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Santa Mónica (com sinais de oftalmopatia) no
Juízo Final de Michelangelo na Capela Sistina
índice
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Exoftalmia
Dr. Manuel Monteiro Pereira
O que é exoftalmia?
A exoftalmia ou proptose ocular é o termo médico utilizado para nos referirmos a
“olhos salientes” ou “olhos saídos”, ou seja, quando todo o globo ocular está
mais “saído” do que é habitual ou em termos técnicos ocorre a protrusão do globo
ocular.
Uma vez que a órbita é fechada posteriormente, medial e lateralmente, qualquer
aumento das estruturas localizadas no interior da órbita provocará um
“deslocamento do olho para a frente”. O problema ocorre, habitualmente, por
motivos de ordem vascular, mecânicos ou de inflamação, como veremos mais tarde.
Embora nos termos exoftalmia e proptose possa existir alguma diferença na forma
como podem ser utilizados (o termo exoftalmia tem sido utilizado por alguns
autores apenas quando ocorre a protrusão do globo ocular com origem metabólica),
iremos ao longo do texto utilizá-los indistintamente ou com o mesmo significado.
Veja mais informação em doença de Graves.
Olhos proeminentes
Termos como “olhos proeminentes”, “olhos esbugalhados“, “olhos saídos”, “olhos
saltados”, “olhos para fora”, “olhos protuberantes”, entre outros, são
frequentemente utilizados pelos doentes para se referirem à proptose ou
exoftalmia.
Proptose ocular
No adulto, a distância considerada normal que vai desde o bordo lateral da
órbita até ao ápice da córnea ronda os 16 a 18 mm. Acima destes valores é
considerada proptose ocular. A medição do grau de proptose ocular é realizada
utilizando o exoftalmometro de Hertel.
A pseudo-exoftalmia ou falsa proptose pode ser observada num globo ocular de
maior dimensões, normalmente em doentes que padecem de miopia ou glaucoma
congénito.
Alguns doentes devido às suas características faciais ou por possuírem “olhos
grandes” ou maiores que o habitual, apresentam “olhos mais saídos que o normal”
ou “olhos esbugalhados”. Nestes casos, pode não haver qualquer doença dos olhos.
No entanto, pode haver preocupação estética devida à existência de “olhos
salientes”, havendo necessidade, por vezes, de intervenção no sentido da
correção da proptose ocular.
Causas
Normalmente, a patologia ocorre como consequência de uma anomalia que ocupa o
espaço da órbita, que pode ser devida a um processo inflamatório ou, então, a
qualquer problema que estreite a cavidade orbitária. O problema pode ocorrer
apenas num olho ou em ambos os olhos.
Na exoftalmia, uma das principais causas é a doença ocular da tiroide, conhecida
como doença de Graves. Nesta situação, dizemos que a protrusão do globo ocular é
de origem metabólica. Trata-se de uma doença autoimune que provoca a
hiperatividade da tiroide (hipertiroidismo). A doença de Graves é a responsável
pela maioria de casos de hipertiroidismo (entre 60 a 80%). Esta doença é mais
frequente em fumadores e em mulheres entre os 30 e os 50 anos de idade.
Oftalmopatia de Graves
Cerca de um terço dos doentes com doença de Graves, apresentam sinais da
oftalmopatia de Graves que afeta o globo ocular, provocando exoftalmia ou “olhos
proeminentes”, olhos vermelhos e inflamados, dor ocular, ardência, diplopia (ver
duas imagens), fotofobia (sensibilidade à luz), retração das pálpebras e em
casos mais graves perda de visão.
Na Oftalmopatia de graves o sistema imunitário ataca os músculos e tecidos
orbitários, provocando inflamação. O deslocamento do olho é devido ao aumento do
volume do tecido adiposo e conjuntivo na órbita e músculos extra-oculares,
confirmado pela TAC e RM.
Outras causas
A exoftalmia pode também ter outras causas relacionadas, contudo são menos
frequentes do que a oftalmopatia de Graves. Entre essas causas, podemos
destacar:
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• Lesão ou trauma nos olhos;
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• Hifema (sangramento na câmara anterior);
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• Vasos sanguíneos anormais por trás dos olhos;
-
• Infeções na cavidade orbitária;
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• Celulite orbitária;
-
• Leucemia aguda;
-
• Tumores (meningioma, glioma, rabdomiossarcoma, meningocelo, mucocelo, etc.);
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• Etc.
A exoftalmia pode também estar presente à nascença (exoftalmia congénita)
afetando o bebé, sendo neste caso causado por glaucoma ou problemas
hereditários. No caso da exoftalmia infantil ou na infância é muito importante que o
diagnóstico do problema seja efetuado o mais precocemente possível de modo a que
não venha a ocorrer ambliopia.
