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Ginástica na Escola de Cegos,
Budapeste
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O Aluno portador de Deficiência Visual
A visão é de todos os sentidos aquele que permite ao ser humano olhar e conhecer
o meio tal como ele é. Permite tomar conhecimento da posição das pessoas, dos
objetos e da nossa posição em relação aos demais.
A criança com deficiência visual congénita ou adquirida terá sérias dificuldades
relacionados com a capacidade de se orientar e de se locomover com independência
e segurança, para além de comprometer a aquisição e desenvolvimento de
conceitos, a interação com as outras pessoas com o meio e consigo mesmo.
Como as pessoas não são autónomas e recorrem à ajuda dos outros para se moverem,
o resultado pode traduzir-se em sérios problemas pessoais e sociais, assim,
justifica-se uma atenção especial nesta área.
“Para os deficientes visuais os problemas mais sérios a ultrapassar assentam na
trilogia: do conhecimento do espaço, na orientação do mesmo e no movimento
independente” Dolores, M. (2004).
As limitações que a deficiência visual impõe às crianças, bem como uma proteção
mal entendida por parte dos que a envolvem, limitam-na à exploração e
conhecimento do mundo que a rodeia, passando a ter conhecimento desse mundo,
exclusivamente, de forma verbal.
Martin, M. B. y Bueno S. T. (1997,p.328) dizem-nos que:
“A forma como aprendem através dos outros sentidos e do movimento é diferente da
forma de aprendizagem das crianças sem esse défice e dependerá muito das pessoas
que com ela convivem (família, professores, colegas…), já que são essas pessoas
que a ensinarão a movimentar-se e lhe facilitarão os meios e situações
propiciadores do conhecimento e exploração”.
Os autores referem ainda que o desenvolvimento destas crianças está muito
determinado pela capacidade de deslocação autónoma.
Estas crianças devem ser estimuladas e motivadas quer em casa quer na escola a
realizar tentativas de mobilidade, embora, seja na escola que ganham mais
significado pois são orientados a conseguir destrezas que lhe permitam
estabelecer relações corretas com o seu meio envolvente.
Um aspeto crucial que se deve ter em conta com a criança deficiente visual será
lançar as bases para a sua independência motora logo na etapa do pré-escolar.
Nesta etapa devem-se fomentar dois aspetos fundamentais: a atividade motora e a
utilização eficaz e utilitária dos sentidos, através de uma correta organização
de atividades encaminhadas nesse sentido.
A atividade motora e a estimulação dos outros sentidos são, sem dúvida, aspetos
fundamentais que se deve ter em conta quando trabalhamos com crianças com a
visão comprometida, pois, são alicerces que guiarão a criança na sua adaptação
ao meio.
Fonseca S. (1978) cit. por Sousa, A. (2011,p.50) salienta a importância do
desenvolvimento dos outros sentidos, dizendo:
“ As crianças cegas que perderam precocemente a sua visão formam uma perceção do
mundo através apenas dos outros sentidos. Sem a perceção visual, desenvolve-se
sobretudo a sua perceção auditiva, sofrendo também um grande desenvolvimento a
perceção táctil-cinestésica e sendo estes dois os principais intervenientes na
conjugação sensorial que lhes permite perceber e integrar-se no meio que a
rodeia.”
O autor refere ainda que a audição permite à criança cega a noção de distância e
de direção dos objetos, bem como as suas condições acústicas (altura,
intensidade, e timbre), que lhe permitem fazer a discriminação entre os objetos
sonoros, como por exemplo, distinguir vozes de pessoas. Relativamente, à
perceção táctil-cinestésica, esta permite-lhe adquirir outras informações
sobre os objetos, como a sua grandeza, forma, textura, peso localização, etc.
Faltando-lhe a visão é com a associação das outras sensações (incluindo o olfato
e o paladar, também indicadores por vezes da presença de certos objetos) que a
criança invisual organiza a sua estruturação espacial. Claro está que a criança
cega apresenta outras dificuldades de desenvolvimento, por exemplo, a nível
cognitivo, emocional-sentimental, social e motor.
Sousa, A. (2011, p.51) desperta-nos a ideia de que a perda de visão afetará o
desenvolvimento cognitivo, dado poder haver dificuldades na integração da
informação real, em virtude das reduzidas experiências de assimilação.
Fonseca (1878) cit. por Sousa, A. (2011,p.51) diz-nos que:
“Esta privação de estímulos visuais interfere na realidade do desenvolvimento
mental, pois que não havendo feedback não existem padrões visuais de referência.
Há, no entanto, a superação desta privação sensorial através de associações
tátilo-cinestésicas e auditivas que colocam em jogo outras associações
interneurossensoriais de cérebro que compensam aquelas lacunas”.
Relativamente ao desenvolvimento cognitivo Fonseca S. (1976) cit. por Sousa, A.
(2011,p.51) apresenta-nos outro parecer, referindo que:
“ O desenvolvimento cognitivo da criança com graves problemas visuais é mais
lento do que a criança que vê, podendo haver uma diferença de desenvolvimento
entre os aspetos operatórios e figurativos do seu pensamento, bem como
dificuldades na formação das imagens mentais. No seu desenvolvimento, porém,
vai-se efetuando uma recuperação e ao fim de alguns anos possui um
desenvolvimento cognitivo praticamente igual ao de um pessoa com visão”.
Num estudo realizado por Cromer (1973) e cit. por Sousa, A. (2011,p.50) não
foram encontradas diferenças significativas na comparação das capacidades e
conservação entre crianças visuais e invisuais. No entanto, refere que:
“ A pessoa que vê tem mais tendência para negligenciar as perceções auditivas,
tátilo-cinestésicas e olfativas, construindo a sua imagem mental sobretudo
através da visão. O cego, porém, desenvolvendo aquelas organizações percetivas,
acaba por compensar, em parte, a sua falta de visão, conseguindo criar uma
imagem mental do mundo dos objetos que não se afasta muito da que possui uma
pessoa com a visão intacta."
Quando a visão é prejudicada, para além de algumas dificuldades que se refletem
no desenvolvimento físico, neurológico e psicomotor, há repercussões a nível
emocional. É na base da carência intersensorial que o portador de deficiência
visual edifica a sua personalidade, caracterizada por ausência de segurança, de
autonomia e de iniciativa, ingredientes emocionais específicos dos primeiros
processos de maturação.
Tendo como alicerce da personalidade uma estrutura visuo-motora peculiar, o
deficiente visual apresenta diversos traços caracteriais específicos, como por
exemplo: falta de iniciativa, conhecimento da vida quotidiana muitas vezes em “
segunda mão”, insegurança, ansiedade, maneirismos (“blindismos”), tiques
estereótipos, sincinésias, problemas de expressão facial, distúrbios emocionais,
etc.
A natureza do comportamento da criança portadora de deficiência visual, para
além dos aspetos acima levantados, oferece outros sinais característicos, como:
a inibição natural, o isolamento, a inferioridade, a culpabilidade, a falta de
independência, e de identidade, o peso da frustração interior, um “ Eu”
desfalecido, um excesso de fantasmização, uma certa depressão camuflada com
comportamentos de recusa e de rejeição, confusões mentais temporais e
periódicas, problemas posturais, laxidão articular, e hipotonicidade.
A inclusão do aluno portador de deficiência visual na escola deve ser
equacionada prevendo uma educação apropriada às suas características e
necessidades como nos refere o autor, Correia, Luís de Miranda (2008, p.8). O
autor refere ainda que estas crianças devem ser inseridas numa moldura educativa
que defenda os seus direitos e responda às suas necessidades específicas.
Coimbra, I. (2003, p.18) menciona na sua obra sobre a temática da inclusão o
seguinte:
“ Considerando que a proposta de inclusão implica a perceção do portador de
deficiência enquanto sujeito ativo capaz de construir o seu próprio
conhecimento, tal inclusão vai requerer da escola a transformação do seu modelo,
que vem sendo inspirado, basicamente nos princípios da racionalidade
positivista, para uma nova conceção de educação e conhecimento, baseado na
complexidade, na multirreferencialidade e na intersubjetividade das condições
humanas”.
A escola tem um papel preponderante na resposta aos direitos destas crianças e
deve ser uma referência na procura de soluções para combater qualquer tipo de
discriminação e preconceito, que ainda possa existir aos portadores de
necessidades educativas especiais.
