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 Sobre a Deficiência Visual

 

Traumatismos Oculares


 

  1. Prevenção de Acidentes Oculares  Instituto Penido Burnier
  2. Traumas Oculares  Instituto CEMA
  3. Lesões Oculares  Manual Merck
  4. Queimaduras nos Olhos por Produtos químicos ou Clarões  Clínica Belfort
  5. Avaliação e Tratamento dos Ferimentos Oculares Karin Lecuona


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Prevenção de Acidentes Oculares

Dr. L. Queiroz Neto, Dr. A. Raad Camargo e Dr. Mauro A. Chies

 

INTRODUÇÃO

O olho é um órgão do corpo humano responsável por um do sentidos mais importantes: a visão. Sabendo-se que a maior parte da nossa comunicação com o meio exterior é dada por este sentido (aproximadamente 85%), e que uma grande percentagem das lesões oculares geram defeitos visuais permanentes, torna-se fácil o entendimento da importância da prevenção de acidentes com os olhos e da manutenção da saúde dos mesmo.


IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES OCULARES

A proteção dos olhos é uma necessidade urgente, e imperativa, não apenas pelo desejo de bem estar dos indivíduos, mas também por razões de ordens sócio-econômicas, como o aumento da produtividade. Com o aumento da industrialização e a diminuição das medidas profiláticas, os acidentes oculares de trabalho tem ocorrido com uma freqüência cada vez maior, sendo necessárias medidas eficazes para preveni-los e evitá-los. Tais acidentes são responsáveis, muitas vezes, por gerar incapacidade e limitações nos indivíduos, por provocarem cegueira. Nos Estados Unidos ocorrem uma média de 1.000 acidentes oculares de trabalho por dia, apesar de todo um esforço na sua prevenção.

Por ser a visão o sentido mais importante, os olhos são extremamente essenciais para o operário e lesões mínimas podem impossibilitá-lo para o trabalho. É importante ressaltar que aproximadamente 98% dos acidentes são evitáveis, ou seja, a cada 100 acidentes, apenas 2 deveriam acontecer. Historicamente, Remazzini em 1700 relatou a importância da prevenção de acidentes oculares, e também a dificuldade em realizá-la, devido principalmente à falta de compreensão e colaboração dos trabalhadores em adotarem medidas simples de precaução.


O ACIDENTE OCULAR DE TRABALHO E SUA PREVENÇÃO

Os acidentes com os olhos podem acontecer repentina e inesperadamente, e o indivíduo pode percebe-los imediatamente ou apenas horas mais tarde, quando surgirem, sintomas como irritação, hiperemia ou sensação de corpo estranho.

A inaptidão para o trabalho causada pelo comprometimento ocular é muito maior do que qualquer outro tipo de acidente uma vez que é em média de 15 semanas, quando não permanente, contra as 5 para aqueles que afetam outra partes do corpo. Os profissionais mais atingidos pelo trauma ocular são os das seguintes áreas: metalurgia, construção civil, marcenaria, mecânica, têxtil, cerâmica, industria química, industria de produtos alimentícios, transporte, pesca, artes gráficas e mineração. As lesões oculares mais encontradas são: corpos estranhos, úlceras traumáticas, queimaduras, contusões e lacerações e até perfurações do globo ocular. Os sintomas mais comuns são: dor, baixa da visão, ardor, lacrimejamento, fotofobia, vermelhidão, secreção ocular e sensação de corpo estranho nos olhos.

As causas dos acidentes de trabalho oculares podem ser:  1) físicas, responsáveis por 10% dos acidentes e 2) falta de supervisão, responsável por 88% dos acidentes. Entre as causas físicas destacamos a falta de proteção eficiente (como os óculos de proteção com lentes de segurança), trajes inadequados, má iluminação e ventilação do ambiente de trabalho e a má disposição ou a manutenção inadequada dos equipamentos.

Já no caso referente à supervisão, sabemos ser esta de extrema importância na prevenção de acidentes oculares, devendo no entanto ser constante, de modo a obrigar a totalidade dos funcionários. A educação é a principal arma de apoio devendo ser constante e duradoura. Há a necessidade de uma organização com plena autoridade de supervisão que se encarregue do assunto e faça cumprir a legislação já existente com referencia aos acidentes de trabalho. Cabe à supervisão, fiscalizar as condições de trabalho dos funcionários, promovendo mudanças para que estas tornem-se as mais adequadas possíveis. Assim, a verificação do estado de manutenção do maquinário bem como a avaliação das condições de trabalho que é submetido o funcionário é papel da supervisão, funções estas de extrema importância.

Quanto às condições de trabalho, deve-se avaliar: ventilação e iluminação do local, necessita de ar condicionado, aspiradores e exaustores, uso de óculos de proteção, horas de trabalho e descanso, entre outras. Correia Bastos aconselha um descanso de 10 minutos após a 3ª hora de trabalho, pois é após este período que os acidentes são mais comuns.

