Dr. L. Queiroz Neto, Dr. A. Raad Camargo
e Dr. Mauro A. Chies
INTRODUÇÃO
O olho é um órgão do corpo humano responsável por um do sentidos
mais importantes: a visão. Sabendo-se que a maior parte da nossa
comunicação com o meio exterior é dada por este sentido
(aproximadamente 85%), e que uma grande percentagem das lesões
oculares geram defeitos visuais permanentes, torna-se fácil o
entendimento da importância da prevenção de acidentes com os olhos e
da manutenção da saúde dos mesmo.
IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES OCULARES
A proteção dos olhos é uma necessidade urgente, e imperativa, não
apenas pelo desejo de bem estar dos indivíduos, mas também por
razões de ordens sócio-econômicas, como o aumento da produtividade.
Com o aumento da industrialização e a diminuição das medidas
profiláticas, os acidentes oculares de trabalho tem ocorrido com uma
freqüência cada vez maior, sendo necessárias medidas eficazes para
preveni-los e evitá-los. Tais acidentes são responsáveis, muitas
vezes, por gerar incapacidade e limitações nos indivíduos, por
provocarem cegueira. Nos Estados Unidos ocorrem uma média de 1.000
acidentes oculares de trabalho por dia, apesar de todo um esforço na
sua prevenção.
Por ser a visão o sentido mais importante, os olhos são
extremamente essenciais para o operário e lesões mínimas podem
impossibilitá-lo para o trabalho. É importante ressaltar que
aproximadamente 98% dos acidentes são evitáveis, ou seja, a cada 100
acidentes, apenas 2 deveriam acontecer. Historicamente, Remazzini em
1700 relatou a importância da prevenção de acidentes oculares, e
também a dificuldade em realizá-la, devido principalmente à falta de
compreensão e colaboração dos trabalhadores em adotarem medidas
simples de precaução.
O ACIDENTE OCULAR DE TRABALHO E SUA PREVENÇÃO
Os acidentes com os olhos podem acontecer repentina e
inesperadamente, e o indivíduo pode percebe-los imediatamente ou
apenas horas mais tarde, quando surgirem, sintomas como irritação,
hiperemia ou sensação de corpo estranho.
A inaptidão para o trabalho causada pelo comprometimento ocular é
muito maior do que qualquer outro tipo de acidente uma vez que é em
média de 15 semanas, quando não permanente, contra as 5 para aqueles
que afetam outra partes do corpo. Os profissionais mais atingidos
pelo trauma ocular são os das seguintes áreas: metalurgia,
construção civil, marcenaria, mecânica, têxtil, cerâmica, industria
química, industria de produtos alimentícios, transporte, pesca,
artes gráficas e mineração. As lesões oculares mais encontradas são:
corpos estranhos, úlceras traumáticas, queimaduras, contusões e
lacerações e até perfurações do globo ocular. Os sintomas mais
comuns são: dor, baixa da visão, ardor, lacrimejamento, fotofobia,
vermelhidão, secreção ocular e sensação de corpo estranho nos olhos.
As causas dos acidentes de trabalho oculares podem ser: 1)
físicas, responsáveis por 10% dos acidentes e 2) falta de
supervisão, responsável por 88% dos acidentes. Entre as causas
físicas destacamos a falta de proteção eficiente (como os óculos de
proteção com lentes de segurança), trajes inadequados, má iluminação
e ventilação do ambiente de trabalho e a má disposição ou a
manutenção inadequada dos equipamentos.
Já no caso referente à supervisão, sabemos ser esta de extrema
importância na prevenção de acidentes oculares, devendo no entanto
ser constante, de modo a obrigar a totalidade dos funcionários. A
educação é a principal arma de apoio devendo ser constante e
duradoura. Há a necessidade de uma organização com plena autoridade
de supervisão que se encarregue do assunto e faça cumprir a
legislação já existente com referencia aos acidentes de trabalho.
Cabe à supervisão, fiscalizar as condições de trabalho dos
funcionários, promovendo mudanças para que estas tornem-se as mais
adequadas possíveis. Assim, a verificação do estado de manutenção do
maquinário bem como a avaliação das condições de trabalho que é
submetido o funcionário é papel da supervisão, funções estas de
extrema importância.
Quanto às condições de trabalho, deve-se avaliar: ventilação e
iluminação do local, necessita de ar condicionado, aspiradores e
exaustores, uso de óculos de proteção, horas de trabalho e descanso,
entre outras. Correia Bastos aconselha um descanso de 10 minutos
após a 3ª hora de trabalho, pois é após este período que os
acidentes são mais comuns.
Com relação aos óculos de proteção, os mais utilizados são os com
lentes de vidro temperado ou endurecido com 3 milímetros de
espessura, que apresenta ótimas qualidades ópticas. Temos ainda
lentes com vidros laminados coloridos e plásticos. Os óculos
protetores protegem os olhos de areia, fagulhas, gases, pancadas,
pó, vento e energia radiante. Para sua total eficiência, cada óculos
de proteção deve ser modulado de acordo com a necessidade e função
do trabalhador, e deve-se ter sempre à mão materiais de fácil
limpeza dos mesmos. Não somente o trabalhador que faz o serviço deve
estar com os óculos de proteção, mas também todos que o cercam.