A escola tem o dever de repensar a cada momento da história acerca do tratamento
a ser dispensado ao portador de deficiência visual, no sentido da sua inclusão
social. Face ao seu deficit visual o comportamento destas crianças é fortemente
influenciado pelas dificuldades em orientação e mobilidade e por não se sentirem
seguras em locomover-se, pois, dependem de quem as apoie. Portanto, quem lhes
proporcionar um incentivo à autonomia está a responder às suas necessidades
específicas.
Estas crianças necessitam que a escola, em particular, e a comunidade, em geral,
lhes proporcione condições que lhes permitam maximizar o seu potencial.
A escola, enquanto promotora da inclusão para todos, deve ter como requisito
central para trabalhar com o portador de deficiência visual professores
qualificados.
Coimbra, I. (2003, p.13) afirma que:
” A ação docente é o principal alicerce que sustenta o processo de apropriação
do conhecimento, enquanto veículo de organização do ambiente educacional, de
orientação das ações dos educandos e de observação da evolução, destes últimos."
A inclusão segundo Cambell, S. (2009, p.193) torna-se viável somente quando por
meio da participação em ações coletivas, os excluídos são capazes de recuperar a
sua dignidade e conseguir acesso à educação, à saúde, aos serviços sociais, à
cultura, ao lazer, etc.
Acompanhando o raciocínio da autora podemos dizer que face ao deficit que estas
crianças enfrentam precisamos de as envolver oferecendo-lhe oportunidades de
realização pessoal e social quer na comunidade local onde habita quer na escola
ou noutros locais onde ela possa esgrimir seus talentos inatos. Estas crianças
escondem talentos que só mais tarde são percetíveis devido ao fraco convívio que
eles têm com aqueles que os rodeiam. Para isso, Campbell, S. (2009) apela que é
necessário mudar a forma de ensinar, tornando mais atraentes os conteúdos a
serem ministrados, não só integrando a realidade mas também transformando-a,
aliando-a aos interesses dos alunos, tornando prazeroso e mais efetivo o ato
educativo. Os professores deverão dar continuidade aos seus estudos,
aprofundando o desenvolvimento profissional, visando estar sempre preparados
para criar novas formas de estruturar o processo de ensino e aprendizagem mais
direcionado às necessidades dos seus alunos.
Batista, C. (2009,p.80) acentuando a importância do professor diz-nos que:
“ …O professor em sala de aula é peça fundamental para que a ação educativa
junto aos alunos com necessidades educacionais especiais tenha margem razoável
de sucesso. Assim, tanto a formação inicial como a formação continuada do
professor em serviço deve englobar conceitos e uma prática pedagógica que criem
as condições para uma prática educativa coerente com o projeto inclusivo”.
Para ampliar os conhecimentos dos estudantes, o primeiro passo é procurar saber
o que o aluno com deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem
de aumentar esses conhecimentos, por isto é importante descobrir como tem sido a
experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando informações
com os pais e antigos professores.
Vislumbra-se ainda hoje nas escolas a dificuldade em ajudar o aluno com
necessidades educativas. Os colegas devem ter ações de sensibilização para
prestar este apoio a quem dele necessite. O apoio ao colega com dificuldade nas
salas de aula e a cooperação são atitudes extremamente úteis que têm sido pouco
utilizadas nas escolas, sempre tão competitivas e despreocupadas com a
construção de valores e de atitudes morais; esta é uma solução natural, que pode
ajudar muitos alunos, desenvolvendo neles o hábito de compartilhar e saber. A
autora segue dizendo que o professor deve incentivar a solidariedade e buscar na
turma colegas dispostos a ajudar o deficiente nas suas necessidades, como por
exemplo, oferecer o braço para guiar o cego. Campbell, S. (2009)
No seu quotidiano, deve ainda o professor organizar as aulas de forma que,
quando necessário, seja possível dedicar um tempo específico para atender às
necessidades específicas de quem é portador de deficiência e deixar claro aos
alunos que manifestações preconceituosas contra o portador de deficiência não
serão toleradas.
Poderá, ainda, segundo a autora verificar-se preconceito, percebido pelo
professor, em relação aos pais, e neste caso deve-se mostrar-lhes nas reuniões o
quanto a turma toda ganha com a presença de alguém portador de deficiência e
procurar desfazer com informações todas as dúvidas, colaborando, dessa forma,
para eliminação do preconceito.
Ninguém nasce com preconceito, e a intolerância é assimilada e fomentada pela
sociedade que, muitas vezes, é resistente quando se trata de lidar com as
diferenças. As crianças só repetem as atitudes dos adultos em relação às pessoas
com deficiências e ao papel que estas desempenham na sociedade.
A Educação Física do novo milénio deve procurar desenvolver em todos os alunos,
desde o jardim de infância até ao final da escolaridade obrigatória,
experiências motoras significativas ajudando a superar seus défices motores.
Para que se ultrapassem estes défices motores será benéfico socorrer-se a dois
pilares básicos utilizados na psicomotricidade.
Segundo, Fonseca, V. (2001) estes dois pilares são diagnóstico e intervenção.
Ao fazer-se um diagnóstico de todas as crianças que entram num determinado
estádio e, se porventura, detetarmos que a criança está aquém do que é exigido a
intervenção deve ser logo feita para procurar atenuar ou corrigir esse
défice.Estes pilares referidos devem utilizar-se sempre que a criança entre
noutro estádio de desenvolvimento.
Foi Piaget, J. (1983) que falou sobre os estádios de desenvolvimento ao abordar
o crescimento da criança, referindo que:
“ Cada estádio é definido por diferentes formas do pensamento. A criança deve
atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de
desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada /
motivada na devida altura não conseguirá superar o atraso do seu
desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que em cada estádio a criança
experiencie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de
prosseguir para o estádio seguinte”.
A evolução da criança cega está sujeita às mesmas leis que a evolução das outras
crianças que veem. As dificuldades manifestam-se na maioria dos casos por um
desfasamento na idade de aparição de certas condutas e pela forma como se produz
a evolução e não pela impossibilidade total de aquisição.
Ochaíta, 1984 cit por Aragón, Mónica, (p.156) afirma que:
“As diferenças evolutivas frequentemente provocam um atraso entre dois e quatro
anos nas crianças com deficiência visual relativamente às crianças que veem,
embora, essas diferenças fiquem equiparadas entre os doze e os quinze anos”.
Para González, E. (1990), a maioria das dificuldades das crianças com
deficiência visual radica na ausência da imitação visual e nas carências
estimuladoras. A criança com deficiência visual pode desenvolver-se como
qualquer aluno que vê embora siga caminhos diferentes na conquista do seu
desenvolvimento.
As crianças portadoras de deficiência visual, segundo a autora Aragón, M.
(2006), ficam diminuídas nas suas possibilidades de movimento o que as limita
para o conhecimento do meio e, assim, as torna mais dependentes que as outras
crianças. Propõe programas de estimulação psicomotora de forma a evitar e
reduzir os possíveis atrasos destas crianças e assim facilitar o seu
desenvolvimento psicomotor. A psicomotricidade dirigida propõe um programa amplo
de atividades de movimento baseadas no jogo que ajudam a desenvolver seu esquema
corporal, espacial e temporal. Perante a falta de visão deve potenciar-se ao
máximo o resto dos sentidos estimulando as sensações cinestésicas, tácteis e
auditivas.
Como refere Escribá e al., 1999, cit. por Aragón, M.(p.158):
“A cegueira origina uma série de distúrbios associados ao conhecimento e
compreensão da realidade. As pessoas que padecem de uma deficiência visual
reduzem bastante a sua atividade motriz o que implica o empobrecimento do
desenvolvimento psicomotor”.
A prática psicomotora com estas crianças é necessária especialmente nas idades
compreendidas entre os quatro e os seis anos. Em primeiro lugar as experiências
de movimento são insubstituíveis para alcançar o resto das aprendizagens e em
segundo porque a criança com deficiência visual depende do seu próprio corpo na
capacidade de orientação, agilidade, coordenação de movimentos e equilíbrio para
ter autonomia própria. (Martinez, 2004)
O profissional de Educação Física deve aplicar os seus ensinamentos respeitando
o desenvolvimento motor.
Para Melhem, A. (2009): O Desenvolvimento motor é a contínua alteração no
comportamento ao longo da vida, realizado pela interação entre as necessidades
da tarefa, a biologia do individuo e as condições do ambiente.
