rosto. É importante que a mãe seja o vínculo entre o bebê e o brinquedo.
Que para este bebê, em especial, o corpo da mãe seja a primeira relação com
o ambiente.
A criança que enxerga usa os objetos para aquilo que não foram feitos,
então através da imaginação e da criatividade transforma caixas em prédios,
pedaços de paus em soldados, ou vassouras em cavalos. Os objetos são usados
para outro fim com diferenças em suas propriedades físicas e utilitárias. A
criança que enxerga, desde bebê vê e reconhece o cavalo em diferentes
situações, assim como os prédios, os soldados e a vassoura. A criança cega e
com baixa visão, para estabelecer estas relações precisará também conhecer
manualmente o prédio, o soldado e a vassoura, cada um com u seu formato e
suas respectivas funções. Como possibilitar que uma criança cega, bebê ou
muito pequena ainda, passe a mão em todo o cavalo, em um prédio um
soldado e em uma vassoura!
Será nas brincadeiras que a mãe ou cuidador poderão proporcionar
vivências concretas onde a criança poderá experimentar e explorar
determinados objetos, pois com a mediação ela poderá construir relações
semelhantes às que referimos.
É no ato de brincar, que as crianças constroem seus próprios mundos e
nesta criação compreendem o mundo adulto.
Uma brincadeira comum das crianças, é vestirem as roupas e calçados
da mãe, ou de outra pessoa adulta, e assumir o papel de mãe, enfermeira,
cuidadora, até professora, das suas amiguinhas ou bonecas.
A criança que possui todos os sentidos e pode se apropriar do mundo,
estabelece mais facilmente as relações com os objetos e com os outros, pois
reconhece as características dos brinquedos, vai em busca e é capaz de imitar
o adulto em seu faz de conta, criando assim situações e cenas de sua vida
diária e de suas experiências. A criança que não enxerga precisará aprender
e ter uma série de vivências, para poder sentir algumas sensações novas,
formar novos conceitos, aumentar o vocabulário, mas, não conseguirá
apreender tanto quanto à que enxerga. Não poderá imitar o outro.
A criança que enxerga não nasce sabendo brincar. Ela aprende, na
medida em que vai descobrindo os movimentos do seu corpo, as mãozinhas,
os pezinhos, e, por si só vai experimentando. Vai descobrindo os objetos que
estão mais próximos, e que tem significado ou alguma representação, como
o bico a mamadeira, um chocalho, um urso de pelúcia, o cheiro e o rosto da
mãe que se aproxima. É por meio da interação com os outros que a criança
que enxerga exercita a observação e a imitação, dando respostas às diferentes
linguagens corporais que os outros utilizam para lhe despertar a atenção,
como contração da face, um sorriso, cara de choro, de brabeza. Uma resposta
importante é o acompanhamento com olhar, e a condução dos bracinhos em
direção ao outro, etc. No mundo visual a vida acontece instantaneamente,
pois, é assim que quem enxerga se apropria do ambiente.
Ainda no berço, a mãe ou cuidadores precisam ter em mente que a
criança que enxerga irá se apropriar deste ambiente na medida que o tempo
passa! E passa rapidamente. A criança que tem deficiência visual total ou
parcial, necessitará de apoio para que isso aconteça. Então, o ambiente deverá
ser levado a ela, de modo que possa sentir com as mãos, passar a mão até
conseguir pegar os objetos, ouvir os sons e tocar no objeto sonoro. Explorar e
rolar dentro do berço na largura e extensão, explorar os brinquedos e objetos
espalhados para que conheça e reconheça seu lugar!
Ao mesmo tempo que se fala com o bebê que enxerga, mostra-se muitos
brinquedos coloridos, que fazem ruídos: apitos, guizos, sons musicais,
chocalhos, bichos de pelúcia ou emborrachados. Para criança cega não será
diferente, porém, mostrar significa colocar na sua mão, ou tudo ao seu
alcance. Caso ela tenha algum resíduo visual, poderá demonstrar essa
percepção dirigindo-se ao objeto que seja de alguma tonalidade de cor que lhe
desperte a atenção.
Se não, irá se dirigir ao som ou ruído do brinquedo. Mas, senão tiver
percepção visual, quem estiver interagindo com a criança, deverá demonstrar
as possibilidades que existem para que ela possa explorá-lo. Ou, poderá valerse
de palmas ou da própria voz, para estimular a criança a buscar o brinquedo
caso este não faça qualquer ruído. São brincadeiras que se pode fazer no
berço, na cama ou no chão. Mas, é importante ter atenção à segurança do
bebê dentro do espaço que servirá para a brincadeira, de forma que seja
possível a criança se mover com autonomia, rolando, engatinhando ou
caminhando com apoio. Sempre levando em conta sua etapa de
desenvolvimento.
OBSERVAÇÃO E IMITAÇÃO
O sentido da visão é fonte de grande estímulo para o desenvolvimento
global do ser humano, pois, em torno de 90% das informações chega por esta
via. A visão é responsável pela apropriação de tudo o que é produzido para
ser visto.