Infelizmente o uso dos óculos protetores não é muito difundido em
nosso meio, devendo haver um maior número de campanhas educativas
com o intuito de incentivar e conscientizar os trabalhadores da
importância do seu uso rotineiro e habitual. O custo da prevenção
não é alto, se levarmos em conta a economia proporcionada pela saúde
do trabalhador e o seu baixo custo quando comparado com a
incapacidade do mesmo para o trabalho.
ACIDENTES OCULARES DOMÉSTICOS
Muitos materiais e produtos são responsáveis por acidentes
oculares domésticos. Dentre eles, podemos citar os produtos de
limpeza (desinfetantes, detergentes, alvejantes, etc.), inseticidas,
objectos pontiagudos (tesouras, facas, garfos, agulhas, etc.),
objectos inflamáveis (álcool, etc.), produtos com temperaturas
elevadas (fósforo, óleo para fritura, etc.), plantas domésticas que
liberem substâncias (coroa-de-cristo, etc.), entre outros. Estes
produtos provocam desde queimaduras até lesões perfurantes graves do
globo ocular, devendo portanto ser evitado o seu manuseio sem os
devidos cuidados preventivos. Um cuidado especial é o de se estocar
tais produtos longe do alcance de crianças.
Por fim, cabe ainda lembrar a importância do uso do cinto de
segurança nos veículos, pois pesquisas mundiais demonstram a
eficácia deste objecto de segurança na medida em que diminui em uma
percentagem alta o número de acidentes oculares graves, como as
perfurações, que podem gerar perda da função visual. É importante
lembrar que o uso do cinto de segurança é indispensável sempre que
se entrar em um automóvel, as cidade ou na estrada; pesquisa
demonstraram que um grande número de acidentes automobilísticos
ocorrem em um raio de 1km próximo à residência da vítima.
PRIMEIROS SOCORROS OCULARES
A primeira e mais importante medida de socorro após um acidente
ocular é a lavagem do mesmo com água limpa em abundância. A única
excepção se faz às perfurações oculares, que devem ser encaminhadas
imediatamente ao oftalmologista para os devidos reparos (quando
possível). É importante evitar-se a compressão do globo ocular até a
avaliação da extensão da lesão provocada pelo acidente. É sempre
importante a avaliação do profissional especializado
(oftalmologista) que possui os equipamentos necessários para um
adequado exame do olho.
O uso de colírio anestesiado para alívio dos sintomas é um
procedimento apenas aceito durante o exame do olho acometido e
somente pelo profissional habilitado. Nunca deve ser usado
inadvertidamente ou como rotina por pessoa não habilitada, uma vez
que o seu abuso pode gerar problemas oculares graves como úlceras e
cegueira, sendo inclusive necessária a proibição de sua
comercialização sem prescrição médica oftalmológica.
Trauma Ocular é a grande causa de cegueira que pode ser evitada.
O trauma ocular chega a ser reconhecido, nos Estados Unidos, como a
segunda maior causa de cegueira. O Brasil carece de números a
respeito, mas especialistas da área garantem que os traumatismos no
olho também causam grandes estragos por aqui.
“Não se pode dizer que no Brasil o trauma ocular seja a segunda
maior causa de cegueira porque outras desordens graves de saúde, que
também causam a cegueira, vêm em primeiro lugar, como a diabetes,
que, em outros países, é mais controlada”, diz o Coordenador-Chefe
de Oftalmologia do CEMA, Hospital Especializado em Oftalmologia, Dr.
Pedro José Monteiro Cardoso.
Explicando um pouco o assunto, trauma provém da palavra grega que
significa ferida e traumatismo é um termo geral que abarca todas as
lesões internas e externas ocasionadas por uma violência exterior.
Quando o traumatismo é nos olhos, região de extrema sensibilidade em
relação ao resto do corpo, as lesões deixam, quase sempre, uma
seqüela que representa um déficit funcional.
Se a córnea é o órgão lesionado, por exemplo, se produz catarata. Se
foi a retina que foi machucada, a visão fica definitivamente mais ou
menos comprometida. Todos estes fatores caracterizam a gravidade das
feridas oculares.
De acordo com o Dr. Pedro, os acidentes de trânsito, antes os
maiores causadores de traumas oculares, já não causam mais tantos
problemas graves, em virtude do uso de cinto de segurança ter se
disseminado potencialmente. No entanto, é essencial que, mesmo
quando se sai para um pequeno e conhecido percurso, se use o cinto,
tendo em vista ser estes pequenos acidentes, nos arredores da casa
do paciente, são os que causam os traumas oculares mais freqüentes
socorridos nos pronto-socorros de hospitais oftalmológicos.
Em segundo lugar, os acidentes de trabalho, com inserção de corpos
estranhos no olho, constam também como causa corriqueira dos traumas
oculares. “Neste caso é importante que aqueles que trabalham com
ferros, madeiras e vidros, como os mecânicos, marceneiros e
vidraceiros e outros operários, utilizem equipamento de segurança,
como os óculos protetores”, levanta o Dr. Pedro.