Os alunos portadores de deficiência visual como todas as outras crianças
necessitam, igualmente, de ultrapassar os seus handicaps.
Como nos diz Conde (1981), a discrepância no desenvolvimento geral da criança
cega é mais acentuada na área motora, em função das privações de experiências
motoras dessas crianças. A criança cega apresenta dificuldades no equilíbrio, no
esquema corporal, locomoção, coordenação motora, postura defeituosa, falta de
expressão facial e corporal, lateralidade, falta de resistência tônus muscular
inadequado e falta de autoiniciativa para ação motora. Na área sócio-afetiva,
há a presença do medo e insegurança em ambientes desconhecidos, proporcionando
em alguns casos o isolamento social.
Gonzalez, E. (2007) dá-nos a sua opinião sobre a relação entre a criança
portadora de deficiência visual e a criança que nasce com visão. Diz-nos que o
desenvolvimento sensório-motor é mais rápido quando existe uma estreita relação
entre visão e movimento. Acrescenta que nos primeiros meses de vida, não
aparecem diferenças entre as crianças com visão e sem visão, mas, que
posteriormente começam a existir desigualdades, pois a criança que não pode ver
não costuma gatinhar e isso implica um atraso no seu caminhar. A falta de manejo
das suas mãos implicará, igualmente, que a motricidade fina sofrerá um atraso.
Outro dos problemas apontados que aparece nestas crianças é a estereotipia que
consiste em condutas de balanço corporal e de cabeça, sacudidas violentas e
esfregão dos olhos que segundo Herranz e Rodríguez de la Rubia (1989) se devem
ao facto de a criança não receber informação visual e com esses comportamentos
tentar compensar a falta de estímulos pessoais.
Os atrasos no desenvolvimento motor devem-se fundamentalmente, segundo González
à falta de estimulação visual e às vezes, auditiva e táctil.
Nas crianças com incapacidade visual a orientação e a mobilidade são aspetos
evolutivos que devemos considerar, embora estejam relacionados com o
desenvolvimento motor.
O conceito “orientação é entendido pelo autor como o processo mediante o qual se
estabelecem relações com os objetos de um espaço determinado”. Por “mobilidade
entende que é a capacidade de mover-se no espaço."
A disciplina de educação física é um agente que poderá desempenhar não só esse
aperfeiçoamento na área motora como pode potenciar outros benefícios através da
prática de educação física. Mas para que isto aconteça o professor deve saber
aplicar uma metodologia adequada ao grupo de alunos que constituem a turma.
Vinãspre, P. (2002, p.18) fala-nos da necessidade didática especial das
atividades físico – desportivas que têm como objetivo a aquisição de
competências profissionais que permitam utilizar as ações motrizes e o desporto
como meio de desenvolvimento e educação. Esta especialidade didática procura,
como refere o autor, dar resposta à seguinte pergunta: Como ensinar a educação
física?
Assim, os principais aspetos referidos pelo autor que devem ser tidos em conta
em função da pergunta e que justificam a necessidade de estabelecer uma didática
específica são os seguintes:
-
conhecimentos próprios sobre ensino, programação e avaliação das
aprendizagens;
-
a natureza das atividades;
-
o conjunto de estilos de ensino que o
professor pode adaptar;
-
o caráter lúdico e experimental das ditas atividades;
-
as
múltiplas relações interpessoais que se geram;
-
a complexidade da organização e
controlo da aula
-
e a utilização de grande quantidade de recursos e materiais
didáticos.
Saber gerir todos estes conhecimentos é importante mas crucial será também fazer
uma avaliação das práticas.
Idem, p.38 sobre o conceito de avaliação refere que:
“A avaliação é o conjunto de práticas que servem ao professor de educação física
para determinar o grau de progresso atingido e para poder ajustar, deste modo, a
intervenção didática às características dos alunos”.
O autor sublinha ainda que toda a avaliação deve recolher informação sobre três
aspetos: os alunos, o processo e o professor.
Acrescenta que o objetivo da avaliação é informar e orientar sobre o ritmo da
aprendizagem de cada aluno mediante a valorização dos objetivos atingidos e até
que ponto o foram.
Ao desejarmos que exista inclusão nas aulas de educação física teremos que
pensar numa forma destes alunos participarem no processo de avaliação em
simultâneo com os colegas da turma.
Existe uma modalidade intitulada de goalball que é específica para os alunos
portadores de deficiência visual, mas, que pode muito bem ser integrada no
currículo das escolas de referência e adaptada a toda a turma e ao mesmo tempo
servir para que todos sejam avaliados em simultâneo nesta modalidade. Digamos
que aqui a adaptação não seria para a criança portadora de deficiência visual,
mas para os seus colegas de turma. Estas crianças na realidade sentiriam a
dificuldade que os alunos com deficiência visual sentem.
Assim como, uma criança que não tem habilidade para jogar a bola e é excluído
devido a essa inabilidade pelos colegas que não lhe passam a bola acontece o
mesmo com a criança com deficiência visual, principalmente nos jogos desportivos
coletivos.
Estas crianças merecem sentir-se iguais e nada melhor que implementar nas aulas
de educação física esta medida aproveitando ainda a avaliação para justificar
uma adequada igualdade entre todos.
Melhem, A. (2009,p.118) referindo-se sobre a avaliação e segundo o que os
parâmetros Curriculares do seu país consideram é que:
“A avaliação deve ser algo útil, tanto para o aluno como para o professor, para
que ambos possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do processo de
ensino e de aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo”.
A educação física deve permitir ao aluno portador de deficiência visual que ao
praticar atividades físicas o vejam como um aluno adaptado à sociedade, uma mais
valia para todos aqueles com quem partilha o dia a dia. Estes alunos podem
partilhar com seus colegas suas vivências relativamente à forma como absorvem as
informações nas aulas de educação física e a melhor forma de as ultrapassarem
com a ajuda deles. Havendo interação entre todos existirá um ambiente favorável
para que esta disciplina seja um agregador de motivações para a prática futura
de atividades físicas e desportivas.
Antes de referir os benefícios que a Educação Física promove nos cidadãos com ou
sem necessidades educativas especiais irei salientar uma definição da Educação
Física que os alunos podem aprender nos livros da disciplina em questão. Assim,
Segundo (Batista, P. e al. p.11) “Educação Física é uma disciplina que, através
do movimento, contribui para o desenvolvimento do ser humano”.
“ Para Viñaspre, P. (2002) a educação física refere-se ao estudo das condutas
motrizes suscetíveis de possuir conteúdo educativo; ou seja, aproveita-se o
conteúdo das atividades físicas para educar. O que se procura, em resumo, é o
desenvolvimento integral do indivíduo”.
Melhem, A. (2009,p,93): “A Educação física pelos seus valores, deve ser
compreendida como um dos direitos fundamentais de todas as pessoas…”.
A participação nas aulas de educação física segundo este autor poderá favorecer
a autonomia dos alunos para orientarem suas atividades, regulando o esforço,
traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo distinguir
situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais. Aponta-nos a
possibilidade de vivência de situações de socialização e de desfrutar de
atividades lúdicas, sem caráter utilitário que são essenciais para a saúde e
contribuem para o bem estar coletivo. Salienta, por exemplo, que a mortalidade
por doenças cardiovasculares tem aumentado e que nos principais fatores de risco
encontram-se a vida sedentária e o stress. É de opinião que os conhecimentos
sobre o corpo, seu processo de crescimento e desenvolvimento, que são
construídos concomitantemente com o desenvolvimento de práticas corporais
contribuem para o cultivo de bons hábitos de alimentação, higiene e atividade
corporal e para o desenvolvimento das potencialidades corporais do indivíduo e
permite compreendê-los como direitos humanos fundamentais.
A formação de hábitos de autocuidado e de construção de relações interpessoais
colaboram para que a dimensão da sexualidade seja integrada de maneira prazerosa
e segura. Relativamente à questão do género, as aulas de educação física podem
dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, se observem, se descubram
e possam aprender a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as
diferenças, de forma a não reproduzir esteoriotipadamente relações sociais
autoritárias Melhem, A. (2009)
Os conhecimentos construídos no âmbito da educação física devem possibilitar a
análise crítica de valores sociais tais como padrões de beleza e saúde que se
tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e
discriminação social, e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los,
transmiti-los e impô-los. Alerta que uma discussão sobre a ética do desporto
profissional, sobre a discriminação sexual e racial que existe nele, entre
outras coisas, pode favorecer a consideração da estética do ponto de vista do
bem estar, as posturas não consumistas, não preconceituosas, não
discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática.
