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  Sobre a Deficiência Visual

 

EXOFTALMIA e ENOFTALMIA

Santa Mónica no Juízo Final de Michelangelo (in medicineisart.blogspot.com de Renata Calheiros Viana)
Santa Mónica (com sinais de oftalmopatia) no Juízo Final de Michelangelo na Capela Sistina

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Exoftalmia

Dr. Manuel Monteiro Pereira


O que é exoftalmia?

A exoftalmia ou proptose ocular é o termo médico utilizado para nos referirmos a “olhos salientes” ou “olhos saídos”, ou seja, quando todo o globo ocular está mais “saído” do que é habitual ou em termos técnicos ocorre a protrusão do globo ocular.

Uma vez que a órbita é fechada posteriormente, medial e lateralmente, qualquer aumento das estruturas localizadas no interior da órbita provocará um “deslocamento do olho para a frente”. O problema ocorre, habitualmente, por motivos de ordem vascular, mecânicos ou de inflamação, como veremos mais tarde.

Embora nos termos exoftalmia e proptose possa existir alguma diferença na forma como podem ser utilizados (o termo exoftalmia tem sido utilizado por alguns autores apenas quando ocorre a protrusão do globo ocular com origem metabólica), iremos ao longo do texto utilizá-los indistintamente ou com o mesmo significado. Veja mais informação em doença de Graves.


Olhos proeminentes

Termos como “olhos proeminentes”, “olhos esbugalhados“, “olhos saídos”, “olhos saltados”, “olhos para fora”, “olhos protuberantes”, entre outros, são frequentemente utilizados pelos doentes para se referirem à proptose ou exoftalmia.


Proptose ocular

No adulto, a distância considerada normal que vai desde o bordo lateral da órbita até ao ápice da córnea ronda os 16 a 18 mm. Acima destes valores é considerada proptose ocular. A medição do grau de proptose ocular é realizada utilizando o exoftalmometro de Hertel.

A pseudo-exoftalmia ou falsa proptose pode ser observada num globo ocular de maior dimensões, normalmente em doentes que padecem de miopia ou glaucoma congénito.

Alguns doentes devido às suas características faciais ou por possuírem “olhos grandes” ou maiores que o habitual, apresentam “olhos mais saídos que o normal” ou “olhos esbugalhados”. Nestes casos, pode não haver qualquer doença dos olhos. No entanto, pode haver preocupação estética devida à existência de “olhos salientes”, havendo necessidade, por vezes, de intervenção no sentido da correção da proptose ocular.


Causas

Normalmente, a patologia ocorre como consequência de uma anomalia que ocupa o espaço da órbita, que pode ser devida a um processo inflamatório ou, então, a qualquer problema que estreite a cavidade orbitária. O problema pode ocorrer apenas num olho ou em ambos os olhos.

Na exoftalmia, uma das principais causas é a doença ocular da tiroide, conhecida como doença de Graves. Nesta situação, dizemos que a protrusão do globo ocular é de origem metabólica. Trata-se de uma doença autoimune que provoca a hiperatividade da tiroide (hipertiroidismo). A doença de Graves é a responsável pela maioria de casos de hipertiroidismo (entre 60 a 80%). Esta doença é mais frequente em fumadores e em mulheres entre os 30 e os 50 anos de idade.


Oftalmopatia de Graves

Cerca de um terço dos doentes com doença de Graves, apresentam sinais da oftalmopatia de Graves que afeta o globo ocular, provocando exoftalmia ou “olhos proeminentes”, olhos vermelhos e inflamados, dor ocular, ardência, diplopia (ver duas imagens), fotofobia (sensibilidade à luz), retração das pálpebras e em casos mais graves perda de visão.

Na Oftalmopatia de graves o sistema imunitário ataca os músculos e tecidos orbitários, provocando inflamação. O deslocamento do olho é devido ao aumento do volume do tecido adiposo e conjuntivo na órbita e músculos extra-oculares, confirmado pela TAC e RM.


Outras causas

A exoftalmia pode também ter outras causas relacionadas, contudo são menos frequentes do que a oftalmopatia de Graves. Entre essas causas, podemos destacar:

• Lesão ou trauma nos olhos;

• Hifema (sangramento na câmara anterior);

• Vasos sanguíneos anormais por trás dos olhos;

• Infeções na cavidade orbitária;

• Celulite orbitária;

• Leucemia aguda;

• Tumores (meningioma, glioma, rabdomiossarcoma, meningocelo, mucocelo, etc.);

• Etc.


A exoftalmia pode também estar presente à nascença (exoftalmia congénita) afetando o bebé, sendo neste caso causado por glaucoma ou problemas hereditários. No caso da exoftalmia infantil ou na infância é muito importante que o diagnóstico do problema seja efetuado o mais precocemente possível de modo a que não venha a ocorrer ambliopia.
 