“Com as crianças, é preciso prestar atenção na altura das quinas de
mesas e maçanetas, que costumam ficar exatamente na altura daqueles
por volta dos 6 ou 7 anos”, continua, “ao abrir garrafas, cervejas,
tampas e vidros, deve-se tomar o cuidado de virar o rosto”, adverte.
Os idosos também costumam ser bastante atingidos pelos traumas
oculares, tendo em vista que caem com mais freqüência.
Em queimaduras com químicos, o especialista recomenda lavar
principalmente com água, se possível soro fisiológico, e nada mais –
evitando-se, portanto, os colírios sugeridos pelos atendentes de
farmácias, que podem piorar a situação.
“Em especial, deve-se ter muito cuidado com a soda cáustica e outros
ácidos, que causam danos profundos aos olhos”, completa o Dr. Pedro.
Ele explica que as queimaduras que causam lesões de córnea, que vão
desde as mais leves até os leucomas, podem até levar à cegueira,
embora o mais comum seja um embranquecimento da córnea com redução
da visão.
As quedas, brigas e os esportes também estão na lista dos maiores
causadores de traumas oculares. São os chamados “traumas fechados”,
muitas vezes causados por um soco ou uma bolada. Não há perfuração
do globo ocular, mas pode haver lesões, luxação, hemorragias
internas, fratura da órbita e até mesmo deslocamento do olho, que
exige uma cirurgia para voltar ao lugar. Estes traumas também podem
levar à cegueira.
O Dr. Pedro, inclusive, ressalta a importância de que o paciente,
quando não há risco de vida, seja prontamente atendido por um
oftalmologista, e não por um clínico geral, que, muitas vezes, vai
se preocupar em fazer uma sutura da pálpebra, por exemplo, e se
esquecerá de resolver os traumas ocorridos no olho propriamente
dito.
“Nos casos de perfuração, comuns nos acidentes automobilísticos, é
importante que o paciente sofra uma intervenção cirúrgica, de
preferência, logo nas primeiras seis horas após o trauma”, adverte,
lembrando que esta é a melhor forma de garantir uma recuperação
eficiente.
Segundo o Dr. Edgar Vicente Siso Villarroel, que publicou um estudo
na Internet a respeito, na hora de se socorrer alguém que sofreu um
trauma ocular, é necessário elaborar uma história clínica detalhada,
com descrição minuciosa do acidente, circunstâncias relacionadas com
o agente traumático e o tempo transcorrido antes de receber atenção
médica, prestando atenção à agudeza visual como parâmetro de
seguimento e prognóstico.
Ele ressalta que os raios X, a ecografia, a tomografia axial
computadorizada e a ressonância magnética converteram-se, na
modernidade, em técnicas diagnósticas de imagem insubstituíveis,
possibilitando ao cirurgião um mapa anatômico detalhado.
Em sua pesquisa, realizada em Caracas, Trabalho de ascensão a
categoria de professor assistente no quadro unviersitário, na
Faculdade Médica de Caracas, de 1987-1988, com a análise de 100
casos) consta que a Sociedade Nacional de Prevenção da Cegueira dos
Estados Unidos estima que a cada ano ocorrem mais de 2,4 milhões de
lesões oculares. Consta, no mesmo trabalho, que, de acordo com a
Sociedade Internacional de Prevenção à Cegueira, se considera que a
metade dos casos de cegueira se poderia prevenir. A perda de um olho
(cegueira monocular) geralmente ocorre na primeira década de vida e
se deve a traumatismos oculares mais freqüentes em Inícions jovens,
nas primeiras três décadas de vida, uma vez que estão mais
freqüentemente expostos à situações de risco, seja em brigas, nos
esportes ou em acidentes de trânsito.
A conclusão do estudo do Dr. Edgar aponta para a necessidade dos
programas de prevenção governamentais e para a conscientização dos
indivíduos, que tem em mãos as formas de se proteger dos traumas
oculares. “A imensa maioria dos acidentes oftalmológicos podem ser
prevenidas com aparatos relativamente econômicos”, diz. “Para que a
proteção seja eficaz, em relação aos acidentes automobilísticos,
recomenda-se o uso de parabrisas laminados, que dão um alto
percentual de segurança ante qualquer acidente devido à sua alta
resistência de penetração”.
Trabalho de ascensão à categoria de professor
assistente no quadro universitário, na Faculdade Médica de Caracas,
de 1987-1988, com a análise de 100 casos, pelo Dr. Edgar Vicente
Siso Villarroel.
A estrutura da face e olhos tem a finalidade de proteger os olhos
contra lesões. O globo ocular está localizado em uma cavidade
circundada por uma borda óssea forte. As pálpebras podem fechar
rapidamente para formar uma barreira contra objectos estranhos e o
olho consegue suportar um impacto leve sem ser lesado. Apesar disso,
o olho e as estruturas circunjacentes podem ser lesados por
traumatismos, algumas vezes tão gravemente que a visão é perdida e,
em raros casos, o olho deve ser removido. A maioria das lesões
oculares são insiginificantes, mas devido ao grande hematoma
produzido, elas freqüentemente parecem piores do que são. Qualquer
lesão ocular deve ser examinada por um médico para se determinar a
necessidade de tratamento e se a visão foi afetada de modo
permanente.