Acentua o papel dos jogos, pois, ao interagirem com os adversários, os alunos
podem desenvolver o respeito mútuo, participando de forma leal e não violenta.
Ao confrontarem-se com o resultado de um jogo e com a presença de um árbitro
permitem a vivencia e o desenvolvimento da capacidade de julgamento e de justiça
(e de injustiça). Principalmente nos jogos, em que é fundamental que trabalhe em
equipa, a solidariedade pode ser exercida e valorizada. Em relação à postura
frente ao adversário podem desenvolver-se atitudes de solidariedade e dignidade,
nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é capaz de não provocar e humilhar,
e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros sem se sentir humilhado.
Mercedes, R. (2006) refere-nos que o jogo promove o desenvolvimento das
capacidades físicas e motoras, assim como, é também uma prática que intromete a
criança ao mundo dos valores e atitudes: o respeito pelas diferenças, pelas
regras, o espírito de equipa, a cooperação e a superação. Revela-nos, ainda que
o jogo é um instrumento transcendental de aprendizagem que o professor deve
aproveitar como um recurso para incidir profundamente na formação integral do
indivíduo.
Rodríguez, F. y al (2003). Os autores pensam que a área da educação física
sempre motivante para os alunos e alunas desempenha um papel importante no
desenvolvimento do currículo de temas transversais e especialmente na educação
de valores, pois, através dos jogos, música, danças, dramatização e expressão
corporal, as crianças alcançam de forma lúdica diversas aprendizagens e
desenvolvem diversas atitudes.
A educação física no pensamento do autor é fator chave no processo de
socialização da pessoa e contribui na sua qualidade vida.
O conhecimento do corpo, o domínio da ação motora no espaço e o envolvimento de
todos nas relações afetivas que se estabelecem ajudam nesse processo.
Turpin, J y Llorca, C. (2004, p.51) dizem-nos que os objetivos que a Educação
física em geral pretende atingir são:
-
Um corpo são e equilibrado;
-
Uma atitude para a ação;
-
Valores morais, dotando a pessoa de capacidade para conseguir um equilíbrio
psicobiológico e uma motivação para o exercício físico.
Vários autores enumeraram os benefícios e motivos da prática desportiva em
pessoas com cegueira ou deficiência visual.
Checa, J. (2000,p.191) diz-nos que a área da educação física contribui na
consecução de aspetos formativos fundamentais para o desenvolvimento do
aluno(a), a saber:
-
Autonomia pessoal: para que domine o espaço que o rodeia e o movimento; terá
que valer-se do desenvolvimento das suas capacidades percetivas e aprender a
explorar;
-
Auto estima: facilitando ao aluno a vivência da sua própria progressão,
aceitação das suas próprias limitações embora com reforço pelos seus próprios
progressos. Não se pode negar que as pessoas portadoras de cegueira não possam
participar na totalidade de jogos/desportos, mas também não se deve persistir
nessa atitude. Deve propor-se atividades que ofereçam a oportunidade de
participar em igualdade de condições e ao mesmo que os colegas que veem para que
desfrutem com eles.
-
Relação social: A turma de educação física é um contexto educativo adequado
para a comunicação e expressão de sentimentos. Assim, por exemplo, será muito
importante ao aluno confiança e segurança. Será importante transmitir-lhe que o
professor domina o espaço que não vê, que controla esse risco.
Winnick, J. (2004) referindo – se ao papel da educação física diz-nos que os
alunos portadores de deficiência visual têm a mesma necessidade de se movimentar
e podem obter prazer a partir do movimento. Assim a habilidade e o amor ao
movimento podem ser desenvolvidos por meio de uma participação ativa na educação
física. Os desportos, jogos e atividades também devem ser apresentados aos
alunos portadores de deficiência visual. Devem ser enfatizadas atividades para a
vida toda como corrida, ciclismo, goalball, luta, judo e natação.
Como qualquer cidadão os alunos portadores de deficiência visual necessitam de
continuar a exercitar-se pela vida fora e por isso será vantajoso criar um
vínculo a partir da escola para que jamais deixem de participar em atividades
propostas pela escola ou pela comunidade reforçando assim a sua inclusão.
A família tem um papel importante neste vínculo, pois, ao permitir que os seus
filhos participem nas atividades do desporto escolar ou noutras atividades
extraescolares contribuirão sempre para a melhoria da sua condição física,
autoestima, cooperação e para a sua autonomia… Grau, M. y Prat, S. (2003) referindo-se ao desporto extra escolar que é
realizado fora do horário escolar as crianças passam bastante tempo com
treinadores, monitores ou animadores desportivos e em função dos objetivos, delineados por estes técnicos e a partir do seu próprio caráter e personalidade
se transmitem atitudes e valores que podem favorecer o desenvolvimento moral da
criança. Na oferta desportiva devem ter-se em conta as suas
limitações/potencialidades individuais e devem ir de encontro ao desejo do
praticante valorizando seus progressos.
Devem conceber-se atividades educativas, lúdicas e nunca seletivas para não
criar exclusão.
Linares (1994) cit. por Turpin, J. y Llorca, C. (2004) dizem-nos que o desporto
para as pessoas que apresentam algum tipo de deficiência é um fator
indispensável que lhes permite conseguir a readaptação física e psicológica, o
domínio da sua incapacidade e a inclusão social. Portanto, a participação destas
pessoas em jogos e desportos adaptados, proporciona a oportunidade de serem
fisicamente aptos, serem mais ativos, aprender atividades de ócio e tempo livre
e realizarem experiências positivas de índole social.
Ainda hoje, como profissionais de educação física, deparamo-nos com o que
refere, Sonia, A. (2003) sobre a complexa tarefa de compatibilizar os interesses
gerais da turma com o das crianças que apresentam necessidades especiais,
atendendo às suas características individuais.
A maioria das pessoas podem beneficiar da prática regular da atividade física.
Várias são as razões que desanimam as pessoas, por vezes, para iniciar uma
atividade física. Ou alegam que já são crescidos outros que a sua condição
física é demasiado fraca para a tentar recuperar, ou porque são obesos ou porque
sofrem de diabetes.
A atividade física é essencial para a manutenção e melhoria da saúde e na
prevenção de doenças, para todas as pessoas em qualquer idade. A atividade
física contribui no prolongamento da vida melhorando sua qualidade, através de
benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais, já avaliados em investigações
científicas é o que referem Vásquez, P. y Márquez, A. (2007, p.87).
-
Benefícios Psicológicos – Melhora a qualidade de vida e bem estar
psicológico, aumenta o estado de ânimo, melhora o autoconceito, contribui para
atingir uma saúde mental adequada, facilita no combate aos agentes causadores do
stress, possibilita reduzir a ansiedade, alivia os estados de depressão e ajuda
a desenvolver a inteligência.
-
Benefícios Sociais - Facilita a capacidade de socialização, ajuda a evitar
condutas inadaptadas e antissociais, combate o problema da drogo dependência,
pode ajudar a conservar o património cultural (desportos tradicionais), promove
hábitos positivos face ao ócio.
-
Valores Educativos – Promove o desportivismo e o jogo limpo, promove o espírito
de solidariedade, facilita a dimensão do respeito, Torna-nos mais responsáveis,
salienta a cultura do esforço, aumenta o espírito de superação, trabalha o
autocontrolo, promove a auto disciplina.
Como refere Pradillo, J. (2007,p.94) na atualidade a promoção de estilos de vida
ativa não deve passar só por fazer atividade física nas aulas de educação
física, mas, em realizá-la fora das aulas regulares. Um dos reptos da educação
física é justamente prolongar o efeito das aprendizagens e experiências no
ambiente extra-escolar e na vida da comunidade. Embora esta complexa tarefa
exceda a responsabilidade docente, os professores de educação física devem fazer
esforços para que esta disciplina não se converta somente ao reduto escolar e
portanto deve promover-se a prática regular de atividade física.
Neste sentido é importante que a comunidade educativa seja implicada de forma a
converter a escola em um centro promotor de saúde.
Assim seria uma forma de promover contínuas estratégias para que haja uma maior
consciência dos benefícios da atividade física e aumentar as possibilidades
reais de prática, fomentando conexões com associações, clubes ou outro tipo de
redes comunitárias relacionadas com a atividade física.