Com relação aos óculos de proteção, os mais utilizados são os com lentes de vidro temperado ou endurecido com 3 milímetros de espessura, que apresenta ótimas qualidades ópticas. Temos ainda lentes com vidros laminados coloridos e plásticos. Os óculos protetores protegem os olhos de areia, fagulhas, gases, pancadas, pó, vento e energia radiante. Para sua total eficiência, cada óculos de proteção deve ser modulado de acordo com a necessidade e função do trabalhador, e deve-se ter sempre à mão materiais de fácil limpeza dos mesmos. Não somente o trabalhador que faz o serviço deve estar com os óculos de proteção, mas também todos que o cercam. Infelizmente o uso dos óculos protetores não é muito difundido em nosso meio, devendo haver um maior número de campanhas educativas com o intuito de incentivar e conscientizar os trabalhadores da importância do seu uso rotineiro e habitual. O custo da prevenção não é alto, se levarmos em conta a economia proporcionada pela saúde do trabalhador e o seu baixo custo quando comparado com a incapacidade do mesmo para o trabalho.

ACIDENTES OCULARES DOMÉSTICOS

Muitos materiais e produtos são responsáveis por acidentes oculares domésticos. Dentre eles, podemos citar os produtos de limpeza (desinfetantes, detergentes, alvejantes, etc.), inseticidas, objectos pontiagudos (tesouras, facas, garfos, agulhas, etc.), objectos inflamáveis (álcool, etc.), produtos com temperaturas elevadas (fósforo, óleo para fritura, etc.), plantas domésticas que liberem substâncias (coroa-de-cristo, etc.), entre outros. Estes produtos provocam desde queimaduras até lesões perfurantes graves do globo ocular, devendo portanto ser evitado o seu manuseio sem os devidos cuidados preventivos. Um cuidado especial é o de se estocar tais produtos longe do alcance de crianças.

Por fim, cabe ainda lembrar a importância do uso do cinto de segurança nos veículos, pois pesquisas mundiais demonstram a eficácia deste objecto de segurança na medida em que diminui em uma percentagem alta o número de acidentes oculares graves, como as perfurações, que podem gerar perda da função visual. É importante lembrar que o uso do cinto de segurança é indispensável sempre que se entrar em um automóvel, as cidade ou na estrada; pesquisa demonstraram que um grande número de acidentes automobilísticos ocorrem em um raio de 1km próximo à residência da vítima.

PRIMEIROS SOCORROS OCULARES

A primeira e mais importante medida de socorro após um acidente ocular é a lavagem do mesmo com água limpa em abundância. A única excepção se faz às perfurações oculares, que devem ser encaminhadas imediatamente ao oftalmologista para os devidos reparos (quando possível). É importante evitar-se a compressão do globo ocular até a avaliação da extensão da lesão provocada pelo acidente. É sempre importante a avaliação do profissional especializado (oftalmologista) que possui os equipamentos necessários para um adequado exame do olho.

O uso de colírio anestesiado para alívio dos sintomas é um procedimento apenas aceito durante o exame do olho acometido e somente pelo profissional habilitado. Nunca deve ser usado inadvertidamente ou como rotina por pessoa não habilitada, uma vez que o seu abuso pode gerar problemas oculares graves como úlceras e cegueira, sendo inclusive necessária a proibição de sua comercialização sem prescrição médica oftalmológica.


Fonte: Instituto Penido Burnier

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Traumas Oculares

Instituto CEMA de S. Paulo


Trauma Ocular é a grande causa de cegueira que pode ser evitada. O trauma ocular chega a ser reconhecido, nos Estados Unidos, como a segunda maior causa de cegueira. O Brasil carece de números a respeito, mas especialistas da área garantem que os traumatismos no olho também causam grandes estragos por aqui.

“Não se pode dizer que no Brasil o trauma ocular seja a segunda maior causa de cegueira porque outras desordens graves de saúde, que também causam a cegueira, vêm em primeiro lugar, como a diabetes, que, em outros países, é mais controlada”, diz o Coordenador-Chefe de Oftalmologia do CEMA, Hospital Especializado em Oftalmologia, Dr. Pedro José Monteiro Cardoso.

Explicando um pouco o assunto, trauma provém da palavra grega que significa ferida e traumatismo é um termo geral que abarca todas as lesões internas e externas ocasionadas por uma violência exterior. Quando o traumatismo é nos olhos, região de extrema sensibilidade em relação ao resto do corpo, as lesões deixam, quase sempre, uma seqüela que representa um déficit funcional.

Se a córnea é o órgão lesionado, por exemplo, se produz catarata. Se foi a retina que foi machucada, a visão fica definitivamente mais ou menos comprometida. Todos estes fatores caracterizam a gravidade das feridas oculares.

De acordo com o Dr. Pedro, os acidentes de trânsito, antes os maiores causadores de traumas oculares, já não causam mais tantos problemas graves, em virtude do uso de cinto de segurança ter se disseminado potencialmente. No entanto, é essencial que, mesmo quando se sai para um pequeno e conhecido percurso, se use o cinto, tendo em vista ser estes pequenos acidentes, nos arredores da casa do paciente, são os que causam os traumas oculares mais freqüentes socorridos nos pronto-socorros de hospitais oftalmológicos.