As crianças cegas são privadas dessa capacidade. Neste caso, os outros
sentidos, tato, olfato, audição, paladar, sinestesia - precisam ser estimulados,
pois através deles que essas crianças conhecerão o mundo. Caso não sejam
estimuladas desde pequenas, poderão apresentar um atraso no
desenvolvimento biopsicossocial. Daí a necessidade da estimulação essencial,
ou para muitos, estimulação precoce. Pois o objetivo desta é promover o
desenvolvimento global (cognitivo, motriz e emocional) do bebê ou da criança
até os 3 anos e 11 meses.
Desde cedo, ainda bebês, as crianças, e especialmente, as que possuem
deficiência visual, devem ser estimuladas a tocarem no seu próprio
rosto e corpo, no rosto e corpo da mãe e serem acariciadas. Através disso, as
crianças poderão distinguir seu corpo do corpo de outras pessoas e entender
a diferenciação entre o eu e o outro.
Como vimos acima, as crianças que enxergam interagem com o
ambiente e aprendem valendo-se da observação e imitação., já as que tem
deficiência visual, principalmente as que tem cegueira congênita não terão
esta oportunidade. Por esta razão, é preciso ensiná-la sobre sua postura, tanto
à postura corporal (em saber ficar de pé, em virar o rosto na direção de quem
está conversando com ela, e, através do brinquedo, do jogo que se pode
realizar um trabalho efetivo nesse sentido sem tornar cansativo repetir: vira
para mim, levanta a cabeça, tira a mão ou o dedo do olho, vamos brincar!
-
Brincar de esconde-esconde, estimulando a criança a movimentar-se em
busca de alguém ou de objetos.
-
Usar bolas de diferentes materiais, tamanhos, cores e ruídos para
experiências como, apertar, rolar, comparar, furar, estourar, amassar, brincar
do seu jeito! De qualquer jeito!
-
Inventar, esvaziar e encher bolas e soprar
balões.
-
Confeccionar bolas, de papel, meias, pano, barro, areia, jogar em
espaços que a criança conheça, e não corra riscos de machucar-se.
-
Propor
jogos e brincadeiras com regras.
-
Propor atividades que envolvam a
coordenação motora fina como, amassar, rasgar, dobrar, desmanchar,
desmontar, inventar.
-
Uma atividade lúdica limpar gavetas, e convidar a
criança: vamos rasgar tudo e colocar no lixo?
-
Esvaziar os armários da cozinha,
entrar e sair dos armários e gavetas.
-
Brincar com as panelas e potes.
-
Entrar
e sair de panelas, caixas e malas.
Quanto maior o número de vivências concretas, intensas, mais
qualitativas serão as aprendizagens. É na atividade lúdica que se abrirão
infinitas possibilidades para a criança se conhecer, e conhecer o seu ambiente.
Isso fortalecerá o sentimento de pertencimento à família, à escola. O ato de
experimentar por si só já é uma aventura, então, ênfase da experiência para
uma criança que não vê, ou vê com dificuldade, é o significado atribuído à
experiência. É importante considerarmos a maneira como a criança cega
observa, examina e conhece os objetos, isso acontece muito diferente do que
uma criança que enxerga. Acriança cega percebe o objeto pelas suas partes,
ou seja, percebe cada parte que vai tocando, enquanto a outra, percebe
instantaneamente a sua totalidade.
A primeira necessitará de mais tempo para a exploração do objeto, e
atenção do mediador, pois a criança poderá deixar de dar a atenção a algum
aspecto importante do objeto que está sendo explorado.
Manusear objetos, explorá-los, levará a criança a aprender sobre eles,
suas características como: de que material são feitos, se gosta ou não de
tocálos,
poderá desmanchar, destruir, quebrar, a sua ação sobre o objeto
dependerá da sua subjetividade ou fantasia.
Através do brincar a criança poderá desenvolver habilidades e
capacidades sensoriais, cognitivas, motoras, sociais e afetivas. A partir do
lúdico o processo de construção da linguagem e do pensamento, da memória
e atenção, a criatividade e as abstrações, as relações de equivalência,
comparação e analogia serão ativadas e desenvolvidas de forma contínua na
construção de imagens mentais ou representações simbólicas.
BRINCAR DE BONECAS
O mundo de bonecas, das bonecas de pano, bonecas de retalhos de
louça, de plástico, porcelana, massa de modelar, de barro, de palitos, de massa
de pão! Até de faz de conta, uma boneca imaginária!
Parece banal, mas não é: aprender a brincar de bonecas desde pequena
é o que não acontece com muitas crianças cegas. Elas não enxergam as outras
crianças brincando de bonecas. Alguém deverá ensiná-las. Verbalmente, elas
sabem que existem vários tipos de bonecos e bonecas, por que ouvem falar,
afinal não são surdas! O que fazer com a boneca? Vestir, desvestir, pentear,
fazer dormir. Colocar e tirar os calçados, meias, arrumar o cabelo dar banho,
mamadeira, comidinha, remédio, etc. Todas essas são ações semelhantes às
que fazemos todos os dias.
