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excerto
Sinopse | Jamie Montgomery, cavaleiro isabelino empobrecido, fica eufórico
ao ser escolhido para escoltar Axia, a herdeira dos Lancaster, até ao castelo de
Henry Oliver, seu futuro marido.
Se ela se apaixonar por si — como Joby, a irmã mais nova e Berengária, a sua devotada irmã
gémea cega anseiam -, as dificuldades financeiras da família ficarão resolvidas.
Mas Axia não é a flor
tímida e mimada que Jamie imagina. Tentando o impossível
para atrasar a viagem, ela aproveita todos
os momentos preciosos de liberdade que lhe restam.
Inglaterra
1572
— Jamais vi outra mulher capaz de se comparar com você em beleza — sussurrou.
— Não é vaidade sua dizer isso já que somos gémeos?
Ele beijou-lhe a mão. — Sou velho e feio, estou coberto de cicatrizes, enquanto
você permanece intocada pelo tempo.
— Intocada, sem dúvida — respondeu Berengária fazendo um trocadilho sobre a sua
virgindade.
Mas Jamie não sorriu. Ao invés, colocou a mão diante do rosto da irmã.
— Não adianta — disse Berengária sorrindo com doçura e pegando-lhe a mão. — Não
enxergo nem uma tocha acesa diante do meu rosto. Não consigo ver nada, e nenhum
homem deseja uma mulher cega. Não sirvo para nada neste mundo, teria sido melhor
se tivesse morrido no parto.
Jamie levantou-se com tanta violência que a assustou. — Jamie, desculpe. Eu não
quis... foi falta de consideração minha. Por favor, sente. Deixe-me tocar você.
Por favor.
Com o coração em disparada, ele sentou-se. Disparado de culpa. Ele e a irmã eram
gémeos, mas Jamie, um pouco maior que a irmã, demorara horas para nascer. Quando
Berengária finalmente conseguiu sair, o cordão umbilical estava enrolado no
pescoço e logo descobriram que estava cega. A parteira o culpara porque demorara
demais para nascer, e ele, durante toda a vida, carregava a culpa do que fizera
à sua linda irmã.
Permanecera sempre ao seu lado sem jamais perder a paciência ou enjoar da sua
companhia. Ajudava-a em tudo, encorajava-a a subir nas árvores, caminhar durante
quilômetros pelas montanhas, até a montar a cavalo sozinha.
O único que não considerava Jamie um santo porque ajudava a irmã cega, era
Edward, o irmão. Sempre que alguém comentava como ele era bom ao prescindir da
companhia dos companheiros bagunceiros de adolescência para colher groselhas com
a irmã, o irmão mais velho dizia:
— Foi ele quem tirou a sua visão, não foi? Por que não faria tudo para
devolvê-la a ela?
Jamie respirou fundo e voltou para o presente. — Quer dizer que, somente por
orgulho, ninguém me contou o que Edward estava fazendo? — A culpa ainda pesava e
muito. A culpa por ter que abandonar a irmã que precisava tanto dele, a culpa
pelo que acontecera depois da sua partida.
— Você precisa parar com essa autoflagelação — ordenou Berengária puxando o
cabelo de Jamie com as duas mãos e virando a sua cabeça para que a olhasse. Era
difícil acreditar que aqueles olhos azuis e perfeitos, com suas pestanas
grossas, não enxergassem.
*
—
Berengária pode sentir o cheiro do dragão — disse a mãe, e era raro ouvir o
som da voz dela numa frase coerente.
Berengária deu uma risada.
— É verdade, sinto mesmo o cheiro. Ele tem escamas verdes e iridescentes que
mudam de cor à luz do sol. Sinto o cheiro de queimado do seu bafo. E sinto o
cheiro do suor de Jamie. Está preocupado e amedrontado, mas o sentimento de
honra o obrigará a agir de forma correta. Sinto o cheiro da sua coragem.
Axia parou de desenhar e olhou para Berengária.
— Você realmente consegue sentir o cheiro das coisas? Mais do que as outras
pessoas?
Joby respondeu antes da irmã.