Em segundo lugar, os acidentes de trabalho, com inserção de corpos estranhos no olho, constam também como causa corriqueira dos traumas oculares. “Neste caso é importante que aqueles que trabalham com ferros, madeiras e vidros, como os mecânicos, marceneiros e vidraceiros e outros operários, utilizem equipamento de segurança, como os óculos protetores”, levanta o Dr. Pedro.

“Com as crianças, é preciso prestar atenção na altura das quinas de mesas e maçanetas, que costumam ficar exatamente na altura daqueles por volta dos 6 ou 7 anos”, continua, “ao abrir garrafas, cervejas, tampas e vidros, deve-se tomar o cuidado de virar o rosto”, adverte. Os idosos também costumam ser bastante atingidos pelos traumas oculares, tendo em vista que caem com mais freqüência.

Em queimaduras com químicos, o especialista recomenda lavar principalmente com água, se possível soro fisiológico, e nada mais – evitando-se, portanto, os colírios sugeridos pelos atendentes de farmácias, que podem piorar a situação.

“Em especial, deve-se ter muito cuidado com a soda cáustica e outros ácidos, que causam danos profundos aos olhos”, completa o Dr. Pedro. Ele explica que as queimaduras que causam lesões de córnea, que vão desde as mais leves até os leucomas, podem até levar à cegueira, embora o mais comum seja um embranquecimento da córnea com redução da visão.

As quedas, brigas e os esportes também estão na lista dos maiores causadores de traumas oculares. São os chamados “traumas fechados”, muitas vezes causados por um soco ou uma bolada. Não há perfuração do globo ocular, mas pode haver lesões, luxação, hemorragias internas, fratura da órbita e até mesmo deslocamento do olho, que exige uma cirurgia para voltar ao lugar. Estes traumas também podem levar à cegueira.

O Dr. Pedro, inclusive, ressalta a importância de que o paciente, quando não há risco de vida, seja prontamente atendido por um oftalmologista, e não por um clínico geral, que, muitas vezes, vai se preocupar em fazer uma sutura da pálpebra, por exemplo, e se esquecerá de resolver os traumas ocorridos no olho propriamente dito.

“Nos casos de perfuração, comuns nos acidentes automobilísticos, é importante que o paciente sofra uma intervenção cirúrgica, de preferência, logo nas primeiras seis horas após o trauma”, adverte, lembrando que esta é a melhor forma de garantir uma recuperação eficiente.

Segundo o Dr. Edgar Vicente Siso Villarroel, que publicou um estudo na Internet a respeito, na hora de se socorrer alguém que sofreu um trauma ocular, é necessário elaborar uma história clínica detalhada, com descrição minuciosa do acidente, circunstâncias relacionadas com o agente traumático e o tempo transcorrido antes de receber atenção médica, prestando atenção à agudeza visual como parâmetro de seguimento e prognóstico.

Ele ressalta que os raios X, a ecografia, a tomografia axial computadorizada e a ressonância magnética converteram-se, na modernidade, em técnicas diagnósticas de imagem insubstituíveis, possibilitando ao cirurgião um mapa anatômico detalhado.

Em sua pesquisa, realizada em Caracas, Trabalho de ascensão a categoria de professor assistente no quadro unviersitário, na Faculdade Médica de Caracas, de 1987-1988, com a análise de 100 casos) consta que a Sociedade Nacional de Prevenção da Cegueira dos Estados Unidos estima que a cada ano ocorrem mais de 2,4 milhões de lesões oculares. Consta, no mesmo trabalho, que, de acordo com a Sociedade Internacional de Prevenção à Cegueira, se considera que a metade dos casos de cegueira se poderia prevenir. A perda de um olho (cegueira monocular) geralmente ocorre na primeira década de vida e se deve a traumatismos oculares mais freqüentes em Inícions jovens, nas primeiras três décadas de vida, uma vez que estão mais freqüentemente expostos à situações de risco, seja em brigas, nos esportes ou em acidentes de trânsito.

A conclusão do estudo do Dr. Edgar aponta para a necessidade dos programas de prevenção governamentais e para a conscientização dos indivíduos, que tem em mãos as formas de se proteger dos traumas oculares. “A imensa maioria dos acidentes oftalmológicos podem ser prevenidas com aparatos relativamente econômicos”, diz. “Para que a proteção seja eficaz, em relação aos acidentes automobilísticos, recomenda-se o uso de parabrisas laminados, que dão um alto percentual de segurança ante qualquer acidente devido à sua alta resistência de penetração”.

Trabalho de ascensão à categoria de professor assistente no quadro universitário, na Faculdade Médica de Caracas, de 1987-1988, com a análise de 100 casos, pelo Dr. Edgar Vicente Siso Villarroel.
Fonte: CEMA - Hospital Especializado em Oftalmologia
 

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Lesões Oculares

Manual Merck
 

  • Lesões por Impacto
  • Corpos Estranhos
  • Queimaduras

A estrutura da face e olhos tem a finalidade de proteger os olhos contra lesões. O globo ocular está localizado em uma cavidade circundada por uma borda óssea forte. As pálpebras podem fechar rapidamente para formar uma barreira contra objectos estranhos e o olho consegue suportar um impacto leve sem ser lesado. Apesar disso, o olho e as estruturas circunjacentes podem ser lesados por traumatismos, algumas vezes tão gravemente que a visão é perdida e, em raros casos, o olho deve ser removido. A maioria das lesões oculares são insiginificantes, mas devido ao grande hematoma produzido, elas freqüentemente parecem piores do que são. Qualquer lesão ocular deve ser examinada por um médico para se determinar a necessidade de tratamento e se a visão foi afetada de modo permanente.