Pérez-Samaniego, V. cit. por Castillo, M. (2005, p.16) aponta-nos numa tabela
os efeitos da atividade física, das quais enumerarei apenas os seus benefícios.
Principais efeitos da prática da Atividade Física na Saúde
Efeitos
|
Benefícios
|
Físicos
|
Melhoria do funcionamento dos
diferentes sistemas do corpo; Prevenção e tratamento de doenças
crónico - degenerativas; Regulação de diferentes funções do
corpo (sono, apetite sexual).
|
Psicológicos
|
Prevenção e tratamento de
alterações psicológicas; Estado psicológico de bem-estar;
Senso de competência; Relaxamento;
Distração, evasão e forma de expressão
das emoções; Meio de aumentar o autocontrolo.
|
Sociais
|
Desempenho académico;
Mobilidade social; Construção do caráter.
|
|
|
O autor refere os efeitos positivos da prática da atividade física, assim como,
salienta os efeitos negativos pela falta da atividade física, fornecidos por
Bouchards y Cols, 1990;1994;D´Amours,1988; Heyward, 1996; Ortega y Cols, 1992;
Serra y Cols, 1996).
Efeitos positivos da Atividade Física:
Aumento do consumo de oxigénio; redução da frequência cardíaca a um consumo de
O2 dado; maior eficiência do músculo cardíaco; vascularização do miocárdio
melhorada; tendências favoráveis na incidência da mortalidade cardíaca; aumento
dos capilares do músculo-esquelético; aumento da atividade das enzimas aeróbicos
do músculo-esquelético; diminuição da produção de lactato a uma percentagem dada
do consumo de oxigénio; melhor utilização dos ácidos gordos livres durante o
exercício de economia de glicogénio; melhoria da resistência; aumento do
metabolismo, resultando daí benefícios do ponto de vista nutricional; combate à
obesidade; aumenta a massa magra; melhora a estrutura e função do sistema
articular; aumenta a força muscular; aumenta a libertação de endorfinas; melhora
a tolerância ao calor; neutraliza a osteoporose e pode normalizar a tolerância à
glicose;
Efeitos negativos por Falta da Atividade Física:
Distúrbios reguladores do sistema cardiovascular; algumas formas graves de
hipertensão; arteriosclerose; insuficiência coronária e enfarte do miocárdio;
obesidade; alterações posturais com repercussões ósseas, ligamentos e musculares
da coluna e algumas alterações por debilidade funcional prematura. Podemos,
então, afirmar que a atividade física promove grandes benefícios para a nossa
saúde.
Ao falarmos dos efeitos da atividade física na saúde faz sentido referir o seu
conceito. Assim segundo a Organização Mundial da Saúde cit. por Weineck, J.
(1941,p.20) saúde define-se como:“ Um estado de amplo bem estar físico, mental e
social e não somente a ausência de doenças e fraquezas”.
Se o professor de educação física conseguir motivar todos os alunos nas suas
aulas para a prática da atividade física e desportiva estará a contribuir,
porventura, com grande êxito para que os alunos logo que terminem os estudos
possam vir a ser desportistas e assim desfrutar dos inúmeros benefícios que a
prática da atividade física contempla.
Após a Declaração de Salamanca, iniciou-se uma verdadeira mudança nas escolas no
que se refere ao atendimento das crianças com necessidades educativas especiais.
A escola inclusiva ou escola para todos facultou um melhor atendimento a muitas
crianças que estavam desprovidas dele.
As escolas devem estar preparadas para receberem toda a diversidade de crianças
e quando digo toda refiro-me, particularmente, aquelas crianças que não
conseguem acompanhar o currículo normal, devido às suas dificuldades. Estas
crianças precisam de um sistema de ensino equitativo, que potencie a igualdade
de oportunidades, que os respeitem nas suas diferenças, de forma, que a exclusão
não se manifeste. Para isso é necessário adaptações no currículo. No seu sentido
mais amplo as adaptações curriculares são: “Estratégias metodológicas que os
docentes deverão empregar como vias ou medidas específicas de atenção à
diversidade no processo ensino -aprendizagem e dirigem-se aqueles alunos ou
grupo de alunos, que apresentam diversos tipos de dificuldades no seu processo
educativo”. (Martinez, J.1998, p.23).
Para que os alunos obtenham sucesso nas escolas será preciso que se verifiquem
nestas algumas mudanças, tais como: instalações, currículo, pedagogia,
organização escolar, na avaliação, entre outras.
Uma atividade física adequada traz grandes benefícios às pessoas com saúde e
ainda maiores às pessoas com certas limitações.
A atividade física pode por um lado ajudar as deficiências físicas e por outro
lado fazer com que estas pessoas se sintam mais seguras de si mesmas e capazes
de realizar as mesmas coisas que os outros, mas com certas preocupações Sempre que seja possível os alunos com necessidades educativas devem participar
nas aulas de educação física com a maior normalidade possível e aí em cada caso
devem adaptar-se, limitar ou diminuir as atividades que impliquem maior risco e
aconselhar e potenciar as atividades que tragam maiores benefícios.
Na atualidade, os alunos portadores de deficiência nem sempre realizam as
atividades físicas conjuntamente com os colegas não existindo a inclusão, mas, a
proposta caminha para uma inclusão real de todos os alunos de forma a serem
participativos e ativos nesse processo de inclusão.
Garrido, L. (1994) cit. por Martinez, J. (1998) apresenta algumas sugestões
comuns e específicas para o professor de educação física relativamente aos
grupos de alunos com necessidades educativas. Para todos os grupos sugere que:
-
Deve criar-se um clima adequado de aceitação e uma agradável e amistosa
convivência;
-
Fundamental que eles adquiram uma perceção mais fiel possível de si mesmos e a
partir deste conhecimento que elaborem uma correta representação do mundo que os
rodeia;
-
É vantajoso fazer com que se aceitem como condição prévia para adquirir um
equilíbrio emocional, afetivo e social adequado;
-
Convém desenvolver atitudes positivas de relaxamento pois acumulam
habitualmente, maior tensão e conflito que os restantes alunos;
-
É necessário insistir para que cada aluno, dentro de seus limites consiga um
maior grau de independência e autonomia possível de forma que haja uma
transferência útil para a sua vida diária;
-
Apesar de existir grandes dificuldades para a intervenção plena de atividades
que se proponham, com os jogos poderão conseguir-se sempre atitudes positivas
como: cooperação e aceitação de normas, etc.
Relativamente às sugestões específicas o autor refere que um dos maiores
problemas que estes alunos têm é a perceção, estruturação e organização do
espaço, assim como dos objetos que se situam nele. Teremos que os ajudar e
proporcionar-lhes que conheçam e dominem tactilmente esse espaço para que possam
elaborar uma representação correta destes conceitos. Não possuem um adequado
controle dinâmico do próprio corpo devido à insegurança que a falta de visão
produz. Para determinados exercícios é necessário que um companheiro ou o
próprio professor o guiem verbalmente ou o conduzam pela mão.
Outro dos grandes problemas é que não podem ver as formas expressivas corporais,
não têm um modelo de referência e terão sérias dificuldades na hora de executar
gestos da vida diária como na prática de jogos ou desportos. Será necessário
treiná-los partindo da perceção táctil, a execução de gestos de maneira
analítica e sequenciada e pouco a pouco passando para a execução global.
Estas crianças podem participar em mais tarefas, jogos e desportos do que em
principio possa pensar-se.
Winnick, J. (2004,p.186) está de acordo com esta opinião quando refere o
seguinte:
“Ao lecionar educação física a um aluno portador de deficiência visual, não se
esqueça de que ele consegue fazer várias das mesmas atividades físicas que os
seus colegas que veem”
No entanto, será muito importante que conheçam o espaço em que se vai desenrolar
o jogo valendo-se do tato e do ouvido. Utilizar-se-ão sinais sonoros para
transmitir instruções e os orientar em relação à sua própria situação e se for
preciso guiá-los com a mão. Pode facilitar-se a participação do jogo utilizando
bolas ou balões sonoros.
Sobre a sua própria segurança realça treiná-los para que conheçam os itinerários
que costumam frequentar. Será de especial interesse trabalhar o relaxamento que
contribuirá para combater a hipertrofia muscular destas crianças/jovens que
desenvolvem com frequência como consequência do medo do desconhecido, dos golpes
e das caídas.