Lesões por Impacto Um impacto brusco força o olho para o interior de sua cavidade,
podendo lesar as estruturas superficiais (pálpebras, conjuntiva,
esclera, córnea e cristalino) e as estruturas localizadas na parte
posterior do olho (retina e nervos). O impacto também pode causar
fratura dos ossos localizados em torno do olho.
Sintomas Nas primeiras 24 horas após uma lesão ocular, o sangue que extravasa
para o interior da pele em torno do olho normalmente produz uma
equimose, comumente denominada “olho preto”. Quando ocorre a ruptura
de um vaso sangüíneo da superfície do olho, esta torna-se vermelha.
Este sangramento comumente é de pequena intensidade. A lesão interna
do olho é freqüentemente mais grave que a lesão superficial. O
sangramento na câmara localizada na parte anterior do olho
(hemorragia da câmara anterior, hifema traumático) é potencialmente
grave e exige a atenção de um oftalmologista.
O sangramento recorrente e o aumento da pressão no interior do olho
podem tornar a córnea manchada de sangue, o que pode reduzir a
visão, como a catarata, e aumentar o risco de glaucoma durante o
resto da vida. O sangue pode extravasar para o interior do olho, a
íris (a parte colorida do olho) pode ser lacerada ou o cristalino
pode ser deslocado. Podem ocorrer hemorragias na retina, a qual pode
descolar da superfície subjacente, na parte posterior do olho. No
início, o descolamento da retina pode gerar imagens com formas
irregulares flutuantes ou flashes de luz e pode tornar a visão
borrada, mas, a seguir, a visão reduz acentuadamente. Nas lesões
graves, o globo ocular pode romper.
Tratamento A aplicação de bolsa de gelo pode ajudar a reduzir o edema e a
diminuir a dor de um hematoma. Em torno do segundo dia, a aplicação
de compressas quentes podem ajudar o corpo a absorver o excesso de
sangue acumulado. Quando a pele em torno do olho ou sobre a pálpebra
sofre uma laceração (corte), a sutura pode ser necessária. Quando
possível, devem ser realizados pontos de sutura próximos da borda
palpebral por um cirurgião ocular, para se assegurar que não sejam
produzidas deformidades que afetem o fechamento das pálpebras. Uma
lesão que afeta os canais lacrimais deve ser reparada por um
cirurgião ocular. Para uma laceração do olho, podem ser
administrados medicamentos analgésicos juntamente com medicações que
mantêm a pupila dilatada e que previnem a infecção.
Um protector metálico é freqüentemente utilizado para proteger o
olho contra novas lesões. Uma lesão grave pode acarretar um certo
grau de perda da visão mesmo após o tratamento cirúrgico. Qualquer
indivíduo que apresente um sangramento interno no olho provocado por
um traumatismo é aconselhado a manter repouso ao leito. Pode ser
necessária a administração de um medicamento que reduza a pressão
ocular (p.ex., acetazolamida). Às vezes, é administrada uma
medicação adicional, o ácido aminocapróico, para reduzir o
sangramento. Qualquer medicamento que contém aspirina deve ser
evitado, pois ela pode aumentar o sangramento interno no olho. Os
indivíduos que fazem uso de warfarin ou de heparina para evitar a
coagulação sangüínea ou que utilizam a aspirina por qualquer razão
devem informar o médico imediatamente. Em raros casos, um
sangramento recorrente exige a drenagem cirúrgica que é realizada
por um oftalmologista.
Corpos Estranhos As lesões oculares mais comuns são as da esclera, da córnea e da
conjuntiva (revestimento das pálpebras), causadas por corpos
estranhos. Embora a maioria dessas lesões sejam de pouca
importância, algumas (p.ex., perfuração da córnea ou infecção
secundária a um corte ou a um arranhão da córnea) podem ser graves.
A fonte mais comum de lesões superficiais talves sejam as lentes de
contacto.
As lentes mal adaptadas, o uso excessivo de lentes de contacto, a
preservação das lentes durante o sono, as lentes esterilizadas de
forma inadequada e a remoção forçada ou inadequada das lentes podem
arranhar a superfície do olho. Outras causas de lesões da superfície
do olho incluem as partículas de vidro, as partículas transportadas
pelo vento, galhos de árvore e resíduos que caem. Em determinadas
ocupações, os trabalhadores podem estar rodeados por pequenas
partículas que flutuam ao seu redor. Estes indivíduos devem utilizar
óculos protetores.
Sintomas Qualquer lesão da superfície do olho geralmente causa dor e uma
sensação de que há algo dentro do olho. A lesão também pode produzir
sensibilidade à luz, hiperemia, sangramento dos vasos sangüíneos
superficiais do olho ou edema do olho e da pálpebra. A visão pode
tornar-se borrada.
Tratamento Um corpo estranho no olho deve ser removido. Colírios especiais
contendo fluoresceína (um corante) tornam o objecto mais visível e
revelam qualquer abrasão superficial. Colírios anestésicos podem ser
utilizados para anestesiar a superfície do olho. Com o auxílio de um
instrumento de iluminação especial, o médico realiza a remoção do
corpo estranho. Freqüentemente, ele pode ser retirado da superfície
com o auxílio de um cotonete estéril umedecido. Algumas vezes, o
corpo estranho pode ser eliminado através da lavagem do olho com
água estéril.
