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Jacob, cego, abençoa os netos Ephraim e Manasseh -
Benjamin West, 1766
As palavras hebraica e grega para
"cego" são ʽiw·wér e ty·flós, ambas usadas em
sentido literal e figurativo. — De 27:18; Is 56:10; Mt 15:30; 23:16.
A cegueira parece ter sido um padecimento bastante comum no antigo Oriente
Médio. Além de um considerável número de referências a ela na Bíblia, escritos
seculares, tais como o
Papiro Ebers, do Egito, freqüentemente se referem a esta
condição, descrevendo diversas formas dela e seus sintomas, prescrevendo
colírios e mencionando alguns dos instrumentos cirúrgicos usados.
Sacerdote vertendo um medicamento destinado a tratar os olhos de músicos cegos
(mármore egípcio)
A lei de
retaliação, de Israel, que exigia alma por alma, olho por olho, dente por dente,
mão por mão, pé por pé, não só enfatizava a santidade da vida, mas também
incutia fortemente nos israelitas a necessidade de extraordinários cuidados para
evitar ferir outrem. Salientava também a necessidade de as pessoas terem certeza
de que qualquer testemunho que apresentassem no tribunal era verdadeiro e exato,
visto que aquele que dava falso testemunho recebia a mesma punição que ele teria
causado ao inocente. (Êx 21:23, 24; De 19:18-21; Le 24:19, 20) Quando um amo
causava ao seu escravo a perda de um olho, não se tirava um dos olhos do próprio
amo, mas o escravo ficava livre. (Êx 21:26) Embora se pudesse exigir que os
escravos trabalhassem e eles pudessem ser espancados se fossem rebeldes, ainda
assim o amo ficava deste modo cônscio da necessidade de se refrear de ser
indevidamente severo.
Era uma prática comum dos assírios e dos babilónios furar os olhos dos que eles
derrotaram na guerra. Sansão foi cegado pelos filisteus, e o rei Zedequias, por
Nabucodonosor. (Jz 16:21; 2Rs 25:7; Je 39:7)
Sansão cegado pelos filisteus - Rembrandt, 1636
Naás, rei dos amonitas, disse que
aceitaria a rendição da cidade de Jabes de Gileade “na condição de se furar todo
olho direito vosso, e terei de pô-lo como vitupério sobre todo o Israel”. — 1Sa
11:2; veja NAÁS N.° 1.
A Bíblia registra diversos casos de cegueira por senilidade ou velhice, casos em
que os olhos não estavam enfermos, mas ‘turvos’ ou “parados”. Por causa disso,
Isaque foi levado a conceder a bênção ao merecedor dela, Jacó.
Isaac abençoa Jacob - Joachim von Sandrart I, séc.17
O sumo sacerdote
Eli começou a perder a visão algum tempo antes da sua morte à idade de 98 anos.
A esposa de Jeroboão maquinou tirar vantagem da cegueira do idoso profeta Aijá,
mas Jeová frustrou a trama. (Gên 27:1; 1Sa 3:2; 4:14-18; 1Rs 14:4, 5) Relata-se,
porém, a respeito de Moisés que, na idade avançada de 120 anos, “seu olho não se
havia turvado”. — De 34:7.
Jeová, que fez o olho, pode também causar cegueira. (Êx 4:11) Ele advertiu a
nação de Israel de que, se rejeitasse os Seus estatutos e violasse o Seu pacto,
traria sobre ela uma febre ardente, fazendo os olhos falhar. (Le 26:15, 16; De
28:28) Os homens iníquos de Sodoma e o feiticeiro Elimas foram golpeados com
cegueira. (Gên 19:11; At 13:11)
A Conversão de Saulo - Michelangelo, 1542-45
Saulo de Tarso foi cegado pelo brilho da luz,
quando Jesus apareceu a ele “como a alguém nascido prematuramente”. Ele
recuperou a vista quando Ananias pôs as mãos nele e “caíram-lhe dos olhos o que
parecia escamas”. (1Co 15:8; At 9:3, 8, 9, 12, 17, 18) Numa pronunciação
profética pelo profeta Zacarias, Jeová indica que os cavalos daqueles que vêm
contra Jerusalém serão golpeados com a perda da vista (Za 12:4) e que, no dia
pertencente a Jeová, todos os povos que realmente prestarem serviço militar
contra Jerusalém sentirão um flagelo, em que os próprios olhos deles
“apodrecerão nas suas órbitas”. — Za 14:1, 12.
A cegueira que sobreveio à força militar dos sírios à palavra de Eliseu
evidentemente era uma cegueira mental. Se todo o exército tivesse sido golpeado
com cegueira física, todos teriam de ser levados pela mão. Mas o relato diz
simplesmente que Eliseu lhes disse: “Este não é o caminho e esta não é a cidade.
Segui-me.”
Sobre este fenômeno, William James, na sua obra 'Principles of
Psychology' (Princípios de Psicologia, 1981, Vol. 1, p. 59) declara: “A cegueira
mental é um dos resultados mais curiosos de distúrbio funcional do córtice
cerebral. Não é tanto a insensibilidade às impressões óticas como é a
incapacidade de compreendê-las. Psicologicamente se interpreta isso como perda
de associações entre as sensações óticas e o significado delas; e qualquer
interrupção das vias entre os centros óticos e os centros de outras idéias deve
causar isto.” Esta foi evidentemente a espécie de cegueira removida por Jeová
quando o exército sírio chegou a Samaria. (2Rs 6:18-20) Tal cegueira mental
também pode ter estado envolvida no caso dos homens de Sodoma, visto que o
relato mostra que, em vez de ficarem aflitos por causa da perda da faculdade da
visão, eles persistiram em tentar achar a porta da casa de Ló. — Gên 19:11.
