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Escritas
a lápis,
com uso de uma régua,
entre 1831 e 1835
Institut National des Jeunes Aveugles
- Paris
-
Muito é o que se escreveu e se escreve sobre Braille. Pouco é o que se disse e se diz sobre Louis. Sua imagem
pública (Braille) é a que se conhece e se difunde por meio de adjetivos de admiração e superlativos de gratidão.
No entanto, sobre o homem particular, cotidiano, (Louis), pouco se escreve, pouco se fala. No lugar do sentimento de Louis está agora a escultura de Braille. Pouco se
conta sobre como era, como vivia, como sofria e amava. São passados 190 anos de seu nascimento. No dia 4 de janeiro de 1999 completaram-se 190 anos do momento em que, em
uma pequena casa de Coupvray, nas proximidades de Paris, nasceu Louis.
Foi o quarto e último filho dos Braille-Baron. Seu pai já estava com 45 anos e sua mãe com 40.
Comemoram-se 190 anos, oportunidade mais do que propícia para compartilharmos dez cartas, escritas de seu próprio punho e com sua própria letra. As cartas estão datadas
em Coupvray, entre 1831 e 1835, de sua casa natal, para a qual se retirava periodicamente quando já se anunciava a tuberculose que precocemente acabaria com sua vida.
Todas as cartas têm como destinatário o Dr. Pignier, Diretor do Instituto de Jovens Cegos de Paris, do qual Louis foi aluno e professor. Pignier compreendeu Louis e seu
sistema. Deixou também um retrato literário de Louis, que o apresenta no dia de "sua chegada ao colégio" com "certa gravidade infantil que, certamente, combinava com a
delicadeza de seus traços e com o ar doce e espiritual de seu rosto".
Depois da saída de Pignier da Direção, em 1840, viriam os duros anos de rejeição ao sistema em razão da incompreensão de Dufau, o novo Diretor. Antes de conhecer estas
cartas, sabíamos alguma coisa sobre o Louis cotidiano, sobre o Louis-pessoa, por intermédio de seu amigo Coltat, que escreveu que Braille "desempenhava suas funções com
tanto entusiasmo e sagacidade que, para seus alunos, o dever de assistir às aulas transformava-se em um verdadeiro prazer".
Outras pinceladas do Louis cotidiano o mostram como responsável pelo órgão da igreja de Saint Nicolas des Champs. Comparecia à igreja semanalmente para tocar.
Entretanto, ao saber que um colega do Instituto estava passando por sérias dificuldades financeiras, transferiu-lhe o cargo como forma de ajudá-lo.
De acordo com o testemunho de Coltat, "... no órgão, sua execução era precisa, brilhante, descontraída e refletia maravilhosamente toda a sua beleza interior".
Naturalmente, o interesse destas cartas reside no fato de terem sido escritas pelo próprio Braille e serem uma ponte para a sua vida privada, "de tamancos", como ele
mesmo diz.
O Braille que se nos revela é, por instantes, um homem ansioso, impaciente: "caso eu não receba resposta até segunda-feira, espero que não haja inconveniente em voltar na
terça-feira à instituição". É, muitas vezes, um Braille atento e atraído pela natureza: "amadureceu apenas a parreira do jardim"; ou "o campo é o meu único remédio"; ou
"temos apenas vento, nevoeiro e chuva, como provam os tamancos que calço desde o meu regresso".
Em razão de seus problemas de saúde, adquire especial importância o que diz sobre ela e como coloca "viver" antes de "trabalhar": "Cuide-se para desfrutar da companhia de
seus filhos. Primeiro viver, depois trabalhar. A saúde é um tesouro cujo preço não se conhece até que se o perca".
A vida cotidiana é desenhada de maneira rápida: "Lêem para mim, afino pianos, jogo cartas e xadrez". Diante da perspectiva de encontrar-se com Pignier, fala de si mesmo.
Apresenta-nos um simpático, singelo e divertido retrato de si mesmo: "verá um homem nem gordo nem magro, mais magro que gordo".
Não deixa de chamar a atenção a falta de referências ao sistema. Por outro lado, em mais de uma ocasião faz referência à escrita em tinta: "Me alegraria muito, meu
querido Sr. Pignier, se o Senhor perdesse apenas um quarto de hora decifrando a primeira página destes garranchos."
Tomamos conhecimento destas cartas em Paris em junho de 1998, por ocasião da II Conferência "A História dos Cegos e Os Cegos na História", oportunidade em que o Instituto
nos presenteou com fotocópias dos originais das cartas.
Nina Liberman as traduziu do francês para o espanhol, em um esforço que valorizamos e agradecemos muito.