— Berengária só sofre de cegueira. Os outros sentidos estão intactos e são mais
apurados que os da maioria das pessoas. Ela não é uma aberração.
— Eu também não! — revidou Axia num tom de voz igualmente desagradável.
Enquanto trocavam farpas, Berengária, fascinada, permanecia imóvel como uma
estátua. Ninguém jamais respondia a Joby! Embora fosse boa e se importasse muito
com a família, com os estranhos ela era um terror, e as pessoas a temiam. Mas
era óbvio que não metia medo em Axia. Berengária concluiu que ela já havia
conhecido um pouco de medo.
Joby não ficou desconcertada com o revide da cunhada.
— É verdade que ludibriou o meu irmão para que ele casasse com você?
— É, sim! — veio a resposta imediata. — Coloquei um vestido deslumbrante e usei
a minha beleza fatal para conquistá-lo. Afinal, ele era um partido e tanto, sem
um centavo e com três mulheres para sustentar. Claro, existe a sua beleza e isso
certamente enche a mesa de pão. Diga, como é que vocês fazem no inverno? Nunca
vi uma cozinha tão malcuidada como a sua. E olhe só para o pomar! Há pelo
menos dez anos que as árvores não são podadas e vocês só vão colher a metade das
frutas. E as flores? Estão ocupando um lugar inútil. Já que a terra é tão pouca,
deveriam usá-la toda para as suas necessidades. Para plantar feijão ou cebolas.
Joby custou a recuperar o fôlego.
— As flores são para Berengária, que gosta delas. Ela já tem pouco na vida,
assim ao menos tem o perfume das flores.
— Meu Deus, mas a sua irmã só está cega, não há nada de errado com ela. Ela
ficaria mais satisfeita com um purê de feijão no inverno do que com todas as
rosas do mundo no verão.
— Como ousa...
Foi interrompida pela risada de Berengária.
— Joby, acho que encontrou um páreo duro. Acho que... — Virou a cabeça, pois
ouvira alguém se aproximando.
Joby deu um olhar de superioridade para Axia, para ela se convencer de que sabia
o que se passava com Berengária mesmo quando deixava as frases pelo meio, e
correu até o portão. Berengária conhecia os passos de cada pessoa da propriedade
e quando havia uma pessoa estranha era a primeira a saber.
— Essa menina é realmente terrível — disse Axia no instante em que Joby
desapareceu.
Sentindo-se um pouco traidora, Berengária não pôde deixar de sorrir
ligeiramente.
— Peço desculpas...
Axia interrompeu-a, pois não estava nem um pouco interessada no assunto. Uma
parte dela queria contar a verdade sobre quem era, mas, por outro lado, não
queria que a odiassem porque era pobre e depois se tornasse amada por sua
riqueza — isto se já não tivesse sido deserdada. A essa hora o pai certamente já
sabia que era uma fugitiva.
Joby, que não ia deixar a irmã sozinha com a usurpadora, voltou minutos depois
com uma mensagem. — É de Jamie, e escreveu que ainda vai demorar. Oliver não
quer soltar a herdeira.
— É só isso? — perguntou Axia, odiando a sua falta de orgulho, mas queria
notícias de Jamie e esperava que tivesse enviado algo pessoal para ela. Já se
passava uma eternidade desde a última vez que haviam feito amor e ele a
abraçara.
— É — respondeu Joby triunfante, entregando a carta para a irmã cega.
Sob o olhar atento de Axia, Berengária passou as mãos pela carta.
— Ele está mentindo. Jamie corre perigo. Ele quer que procuremos ajuda.
— Mandarei um mensageiro para os Montgomery e eles virão em nosso auxílio —
começou Joby. — E nós...
Axia não comentou nada enquanto meditava sobre o que acabara de presenciar:
Berengária conseguia apalpar uma folha de papel e saber o que o remetente sentia
no momento em que nela escrevia. As implicações desse talento a deixaram tonta e
quase desmaiou.
— Você consegue perceber quando alguém mente ou está dizendo a verdade? —
sussurrou com admiração. — Você tem idéia de quanto dinheiro poderia ganhar com
esse dom?
Joby voltou-se para ela.