Quando o corpo estranho causa uma pequena abrasão superficial da
córnea, uma pomada contendo antibiótico aplicada durante alguns dias
pode ser suficiente. As abrasões maiores da córnea exigem um
tratamento adicional. A pupila é mantida dilatada com medicamentos;
antibióticos são instilados e um curativo é aplicado sobre o olho
para mantê-lo fechado. Felizmente, as células superficiais do olho
regeneram-se rapidamente. Sob um curativo, mesmo as grandes abrasões
tendem a cicatrizar em 1 a 3 dias. Quando um corpo estranho perfura
as camadas mais profundas do olho, um oftalmologista deve ser
imediatamente consultado para a instituição do tratamento de
emergência.
Queimaduras A exposição ao calor intenso ou à substâncias químicas faz com que
as pálpebras se fechem rapidamente em uma reacção reflexa para
proteger os olhos contra queimaduras. Conseqüentemente, apenas as
pálpebras podem ser queimadas, embora o calor intenso também possa
queimar o olho. A gravidade da lesão, a intensidade da dor e o
aspecto das pálpebras dependem da profundidade da queimadura.
As queimaduras químicas podem ocorrer quando uma substância
irritante penetra no olho. Mesmo as substâncias levemente irritantes
podem causar uma dor importante e lesão ocular. Como a dor é muito
intensa, o indivíduo tende a manter as pálpebras fechadas e,
conseqüentemente, mantém a substância irritante em contacto com o
olho durante um período prolongado.
Tratamento Para tratar as queimaduras palpebrais, o profissional da saúde lava
a área com uma solução estéril e, a seguir, aplica uma pomada
antibiótica ou uma gaze embebida com vaselina. A área tratada é
coberta com curativos estéreis mantidos com uma atadura plástica ou
com uma malha para facilitar a cicatrização da queimadura. A
queimadura química do olho é tratada com a lavagem imediata e
abundante do olho com água. Este tratamento deve ser iniciado
inclusive antes da chegada da equipe de socorro treinada. Embora o
indivíduo apresente dificuldade para manter o olho lesado aberto
durante este tratamento doloroso, a remoção rápida da substância
química é essencial.
O médico pode iniciar o tratamento pingando um colírio anestésico e
medicações que dilatam a pupila. Os antibióticos normalmente são
utilizados sob a forma de pomadas. Analgésicos orais também podem
ser necessários. As queimaduras graves podem exigir a intervenção de
um oftalmologista, para preservar a visão e evitar complicações
graves (p.ex. lesão da íris, perfuração do olho e deformidades
palpebrais). Entretanto, mesmo com o tratamento mais adequado, as
queimaduras químicas da córnea podem produzir cicatrizes, perfuração
do olho e cegueira.
Queimaduras nos Olhos por
Produtos Químicos ou Clarões
1. Queimaduras por Produtos Químicos:
Os olhos podem ser afectados por diversos tipos de químicos. As
queimaduras com alcalinos (frequentemente encontrados em produtos de drenagem e noutros produtos de limpeza) podem ser as piores. As queimaduras com ácidos, dependendo do
tipo de ácido, também podem ser graves. Em qualquer destas situações deve recorrer a um oftalmologista.
Sinais e sintomas: Poderá sentir dores e inchaço no olho. O olho pode ficar vermelho e com a visão (vista) enevoada.
Cuidados a ter: Sempre que lidar com químicos, utilize óculos ou máscaras de protecção para proteger os olhos.
Riscos e Complicações: A incorrecta cicatrização dos tecidos e a inflamação intra-ocular.
Tratamento de queimaduras nos olhos Lave imediatamente o olho com soro fisiológico durante 15 a 30 minutos. Recorra de imediato a uma consulta.
O seu médico poderá colocar um pomada de antibiótico. O olho pode ser tapado com um penso. Poderá necessitar de medicamentos para diminuir a dor e o inchaço.
2. Queimaduras por Clarões
(exposição da córnea do olho a luz muito forte)
Uma queimadura por clarões na córnea
também é chamada queratite UV ou queratoconjuntivite UV. (UV são as iniciais de ultravioleta). Estes são uma espécie de raios de luz. As queimaduras por clarões na córnea
ocorrem quando o olho fica queimado devido a uma luz muito forte. A córnea, a camada clara que cobre a frente do globo ocular, é a parte do olho que está lesionada. As
queimaduras mais suaves costumam curar-se em alguns dias. Normalmente, não existem danos a longo prazo para os olhos.
Causas: As queimaduras por clarões na córnea são provocadas por algo que liberta uma luz muito forte. Algum equipamento que liberta este tipo de luz inclui os maçaricos de soldar
e as lâmpadas dos solários. O reflexo da luz do sol também pode provocar uma queimadura na córnea. Esquiar sem utilizar óculos de sol é um bom exemplo para esta última
situação.
Sinais e sintomas: Pode sentir dores e ter inchaço no olho. De igual modo, a visão pode estar desfocada.