A cegueira desqualificava o homem de servir como sacerdote no santuário de
Jeová. (Le 21:17, 18, 21-23) O sacrifício de um animal cego tampouco era
aceitável a Jeová. (De 15:21; Mal 1:8) Mas a lei de Jeová refletia consideração
e compaixão para com os cegos. Quem colocasse um obstáculo no caminho dum cego
ou que o desencaminhasse era amaldiçoado. (Le 19:14; De 27:18) Jó, justo servo
de Deus, disse: “Tornei-me olhos para o cego.” (Jó 29:15) O próprio Jeová indica
que, no tempo devido, acabará com a cegueira. — Is 35:5.
Quando Jesus Cristo esteve na terra, ele restaurou milagrosamente a visão de
muitos cegos. (Mt 11:5; 15:30, 31; 21:14; Lu 7:21, 22) Quando Jesus esteve perto
de Jericó, ele curou o cego Bartimeu e seu companheiro. (Mt 20:29-34; Mr
10:46-52; Lu 18:35-43) Em outra ocasião, curou dois cegos ao mesmo tempo. (Mt
9:27-31) Novamente, ele curou um homem endemoninhado que tanto era cego como
incapaz de falar. (Mt 12:22; compare isso com Lu 11:14.) A vista de um homem foi
restabelecida gradualmente. Isto talvez fosse para habilitar o homem tão
habituado a estar no escuro a acostumar seus olhos ao brilho da luz solar. (Mr
8:22-26) Outro homem, cego de nascença, quando se lhe deu visão, tornou-se
crente em Jesus. (Jo 9:1, 35-38) Nos últimos dois casos, Jesus usou saliva ou
saliva misturada com barro, mas esta suposta semelhança com remédios populares
não diminui o aspecto milagroso das curas. No caso do homem cego de nascença,
mandou-se-lhe que fosse lavar-se no reservatório de água de Siloé, antes de
obter visão. (Jo 9:7) Sem dúvida, esta foi uma prova da sua fé, assim como se
requereu de Naamã banhar-se no rio Jordão antes de ficar livre da sua lepra. —
2Rs 5:10-14.
A cura do cego de nascença - Jean Restout, 1763
Uso Figurado.
Muitas vezes, o andar às apalpadelas dos cegos serve como ilustração de
desamparo. (De 28:29; La 4:14; Is 59:10; Sof 1:17; Lu 6:39) Os jebuseus eram tão
confiantes em que sua cidadela era inexpugnável, que escarneceram de Davi,
dizendo que os cegos debilitados deles, embora fracos, poderiam defender a
fortaleza de Sião contra Israel. — 2Sa 5:6, 8.
A desvirtuação da justiça por meio de corrupção judicial era simbolizada pela
cegueira, e na Lei há muitas exortações contra suborno, presentes ou
preconceito, visto que tais coisas podem cegar o juiz e impedir a aplicação
imparcial da justiça. “O suborno cega os perspicazes.” (Êx 23:8) “O suborno cega
os olhos dos sábios.” (De 16:19) O juiz, não importa quão reto e discernidor,
pode consciente ou mesmo inconscientemente ser afetado por um presente dado
pelos envolvidos no processo. A lei de Deus, refletidamente, considera o efeito
cegante não só dum presente, mas também do sentimento, pois declara: “Não deves
tratar com parcialidade ao de condição humilde e não deves dar preferência à
pessoa do grande.” (Le 19:15) Assim, por motivo de sentimentalismo ou pela
popularidade junto à multidão, o juiz não devia dar o seu veredicto contra os
ricos, apenas porque eram ricos. — Êx 23:2, 3.
Cegueira Espiritual.
A Bíblia atribui muito maior importância à visão espiritual do que à física.
Jesus aproveitou a ocasião da cura do cego de nascença para salientar quão
repreensíveis eram os fariseus, porque professavam ter visão espiritual e ainda
assim recusavam sair da sua condição cega. Eram iguais àqueles que amavam mais a
escuridão do que a luz. (Jo 9:39-41; 3:19, 20)
O apóstolo Paulo falou à
congregação efésia sobre eles iluminarem os olhos do coração deles. (Ef 1:16,
18) Jesus salientou que aqueles que professam ser cristãos, mas que não estão
cônscios da sua necessidade espiritual, estão cegos e nus, não discernindo sua
condição lastimável, andando às apalpadelas. (Re 3:17) Assim como ficar no
escuro por um longo período causa cegueira aos olhos naturais, assim o apóstolo
João indica que o cristão que odeia seu irmão anda sem rumo numa escuridão
cegante (1Jo 2:11); e Pedro adverte que aquele que não desenvolve frutos
cristãos, o maior deles sendo o amor, “é cego, fechando os seus olhos à luz”.
(2Pe 1:5-9) A fonte de tal escuridão e cegueira espiritual é Satanás, o Diabo, o
qual, transformando-se num anjo de luz, na realidade é “o deus deste sistema de
coisas” e o deus da escuridão, que tem cegado a mente dos incrédulos, para que
não discirnam as boas novas a respeito do Cristo. — Lu 22:53; 2Co 4:4; 11:14,
15.
FIM
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A 'Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da Pensilvânia' é a designação
pela qual é conhecida a mais antiga das sociedades ou associações jurídicas
atualmente usada pela religião cristã Testemunhas de Jeová.
23.Jan.2019
Maria José Alegre
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