Lesões por Impacto
Um impacto brusco força o olho para o interior de sua cavidade, podendo lesar as estruturas superficiais (pálpebras, conjuntiva, esclera, córnea e cristalino) e as estruturas localizadas na parte posterior do olho (retina e nervos). O impacto também pode causar fratura dos ossos localizados em torno do olho.


Sintomas
Nas primeiras 24 horas após uma lesão ocular, o sangue que extravasa para o interior da pele em torno do olho normalmente produz uma equimose, comumente denominada “olho preto”. Quando ocorre a ruptura de um vaso sangüíneo da superfície do olho, esta torna-se vermelha. Este sangramento comumente é de pequena intensidade. A lesão interna do olho é freqüentemente mais grave que a lesão superficial. O sangramento na câmara localizada na parte anterior do olho (hemorragia da câmara anterior, hifema traumático) é potencialmente grave e exige a atenção de um oftalmologista.

O sangramento recorrente e o aumento da pressão no interior do olho podem tornar a córnea manchada de sangue, o que pode reduzir a visão, como a catarata, e aumentar o risco de glaucoma durante o resto da vida. O sangue pode extravasar para o interior do olho, a íris (a parte colorida do olho) pode ser lacerada ou o cristalino pode ser deslocado. Podem ocorrer hemorragias na retina, a qual pode descolar da superfície subjacente, na parte posterior do olho. No início, o descolamento da retina pode gerar imagens com formas irregulares flutuantes ou flashes de luz e pode tornar a visão borrada, mas, a seguir, a visão reduz acentuadamente. Nas lesões graves, o globo ocular pode romper.


Tratamento
A aplicação de bolsa de gelo pode ajudar a reduzir o edema e a diminuir a dor de um hematoma. Em torno do segundo dia, a aplicação de compressas quentes podem ajudar o corpo a absorver o excesso de sangue acumulado. Quando a pele em torno do olho ou sobre a pálpebra sofre uma laceração (corte), a sutura pode ser necessária. Quando possível, devem ser realizados pontos de sutura próximos da borda palpebral por um cirurgião ocular, para se assegurar que não sejam produzidas deformidades que afetem o fechamento das pálpebras. Uma lesão que afeta os canais lacrimais deve ser reparada por um cirurgião ocular. Para uma laceração do olho, podem ser administrados medicamentos analgésicos juntamente com medicações que mantêm a pupila dilatada e que previnem a infecção.

Um protector metálico é freqüentemente utilizado para proteger o olho contra novas lesões. Uma lesão grave pode acarretar um certo grau de perda da visão mesmo após o tratamento cirúrgico. Qualquer indivíduo que apresente um sangramento interno no olho provocado por um traumatismo é aconselhado a manter repouso ao leito. Pode ser necessária a administração de um medicamento que reduza a pressão ocular (p.ex., acetazolamida). Às vezes, é administrada uma medicação adicional, o ácido aminocapróico, para reduzir o sangramento. Qualquer medicamento que contém aspirina deve ser evitado, pois ela pode aumentar o sangramento interno no olho. Os indivíduos que fazem uso de warfarin ou de heparina para evitar a coagulação sangüínea ou que utilizam a aspirina por qualquer razão devem informar o médico imediatamente. Em raros casos, um sangramento recorrente exige a drenagem cirúrgica que é realizada por um oftalmologista.


Corpos Estranhos
As lesões oculares mais comuns são as da esclera, da córnea e da conjuntiva (revestimento das pálpebras), causadas por corpos estranhos. Embora a maioria dessas lesões sejam de pouca importância, algumas (p.ex., perfuração da córnea ou infecção secundária a um corte ou a um arranhão da córnea) podem ser graves. A fonte mais comum de lesões superficiais talves sejam as lentes de contacto.

As lentes mal adaptadas, o uso excessivo de lentes de contacto, a preservação das lentes durante o sono, as lentes esterilizadas de forma inadequada e a remoção forçada ou inadequada das lentes podem arranhar a superfície do olho. Outras causas de lesões da superfície do olho incluem as partículas de vidro, as partículas transportadas pelo vento, galhos de árvore e resíduos que caem. Em determinadas ocupações, os trabalhadores podem estar rodeados por pequenas partículas que flutuam ao seu redor. Estes indivíduos devem utilizar óculos protetores.


Sintomas
Qualquer lesão da superfície do olho geralmente causa dor e uma sensação de que há algo dentro do olho. A lesão também pode produzir sensibilidade à luz, hiperemia, sangramento dos vasos sangüíneos superficiais do olho ou edema do olho e da pálpebra. A visão pode tornar-se borrada.