Ao divulgá-las, queremos resgatar pelo menos um pouco do Louis cotidiano e privado, do nosso Louis de cada dia.
por Enrique Elissalde
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Louis Braille | 4.Jan.1809 — 6.Jan.1852
Estimado Senhor:
Ao escrever-lhe com minhas próprias mãos corro o risco de que não me entenda, mas rogo-lhe que se oriente por meus sentimentos e por minha intenção, pois penso aqui como
penso em Paris.
Tudo em Coupvray me traz recordações tristes, das quais não posso fugir. Minha saúde não está pior do que quando estava no instituto, mas o mau tempo não me ajuda.
Enquanto estou aqui, o Senhor se preocupa com a preparação dos prêmios. Se tivesse ficado em Paris saberia os resultados dos concursos de piano, compartilharia as
ocupações de meus companheiros e, juntamente com o Senhor, teria assistido à grande sessão da academia. Era o que eu planejava, mas o homem põe e Deus dispõe. Atrevo-me a
esperar, Senhor, que quererá honrar-me com algumas linhas para falar-me de si, pois já não podemos ler juntos nosso agradável moralista, e da Senhorita sua irmã, que
estava doente quando parti. Se não for muito incômodo, gostaria de pedir-lhe que me contasse do concerto. Encantam-me também essas senhoras da enfermaria que tão bem (?)
intenções.
Mamãe pede-me que lhe apresente os seus respeitos. Transmita-os, juntamente com os meus, à Srta. Pignier.
Seu respeitoso e afetuoso aluno
L. Braille
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Estimado Senhor:
Tenho a honra de escrever-lhe estas linhas para rogar-lhe que não se esqueça da promessa que me fez de informar-me quando acontecerá o concerto.
Se eu não tiver resposta até segunda-feira, espero que não haja inconveniente em voltar na terça-feira à instituição.
Desculpe, Senhor, os incômodos que lhe causa o seu afetuoso aluno.
L. Braille
Me alegraria muito, meu querido Sr. Pignier, se o Senhor perdesse apenas um quarto de hora decifrando a primeira página destes garranchos. Se tem pressa, não leia o que
segue, pois agora escrevo apenas por prazer e para responder ao seu pedido, que me pareceu tão bondoso.
Havia saído de Coupvray por algumas horas quando chegaram duas cartas encantadoras. Se não fosse assim, meu segundo rascunho ter-se-ia cruzado com sua segunda carta.
Tudo vai bem por aqui, mas amadureceu apenas a parreira do jardim. Tenho, pelo menos, a satisfação de desfrutar de belas caminhadas.
Rogo-lhe que transmita minhas saudações à Senhorita sua irmã.
Penso no Senhor e em ...
L. Braille
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Estimado Senhor:
Nesta carta, não terei a honra de falar do Sr. Déchasait, a quem tanto devo. Escrevo hoje para alguém que o Senhor bem sabe e cujos interesses não me podem ser
indiferentes. A pessoa que deveria pagar-nos trinta francos para cantar está em Dijon desde alguns meses. Deveria ter procurado Trencheri para entregar-lhe a soma, para
reembolsá-lo ou para dizer que o dinheiro não havia sido reclamado. Entretanto, o silêncio do meu amigo deve ter dado a impressão de que o Sr. de Ruba havia recebido essa
importância. Mas, ele nunca me falou dessa soma, nem sequer em sua última carta. Por essa razão, eu pretendia pedir a Trencheri uma declaração assinada por ele ou pela
pessoa em questão e a enviaria ao Senhor para que a anexasse à nota: o que o Sr. de Ruba deve aos alunos. Porém, mudei de idéia e nada farei em relação a isso. Acho mais
sensato confiar ao Senhor esta causa. Desculpe, Senhor, por ter tomado a liberdade de falar-lhe de algo que só me diz respeito indiretamente. Por outro lado, permita-me
dizer-lhe em confiança que me sentiria feliz se tivesse a doce satisfação de saber que a minha preocupação coincide com a sua. Antes de partir esqueci-me de falar-lhe de
Roustant, que poderia ser admitido na classe superior, se o Senhor julgar conveniente.
Não me diga: maldito tagarela, você se calará? Apenas uma palavra antes de terminar, para pedir-lhe a admissão dos novos na aula de história.
Receba os respeitos de minha mãe, de meu irmão e os meus. Pedimos também que transmita nossas saudações à Senhorita sua irmã.