Cuidados a ter: Para evitar ficar com queimaduras por clarões na córnea, proteja os olhos quando estiver a trabalhar com ferramentas ou à luz directa do sol. Use óculos ou óculos de
protecção, especialmente quando estiver a trabalhar com ferramentas de soldagem. Também deverá usar óculos de sol em dias muito claros. Nunca olhe directamente para uma
luz forte e brilhante, como por exemplo o sol.
Tratamentos: O seu médico pode aplicar no olho um creme antibiótico no olho e cobri-lo com uma pala. Pode precisar de um medicamento para diminuir a dor e o inchaço.
Conclusão O olho é muito sensível a queimaduras. Quando isto acontece, o mais
importante é LAVAR imediatamente com água limpa (água de torneira, não precisa
ser soro fisiológico nem outro produto) durante pelo menos 10 minutos.
Deve-se abrir as pálpebras e deixar escorrer bastante água para tirar o
máximo do produto químico, com a pessoa queimada olhando para cima e depois
para baixo, repetindo varias vezes mesmo que a pessoa esteja com dor porque é isto
que vai determinar o quanto o olho será prejudicado.
Após lavar o olho por 10 minutos com água corrente a pessoa deve ser levada
imediatamente para uma consulta com seu médico oftalmologista.
Introdução Ferimentos oculares são comuns. Muitos são
de pouca importância, mas se não tratados
rápida e apropriadamente podem levar a
complicações que ameaçam a visão. Outros
danos são sérios, e até mesmo com o
cuidado de especialistas, a visão pode ser
perdida. A prevenção da cegueira ocasionada
por ferimentos oculares requer:
prevenção de acidentes (promoção da
saúde incluindo proteção)
avaliação precoce do paciente (promoção
da saúde e formação dos profissionais de
saúde)
avaliação correta (bons cuidados oftalmológicos
básicos e primeiros socorros)
encaminhamento imediato de ferimentos
sérios que requerem cuidados de um
especialista.
Obtendo uma anamnese A anamnese obtida após o trauma deve ser
a mais precisa possível e deve incluir
detalhes de:
qualquer coisa que atingiu o olho.
o que o paciente estava fazendo quando o
olho foi acidentado.
quaisquer tratamentos administrados.
É necessária atenção particular se um corpo
estranho estiver envolvido ou se o ferimento
tiver perfurado o globo. Por exemplo, uma
história de um golpe no olho com um cabo de
vassoura sugere trauma contuso, mas se a
arma foi a ponta de um cabo de vassoura
podre, deve-se procurar por um corpo
estranho retido; se um soco foi a arma mas o
agressor estava usando um anel, deve-se
procurar por lacerações no globo assim como
por contusão ou esmagamento das pálpebras
e da órbita. Mordidas humanas, ou
lesões penetrantes causadas por utensílios
de cozinha sujos ou usados, podem causar
infecção fulminante, e então o paciente deve
ser tratado com antibióticos sistêmicos.
Quando um metal bate noutro metal (tal
como um martelo no cinzel), a velocidade do
fragmento metálico é suficiente para deixar a
menor das marcas na córnea, uma vez que
ela percorre o globo em direção à cavidade
vítrea, enquanto que partículas de um
mecanismo a carvão se infiltram por si só no
epitélio corneano como um corpo estranho.
Corpos estranhos intraoculares, tais como
vidro, podem ser inertes, mas a reação
causada por um fragmento de cobre pode
destruir a retina em questão de dias. Com
lesões químicas, é importante saber o tipo de
substância que causou a queimadura, e por
quanto tempo a substância ficou em contato
com o olho. Um irritante tal como a pimenta
causaria desconforto, mas não um dano
verdadeiro, queimaduras por ácidos alcalinos
e hidrofluóricos são os mais perigosos,
enquanto que queimaduras ácidas causadas
por químicos com um pH baixo tendem a ser
menos graves que as queimaduras por
alcalóides.
Tratando as lesões oculares: resumo dos princípios do tratamento
A profilaxia para a infecção tetânica é requerida
para um paciente com lacerações,
particularmente se estas estiverem sujas.
Abrasões corneanas
Corpos estranhos corneanos podem ser
removidos depois de anestesia tópica
adequada sob amplificação com boa iluminação.
Uma abrasão corneana é frequentemente
causada por um dedo, resultando num olho extremamente dolorido, que pode ser examinado apenas depois da anestesia tópica ter sido instilada. A coloração por fluoresceína
vai indicar um defeito epitelial.
O tratamento é com antibiótico e oclusão
ocular por um dia.
Podem ocorrer danos à córnea quando
se está soldando sem os óculos de proteção.
Uma coloração pontilhada difusa é visível
por toda a córnea quando tingida com
fluoresceína, e os sintomas são semelhentes
aqueles de uma abrasão corneana, mas
normalmente acomete ambos os olhos.
O cuidado é o mesmo das abrasões.
Lesão penetrante (lesão aberta do globo) Qualquer lesão aberta do globo necessita de encaminhamento de emergência para um oftalmologista. Só deve ser colocada uma
proteção sobre o olho lesionado – compressas oftalmológicas não devem ser usadas a fim de evitar qualquer pressão sobre o olho. Um globo rompido por um trauma contuso
(ex. por um golpe ou soco) deve ser tratado da mesma maneira que uma lesão penetrante, mesmo se a lesão de ruptura for subconjuntival.