Hernandéz, M. (2003) aponta-nos algumas dificuldades dos alunos portadores de
deficiência visual que reforçam a linha de pensamento do autor anterior que
também deveremos ter em conta e que nos dizem que estes alunos apresentam medo
de falhar, do desconhecido, medo que não o guiem bem, de se desorientarem e ou
de se perderem, de caírem e medo dos espaços abertos. Teremos que ter em conta
estas dificuldades ou pode afetar seriamente o desejo de aprender e ou
participar. Assim, existe a necessidade de superar esta insegurança aumentando a
sua motivação em participar das sessões. Com estes alunos teremos de ter em
atenção, várias preocupações, das quais:
Desenvolver as capacidades tácteis, cinestésicas e auditivas, como estratégia de
substituição da informação visual e como meio para potenciar o desenvolvimento
da motricidade e da orientação; maior informação para compensar o défice visual;
prática física regular e de controlo do peso corporal;
dificuldade na aquisição das habilidades motrizes básicas: deslocamentos,
saltos, controlo e manuseamento de objetos; dificuldade em mostrar
espontaneidade no jogo;
Para ajudar os alunos na sua inclusão, os professores de apoio têm hoje um papel
preponderante a desempenhar que é diferente daquele que se praticava em turmas
do ensino especial e na qual os alunos eram retirados da sala regular durante
todo o tempo e para uma sala separada.
Winnick, J. (2004) apresenta alguns exemplos de sistemas de apoio de forma a
oferecer educação física a alunos portadores de deficiência visual. Assim,
aponta-nos vários, a saber: Os colegas tutores ou voluntários treinados para
ajudar a oferecer comandos cinestésicos e auditivos para estes alunos;
equipamento especializado, como bolas sonoras ou campainhas; serviço de um
professor assistente, instrutor de orientação e mobilidade, fisioterapeuta ou
especialista em baixa visão, caso esse profissional seja necessário para incluir
um aluno portador de deficiências múltiplas (inclusive deficiência visual) na
educação física.
Bautista, R. (1997) salienta que a principal tarefa consistirá em proporcionar a
estes alunos o reforço pedagógico necessário para concluírem com êxito o seu
processo educativo. Este trabalho poderá ser exercido dentro e /ou fora da sala
de aula, diretamente com o aluno, com o professor e /ou com ambos. Destaca as
seguintes funções do professor de apoio:
A elaboração de programas gerais, adaptados ao desenvolvimento individual e
necessário para o correto atendimento dos alunos que o necessitem; o seguimento
desses programas com cada um dos alunos; o pôr em prática aspetos concretos dos
programas que requeiram uma atenção individualizada ou em pequeno grupo dentro
ou fora da sala; a orientação dos professores do ensino regular responsáveis
pelos alunos, no que se refere ao atendimento educativo concreto desses alunos
com N. E. E; a elaboração do material didático; a colaboração com o professor –
tutor nas reuniões de orientação dos pais, com vista a seguir uma participação
ativa no processo educativo dos filhos.
Servir de elo e elemento coordenador entre as Equipas de Apoio do setor e da
escola.
Após ter destacado as funções do professor de apoio, cabe falar do papel do
professor do ensino especial. Segundo Silveira, M. (2005, p.31) pode referir-se
que:
“ O professor especializado intervém como mediador de aprendizagem, promovendo
atendimento grupal ou individual, utilizando recursos instrucionais de acordo
com as necessidades de cada educando. Desenvolverá programas que favoreçam as
funções cognitivas indispensáveis ao êxito académico dos educandos com
dificuldade de aprendizagem.” Tem, igualmente, especial relevo falar de Educação
Especial quando se destacam os seus atores.
(Idem, p.30) diz-nos que a Educação Especial é: “Uma modalidade de ensino que
visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas com necessidades
especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes
níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e
práticos, compatíveis com as necessidades específicas dos seus alunos”.
Toda esta massa humana que trabalha diariamente nas escolas com o propósito
comum de poderem contribuir para o sucesso das aprendizagens de todas as
crianças necessita que as estruturas educativas disponham dos meios para que
haja contínua evolução.
As reuniões entre professores de educação física, professores de apoio, de
ensino especial, professores de Braille, pais e órgãos executivos devem merecer
destaque para que haja a responsabilidade de manter uma educação atualizada onde
a palavra inclusão seja o elo de ligação.
Devem ser definidas e comunicadas as atividades físicas que estes alunos podem
fazer nas aulas de educação física, quais as que carecem de apoio do professor
de educação física do professor de apoio, quer do acompanhamento de técnicos de
orientação e mobilidade de forma que estes alunos não se sintam isolados da
turma.
As Adequações no Processo de Ensino e de Aprendizagem prevê medidas educativas a
implementarem segundo o artigo 16.º do Decreto – Lei n.º 3/2008, de 7 de
janeiro. Assim, estes alunos têm as seguintes medidas:
a) Apoio pedagógico personalizado: reforço das estratégias utilizadas no grupo
ou turma aos níveis da organização, do espaço e das atividades; estímulo e
reforço das competências e aptidões envolvidas na aprendizagem; antecipação e
reforço da aprendizagem de conteúdos lecionados no seio do grupo ou da turma;
reforço e desenvolvimento de competências específicas.
b) Adequações curriculares individuais: introdução de áreas curriculares
específicas que não façam parte da estrutura curricular comum, nomeadamente
leitura e escrita em Braille, orientação e mobilidade, treino de visão e a
atividade motora adaptada, entre outras. Introdução de objetivos e conteúdos
intermédios em função das competências terminais e do ciclo ou de curso, das
características de aprendizagem e dificuldades específicas os alunos; Dispensas
das atividades que se revelem de difícil execução em função da incapacidade do
aluno.
c) Adequações no processo de matrícula: Possibilidade de a efetuar na escola
adequada, independentemente do local de residência do aluno; Matrícula por
disciplinas;
d) Adequações no processo de avaliação: Alteração do tipo de provas, dos
instrumentos de avaliação e certificação, bem como das condições de avaliação
(formas e meios de comunicação, periodicidade, duração e local).
e) Currículo Específico individual: Substituição das competências definidas para
cada nível de educação e ensino; Pressupõe alterações significativas no
currículo comum, podendo as mesmas traduzir-se na introdução, substituição e ou
eliminação de objetivos e conteúdos, em função do nível de funcionalidade da
criança ou do jovem; Inclui conteúdos conducentes à autonomia pessoal e social
do aluno e dá prioridade ao desenvolvimento de atividades de cariz funcional
centrados nos contextos da vida, à comunicação e à organização do processo de
transição para a vida pós-escolar;
f) Tecnologias de apoio: Dispositivos facilitadores que se destinam a melhorarem
a funcionalidade e a reduzir a incapacidade do aluno, permitindo o desempenho de
atividades e a participação nos domínios da aprendizagem e da vida profissional
e social.
O mesmo currículo - adequado ao desenvolvimento e individualizado – utilizado
por todos os alunos da educação física pode ser adotado para suprir as
necessidades de um aluno com deficiência visual e possibilitar a sua inclusão.
Salientamos que os currículos inadequados ao desenvolvimento como os que
enfatizam os desportos competitivos e estão voltados apenas para o momento do
jogo, dando preferência à “elite motora”, não podem ser adaptados facilmente de
modo a incluir os alunos portadores de deficiência visual.
Modelo de Adequação Curricular
Disciplina: Orientação e
Mobilidade


Modelo de Adequações Curriculares à Disciplina de Educação Física



Estes modelos são utilizados pelos professores de educação física e servem como
guia mas devem sofrer ajustamentos sempre que haja evolução do aluno.
Neste modelo podemos verificar que as modalidades que os alunos portadores de
deficiência visual praticam são: Ginástica, Atletismo, Voleibol, Basquetebol,
Futebol e Dança.
Existem outras modalidades que não estão referenciadas neste modelo, mas que os
alunos devem praticar, tais como, goalball, judo, atividades aquáticas entre
outras.
Souza, M. (2007) enumera algumas atividades usadas pelos alunos portadores de
deficiência visual.
“Há algumas atividades comumente praticadas pelos deficientes visuais como:
natação, judo, musculação, dança, recreação, atletismo, futebol, futebol de
salão, xadrez, além de thorball e o goalball (modalidades desportivas que foram
inventadas e desenvolvidas especificamente para pessoas portadoras de
necessidades visuais especiais) ”.
