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A vida era agitada no formigueiro que ficava no quintal da família Silva.

Dona Maricota era uma formiga muito respeitada na colónia onde morava, pois já estava para nascer o seu filho número 543.
Para ela todos os filhos eram muito importantes pois seriam futuros trabalhadores do formigueiro.

Maricota acompanhou o romper do ovo de seu filho Danilo num dia de sol. Todos os outros filhos comemoraram o nascimento de mais um irmão.

Danilo e Dona Maricota ficaram alguns dias na maternidade do formigueiro mas o descanso não poderia demorar muito, pois o inverno já iria começar.

Alguns dias depois do nascimento de Danilo, Dona Maricota já estava pronta para lhe ensinar o seu trabalho, quando percebeu que o filho não enxergava bem.

Danilo tinha muita dificuldade de locomoção. Batia em muitas árvores e machucava-se várias vezes. Dona Maricota ficou muito triste, mas havia muita coisa para ser feita. Não podia perder tempo. Danilo precisava da ajuda dela.

Para Danilo aprender a andar sem se machucar, foi indicado que ele tivesse uma bengala para o ajudar na locomoção.
No começo foi difícil, mas todos se empenharam e Danilo iniciou o treinamento com a bengala.

Agora que Danilo já havia aprendido a se locomover, era muito importante que ele pudesse ajudar no sustento do formigueiro. Ele também precisaria
contribuir com seu trabalho. Mas como poderia ele fazer isso sem enxergar?

Acontece que as formigas se locomovem usando o olfato. O cheiro deixado no chão pelas formigas é um guia para a formiga que vem em seguida.

Pensando nisso, Danilo sentiu-se com sorte, pois tinha um olfato muito desenvolvido. Sua visão era diminuída, mas os seus outros sentidos eram aumentados.

Danilo aprendeu a usar a bengala para formigas cegas, com facilidade e agora estava em treinamento do olfato. Seus muitos irmãos o ajudaram bastante.

Danilo estava treinado e agora preparado para ajudar no sustento do formigueiro com o seu trabalho. Seria complicado conciliar a bengala, usar o
olfato e carregar folhas, mas preguiça era uma palavra que não existia no dicionário de Danilo.

Danilo tinha uma vida igual à das outras formigas do seu formigueiro. Durante o dia todos trabalhavam para o sustento do formigueiro e à noite sempre
frequentavam os bailes oferecidos pelos grilos, seus vizinhos.
Danilo dançava tango muito bem e as formigas faziam fila para dançar com ele.

Danilo trabalhava e tinha as suas obrigações no formigueiro, como todas as outras formigas. A falta de visão era compensada pelo seu ótimo olfato e a sua
força de vontade de não desistir nunca.
FIM
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Márcia Honora é consultora de educação inclusiva e escritora de livros paradidáticos e pedagógicos com o tema de inclusão educacional e Libras. Tem livros publicados
na Editora Ciranda Cultural, Expansão/Geek e Cortez. Foi consultora de inclusão da Brink Mobil e do Projeto Jovens Leitores. Foi formadora do curso de
deficiência física na Secretaria Municipal de Educação no ano de 2014 e 2015 em todas as diretorias de ensino da cidade de São Paulo. É mentora do projeto e
editora da revista Ciranda da Inclusão pela Editora Ciranda Cultural. Foi aluna especial do doutorado da Unifesp no Programa Educação e Saúde: da infância à
adolescência, concluindo a disciplina de pesquisa crítica colaborativa na formação de professores.

UMA FORMIGA ESPECIAL
AUTORA: MÁRCIA HONORA
Editora: CIRANDA CULTURAL (SAO PAULO)
1.ª Edição
Data: 2008
1.Jun.2025
Publicado por
MJA
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