Tratamento
Um corpo estranho no olho deve ser removido. Colírios especiais contendo fluoresceína (um corante) tornam o objecto mais visível e revelam qualquer abrasão superficial. Colírios anestésicos podem ser utilizados para anestesiar a superfície do olho. Com o auxílio de um instrumento de iluminação especial, o médico realiza a remoção do corpo estranho. Freqüentemente, ele pode ser retirado da superfície com o auxílio de um cotonete estéril umedecido. Algumas vezes, o corpo estranho pode ser eliminado através da lavagem do olho com água estéril.

Quando o corpo estranho causa uma pequena abrasão superficial da córnea, uma pomada contendo antibiótico aplicada durante alguns dias pode ser suficiente. As abrasões maiores da córnea exigem um tratamento adicional. A pupila é mantida dilatada com medicamentos; antibióticos são instilados e um curativo é aplicado sobre o olho para mantê-lo fechado. Felizmente, as células superficiais do olho regeneram-se rapidamente. Sob um curativo, mesmo as grandes abrasões tendem a cicatrizar em 1 a 3 dias. Quando um corpo estranho perfura as camadas mais profundas do olho, um oftalmologista deve ser imediatamente consultado para a instituição do tratamento de emergência.

Queimaduras
A exposição ao calor intenso ou à substâncias químicas faz com que as pálpebras se fechem rapidamente em uma reacção reflexa para proteger os olhos contra queimaduras. Conseqüentemente, apenas as pálpebras podem ser queimadas, embora o calor intenso também possa queimar o olho. A gravidade da lesão, a intensidade da dor e o aspecto das pálpebras dependem da profundidade da queimadura.

As queimaduras químicas podem ocorrer quando uma substância irritante penetra no olho. Mesmo as substâncias levemente irritantes podem causar uma dor importante e lesão ocular. Como a dor é muito intensa, o indivíduo tende a manter as pálpebras fechadas e, conseqüentemente, mantém a substância irritante em contacto com o olho durante um período prolongado.


Tratamento
Para tratar as queimaduras palpebrais, o profissional da saúde lava a área com uma solução estéril e, a seguir, aplica uma pomada antibiótica ou uma gaze embebida com vaselina. A área tratada é coberta com curativos estéreis mantidos com uma atadura plástica ou com uma malha para facilitar a cicatrização da queimadura. A queimadura química do olho é tratada com a lavagem imediata e abundante do olho com água. Este tratamento deve ser iniciado inclusive antes da chegada da equipe de socorro treinada. Embora o indivíduo apresente dificuldade para manter o olho lesado aberto durante este tratamento doloroso, a remoção rápida da substância química é essencial.

O médico pode iniciar o tratamento pingando um colírio anestésico e medicações que dilatam a pupila. Os antibióticos normalmente são utilizados sob a forma de pomadas. Analgésicos orais também podem ser necessários. As queimaduras graves podem exigir a intervenção de um oftalmologista, para preservar a visão e evitar complicações graves (p.ex. lesão da íris, perfuração do olho e deformidades palpebrais). Entretanto, mesmo com o tratamento mais adequado, as queimaduras químicas da córnea podem produzir cicatrizes, perfuração do olho e cegueira.
 

Fonte: Manual Merck

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Queimaduras nos Olhos por Produtos Químicos ou Clarões

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1. Queimaduras por Produtos Químicos:

Os olhos podem ser afectados por diversos tipos de químicos. As queimaduras com alcalinos (frequentemente encontrados em produtos de drenagem e noutros produtos de limpeza) podem ser as piores. As queimaduras com ácidos, dependendo do tipo de ácido, também podem ser graves. Em qualquer destas situações deve recorrer a um oftalmologista.

Sinais e sintomas:
Poderá sentir dores e inchaço no olho. O olho pode ficar vermelho e com a visão (vista) enevoada.

Cuidados a ter:
Sempre que lidar com químicos, utilize óculos ou máscaras de protecção para proteger os olhos.

Riscos e Complicações:
A incorrecta cicatrização dos tecidos e a inflamação intra-ocular.


Tratamento de queimaduras nos olhos
Lave imediatamente o olho com soro fisiológico durante 15 a 30 minutos. Recorra de imediato a uma consulta. O seu médico poderá colocar um pomada de antibiótico. O olho pode ser tapado com um penso. Poderá necessitar de medicamentos para diminuir a dor e o inchaço.


2. Queimaduras por Clarões
(exposição da córnea do olho a luz muito forte)

Uma queimadura por clarões na córnea também é chamada queratite UV ou queratoconjuntivite UV. (UV são as iniciais de ultravioleta). Estes são uma espécie de raios de luz. As queimaduras por clarões na córnea ocorrem quando o olho fica queimado devido a uma luz muito forte. A córnea, a camada clara que cobre a frente do globo ocular, é a parte do olho que está lesionada. As queimaduras mais suaves costumam curar-se em alguns dias. Normalmente, não existem danos a longo prazo para os olhos.

Causas:
As queimaduras por clarões na córnea são provocadas por algo que liberta uma luz muito forte. Algum equipamento que liberta este tipo de luz inclui os maçaricos de soldar e as lâmpadas dos solários. O reflexo da luz do sol também pode provocar uma queimadura na córnea. Esquiar sem utilizar óculos de sol é um bom exemplo para esta última situação.