-
Exoftalmia unilateral
Dizemos que estamos perante uma exoftalmia unilateral, quando a protrusão
anormal do globo ocular ocorre apenas num dos olhos, ou seja, um olho está “mais
saído do que o outro”. Como causas para a proptose unilateral, podemos encontrar várias patologias como
a celulite orbitária, tumores, trauma, etc. A oftalmopatia de Graves afeta,
habitualmente, os dois olhos (mas nem sempre).
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Exoftalmia bilateral
Dizemos que estamos perante uma exoftalmia bilateral quando a protrusão anormal
do globo ocular ocorre nos dois olhos em simultâneo, ou seja, estão os dois
olhos “mais saídos do que o normal”. Como principal causa para a exoftalmia
bilateral encontra-se a oftalmopatia de Graves, podendo contudo em algumas
situações as manifestações ocorrerem ou serem mais graves apenas num dos olhos.
Sintomas
Dependendo da causa subjacente, a exoftalmia ou proptose ocular pode ter
associada outros sinais e sintomas, como olhos vermelhos e lacrimejantes,
inflamação e dor nos olhos, ardor ou “comichão nos olhos”, diplopia (ver duas
imagens), fotofobia (sensibilidade à luz), olho seco, retração das pálpebras e
em alguns casos pode ocorrer perda de visão e até cegueira. Estes sinais e
sintomas podem variar bastante de acordo com a causa subjacente. Em algumas
situações podem nem existir sintomas relacionados (doença assintomática). Veja
mais informação em sinais e sintomas na oftalmopatia de Graves.
Em casos graves de exoftalmia, o doente pode não ser capaz de fechar os olhos de
forma adequada, causando danos na córnea e olho seco. Se os olhos estiverem
muito secos podem ocorrer úlceras na córnea (feridas abertas), entre outras
complicações. Existe também o risco, ainda que reduzido, de compressão do nervo ótico (que
transmite os sinais dos olhos até ao cérebro), podendo afetar a visão de forma
irreversível se o problema não for resolvido rapidamente.
O glaucoma congénito e as altas miopias causam a sensação de “olhos salientes”.
Diagnóstico
O oftalmologista irá verificar a capacidade do doente mover os olhos e medir o
grau de protusão do globo ocular. Pode solicitar a realização de exames
auxiliares como a tomografia computadorizada (TAC), a ressonância magnética
(RM), tonometria (medição da pressão ocular), campimetria, etc.
No caso da doença de Graves, o médico endocrinologista pode recorrer a vários
outros exames e análises para o diagnóstico da doença.
Exoftalmia tem cura?
Como vimos a doença pode ter diversas causas subjacentes, podendo cada uma delas
diferir bastante quanto à sua gravidade e capacidade de tratar. Veja mais
informação em cada uma das patologias relacionadas. Saiba, de seguida, como
tratar a exoftalmia ou proptose.
Tratamento
Na exoftalmia ou proptose o tratamento depende da causa subjacente. O tratamento
é na maioria dos casos mais eficaz quando é iniciado o mais precocemente
possível.
Oftalmopatia de Graves - tratamento
Se a exoftalmia tem como causa a doença de Graves (oftalmopatia de Graves), o
tratamento passa em primeiro lugar pela correção da patologia de base
(hiperatividade da tiróide ou hipertiroidismo). Este tratamento não garantirá
que os problemas nos olhos desapareçam, mas permitirá travar a evolução da
doença e prevenir outro tipo de problemas associados ao hipertiroidismo.
Podem ser utilizados corticóides de modo a permitir a redução da inflamação.
Quando a inflamação estiver sob controlo, pode ser realizada intervenção
cirúrgica de modo a melhorar a aparência dos olhos.
Outras medidas úteis incluem parar de fumar (caso seja fumador), utilizar
lágrimas artificiais para reduzir a secura dos olhos e a irritação e em casos
avançados da doença o uso de lentes especiais para corrigir a diplopia (visão
dupla). Levantar a cabeceira da cama, por exemplo, usando mais almofadas, pode
ajudar a reduzir algum “inchaço ao redor dos olhos”. O uso de óculos escuros
pode ser útil na fotofobia e deve evitar-se a exposição a substâncias irritantes
e ao pó. Para além do oftalmologista, no caso das perturbações endócrinas da
tiroide (hipertiroidismo), o tratamento deve ser orientado por um médico
endocrinologista.
Outras causas
Tratamento
Se a causa subjacente à proptose é uma infeção, como no caso da celulite
orbitária, podem ser prescritos antibióticos para o seu tratamento.
Noutros casos, pode ser necessário realizar um procedimento cirúrgico para
drenar abscessos que eventualmente se tenham desenvolvido.