Mas, como quem não enxerga não tem como observar alguém
praticando isto, portanto, não poderá reproduzir tal comportamento.
Precisará aprender com alguém que se disponibilize a ensinar, com amor todas
essas ações que, aparentemente, são banais!
Uma criança que não costuma brincar de bonecas, desenvolvendo ações
de cuidados do dia-a-dia, poderá ter dificuldade em realizar muitas dessas
atividades com autonomia. Aí está um bom momento para a família e a escola
se unirem e começar a brincadeira a favor da criança!
Ela poderá aprender brincando com bonecas e com peças de roupas e
calçados, que tipo de vestimenta utilizar em cada estação do ano em cada
situação, como se portar em determinado ambiente, saber que existem
diversas e diferentes cores, quais as cores que combinam para que possa se
vestir de maneira adequada quando for necessário.
PARA PROFESSORES
As crianças que tem deficiência visual aprendem por meio da
experiência, elas precisam saber diferenciar forma, tamanho, textura, aroma,
sabores e sons de objetos. Nada melhor do que aprender de forma lúdica, em
casa, na creche, na escola.
Quando a criança acessa algum ambiente, nas primeiras vezes, é
essencial que o professor ou cuidador, descreva detalhadamente o local onde
ela se encontra, e deixe-a tocar à vontade nos móveis, onde estão os
brinquedos, as janelas portas e paredes, o banheiro, e qualquer obstáculo que
por ventura exista, como colunas, extintores, escadas, pias, lixeiras bancadas,
ou degraus. Oportunizar que ela conheça com o corpo, com as mãos, e a
bengala sempre que for possível. Isso a ajudará a ter confiança e favorecerá
a conquista da sua autonomia no seu deslocamento dentro e fora dos
ambientes, na medida em que vai freqüentando e convivendo.
Os pais ou cuidadores não devem ser superprotetores, porque estarão
impedindo a criança de vivenciar oportunidades de aprendizado.
Os professores podem, por exemplo, investigar com os cuidadores o que
a criança gosta de fazer, quais as brincadeiras que mais lhe interessam, para,
a partir daí, planejar atividades de aprendizagem adequadas à sua realidade,
e até lhe ensinar novas brincadeiras e jogos.
Como afirmam as autoras Bruno, Marilda e Mota:
É comum pais, professores e colegas quererem solucionar problemas
para a criança com deficiência visual, antecipando e explicando como as coisas
funcionam. Sem dar tempo para ela investigar, solucionar e criar novos
mecanismos de ação. O professor deve estar atento para investigar a
curiosidade, problematizar, ajudar esta criança a continuar investigando,
fornecendo apenas algumas dicas e pistas que sejam necessárias. Dessa
maneira o professor lhe ajudará a formar seus próprios conceitos, não a partir
da ótica de quem enxerga "vidente", mas a partir de seus próprios
significados. (BRUNO; MOTA. 2001. p. 159, 160).
O brincar é fundamental para o desenvolvimento mental, corporal e
emocional de qualquer ser humano, principalmente das crianças com
deficiência visual.
Como citado anteriormente, as crianças com deficiência visual
aprendem por meio da experiência, elas precisam se interessar pelo mundo
que as rodeia. Os jogos irão propiciar além de um divertimento, uma
socialização delas com outras crianças que enxergam, e, até mesmo com seus
familiares.
A autora Siaulys, afirma que:
Se para toda criança a brincadeira é muito importante, para a criança com
deficiência visual ela é fundamental [...] é uma forma gostosa para ela
movimentar-se e ser independente. Brincando, a criança desenvolve os
sentidos, adquire habilidades para usar as mãos e o corpo, reconhece objetos
e suas características. Brincando a criança entra em contato com o ambiente,
relaciona-se com o outro, desenvolve o físico, a mente, a autoestima, a
afetividade, torna-se ativa e curiosa (SIAULYS, 2005. P 6)
Brincar é fundamental e necessário, mas precisa ser ensinado e
oportunizado a quem não enxerga. Esse jogar deve ser pensado de maneira a
estimular as áreas que a criança com deficiência visual necessita. Se as
brincadeiras forem desenvolvidas de forma adequada, ajudarão a:
-
Compreender e identificar os sons;
-
Conhecer e entender seu corpo e o ambiente;
-
Despertar a curiosidade e o prazer pela vida;
-
Desenvolver e integrar os sentidos;
-
Despertar a vontade de movimentar-se e realizar atividades;
-
Conhecer formas, seqüência e seriação;
-
Desenvolver o tato para reconhecer texturas, formas, temperatura,
grandeza, peso, consistência e materiais de que são feitos os objetos;
-
Adquirir independência e autonomia para movimentar-se e realizar as
atividades cotidianas;
-
Desenvolver a imaginação, o jogo simbólico, o "faz de conta".
FIM
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«A Importância do Brincar para Crianças Cegas e com Baixa Visão»
por Olga Solange Herval Souza
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Inclusão & Reabilitação da Pessoa com Deficiência Visual
- Um Guia Prático
Organizador: Wagner Alves Ribeiro Maia
Gênero: Educação Especial
Ano: 2017
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