  • Exoftalmia unilateral
    Dizemos que estamos perante uma exoftalmia unilateral, quando a protrusão anormal do globo ocular ocorre apenas num dos olhos, ou seja, um olho está “mais saído do que o outro”. Como causas para a proptose unilateral, podemos encontrar várias patologias como a celulite orbitária, tumores, trauma, etc. A oftalmopatia de Graves afeta, habitualmente, os dois olhos (mas nem sempre).

  • Exoftalmia bilateral
    Dizemos que estamos perante uma exoftalmia bilateral quando a protrusão anormal do globo ocular ocorre nos dois olhos em simultâneo, ou seja, estão os dois olhos “mais saídos do que o normal”. Como principal causa para a exoftalmia bilateral encontra-se a oftalmopatia de Graves, podendo contudo em algumas situações as manifestações ocorrerem ou serem mais graves apenas num dos olhos.


Sintomas

Dependendo da causa subjacente, a exoftalmia ou proptose ocular pode ter associada outros sinais e sintomas, como olhos vermelhos e lacrimejantes, inflamação e dor nos olhos, ardor ou “comichão nos olhos”, diplopia (ver duas imagens), fotofobia (sensibilidade à luz), olho seco, retração das pálpebras e em alguns casos pode ocorrer perda de visão e até cegueira. Estes sinais e sintomas podem variar bastante de acordo com a causa subjacente. Em algumas situações podem nem existir sintomas relacionados (doença assintomática). Veja mais informação em sinais e sintomas na oftalmopatia de Graves.

Em casos graves de exoftalmia, o doente pode não ser capaz de fechar os olhos de forma adequada, causando danos na córnea e olho seco. Se os olhos estiverem muito secos podem ocorrer úlceras na córnea (feridas abertas), entre outras complicações. Existe também o risco, ainda que reduzido, de compressão do nervo ótico (que transmite os sinais dos olhos até ao cérebro), podendo afetar a visão de forma irreversível se o problema não for resolvido rapidamente.

O glaucoma congénito e as altas miopias causam a sensação de “olhos salientes”.


Diagnóstico

O oftalmologista irá verificar a capacidade do doente mover os olhos e medir o grau de protusão do globo ocular. Pode solicitar a realização de exames auxiliares como a tomografia computadorizada (TAC), a ressonância magnética (RM), tonometria (medição da pressão ocular), campimetria, etc.

No caso da doença de Graves, o médico endocrinologista pode recorrer a vários outros exames e análises para o diagnóstico da doença.


Exoftalmia tem cura?

Como vimos a doença pode ter diversas causas subjacentes, podendo cada uma delas diferir bastante quanto à sua gravidade e capacidade de tratar. Veja mais informação em cada uma das patologias relacionadas. Saiba, de seguida, como tratar a exoftalmia ou proptose.


Tratamento

Na exoftalmia ou proptose o tratamento depende da causa subjacente. O tratamento é na maioria dos casos mais eficaz quando é iniciado o mais precocemente possível.


Oftalmopatia de Graves - tratamento

Se a exoftalmia tem como causa a doença de Graves (oftalmopatia de Graves), o tratamento passa em primeiro lugar pela correção da patologia de base (hiperatividade da tiróide ou hipertiroidismo). Este tratamento não garantirá que os problemas nos olhos desapareçam, mas permitirá travar a evolução da doença e prevenir outro tipo de problemas associados ao hipertiroidismo.

Podem ser utilizados corticóides de modo a permitir a redução da inflamação. Quando a inflamação estiver sob controlo, pode ser realizada intervenção cirúrgica de modo a melhorar a aparência dos olhos.

Outras medidas úteis incluem parar de fumar (caso seja fumador), utilizar lágrimas artificiais para reduzir a secura dos olhos e a irritação e em casos avançados da doença o uso de lentes especiais para corrigir a diplopia (visão dupla). Levantar a cabeceira da cama, por exemplo, usando mais almofadas, pode ajudar a reduzir algum “inchaço ao redor dos olhos”. O uso de óculos escuros pode ser útil na fotofobia e deve evitar-se a exposição a substâncias irritantes e ao pó. Para além do oftalmologista, no caso das perturbações endócrinas da tiroide (hipertiroidismo), o tratamento deve ser orientado por um médico endocrinologista.


Outras causas

Tratamento

Se a causa subjacente à proptose é uma infeção, como no caso da celulite orbitária, podem ser prescritos antibióticos para o seu tratamento.

Noutros casos, pode ser necessário realizar um procedimento cirúrgico para drenar abscessos que eventualmente se tenham desenvolvido.