Sinais e sintomas:
Pode sentir dores e ter inchaço no olho. De igual modo, a visão pode estar desfocada.

Cuidados a ter:
Para evitar ficar com queimaduras por clarões na córnea, proteja os olhos quando estiver a trabalhar com ferramentas ou à luz directa do sol. Use óculos ou óculos de protecção, especialmente quando estiver a trabalhar com ferramentas de soldagem. Também deverá usar óculos de sol em dias muito claros. Nunca olhe directamente para uma luz forte e brilhante, como por exemplo o sol.

Tratamentos:
O seu médico pode aplicar no olho um creme antibiótico no olho e cobri-lo com uma pala. Pode precisar de um medicamento para diminuir a dor e o inchaço.


Conclusão
O olho é muito sensível a queimaduras. Quando isto acontece, o mais importante é LAVAR imediatamente com água limpa (água de torneira, não precisa ser soro fisiológico nem outro produto) durante pelo menos 10 minutos.

Deve-se abrir as pálpebras e deixar escorrer bastante água para tirar o máximo do produto químico, com a pessoa queimada olhando para cima e depois para baixo, repetindo varias vezes mesmo que a pessoa esteja com dor porque é isto que vai determinar o quanto o olho será prejudicado.

Após lavar o olho por 10 minutos com água corrente a pessoa deve ser levada imediatamente para uma consulta com seu médico oftalmologista.


Fontes: Fotos antes e depois e Clínica Belfort

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22.Fev.2013
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Avaliação e Tratamento dos Ferimentos Oculares

Karin Lecuona


Introdução
Ferimentos oculares são comuns. Muitos são de pouca importância, mas se não tratados rápida e apropriadamente podem levar a complicações que ameaçam a visão. Outros danos são sérios, e até mesmo com o cuidado de especialistas, a visão pode ser perdida. A prevenção da cegueira ocasionada por ferimentos oculares requer:

  • prevenção de acidentes (promoção da saúde incluindo proteção)

  • avaliação precoce do paciente (promoção da saúde e formação dos profissionais de saúde)

  • avaliação correta (bons cuidados oftalmológicos básicos e primeiros socorros)

  • encaminhamento imediato de ferimentos sérios que requerem cuidados de um especialista.

Obtendo uma anamnese
A anamnese obtida após o trauma deve ser a mais precisa possível e deve incluir detalhes de:

  • qualquer coisa que atingiu o olho.

  • o que o paciente estava fazendo quando o olho foi acidentado.

  • quaisquer tratamentos administrados.

É necessária atenção particular se um corpo estranho estiver envolvido ou se o ferimento tiver perfurado o globo. Por exemplo, uma história de um golpe no olho com um cabo de vassoura sugere trauma contuso, mas se a arma foi a ponta de um cabo de vassoura podre, deve-se procurar por um corpo estranho retido; se um soco foi a arma mas o agressor estava usando um anel, deve-se procurar por lacerações no globo assim como por contusão ou esmagamento das pálpebras e da órbita. Mordidas humanas, ou lesões penetrantes causadas por utensílios de cozinha sujos ou usados, podem causar infecção fulminante, e então o paciente deve ser tratado com antibióticos sistêmicos.

Quando um metal bate noutro metal (tal como um martelo no cinzel), a velocidade do fragmento metálico é suficiente para deixar a menor das marcas na córnea, uma vez que ela percorre o globo em direção à cavidade vítrea, enquanto que partículas de um mecanismo a carvão se infiltram por si só no epitélio corneano como um corpo estranho.

Corpos estranhos intraoculares, tais como vidro, podem ser inertes, mas a reação causada por um fragmento de cobre pode destruir a retina em questão de dias. Com lesões químicas, é importante saber o tipo de substância que causou a queimadura, e por quanto tempo a substância ficou em contato com o olho. Um irritante tal como a pimenta causaria desconforto, mas não um dano verdadeiro, queimaduras por ácidos alcalinos e hidrofluóricos são os mais perigosos, enquanto que queimaduras ácidas causadas por químicos com um pH baixo tendem a ser menos graves que as queimaduras por alcalóides.

Tratando as lesões oculares: resumo dos princípios do tratamento  

A profilaxia para a infecção tetânica é requerida para um paciente com lacerações, particularmente se estas estiverem sujas.

Abrasões corneanas
Corpos estranhos corneanos podem ser removidos depois de anestesia tópica adequada sob amplificação com boa iluminação. Uma abrasão corneana é frequentemente causada por um dedo, resultando num olho extremamente dolorido, que pode ser examinado apenas depois da anestesia tópica ter sido instilada. A coloração por fluoresceína vai indicar um defeito epitelial. O tratamento é com antibiótico e oclusão ocular por um dia. Podem ocorrer danos à córnea quando se está soldando sem os óculos de proteção. Uma coloração pontilhada difusa é visível por toda a córnea quando tingida com fluoresceína, e os sintomas são semelhentes aqueles de uma abrasão corneana, mas normalmente acomete ambos os olhos. O cuidado é o mesmo das abrasões.