— Berengária não será explorada! A simples idéia dela sentada numa tenda e lendo
a sorte na mão de alguém é revoltante.
— Você sabe fazer isso também? — perguntou Axia arregalando os olhos.
Berengária ficou piscando calada durante vários minutos, enquanto Joby, com um
desprezo enorme, explicava que a família não pertencia à classe dos mercadores
que ganhavam a vida vendendo a si próprios.
Quando não agüentou mais, Berengária disse:
— Mas, Joby, precisamos de dinheiro. Aliás, tentamos vender a beleza do nosso
irmão, então qual é a diferença?
Sentindo-se profundamente traída, Joby voltou-se horrorizada para a irmã.
— É completamente diferente.
Berengária suspirou e desistiu do assunto. Ela não ia ficar balançando entre
Joby e a nova cunhada, mas admitia que as palavras de Axia possuíam um certo
atrativo. Ela desejava tanto ser útil e não apenas um ”peso na família”.
*
A pequena cela imunda onde Jamie fora mantido prisioneiro estava
vazia, restando apenas uma pilha de roupas ensangüentadas indicando que estivera
ali.
— Onde está ele? — perguntou Axia como se Tode e Berengária soubessem. Mas mesmo
que soubessem, ela não esperou resposta e mergulhou outra vez na escuridão dos
túneis. Tinha certeza de que não teria subido: havia gente demais e alguém
poderia vê-lo e reconhecê-lo. Só havia um jeito de fugir: pelos túneis.
Tode mantinha a tocha alta e correu tão rápido quanto podia atrás de Axia, com a
mão de Berengária firmemente presa à sua. Alcançou-a no instante em que ela ia
dobrar num dos corredores escuros como breu.
— Não devemos nos separar — disse, olhando para o rosto assustado de Axia. —
Precisamos ficar juntos. Você... — Interrompeu-se quando ouviu um som na entrada
do túnel.
— Ele está morto! Peguem as tochas. Encontrem-no! — ouviram uma voz gritar. —
Olhem! Uma luz!
Sem refletir, Tode jogou a tocha dentro de uma poça — e só Deus sabe que líquido
era aquele escorrendo pelo chão — e todos mergulharam no negrume total e
absoluto da escuridão.
Como Tode e Axia hesitavam, Berengária assumiu a liderança.
— Sigam-me — ordenou, e nunca na vida gostara tanto de poder falar. Ela agora
era a líder, e eles precisavam da sua ajuda.
Os túneis estavam imundos, há muito tempo não haviam sido usados e — como logo
descobriu — eram cheios de perigos. Em certos lugares o chão afundara ou o teto
desabara.
— Cuidado aqui — sussurrou. — Um buraco. Não pise nele.
— Como sabe? — perguntou Tode, segurando-lhe a mão e com Axia nos calcanhares.
— Este lugar é menos perigoso do que a minha casa com todas aquelas adagas e
espadas que meus irmãos largam em qualquer lugar. E Joby acha que é mais fácil
trocar os móveis de lugar do que dar a volta por eles. — Apesar de todo o
perigo, não pôde deixar de sentir um forte poder de determinação e força nessa
sua nova responsabilidade. Deixara de ser um ”peso na família” para se
transformar numa pessoa necessária.
Concentrou-se em tratar de tirá-los dali. Parou e cheirou o ar.
— O que está fazendo? — perguntou Axia, impaciente. Onde estaria Jamie?
— Estou tentando sentir o cheiro do sol — respondeu ela enigmaticamente. — É por
aqui.
Tode puxou Axia atrás dele com medo que começasse a perguntar como e por quê. A
curiosidade superava o medo.
De vez em quando Axia olhava para trás, com medo de conseguir enxergar as tochas
dos homens de Oliver, mas tudo continuava na mesma escuridão. Durante os quase
trinta minutos de caminhada passaram por enormes obstáculos e haviam contornado
nas pontas dos pés muitos buracos pelo chão. Ela concluiu que, se pudesse
enxergar, o túnel seria intransponível.
— Esperem! — avisou Berengária quando chegaram a um lugar no túnel bastante
espaçoso, tão espaçoso que Axia abriu os braços e não tocou em nada. — Alguém
esteve aqui.