Seria benéfico que os nossos alunos portadores de deficiência visual praticassem
outras atividades físicas ou modalidades desportivas como acontece noutros
países, neste caso, no Brasil como supracitado. Para além de tomar conhecimento
de outra modalidade o seu reportório motor melhorará.
Existe uma lacuna nos nossos manuais de educação física ao não se debruçarem
sobre a inclusão e, neste caso, não referirem qualquer modalidade ou atividade
adaptada a estes alunos. Não existe em Portugal nos manuais da disciplina
qualquer jogo para alunos portadores de deficiência ou referência a qualquer
modalidade adaptada.
Carece de refletir sobre este assunto, uma vez que seria uma ajuda importante
para que o professor de educação física se pudesse orientar. A bibliografia
existente no nosso país também é rara nesta matéria.
A evolução dos nossos alunos portadores de deficiência visual depende do que
conseguirmos realizar para eles.
Todos os pequenos progressos que pudermos concretizar serão para eles várias as
oportunidades que terão na sua vida para realizarem as suas ambições e ajudarem,
no futuro, quem acreditou neles e por eles sofre.
A importância da Educação Física no currículo dos alunos é fundamental em vários
aspetos: quer pela sua interdisciplinaridade, pelo desenvolvimento motor,
importância da socialização… Claro que pode tornar-se tão ou mais importante que as outras disciplinas
consoante a preponderância dos profissionais que lidam com ela no seu
quotidiano.
Rosadas, Sidney de Carvalho, cit. por Oliveira J. (2008) diz-nos que:
“A atividade física para o deficiente visual deve basear-se no processo de
desenvolvimento do ser humano, tendo em vista a identificação das necessidades e
potencialidades de cada individuo, respeitando sempre o espaço físico, recursos
materiais e modificações das regras."
No primeiro Ciclo do Ensino Básico, a Educação Física é designada por Expressão
e Educação Físico Motora. Esta constitui matéria curricular obrigatória. Como
área do currículo contribui para o desenvolvimento global da criança e, em
particular, na aquisição de destrezas motoras, hábitos e atitudes indispensáveis
para uma vida ativa e participada.
O programa está organizado em vários blocos, possuindo cada um deles
características diferenciadoras, mas na sua totalidade integram as aquisições
básicas desta etapa de desenvolvimento. Ela está dividida nos seguintes blocos:
-
Bloco de Deslocamentos Equilíbrios - Este bloco refere-se a ações de
transladar;
-
Perícia e Manipulações - Estes blocos apelam para o domínio de atividades com
objetos portáteis e manipuláveis.
-
Jogos - Este bloco parte das aprendizagens dos jogos infantis e evolui
progressivamente para jogos formais (futebol, voleibol, etc.) que são exigidos
mais tarde.
-
Ginástica - O bloco de ginástica dá seguimento ao iniciado nos Deslocamentos e
Equilíbrios e avança para novas habilidades gímnicas.
-
Atividades Rítmicas Expressivas - Este bloco coloca à prova a exercitação de
ações/habilidades cujo objetivo está na representação (individual ou em grupo)
de ideias, sentimentos, expressa numa dinâmica estruturada espácio e
temporalmente em conformidade com o motivo.
-
Percursos na Natureza - Neste bloco encontrámos aprendizagens que relacionam a
integração das habilidades motoras com preocupações de caráter ambiental. Os
alunos têm oportunidade de exercitar as habilidades aprendidas em contexto
diferente, o que estimula a descoberta e possibilita o desenvolvimento do
sentido de orientação.
-
Natação - A natação é uma atividade de grande interesse pedagógico porque se
trata de iniciar as aprendizagens no meio aquático e de apetrechar o aluno com
um significativo equipamento motor e cultural.
Analisando os programas de Educação Física do segundo ciclo pode referir-se que
nesta disciplina existem Competências por Área e Competências Comuns a todas as
Áreas. Nas Competências por Área temos as Matérias nucleares e as Matérias
alternativas nas quais constam:
a) Jogos – Realizam-se jogos formais… b) Jogos desportivos coletivos - Dos jogos fazem parte o Andebol, Basquetebol,
Futebol e Voleibol. c) Ginástica - Da ginástica faz parte destrezas de Solo, Aparelhos, Rítmica e
Acrobática d) Atletismo - No Atletismo realiza Corridas, Saltos e Lançamentos; e) Raquetas - Badmington e Ténis de Mesa f) Combate – Luta e Judo. g) Patinagem – Fazem parte Patinagem Artística, Hóquei e Corridas. h) Atividades Rítmicas Expressivas – Dança; i) Percursos na Natureza - Fazem partem Orientação, Montanhismo, Vela, Canoagem,
etc.
As matérias Alternativas comportam: Corfebol, Hóquei em Campo, Râguebi,
Raquetas, Tiro com Arco, Natação, Combate (Judo), Jogos Tradicionais populares
(jogo do pau português), Atividades de exploração da natureza (campismo,
pioneirismo, canoagem, ciclocrosse/cicloturismo, montanhismo, prancha à vela e
vela.
O conteúdo de cada uma das matérias encontra-se especificado em três
níveis:
-
Introdução, onde se incluem as habilidades, técnicas e conhecimentos que
representam a aptidão específica ou preparação de base;
-
Elementar, nível em que discriminam os conteúdos que representam o domínio da
matéria nos seus elementos principais e já com caráter mais formal,
relativamente aos modelos de prática e organização da atividade referente;
-
Avançado, que estabelece os conteúdos e formas de participação nas situações
típicas da atividade referente, correspondente ao nível superior que poderáser
atingido no âmbito da disciplina de Educação Física.
Nas Competências Comuns a todas as Áreas os alunos devem:
-
Participar ativamente em todas as situações e procurar o êxito pessoal e do
grupo;
-
Relacionando-se com cordialidade e respeito pelos seus companheiros, quer no
papel de parceiros quer no de adversários.
-
Aceitando o apoio dos companheiros nos esforços de aperfeiçoamento próprio,
bem como as opções do (s) outro (s)e as dificuldades reveladas por eles.
-
Cooperando nas situações de aprendizagem e de organização, escolhendo as ações
favoráveis ao êxito, segurança e bom ambiente relacional, na atividade da turma.
-
Conhecer os processos fundamentais das adaptações morfológicas, funcionais e
psicológicas, que lhe permitem compreender os diversos fatores da Aptidão
Física;
-
Elevar o nível funcional das capacidades funcionais e coordenativas gerais
básicas, particularmente da Resistência Geral e de Longa Duração; da Força
Rápida; da Velocidade de Reação Simples e Complexa, de Execução, de Frequência
de Movimentos e de Deslocamento; da Flexibilidade; da Força Resistente (esforços
localizados) e das Destrezas Geral e Direcionada.
-
Analisar e interpretar a realização das atividades físicas selecionadas,
aplicando os conhecimentos sobre:
-
Técnica/tática/regulamento e organização.
-
Conhecer e interpretar os fatores de saúde e de risco.
-
Aplicar regras de higiene e segurança.
-
Preservação dos recursos materiais.
A Educação Física enquanto área curricular no terceiro ciclo, salienta
Competências por Área. Assim temos as Matérias nucleares e as Matérias
alternativas nas quais constam:
-
a) Jogos – Realizam-se jogos formais…
-
b) Jogos desportivos colectivos - Dos jogos fazem parte o Andebol, Basquetebol,
Futebol e Voleibol.
-
c) Ginástica - Da ginástica faz parte destrezas de Solo, Aparelhos, Rítmica e
Acrobática
-
d) Atletismo - No Atletismo realizam Corridas, Saltos e Lançamentos;
-
e) Raquetas - Badmínton e Ténis de Mesa
-
f) Combate – Luta e Judo.
-
g) Patinagem – Fazem parte Patinagem Artística, Hóquei e Corridas.
-
h) Atividades Rítmicas Expressivas – Dança;
-
i) Percursos na Natureza - Fazem partem Orientação, Montanhismo, Vela, Canoagem,
etc.
