O termo nistagmo
ou nistagmus é usado
para descrever os
movimentos oculares
oscilatórios, rítmicos e
repetitivos dos olhos. É
um tipo de movimento
involuntário dos globos
oculares, geralmente de
um lado para o outro e
que dificulta muito o
processo de focagem de
imagens. Os movimentos
podem ocorrer de cima
para baixo ou até mesmo
em movimentos circulares
e podem surgir isolados
ou associados a outras
doenças.
Os nistagmos variam de
caso a caso e podem ser
classificados de acordo
com a manifestação
clínica. Os principais
tipos são: fisiológico,
congénito, spasmus
nutans, nistagmo do
olhar, nistagmo
vestibular, nistagmo por
distúrbio neurológico,
nistagmo voluntário e
nistagmo histérico. Em
geral, provocam
incapacidade de manter
fixação estável e
significativa
ineficiência visual,
especialmente para visão
à distância. Estima-se
que os nistagmos afetam
1 em cada 1000 nascidos
vivos.
As oscilações do
nistagmo podem dar-se num ou
em ambos os
olhos, numa ou em todas
as posições. O nistagmo
congénito raramente
surge logo ao nascimento
e é mais frequente entre
as 8 e as 12 semanas de vida.
Se não for detectado nos
primeiros meses de vida,
deve ser um nistagmo
adquirido.
Causas
O nistagmo pediátrico
difere muito do nistagmo
iniciado na fase adulta.
Na infância, o nistagmo
pode ter causas
relacionadas com um
defeito do olho ou na
relação de comunicação
entre o olho e o
cérebro. Aparece, ainda,
associado a cataratas,
glaucoma, desordens de
retina, albinismo e a
pacientes com síndrome
de Down. Alguns tipos de
nistagmo podem ser
hereditários, outros são de
causa desconhecida.
O
nistagmo adquirido,
que se desenvolve ao
longo da vida, pode ser
um sintoma de esclerose
múltipla ou estar associado
a
lesão neurológica aguda
nas vias motoras
oculares localizadas no
tronco cerebral ou
cerebelo, labirintites e maculopatias entre
outras doenças.
Tratamentos
Nas crianças, é
importante um apoio
educacional adequado com
o objetivo de melhorar o
processo de focalização
de imagens e de se fazer um
bom condicionamento
visual. Indica-se boa
ergonomia de ambientes
em casa, aumento de
letras em computadores e
ainda um trabalho
específico voltado para
esse problema.
A terapêutica para o
nistagmo ainda é
limitada atualmente, mas
muito pode ser feito
para melhorar a visão de
quem tem esse problema.
Pode-se recorrer à
ortóptica (oclusão
alternada), tratamento
óptico (com uso de
prismas) para corrigir o
mau posicionamento da
cabeça e substituição dos
óculos por lentes de contato (para prevenir
outros problemas
oftalmológicos).
Há ainda o
tratamento
medicamentoso, através
de
substâncias
estimuladoras do sistema neurotransmissor
inibitório ou
depressoras do sistema
neurotransmissor
excitatório. Novos
estudos existem sobre a
aplicação da toxina botulínica, mas sem
resultados comprovados
até o momento.
O
tratamento
cirúrgico do nistagmo
consegue a melhoria da
acuidade visual através
de procedimentos
específicos nos músculos
dos olhos.
Apesar do ininterrupto movimento dos olhos, os portadores de nistagmo não se queixam de oscilopsia (percepção ilusória de movimento do ambiente) e quase
sempre têm um ponto ou área em que os movimentos oscilatórios são minimizados (zona
de bloqueio ou
null position), o que pode variar um pouco para cada olho.
Esses pacientes podem
assumir uma posição viciosa da cabeça (torcicolo) com o intuito de situar os olhos na posição em que
as condições visuais mais se aproximam do normal.
Outros mecanismos de bloqueio, são o
posicionamento dos olhos em posições extremas e em convergência (o que explica a melhor acuidade visual para
perto).
Ao contrário da zona de bloqueio, na qual a actividade electromiográfica diminui, existe nas referidas
manobras, um aumento da actividade muscular.
A associação do nistagmo com estrabismo, em
particular com a esotropia precoce com limitação de abdução, é frequente. Essa situação foi inicialmente descrita
por Ciancia em 1962 e denominada de síndrome do nistagmo bloqueado.
As oscilações induzidas
pela oclusão monocular e caracterizadas por um movimento em sacudida com a fase lenta no
sentido do olho coberto, são denominadas de nistagmo latente. Os movimentos são bilaterais e
simétricos, similares em amplitude e frequência e atribuídos a distúrbio
congénito oculomotor.
Relata-se a ocorrência
em associação com esotropia
congénita e desvio vertical dissociado (DVD).
A terapêutica para o
nistagmo tem-se mostrado limitada. No passado, a busca pela melhor acuidade visual, passou pela
ortóptica (oclusão alternada) e por
métodos pleópticos (pós imagem seguida de apresentação de objectos
reais).
Actualmente o
tratamento medicamentoso emprega substâncias estimuladoras do sistema neurotransmissor inibitório (ácido gamma-amino-butírico/GABA) ou depressoras do sistema neurotransmissor
excitatório (glutamato). Recentemente a utilização da toxina botulínica incrementou o arsenal terapêutico mas
ainda não apresentou resultados consistentes.
Em relação ao
tratamento óptico, o mais difundido é o uso de
prismas. Isto se dá com duas finalidades: corrigir o mau posicionamento da cabeça, resultante de uma
posição de bloqueio distinta da posição primária (bases prismáticas colocadas para o mesmo lado) e
estimulação da convergência (bases deslocadas temporalmente).
A substituição dos óculos por
lentes de contacto é outra alternativa terapêutica. Holanda de Freitas e
cols. e Dell Osso e
cols. constataram
melhoria da acuidade
visual nos pacientes
assim tratados. Uma
possível explicação para
este facto é o permanente
e correcto posicionamento
do centro óptico da(s)
lente(s), relativamente
ao(s) do(s)
olho(s).
O tratamento cirúrgico
do nistagmo objectiva a
melhoria da acuidade
visual e a
eliminação do torcicolo.
Na maior parte das vezes
realiza-se a cirurgia
proposta por Kestenbaum
e por Anderson, ou seja, por meio de
retrocessos e ressecções
movem-se os quatro
músculos rectos
horizontais com o
intuito de transferir a
zona de bloqueio para a
posição primária do
olhar. Numerosos autores
têm proposto o amplo
retrocesso desses
músculos (mais amplo
para os músculos rectos
laterais) com o
objectivo de aumentar o
tempo de permanência da
imagem na fóvea.
Há,
ainda, outra variante
cirúrgica que visa
provocar uma divergência
artificial nos pacientes
que requerem
convergência para a
fusão, a qual diminui o nistagmo (Procedimento
de Cuppers).