— Jamie? — perguntou a cunhada prendendo a respiração.
— Não sei, mas alguém esteve aqui.
— Você pode sentir o cheiro? — continuou, e os outros dois tiveram que rir da
pergunta.
Foi nesse instante, enquanto ainda riam, que o homem pulou das sombras e apontou
um punhal para o pescoço de Tode.
— Se disser uma palavra, morre — sussurrou a voz rouca no ouvido de Tode.
— Jamie! —gritaram em uníssono as duas mulheres, depois Axia, deu um salto na
sua direção e, de mãos estendidas, agarrou-se em qualquer parte do corpo dele
que conseguiu tocar.
— Com mil demônios! — exclamou Jamie espantado e um pouco aborrecido, mas, no
instante seguinte, puxava Axia para si e a beijava, abraçando-a com toda força.
— Jamie, meu amor Pensei que ia morrer sem você. Você está bem? Está ferido? —
sussurrou Axia.
— Nem um pouco. Eles.. Ai! Bem, talvez um pouco. — Enfiou o rosto no seu
pescoço. — Você vai cuidar de mim até eu ficar bom?
— Eu farei coisas a você que só lhe darão vontade de viver — respondeu
roucamente, havendo um breve silêncio enquanto se beijavam na privacidade da
escuridão do túnel.
Parados a poucos centímetros deles, duas pessoas acompanhavam tudo o que
acontecia com emoções mistas. Durante muitos anos Tode e Axia tinham sido tudo
um para o outro, mas agora ele percebia que aquele tudo, a sua amizade, mudara
para sempre. E Berengária sentia o quanto o irmão amava aquela mulher que
aparecera de repente nas suas vidas e as virara de cabeça para baixo. Agora
sabia que Axia não fizera nada para conquistar o irmão, nada além de amá-lo,
amá-lo completa e profundamente, sem nenhum pensamento egoísta. Berengária não
prestara muita atenção quando ela dissera que daria a
vida para salvar a do marido, mas agora podia sentir o temor de Axia pela
segurança de Jamie, assim como do quanto precisava dele.
Berengária estava feliz porque alguém
amava o seu querido irmão como ela queria que fosse amado, mas, ao mesmo tempo,
sentiu uma enorme onda de solidão invadi-la. Jamie era o seu melhor amigo e o
único homem que ela conhecera até hoje que não se importava com a sua cegueira.
Enquanto Berengária sentia a perda do irmão, Tode colocou sua mão na dela e,
inclinando-se, beijou-a no canto da boca.
— Você não vai ficar sozinha — disse, como se pudesse ler os seus pensamentos. —
Não enquanto eu for vivo.
— Vamos, diabrete, solte-me e conte o que faz aqui. Como se eu não soubesse.
Tode! Como pôde metê-la nessa confusão? Os homens de Oliver não estão brincando
e levam a perseguição da fortuna de Maidenhall a sério. Mas você permitiu que
Axia...
— E eu — acrescentou Berengária baixinho.
Enquanto Jamie falava, Axia percorria-lhe o corpo todo com as mãos tentando
descobrir onde estava ferido. Primeiro sentiu seu sobressalto quando ele ouviu a
voz da irmã e, logo a seguir, a raiva.
— Nós precisávamos dela — explicou, tentando desviar a atenção de Jamie. — Ela
pode ver o que para nós é impossível.
— Não bastava colocar a minha esposa em perigo, mas trouxe também a ceg... a
minha irmã! — corrigiu-se a tempo. — Tode, você é o responsável por tudo isso.
Não devia ter chamado as mulheres. Especialmente...
— Anda, diz logo! — gritou Berengária. — Não deveria ter trazido ”a minha irmã
cega e inútil”. Era o que ia dizer, não era?
— Não foi o que eu disse nem o que quis dizer. Nenhum de vocês deveria estar
aqui.
— Seu ingrato! Nós viemos salvá-lo! — revidou Axia. — Para sua informação, aqui,
neste lugar, Berengária não é cega. Ela pode sentir o cheiro do sol.