No caso de tumores, tratamentos como a radioterapia, quimioterapia e / ou cirurgia podem ser utilizados. Nestes casos, os tratamentos podem diferir com base num conjunto de fatores, como a localização do tumor, estadío, etc.

Existe o risco de algumas complicações, potencialmente graves caso o tratamento não seja efetuado precocemente. Se a doença não for tratada de forma correta e atempada, as pálpebras podem deixar de fechar durante o sono conduzindo a complicações oculares que podem ser graves. Outra possível complicação pode ser a "ceratoconjuntivite límbica superior", cuja área acima da córnea fica inflamada, como resultado do aumento do atrito quando o doente pestaneja. O processo que está a provocar o deslocamento do olho pode também comprimir o nervo ótico ou a artéria oftálmica, conduzindo o doente à cegueira.

Algumas pessoas com exoftalmia ficam com problemas de visão a longo prazo, tais como visão dupla, mas a deficiência visual permanente é rara, se a patologia for identificada e tratada precocemente.

Veja mais informação em causas e tratamento de cada uma das doenças relacionadas.


Cirurgia

Existem três tipos principais de cirurgia que podem ser levadas a cabo em pessoas com exoftalmia ou proptose:

  1. Cirurgia de descompressão orbitária - uma pequena quantidade de osso ou tecido é removida da cavidade orbitária;

  2. Cirurgia palpebral - a operação é realizada para melhorar a posição, o encerramento ou a aparência das pálpebras;

  3. Cirurgia dos músculos extraoculares - a operação é realizada nos músculos oculomotores para “trazer os olhos” para o alinhamento correto e reduzir a visão dupla.

Na doença de Graves, a cirurgia pode ser considerada para melhorar a aparência dos olhos se a doença está na sua fase inativa. O tratamento médico por si só não vai, necessariamente, inverter a “saliência dos olhos”, sendo neste caso necessário recurso à cirurgia. A cirurgia pode ser realizada durante a fase ativa da doença, caso exista uma ameaça que ponha em causa a visão, devida à compressão do nervo ótico, por exemplo. A cirurgia pode igualmente ser eficaz se a exoftalmia tiver como causa outros problemas.


fonte: https://www.saudebemestar.pt/pt/

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30.Jun.2022
publicado por MJA



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Oftalmopatia de Graves

ADTI | Associação das Doenças da Tiróide


Uma das causas do hipertiroidismo é a doença de Graves. Esta é uma doença autoimune que causa a produção excessiva de hormonas tiroideas. Existem uma série de fatores de risco associados à doença de Graves, tais como os fatores genéticos, outras doenças autoimunes, a diabetes tipo I, o stress e o tabagismo.

Entre os possíveis sintomas da doença de Graves, inclui-se a protuberância dos olhos, o inchaço, a comichão, o lacrimejo e a visão dupla. Cerca de 25 a 50 % das pessoas que sofrem de doença de Graves manifestam inflamação ou protuberância nos olhos. É a esta condição que se chama Oftalmopatia de Graves ou Orbitopatia Tiroideia.

A Oftalmopatia de Graves é, portanto, uma doença que afeta as órbitas oculares, de origem autoimune, normalmente associada a uma alteração da função da tiroide. Mais prevalente no sexo feminino, os fatores de risco incluem os fatores genéticos, o stress e o tabagismo. As formas mais graves da doença ocorrem em cerca de 5% dos doentes. Os problemas têm origem na inflamação a nível dos tecidos, dos músculos e da gordura na cavidade ocular. Esta inflamação causa assim uma protuberância anormal dos olhos. As pálpebras podem retrair à medida que a inflamação ocorre, levando à exposição e infeção da córnea.

Os sintomas desta condição incluem:

  • Irritação dos olhos, excesso de lágrima ou olhos secos, protuberância do olho, sensibilidade à luz ou mesmo visão dupla, são as primeiras manifestações da doença;

  • Olhos inchados, constrição dos movimentos ocular, com eventuais úlceras corneanas e, mais raramente, a perda de visão, numa fase mais tardia.


Normalmente, os sintomas são moderados e facilmente tratáveis. No entanto, existem casos mais graves, onde a inflamação pode dificultar o movimento do olho ou pode mesmo causar pressão sobre o nervo ótico, levando a uma diminuição da visão. Estas alterações podem ter um alto impacto na vida dos doentes.

Se já lhe foi diagnosticada a doença de Graves, o seu médico poderá diagnosticar também a Oftalmopatia de Graves através da verificação de inflamação dos tecidos da órbita ocular. Uma tomografia ou uma ressonância magnética podem ser úteis, pois nem sempre os sintomas clássicos do hipertiroidismo estão presentes. A Oftalmopatia de Graves pode ocorrer mesmo quando a tiroide não está a produzir excesso de hormonas.