As matérias Alternativas comportam: Corfebol, Hóquei em Campo, Râguebi,
Raquetas, Tiro com Arco, Natação, Combate (Judo), Jogos Tradicionais populares
(jogo do pau português), Atividades de exploração da natureza (campismo,
pioneirismo, canoagem, ciclocrosse/cicloturismo, montanhismo, prancha à vela e
vela. O conteúdo de cada uma das matérias encontra-se especificado em três
níveis: Introdução, onde se incluem as habilidades, técnicas e conhecimentos que
representam a aptidão específica ou preparação de base; Elementar, nível em que
discriminam os conteúdos que representam o domínio da matéria nos seus elementos
principais e já com caráter mais formal, relativamente aos modelos de prática e
organização da atividade referente; Avançado, que estabelece os conteúdos e
formas de participação nas situações típicas da atividade referente,
correspondente ao nível superior que poderá ser atingido no âmbito da disciplina
de Educação Física.
Nas Competências Comuns a todas as Áreas os alunos devem:
-
Participar ativamente em todas as situações e procurar o êxito pessoal e do
grupo;
-
Relacionando-se com cordialidade e respeito pelos seus companheiros, quer no
papel de parceiros quer no de adversários.
-
Aceitando o apoio dos companheiros nos esforços de aperfeiçoamento próprio,
bem como as opções do (s) outro (s) e as dificuldades reveladas por eles.
-
Cooperando nas situações de aprendizagem e de organização, escolhendo as ações
favoráveis ao êxito, segurança e bom ambiente relacional, na atividade da turma.
-
Interessando-se e apoiando os esforços dos companheiros com oportunidade,
promovendo a entreajuda para favorecer o aperfeiçoamento e satisfação própria e
do (s) outro (s).
-
Apresentando iniciativas e propostas pessoais de desenvolvimento da atividade
individual e ou de grupo, considerando também as que são apresentadas pelos
companheiros com interesse e objetividade.
-
Assumindo compromissos e responsabilidades de organização e preparação das
atividades individuais e ou de grupo, cumprindo com empenho e brio as tarefas
inerentes.
-
Analisar e interpretar a realização das atividades físicas selecionadas,
aplicando os conhecimentos sobre:
-
Técnica/tática/regulamento e organização.
-
Conhecer e interpretar os fatores de saúde e de risco.
-
Aplicar regras de higiene e segurança.
-
Preservação dos recursos materiais.
-
Interpretar crítica e corretamente os acontecimentos na esfera da Cultura
Física, compreendendo as atividades físicas e as condições da sua prática e
aperfeiçoamento como elementos de elevação cultural dos praticantes e da
comunidade em geral.
-
Identificar e interpretar os fenómenos da industrialização, urbanismo e
poluição como fatores limitativos da Aptidão Física das populações e das
possibilidades de prática das modalidades da cultura Física.
-
Elevar o nível funcional das capacidades funcionais e coordenativas gerais
básicas, particularmente da Resistência Geral e de Longa Duração; da Força
Rápida; da Velocidade de Reação Simples e Complexa, de Execução, de Frequência
de Movimentos e de Deslocamento; da Flexibilidade; da Força Resistente (esforços localizados) e das
Destrezas Geral e Direcionada.
-
Conhecer e aplicar diversos processos de elevação e manutenção da Condição
Física de uma forma autónoma no seu quotidiano.
-
Conhecer e interpretar fatores de saúde e risco associados à prática das
atividades físicas e aplicar regras de higiene e de segurança.
Resumindo, globalmente o percurso do currículo de educação física segundo
Vinãspre (2002, p.18) está orientado da seguinte forma: durante a primeira etapa
escolar entre os seis e os nove anos os objetivos da preparação desportiva
limitam-se ao desenvolvimento das capacidades de coordenação dos alunos através
de jogos.
Entre os dez e os doze podem começar a ensinar as técnicas de uma ou duas
modalidades desportivas, ao mesmo tempo que se realizam exercícios especiais
para desenvolver as capacidades requeridas por cada uma delas.No entanto a
atividade competitiva limita-se ao jogo esporádico.
A partir dos 13 anos e até aos dezasseis aproximadamente a atividade competitiva
já pode ser regular. É esse o momento de aperfeiçoar a prática e de aumentar
progressivamente o desenvolvimento das cargas.
Perante os programas de Educação Física estabelecidos para cada nível de ensino
existem competências que as crianças portadoras de deficiência visual conseguem
realizar sem adaptações ou qualquer modificação. Assim, podem participar nas
aulas em simultâneo com os colegas que veem. Podem, igualmente, fazerem-se
pequenas adaptações sem alterar a natureza do jogo.
Conde, A (1991) refere que as modificações que não alteram a natureza do jogo
são as mais aconselháveis. Sugere desportos e atividades adequadas às crianças
portadoras de deficiência visual.
Em Portugal, por exemplo, face ao nosso currículo estas crianças podem realizar
nas aulas em simultâneo com os colegas que veem:
Natação; Atletismo; Ginástica; Judo; Goalball; Futsal; Basquetebol; Voleibol e
Atividades Rítmicas Expressivas (Dança).
Todas estas atividades têm diferentes benefícios que se devem aproveitar para
que a criança com deficiência visual possa desfrutar da disciplina com seus
colegas aumentando assim suas experiências desportivas.
Quando penso nas crianças portadoras de deficiência visual ao lado dos seus
colegas sem deficiência liderados por um professor de educação física com
inexperiência, um currículo desajustado e escolas sem grandes estruturas físicas
cabe romper com estas lacunas e avançarmos na criação de condições para que no
dia a dia a inclusão seja uma realidade e não uma utopia.
Os profissionais da educação física deverão ter um estágio adequado com as
crianças portadoras de deficiência visual que possibilite adquirirem um conjunto
de experiências que os capacitem a trabalhar com eles.
Nos estágios com a população com necessidades educativas especiais necessita-se
de conhecimentos sobre a deficiência em causa e neste aspeto os profissionais de
educação física saem bem documentados, mas no que se refere à experiência
adquirida no trabalho de inclusão numa turma de educação física existem lacunas
a colmatar, pois a abordagem que se utiliza para os alunos que vêm difere
daquela que se utiliza para os alunos com deficiência, uma vez que estes alunos
não têm um modelo para se orientarem.
Existe todo um trabalho preparatório que é necessário explicar a todos os alunos
da turma na forma como agir com estes colegas com deficiência visual, assim
como, zelar pela segurança, utilização de um colega ou professor como guia ou
não, dar-lhes a conhecer o espaço do jogo e se a atividade tem adaptações ou
não.
Organizar uma aula dinâmica tendo em atenção se todos os alunos participam, se
participam com os seus colegas portadores de deficiência visual e se estes são
aceites ou rejeitados em virtude da sua inabilidade não é certamente tarefa
fácil para um professor com pouca experiência.
Por experiência própria, nos jogos desportivos coletivos os alunos com fraca
aptidão motora participam muito pouco no jogo uma vez que os melhores não lhes
passam a bola.
O egocentrismo está muito latente nas crianças, não sabem perder e o jogo tem de
estar sempre presente, portanto, as crianças com fraca habilidade acabam por
desmotivar-se e o mesmo pode suceder às crianças portadoras de deficiência
visual. Se o passado motor destas crianças foi pouco atrativo e se eles se
desmotivam a disciplina de educação física será bastante monótona.
Winnick, J. (2004) refere que as crianças portadoras de deficiência visual têm a
mesma necessidade de se movimentar e podem obter prazer a partir do movimento,
assim como as outras pessoas. A habilidade e o amor ao movimento podem ser
desenvolvidos por meio de uma participação ativa na educação física. Afirma,
ainda, que os desportos, jogos e atividades também devem ser apresentados aos
alunos portadores de deficiência visual.
Os professores de educação física, de forma pouco sensível, podem isentar-se das
suas obrigações para com as crianças portadoras de deficiência visual ao
segregá-los da participação nas atividades das aulas. Isto acontece quando,
repetidas vezes, fazem o papel de cones humanos ou espectadores ou são
dispensados da aula de educação física para irem à biblioteca.
Para que isto não aconteça o profissional de educação física deve vir bem
preparado e deve atualizar-se sempre de forma a contribuir para que as aulas
sejam atrativas e despertem prazer em todos os alunos.
FIM
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excerto da obra
INCLUSÃO DE ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA autor: JOSÉ MANUEL MENDES ALVES NUNES Dissertação realizada para obtenção do Grau de Mestre em Administração e
Planificação da Educação Universidade Portucalense Infante D. Henrique DEPARTAMENTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO E DO PATRIMÓNIO PORTO
Setembro de 2012
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