Jamie hesitou por um momento e depois riu.
— Está bem, não posso discutir isso. Vamos, vamos embora. — Mas, para seu
desespero, ninguém o seguiu. Parou e voltou-se:
— Logo estarão à nossa procura. Precisamos encontrar a saída, e rápido.
Axia colocou as mãos nos quadris, embora ele não conseguisse vê-la.
— Berengária enxerga melhor do que você. Nós iremos com ela.
Naquele instante Berengária sentiu que realmente amava a sua cunhada. Ninguém
jamais afirmara que ela conseguia fazer qualquer coisa melhor do que outra
pessoa. Apesar de cega, era uma Montgomery, e encheu-se de orgulho.
— Vamos. É por aqui! — comandou, e começou a caminhar na direção oposta àquela
que Jamie tomara.
Jamie, que não era tolo para ficar com a liderança quando percebia que não era a
pessoa mais indicada para o trabalho, deu meiavolta e foi atrás deles.
Berengária levou-os por túneis que pareciam não ter fim e, depois de algum
tempo, Axia começou a achar que também conseguia sentir ”o cheiro” do sol. Num
dado momento esbarraram num teto que havia desabado e que bloqueava a passagem.
Tode e Jamie limparam o entulho e nenhum aceitou a ajuda das mulheres.
—Jamie está mais ferido do que está dando a perceber — sussurrou Berengária,
tomando um gole de água do cantil que cada uma levava preso na cintura. — Está
sangrando. Posso sentir o cheiro.
Axia inspirou.
— Sim. Eu senti quando o abracei. Você tem certeza que estamos indo para a
saída?
— Oh, sim. Eu posso...
— Berengária! — exclamou Axia de repente. — E se fosse de noite? Você poderia
sentir o cheiro do sol?
Ela deu uma risadinha.
— Na verdade, eu não sinto o cheiro do sol, mas o que o sol faz com a terra. Faz
as plantas crescerem e posso sentir o cheiro delas e do ar fresco. Claro que
assim é fácil achar o caminho que devo seguir. Você não sente?
— Nem um pouco. Você seria capaz de refazer o caminho por onde viemos?
— Sim, claro que sim. — Com um ouvido atento para Jamie, que lutava com as
pedras, sussurrou: — Edward, meu irmão, costumava me levar para a floresta a
milhas de distância de casa e me largava lá para ver se eu conseguia encontrar
sozinha o caminho de volta. Ele afirmava que se os cachorros conseguiam, eu
também conseguiria. A primeira vez pensei em ficar ali esperando até alguém me
encontrar e, se ninguém viesse, eu morreria, então me lembrei que teríamos
morangos no jantar.
— Quer dizer que você sentiu o cheiro dos morangos e seguiu seu faro?
Berengária soltou uma risada e os homens voltaram-se para olhá-la. Entretanto,
nenhuma das duas quis contar o que havia de tão engraçado.
— Não. Voltei a pé e tropeçando pelo caminho, mas, confiando no meu instinto,
acabei chegando lá.
Antes que Axia fizesse outra pergunta, Jamie disse que o caminho estava limpo
para prosseguirem.
Uma hora depois esbarraram num emaranhado de raízes bloqueando o túnel.
— Aqui — apontou Berengária. — Cortem essa parte e logo estaremos lá.
E ela estava certa, porque logo depois Jamie virou-se para o grupo:
— Posso ver a luz do dia.
Os três ficaram eufóricos, mas Berengária quase desejou ficar nos túneis, pois
sabia que com a luz do dia teria que abrir mão da liderança, da sua utilidade.
Na luz ela voltaria a ser um ”peso na família”.
FIM
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Jude Deveraux é uma autora americana bem conhecida pelos seus romances históricos
e românticos. É autora de uma vasta obra, com mais de 30 títulos publicados, que
marcam regularmente presença na lista dos livros mais vendidos do New York
Times.
excerto de
A HERDEIRA
Jude Deveraux
título original: The heiress, 1995
tradução: Renée Eve Levié
Bertrand Brasil
Rio de Janeiro, 1998.
2.Mar.2020
Maria José Alegre
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