O tratamento é normalmente realizado consoante a fase da doença. Numa fase inicial ou com sintomas moderados, o tratamento tem como objetivo controlar a inflamação. Para isso pode usar compressas frias, óculos de sol e mesmo lágrimas artificiais para proporcionar alívio. Um suplemento com selénio pode, também, ajudar a reduzir a inflamação. Numa fase mais avançada, a terapêutica principal para esta condição são os corticosteroides ou mesmo atuar a nível da orbita ou dos músculos oculares recorrendo à cirurgia.

É importante mencionar que o diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz e satisfatório e que evite sequelas físicas e psicológicas da patologia. Por isso, marque uma consulta se identificar alguma alteração a nível da morfologia do olho ou algum sintoma desta condição.


    Fontes:

ADTI
Fox TJ, Anastasopoulou C. Graves Orbitopathy. [Updated 2019 Nov 16]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-.
Graves’ Eye Disease (Harvard Health Publishing, Harvard Medical School; )

in
ADTI - Associação das Doenças da Tiróide

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30.Jun.2022
publicado por MJA



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Enoftalmia e exoftalmia

AbcMed


O que é Enoftalmia?

O termo enoftalmia foi utilizado pela primeira vez em 1994 por Soparkar e colaboradores para descrever uma retração anormal do olho em relação à órbita. A enoftalmia é o afundamento do globo ocular para dentro da órbita, que pode ser congênito ou adquirido. O deslocamento posterior do globo ocular em relação ao outro olho pode ser consequente a vários processos que acometem o assoalho orbitário; alguns mais comuns, como neoplasias malignas, trauma, osteomielite e doenças inflamatórias sistêmicas; outros mais raros, como neurofibromatose, sinusite crônica e mucocele de seio maxilar. Em geral, o diagnóstico desta condição é realizado por oftalmologistas, uma vez que os principais sinais encontrados estão relacionados primariamente ao olho, embora possam estar relacionados a causas não oftalmológicas. O tratamento da enoftalmia depende da sua causa, mas muitas vezes implica em cirurgia para reposicionamento do globo ocular.


O que é Exoftalmia?

A exoftalmia, também chamada de exoftalmo (do grego: ex=fora + ophthalmos=olho), proptose ou exorbitismo é uma condição médica em que o paciente apresenta uma protrusão de um ou dos dois olhos para fora da órbita. A exoftalmia exibe uma proporção maior do que o normal da parte branca dos olhos, fazendo os olhos parecerem "arregalados". A exoftalmia pode ser uni ou bilateral e cada uma dessas condições têm implicações clínicas diferentes. É bilateral em casos de doença de Graves e unilateral nos casos de um tumor orbital, por exemplo. A exoftalmia não é uma doença em si, mas sim um sinal de uma doença.

A causa mais comum é a doença de Graves, uma forma de hipertireoidismo, mas também pode ser devida a outros motivos, como outras causas de hipertireoidismo, celulite ou tumores orbitários, infecções, sangramento nos olhos, leucemia, hemangioma e desordens vasculares. Por vezes, a exoftalmia vem acompanhada de sinais ou sintomas como perda parcial ou total de visão, visão dupla, dor e/ou vermelhidão nos olhos e dores de cabeça.

A doença de Graves provoca uma extrusão bilateral dos olhos. A celulite ou o tumor orbital, por seu turno, normalmente provoca uma exoftalmia unilateral.

De um modo geral, a exoftalmia causa dor, olhos secos, irritação ocular, sensibilidade à luz, secreções, derramamento de lágrimas, visão dupla, cegueira progressiva e dificuldade para mover os olhos. A existência da exoftalmia pode ser reconhecida pela simples inspeção, mas o mais importante é diagnosticar o aparecimento de outros sintomas além da protrusão dos olhos e entender como eles se relacionam com a exoftalmia. Depois do exame físico dos olhos, o médico poderá pedir exames de laboratório para entender melhor a causa da exoftalmia, tais como exame na lâmpada de fenda, testes sanguíneos, dosagem dos hormônios da tireoide e exames de imagens, tais como tomografia computadorizada e ressonância magnética.

O tratamento da exoftalmia varia segundo as suas causas. Além disso, corticoesteroides podem ser receitados para ajudar no controle da inflamação, se houver. As exoftalmias provocadas por infecções devem ser tratadas com antibióticos. Casos de exoftalmia pela presença de tumores podem necessitar de tratamentos mais invasivos, como de cirurgia ou radioterapia, por exemplo.


fonte: http://www.abc.med.br/

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30.Jun.2022
publicado por MJA