No caso de tumores, tratamentos como a radioterapia, quimioterapia e / ou
cirurgia podem ser utilizados. Nestes casos, os tratamentos podem diferir com
base num conjunto de fatores, como a localização do tumor, estadío, etc.
Existe o risco de algumas complicações, potencialmente graves caso o tratamento
não seja efetuado precocemente. Se a doença não for tratada de forma correta e
atempada, as pálpebras podem deixar de fechar durante o sono conduzindo a
complicações oculares que podem ser graves. Outra possível complicação pode ser
a "ceratoconjuntivite límbica superior", cuja área acima da córnea fica
inflamada, como resultado do aumento do atrito quando o doente pestaneja. O
processo que está a provocar o deslocamento do olho pode também comprimir o
nervo ótico ou a artéria oftálmica, conduzindo o doente à cegueira.
Algumas pessoas com exoftalmia ficam com problemas de visão a longo prazo, tais
como visão dupla, mas a deficiência visual permanente é rara, se a patologia for
identificada e tratada precocemente.
Veja mais informação em causas e tratamento de cada uma das doenças
relacionadas.
Cirurgia
Existem três tipos principais de cirurgia que podem ser levadas a cabo em
pessoas com exoftalmia ou proptose:
-
Cirurgia de descompressão orbitária - uma pequena quantidade de osso ou tecido é
removida da cavidade orbitária;
-
Cirurgia palpebral - a operação é realizada para melhorar a posição, o
encerramento ou a aparência das pálpebras;
-
Cirurgia dos músculos extraoculares - a operação é realizada nos músculos
oculomotores para “trazer os olhos” para o alinhamento correto e reduzir a visão
dupla.
Na doença de Graves, a cirurgia pode ser considerada para melhorar a aparência
dos olhos se a doença está na sua fase inativa. O tratamento médico por si só
não vai, necessariamente, inverter a “saliência dos olhos”, sendo neste caso
necessário recurso à cirurgia. A cirurgia pode ser realizada durante a fase
ativa da doença, caso exista uma ameaça que ponha em causa a visão, devida à
compressão do nervo ótico, por exemplo. A cirurgia pode igualmente ser eficaz se
a exoftalmia tiver como causa outros problemas.
30.Jun.2022
publicado por MJA
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Oftalmopatia de Graves
ADTI | Associação das Doenças da Tiróide
Uma das causas do hipertiroidismo é a
doença de Graves. Esta é uma doença autoimune que causa a produção
excessiva de hormonas tiroideas. Existem uma série de fatores de risco
associados à doença de Graves, tais como os fatores genéticos, outras
doenças autoimunes, a diabetes tipo I, o stress e o tabagismo.
Entre os possíveis sintomas da doença de Graves, inclui-se a
protuberância dos olhos, o inchaço, a comichão, o lacrimejo e a visão
dupla. Cerca de 25 a 50 % das pessoas que sofrem de doença de Graves
manifestam inflamação ou protuberância nos olhos. É a esta condição que
se chama Oftalmopatia de Graves ou Orbitopatia Tiroideia.
A Oftalmopatia de Graves é, portanto, uma doença que afeta as órbitas
oculares, de origem autoimune, normalmente associada a uma alteração da
função da tiroide. Mais prevalente no sexo feminino, os fatores de risco
incluem os fatores genéticos, o stress e o tabagismo. As formas mais
graves da doença ocorrem em cerca de 5% dos doentes. Os problemas têm
origem na inflamação a nível dos tecidos, dos músculos e da gordura na
cavidade ocular. Esta inflamação causa assim uma protuberância anormal
dos olhos. As pálpebras podem retrair à medida que a inflamação ocorre,
levando à exposição e infeção da córnea.
Os sintomas desta condição incluem:
-
Irritação dos olhos, excesso de
lágrima ou olhos secos, protuberância do olho, sensibilidade à luz
ou mesmo visão dupla, são as primeiras manifestações da doença;
-
Olhos inchados, constrição dos
movimentos ocular, com eventuais úlceras corneanas e, mais
raramente, a perda de visão, numa fase mais tardia.
Normalmente, os sintomas são moderados e facilmente tratáveis. No
entanto, existem casos mais graves, onde a inflamação pode dificultar o
movimento do olho ou pode mesmo causar pressão sobre o nervo ótico,
levando a uma diminuição da visão. Estas alterações podem ter um alto
impacto na vida dos doentes.
Se já lhe foi diagnosticada a doença de Graves, o seu médico poderá
diagnosticar também a Oftalmopatia de Graves através da verificação de
inflamação dos tecidos da órbita ocular. Uma tomografia ou uma
ressonância magnética podem ser úteis, pois nem sempre os sintomas
clássicos do hipertiroidismo estão presentes. A Oftalmopatia de Graves
pode ocorrer mesmo quando a tiroide não está a produzir excesso de
hormonas.