Lesão penetrante (lesão aberta do globo)
Qualquer lesão aberta do globo necessita de encaminhamento de emergência para um oftalmologista. Só deve ser colocada uma proteção sobre o olho lesionado – compressas oftalmológicas não devem ser usadas a fim de evitar qualquer pressão sobre o olho. Um globo rompido por um trauma contuso (ex. por um golpe ou soco) deve ser tratado da mesma maneira que uma lesão penetrante, mesmo se a lesão de ruptura for subconjuntival.

Lacerações canaliculares e da pálpebra
Lacerações simples podem ser suturadas. Lacerações sépticas devem ser limpas e tratadas com antibióticos sistêmicos. Um atraso no fechamento primário pode ser aconselhável. Lacerações que envolvam as margens da pálpebra devem também ser encaminhadas para um oftalmologista que esteja familiarizado com a técnica de justaposição das margens da pálpebra com exata precisão. Lesões mediais do canto do olho devem ser acompanhadas para ver se há rasgos do canalículo inferior (pode ser usada uma sonda lacrimal). Se lesionado, o paciente deve ser encaminhado para um oftalmologista para reparo canalicular.

Hemorragia
Uma hemorragia subconjuntival é pouco comum depois de um trauma e pode ser cuidada conservadoramente. Entretanto, ocasionalmente pode ser o único sinal de um globo rompido, quando estiver associada a uma pressão intraocular (PIO) baixa e uma câmara anterior anormalmente profunda. Sangue na câmara anterior é chamado de hifema. Geralmente segue-se após uma lesão fechada e resulta da laceração da íris. A pupila pode estar dilatada. A maior parte dos hifemas desaparece num prazo de cinco a seis dias, com tratamento conservador. As complicações que ameaçam a visão oriundas de hifema são causadas por PIO elevada, a qual é tratada com acetazolamida oral (Diamox). Raramente é necessária a lavagem cirúrgica de um hifema, q qual possui riscos particulares devendo-se, portanto, utilizá-la somente em indicações específicas. Estas incluem:

  • impregnação corneana oriunda de hifema persistente

  • PIO aumentada em mais de 45 mmHg durante mais de quatro dias

  • doença falciforme com falha da resolução do hifema e PIO aumentada.

O uso de aspirina aumenta ainda mais o risco de um sangramento dentro do olho, e pode ser diminuído com o uso de esteróides tópicos. Os pacientes devem ser orientados a evitar drogas anti-inflamatórias não-esteróides durante uma semana após o hifema. Hemorragia vítrea é um sinal de trauma intraocular sério, e é caracterizado pela perda do reflexo vermelho comparado com o outro olho. Todos os casos de hemorragia vítrea devem ser encaminhados para exames adicionais a fim de excluir uma ruptura do globo, perfuração, ou outras complicações que possam ameaçar a visão, tal como o descolamento de retina.

Lesão do cristalino
O cristalino pode sofrer subluxação ou até mesmo deslocamento (luxação). A pressão intraocular pode aumentar na fase aguda e uma extração do cristalino pode ser indicada. Tanto uma lesão fechada quanto uma perfuração pode justificar a extração da catarata, tanto logo após a lesão, se esta estiver causando complicações, como mais tarde, quando o olho já estiver calmo e recuperado da lesão.

Lesões da órbita
Proptose ou diplopia (visão dupla) sugerem uma lesão ocular séria, para a qual são requeridos uma avaliação e cuidados de um especialista.

Queimaduras do olho
As queimaduras oculares podem afetar as pálpebras, conjuntiva ou córnea. É importante manter a córnea umidecida e não exposta. Os primeiros socorros consistem em aplicar pomada antibiótica generosamente por toda a conjuntiva, córnea e pálpebras queimadas. Um curativo ocular não deve ser colocado sobre o olho pois pode ulcerar a córnea. O paciente pode precisar de um enxerto de pele nas pálpebras.


Tabela 1.
Definições dos termos utilizados
para descrever as lesões oculares

 Termo
 
 Definição
 
Abrasão
Defeito do epitélio corneano. Cora-se com fluoresceína. Normalmente cura-se dentro de 24 - 48 horas
Contusão
Resultado de uma lesão contusa no local da pancada ou em outro local mais distante
Lesão fechada
A parede do globo ocular está intacta mas as estruturas internas do olho encontram-se danificadas
Ruptura
Lesão aberta e irregular devido a uma lesão contusa, normalmente distante do local da lesão, nos pontos mais fracos do globo ocular: concêntrica ao limbo, atrás da inserção dos músculos extraoculares ou no equador
Lesão aberta
Abertura total da espessura ocular; pode ocorrer devido a uma lesão contusa grave ou por lesão penetrante
Laceração lamelar
Abertura parcial da espessura ocular causada por um objeto cortante
Laceração
Penetração total da parede ocular
Penetração
Apenas uma ferida superficial
Perfuração
Lesão “penetrante”; uma lesão que atravessa diretamente o olho, provocando feridas internas e externas


