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Uma velha, que tinha ficado cega, chamou um médico e disse-lhe:
- Cure-me da minha cegueira e eu pago-lhe bem. Mas se não me curar, não pagarei
nada. Concorda?
O médico aceitou. Todas as semanas vinha à casa dela e aplicava-lhe nos olhos um
falso remédio sem qualquer valor. Mas, a cada visita, levava consigo alguma coisa da
casa da velha. Acabou por levar tudo o que ela possuía.
Algum tempo depois, finalmente, o médico começou a tratá-la a sério e deu-lhe um remédio que a curou.
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Quando a velha voltou a ser capaz de ver, viu que a casa estava vazia e que não poderia pagar
ao médico. Este, para cobrar a dívida, levou-a a tribunal.
Diante do juiz, a velha declarou:
- Este homem fala a verdade. Concordei que lhe pagaria se recuperasse a visão.
E ele concordou que eu não precisaria de lhe pagar se permanecesse cega. Agora ele
diz que eu estou curada. Mas eu digo que continuo cega, porque quando perdi a visão
a minha casa estava cheia de objetos que agora não consigo ver!
O juiz deu-lhe razão e a velha ganhou a causa.
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Moral da História: |Quem está pronto a ganhar o que não merece,
também deve estar pronto a perder.|
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Esopo era um escravo que viveu na Grécia há uns três mil anos. Tornou-se famoso pelas suas pequenas histórias de animais, cada uma delas com sentido e um ensinamento, e que mostram como proceder com inteligência. Os seus animais falam, cometem erros, são sábios ou tolos, bons ou maus, exatamente como os homens. A intenção de Esopo, em suas fábulas, é mostrar como nós podemos e devemos agir.
Não se sabe muito a respeito da vida de Esopo, até mesmo porque outros fabulistas receberam o seu nome e as histórias de suas vidas se misturaram.
As fábulas de Esopo, contadas e readaptadas por seus continuadores, como Fedro, La Fontaine e outros tornaram-se parte de nossa linguagem diária. Quando, por exemplo, nos esforçamos muito para obter algo e não conseguimos, dizemos que tal coisa “está verde”, ou seja, usamos a mesma expressão que a raposa usou quando não conseguiu as uvas...
Esopo nunca escreveu suas histórias. Contava-as para o povo que por sua vez, se encarregou de repeti-las. Só duzentos anos depois de sua morte é que as fábulas foram escritas.
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2.Set.2018
Maria José Alegre
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