O tratamento é normalmente realizado consoante a fase da doença.
Numa fase inicial ou com sintomas moderados, o tratamento tem como
objetivo controlar a inflamação. Para isso pode usar compressas frias,
óculos de sol e mesmo lágrimas artificiais para proporcionar alívio. Um
suplemento com selénio pode, também, ajudar a reduzir a inflamação. Numa
fase mais avançada, a terapêutica principal para esta condição são os
corticosteroides ou mesmo atuar a nível da orbita ou dos músculos
oculares recorrendo à cirurgia.
É importante mencionar que o diagnóstico precoce é essencial para um
tratamento eficaz e satisfatório e que evite sequelas físicas e
psicológicas da patologia. Por isso, marque uma consulta se identificar
alguma alteração a nível da morfologia do olho ou algum sintoma desta
condição.
Fontes:
-
●
ADTI
●
Fox TJ, Anastasopoulou C.
Graves Orbitopathy. [Updated 2019 Nov 16]. In: StatPearls
[Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-.
●
Graves’ Eye Disease (Harvard Health Publishing, Harvard Medical
School; )
-
30.Jun.2022
publicado por MJA
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Enoftalmia e exoftalmia
AbcMed
O que é Enoftalmia?
O termo enoftalmia foi utilizado pela primeira vez em 1994 por Soparkar e
colaboradores para descrever uma retração anormal do olho em relação à órbita. A
enoftalmia é o afundamento do globo ocular para dentro da órbita, que pode ser
congênito ou adquirido. O deslocamento posterior do globo ocular em relação ao
outro olho pode ser consequente a vários processos que acometem o assoalho
orbitário; alguns mais comuns, como neoplasias malignas, trauma, osteomielite e
doenças inflamatórias sistêmicas; outros mais raros, como neurofibromatose,
sinusite crônica e mucocele de seio maxilar. Em geral, o diagnóstico desta
condição é realizado por oftalmologistas, uma vez que os principais sinais
encontrados estão relacionados primariamente ao olho, embora possam estar
relacionados a causas não oftalmológicas. O tratamento da enoftalmia depende da
sua causa, mas muitas vezes implica em cirurgia para reposicionamento do globo
ocular.
O que é Exoftalmia?
A exoftalmia, também chamada de exoftalmo (do grego: ex=fora + ophthalmos=olho),
proptose ou exorbitismo é uma condição médica em que o paciente apresenta uma
protrusão de um ou dos dois olhos para fora da órbita. A exoftalmia exibe uma
proporção maior do que o normal da parte branca dos olhos, fazendo os olhos
parecerem "arregalados". A exoftalmia pode ser uni ou bilateral e cada uma
dessas condições têm implicações clínicas diferentes. É bilateral em casos de
doença de Graves e unilateral nos casos de um tumor orbital, por exemplo. A
exoftalmia não é uma doença em si, mas sim um sinal de uma doença.
A causa mais comum é a doença de Graves, uma forma de
hipertireoidismo, mas
também pode ser devida a outros motivos, como outras causas de hipertireoidismo,
celulite ou tumores orbitários, infecções, sangramento nos olhos, leucemia,
hemangioma e desordens vasculares. Por vezes, a exoftalmia vem acompanhada de
sinais ou sintomas como perda parcial ou total de visão, visão dupla, dor e/ou
vermelhidão nos olhos e dores de cabeça.
A doença de Graves provoca uma extrusão bilateral dos olhos. A celulite ou o
tumor orbital, por seu turno, normalmente provoca uma exoftalmia unilateral.
De um modo geral, a exoftalmia causa dor, olhos secos, irritação ocular,
sensibilidade à luz, secreções, derramamento de lágrimas, visão dupla, cegueira
progressiva e dificuldade para mover os olhos. A existência da exoftalmia pode
ser reconhecida pela simples inspeção, mas o mais importante é diagnosticar o
aparecimento de outros sintomas além da protrusão dos olhos e entender como eles
se relacionam com a exoftalmia. Depois do exame físico dos olhos, o médico
poderá pedir exames de laboratório para entender melhor a causa da exoftalmia,
tais como exame na lâmpada de fenda, testes sanguíneos, dosagem dos hormônios da
tireoide e exames de imagens, tais como tomografia computadorizada e ressonância
magnética.
O tratamento da exoftalmia varia segundo as suas causas. Além disso,
corticoesteroides podem ser receitados para ajudar no controle da inflamação, se
houver. As exoftalmias provocadas por infecções devem ser tratadas com
antibióticos. Casos de exoftalmia pela presença de tumores podem necessitar de
tratamentos mais invasivos, como de cirurgia ou radioterapia, por exemplo.
fonte:
http://www.abc.med.br/
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30.Jun.2022
publicado por MJA
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