Substâncias químicas nos olhos
Os primeiros socorros em caso de substâncias químicas nos olhos são urgentes, devendo-se lavar abundantemente os olhos com água limpa após a administração local de gotas anestésicas. O paciente deve estar deitado – durante pelo menos 15 minutos – durante a administração abundante de água nos olhos. Após este período, os olhos podem ser examinados com fluoresceína de forma a verificar se existe ulceração da córnea. Em caso afirmativo, o paciente deve ser tratado com antibióticos tópicos, utilizar oclusão ocular e ser visto diariamente. Muitas queimaduras químicas são provocadas por ação dos ácidos (ex.: explosão de uma bateria de carro). Frequentemente o prognóstico é bom, uma vez que os danos provocados pelos ácidos apenas atingem a camada superficial da córnea. As queimaduras provocadas pelo alcali (ex.: amoníaco) são menos comuns mas muito mais graves. Devem ser acompanhadas por um oftalmologista, uma vez que requerem a utilização intensa de esteróides tópicos, tetraciclina e gotas de vitamina C.

Remoção do olho – evisceração ou enucleação?
Se o olho não tem percepção luminosa e é doloroso, deve-se considerar a hipótese da remoção do olho. Crê-se que com a evisceração existe o risco de oftalmia simpática, mas existem poucas evidências para fundamentar esta afirmação. A evisceração pode ser mais apropriada (para condições não malignas) em países em desenvolvimento, uma vez que os procedimentos são mais simples do que os da enucleação, oferece melhores resultados estéticos com menor risco de surgir uma infecção sistêmica no caso do olho estar infectado. A evisceração também pode ser realizada sob anestesia local.

Em resumo
Lidar com um trauma ocular é um desafio. As competências clínicas e cirúrgicas e os equipamentos variam de local para local e de país para país, sendo que o manejo de uma lesão ocular grave requer uma variedade de estratégias alternativas. Em princípio, se um profissional da saúde pode diagnosticar e tratar uma condição e reconhecer as complicações, então ele poderá tratar esse tipo de caso.

As abrasões corneanas, conjuntivais, tarsais, corpos estranhos corneanos superficiais e as pequenas lacerações nas pálpebras (não envolvendo as margens das pálpebras) podem ser tratadas por médicos generalistas. As lesões (tais como os corpos estranhos corneanos profundos e os hifemas grandes) devem ser tratadas nos centros onde é possível realizar exames da intra-ocular (PIO). As lesões abertas do globo ocular, as lacerações nas pálpebras (envolvendo a margem das pálpebras ou canalículos), as fraturas violentas com diplopia na posição primária e qualquer corpo estranho intra-ocular potencial devem ser tratados num centro oftalmológico bem equipado.

Os riscos mais comuns no tratamento do trauma ocular são:

  • os corpos estranhos tarsais não encontrados;

  • os corpos estranhos intra-oculares não encontrados;

  • a confusão entre úlceras corneanas com abrasões;

  • lacerações e rupturas esclerais não encontradas; lesões cranianas não encontradas em caso de traumatismo de órbita penetrante.

Este editorial apresenta as diretrizes básicas sobre a avaliação e tratamento do trauma ocular. Os médicos poderão lidar com os pacientes de forma diferente, de acordo com a disponibilidade de equipamentos, as competências, os financiamentos e os meios de transporte locais.
 

Tabela 2.
Sinais oculares e suas implicações após o trauma ocular

Estrutura
Aspecto e características associadas
Implicação
Pálpebras
Laceração das margens das pálpebras
Lesão penetrante
Envolvimento do canto medial
Requer uma reparação precisa
Verificar a perfuração do globo ocular
Verificar o dano canalicular
Conjuntiva
Hemorragia subconjuntival
Habitualmente inofensiva, mas excluir a perfuração no caso da PIO ser baixa
Esclera
Coloração cinzenta ou castanha na esclera
Verificar perfuração ou laceração escleral
Córnea
Corpo estranho
Abrasão
Múltiplas áreas puntiformes causadas por solda elétrica
Laceração com prolapso da íris
Remover o corpo estranho
Tratar com antibióticos e oclusão
Tratar como uma abrasão
Requer uma reparação urgente
Câmara anterior
Sangue na câmara anterior - hifema
Normalmente soluciona-se com um tratamento conservador; em caso de glaucoma secundário, baixar a PIO com diamox
Pupila
Dilatada
Em forma de D – Diálise da íris
Verificar a laceração com prolapso da íris e remetê-la para reparação urgente
Tratar conservadoramente mas verificar se ocorre um glaucoma secundário
Cristalino
Tremor de íris – provável deslocamento do
cristalino
Cristalino opaco
Normalmente requer a sua remoção
Cristalino acometido, resultando numa catarata
Reflexo vermelho
Nenhum reflexo ou reflexo vermelho fraco
Possível hemorragia vítrea
Proptose
Pálpebras inchadas e olhos salientes
Fratura violenta da parede medial com ar na órbita, contusão orbitária ou
hematoma subperiosteal
Enoftalmo
O olho parece menor – afundamento do globo ocular
Fratura violenta da parede inferior


Karin Lecuona - Consultora, Divisão de Oftalmologia, Groote Schuur Hospital and University of Cape Town, África do Sul. in Jornal de Saúde Ocular Comunitária - Vol. 1, n.º 1, Junho 2009

 

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22.Fev.2013
publicado por MJA