Lacerações canaliculares e da pálpebra Lacerações simples podem ser suturadas. Lacerações sépticas devem ser limpas e tratadas com antibióticos sistêmicos. Um atraso no fechamento primário pode ser
aconselhável. Lacerações que envolvam as margens da pálpebra devem também ser encaminhadas para um oftalmologista que esteja familiarizado com a técnica de justaposição
das margens da pálpebra com exata precisão. Lesões mediais do canto do olho devem ser acompanhadas para ver se há rasgos do canalículo inferior (pode ser usada uma sonda
lacrimal). Se lesionado, o paciente deve ser encaminhado para um oftalmologista para reparo canalicular.
Hemorragia Uma hemorragia subconjuntival é pouco comum depois de um trauma e pode ser cuidada conservadoramente.
Entretanto, ocasionalmente pode ser o único
sinal de um globo rompido, quando estiver
associada a uma pressão intraocular (PIO)
baixa e uma câmara anterior anormalmente
profunda. Sangue na câmara anterior é
chamado de hifema. Geralmente segue-se
após uma lesão fechada e resulta da
laceração da íris. A pupila pode estar dilatada.
A maior parte dos hifemas desaparece num
prazo de cinco a seis dias, com tratamento
conservador. As complicações que ameaçam
a visão oriundas de hifema são causadas por
PIO elevada, a qual é tratada com acetazolamida
oral (Diamox). Raramente é necessária
a lavagem cirúrgica de um hifema, q qual
possui riscos particulares devendo-se,
portanto, utilizá-la somente em indicações
específicas. Estas incluem:
impregnação corneana oriunda de hifema
persistente
PIO aumentada em mais de 45 mmHg
durante mais de quatro dias
doença falciforme com falha da resolução
do hifema e PIO aumentada.
O uso de aspirina aumenta ainda mais o
risco de um sangramento dentro do olho, e
pode ser diminuído com o uso de esteróides
tópicos. Os pacientes devem ser orientados
a evitar drogas anti-inflamatórias não-esteróides durante uma semana após o
hifema. Hemorragia vítrea é um sinal de
trauma intraocular sério, e é caracterizado
pela perda do reflexo vermelho comparado
com o outro olho. Todos os casos de
hemorragia vítrea devem ser encaminhados
para exames adicionais a fim de excluir
uma ruptura do globo, perfuração, ou outras
complicações que possam ameaçar a
visão, tal como o descolamento de retina.
Lesão do cristalino O cristalino pode sofrer subluxação ou até
mesmo deslocamento (luxação). A pressão
intraocular pode aumentar na fase aguda e
uma extração do cristalino pode ser indicada.
Tanto uma lesão fechada quanto uma perfuração
pode justificar a extração da catarata,
tanto logo após a lesão, se esta estiver
causando complicações, como mais tarde,
quando o olho já estiver calmo e recuperado
da lesão.
Lesões da órbita Proptose ou diplopia (visão dupla) sugerem
uma lesão ocular séria, para a qual são
requeridos uma avaliação e cuidados de um
especialista.
Queimaduras do olho As queimaduras oculares podem afetar as
pálpebras, conjuntiva ou córnea. É importante
manter a córnea umidecida e não
exposta. Os primeiros socorros consistem em
aplicar pomada antibiótica generosamente
por toda a conjuntiva, córnea e pálpebras
queimadas. Um curativo ocular não deve ser
colocado sobre o olho pois pode ulcerar a
córnea. O paciente pode precisar de um
enxerto de pele nas pálpebras.
Tabela 1.
Definições dos termos utilizados
para descrever as lesões oculares
Termo
Definição
Abrasão
Defeito do epitélio corneano. Cora-se com fluoresceína. Normalmente cura-se dentro de 24 - 48 horas
Contusão
Resultado de uma lesão contusa no local da pancada ou em outro local mais distante
Lesão fechada
A parede do globo ocular está intacta mas as estruturas internas do olho encontram-se danificadas
Ruptura
Lesão aberta e irregular devido a uma lesão contusa, normalmente distante do local da lesão, nos pontos mais fracos
do globo ocular: concêntrica ao limbo, atrás da inserção dos músculos extraoculares ou no equador
Lesão aberta
Abertura total da espessura ocular; pode ocorrer devido a uma lesão contusa grave ou por lesão penetrante
Laceração lamelar
Abertura parcial da espessura ocular causada por um objeto cortante
Laceração
Penetração total da parede ocular
Penetração
Apenas uma ferida superficial
Perfuração
Lesão “penetrante”; uma lesão que atravessa diretamente o olho, provocando feridas internas e externas
Substâncias químicas nos olhos Os primeiros socorros em caso de substâncias
químicas nos olhos são urgentes,
devendo-se lavar abundantemente os olhos
com água limpa após a administração local
de gotas anestésicas. O paciente deve estar
deitado – durante pelo menos 15 minutos –
durante a administração abundante de água
nos olhos. Após este período,
os olhos podem ser examinados com fluoresceína
de forma a verificar se existe ulceração
da córnea. Em caso afirmativo, o paciente
deve ser tratado com antibióticos tópicos,
utilizar oclusão ocular e ser visto diariamente.
Muitas queimaduras químicas são provocadas
por ação dos ácidos (ex.: explosão de
uma bateria de carro). Frequentemente o
prognóstico é bom, uma vez que os danos
provocados pelos ácidos apenas atingem a
camada superficial da córnea. As queimaduras
provocadas pelo alcali (ex.: amoníaco)
são menos comuns mas muito mais graves.
Devem ser acompanhadas por um oftalmologista,
uma vez que requerem a utilização
intensa de esteróides tópicos, tetraciclina e
gotas de vitamina C.
Remoção do olho – evisceração ou
enucleação? Se o olho não tem percepção luminosa e é
doloroso, deve-se considerar a hipótese da
remoção do olho. Crê-se que com a evisceração
existe o risco de oftalmia simpática,
mas existem poucas evidências para
fundamentar esta afirmação. A evisceração
pode ser mais apropriada (para condições
não malignas) em países em desenvolvimento,
uma vez que os procedimentos são
mais simples do que os da enucleação,
oferece melhores resultados estéticos com
menor risco de surgir uma infecção sistêmica
no caso do olho estar infectado. A
evisceração também pode ser realizada sob
anestesia local.
Em resumo Lidar com um trauma ocular é um desafio.
As competências clínicas e cirúrgicas e os
equipamentos variam de local para local e
de país para país, sendo que o manejo de
uma lesão ocular grave requer uma variedade
de estratégias alternativas. Em
princípio, se um profissional da saúde pode
diagnosticar e tratar uma condição e
reconhecer as complicações, então ele
poderá tratar esse tipo de caso.
As abrasões corneanas, conjuntivais,
tarsais, corpos estranhos corneanos superficiais
e as pequenas lacerações nas
pálpebras (não envolvendo as margens das
pálpebras) podem ser tratadas por médicos
generalistas. As lesões (tais como os corpos
estranhos corneanos profundos e os
hifemas grandes) devem ser tratadas nos
centros onde é possível realizar exames da
intra-ocular (PIO). As lesões abertas do
globo ocular, as lacerações nas pálpebras
(envolvendo a margem das pálpebras ou
canalículos), as fraturas violentas com
diplopia na posição primária e qualquer
corpo estranho intra-ocular potencial devem
ser tratados num centro oftalmológico bem
equipado.
Os riscos mais comuns no tratamento do
trauma ocular são:
os corpos estranhos tarsais não encontrados;
os corpos estranhos intra-oculares não
encontrados;
a confusão entre úlceras corneanas com
abrasões;
lacerações e rupturas esclerais não encontradas; lesões cranianas não encontradas em caso de traumatismo de órbita penetrante.
Este editorial apresenta as diretrizes básicas
sobre a avaliação e tratamento do trauma
ocular. Os médicos poderão lidar com os
pacientes de forma diferente, de acordo com
a disponibilidade de equipamentos, as
competências, os financiamentos e os meios
de transporte locais.
Tabela 2.
Sinais oculares e suas implicações
após o trauma ocular
Estrutura
Aspecto e características associadas
Implicação
Pálpebras
Laceração das margens das pálpebras
Lesão penetrante
Envolvimento do canto medial
Requer uma reparação precisa
Verificar a perfuração do globo ocular
Verificar o dano canalicular
Conjuntiva
Hemorragia subconjuntival
Habitualmente inofensiva, mas excluir a perfuração no caso da PIO ser baixa
Esclera
Coloração cinzenta ou castanha na
esclera
Verificar perfuração ou laceração escleral
Córnea
Corpo estranho
Abrasão
Múltiplas áreas puntiformes causadas por
solda elétrica
Laceração com prolapso da íris
Remover o corpo estranho
Tratar com antibióticos e oclusão
Tratar como uma abrasão
Requer uma reparação urgente
Câmara
anterior
Sangue na câmara anterior - hifema
Normalmente soluciona-se com um tratamento conservador; em caso de
glaucoma secundário, baixar a PIO com diamox
Pupila
Dilatada
Em forma de D – Diálise da íris
Verificar a laceração com prolapso da íris e remetê-la para reparação urgente
Tratar conservadoramente mas verificar se ocorre um glaucoma secundário
Cristalino
Tremor de íris – provável deslocamento do cristalino
Cristalino
opaco
Normalmente requer a sua remoção
Cristalino acometido, resultando numa catarata
Reflexo
vermelho
Nenhum reflexo ou reflexo vermelho fraco
Possível hemorragia vítrea
Proptose
Pálpebras inchadas e olhos salientes
Fratura violenta da parede medial com ar na órbita, contusão orbitária ou
hematoma subperiosteal
Enoftalmo
O olho parece menor – afundamento do
globo ocular
Fratura violenta da parede inferior
Karin Lecuona -
Consultora, Divisão de Oftalmologia, Groote Schuur Hospital
and University of Cape Town, África do Sul. in Jornal de Saúde Ocular Comunitária
- Vol. 1, n.º 1, Junho 2009