Tenho a honra de ser seu mui respeitoso aluno,
L. Braille
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Estimado Senhor:
Rogo-lhe que acredite que não foi por indiferença que demorei alguns dias para responder ao gentil convite que o Senhor me fez. Esperava fazer chegar-lhe minha carta por
intermédio de uma pessoa que me contaria muitas coisas sobre a instituição, mas acabo de inteirar-me de que isso será impossível.
Agradeço a bondade com que recebeu o assunto pecuniário de que tive a honra de falar-lhe em minha última carta. Algumas pessoas de Paris falaram-me sobre o Sr. Alar;
contaram-me, também, que ele já não vive ali. Sobre duas ou três coisas talvez se pudesse encontrar um ponto em comum, ou, por que não dizer, um ponto certo; peço-lhe
que, se possível, retarde a decisão até o meu regresso.
O excelente Déchasait me agradou, me ensinou e me comoveu muito durante a viagem que tive a honra de fazer com ele. Honrou-me com um lugar em seu carro de Lagny a Chessy.
O bispo de Meaux chegou a Coupvray no mesmo dia em que eu. Os textos em questão são, sem dúvida, os versos do Sr. J. e o discurso de seu amigo. Poderia, Senhor, sem pecar
pela indiscrição, pedir-lhe que me enviasse as notas de história?
Adeus, estimado Senhor. Cuide-se para desfrutar da companhia de seus filhos. Primeiro, viver, depois, trabalhar. A saúde é um tesouro cujo preço não se conhece até que se
o perca. São velhos lugares-comuns, mas sempre certos. Sinto-me feliz em poder fazer-lhe as mesmas recomendações que o Senhor me fez tantas vezes. O campo é o meu único
remédio.
Estou bem de saúde e espero que esta carta também o encontre bem, assim como a Senhorita sua irmã.
L. Braille
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Estimado Senhor:
Faz mais de quinze dias que não tenho a honra de receber notícias suas. Sem querer ser pessimista, estou convencido de que o Senhor me escreveu e que também terei que
reclamar sua carta junto ao correio. Mas não é isto o que me inquieta: sua saúde teria piorado? Acaso assuntos que me parecem previsíveis o absorvem por completo. Já não
serei eu quem lerá dois belos textos com o Senhor. Estes pensamentos me atormentam, mas confesso-lhe que não é este último que me parece o mais provável.
Até aqui, tenho passado minhas férias nos vinhedos e nas estradas, mas a umidade, a chuva e o vento me fizeram mudar minha rotina. Lêem para mim, afino pianos, jogo
cartas e xadrez, e me sinto bem.
Peço a Deus que conserve a sua saúde e a da Senhorita sua irmã.
Seu devotado,
L. Braille
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Estimado Senhor:
O Senhor certamente sabia de minha intenção de regressar à instituição no final do mês, mas, apenas ontem tive esta certeza. Espero, pois, Senhor, estar junto a si na
segunda-feira à noite. Não encontrará em mim nenhum Sansão, mas verá um homem nem gordo nem magro, mais magro que gordo e gozando de uma saúde satisfatória. Graças aos
seus bondosos votos.
Receba a sinceridade das saudações de nossa família e em especial das minhas para o Senhor e para a Senhorita sua irmã.
L. BrailleAcabo de saber nesse instante da morte do Sr. Velvincourt. Não aprovo a política ou a indiferença que impede de dar-lhe lugar em nossos sermões públicos.
O recebimento de sua carta me faz retomar a minha para negar veementemente o feito que o Senhor me atribui. Não sei se posso suplicar-lhe, sem molestá-lo, que me escreva
ainda algumas linhas, não de satisfação, mas de consolo.
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Estimado Senhor:
Gostaria de ter-lhe contado alguns detalhes sobre os prazeres do campo durante os belos dias de outono. Foi por isso que demorei para escrever-lhe. Mas, renuncio à minha
pretensão, uma vez que só temos vento, nevoeiro e chuva, como provam os tamancos que calço desde o meu regresso. Apesar de tudo, minha saúde está boa e espero passar
nosso próximo ano letivo de maneira agradável e útil, aproveitando, sobretudo, da disposição de sua boa irmã, que prometeu ajudar-me em meus estudos. Tudo me faz crer em
um futuro satisfatório, principalmente se o meu médico suavizar a dieta severa com a qual me ameaçou. Suplico-lhe que o induza a isso, meu querido Senhor, pois é um de
seus amigos.
Dentro de oito dias estarei com o Senhor, que tanto tem se ocupado de mim, e com a Srta. Pignier, que tão bem sabe acalmá-lo, e entre meus companheiros, que tão bem me
têm demonstrado sua amizade.
Bodoin está, sem dúvida, na mesma situação que eu, infelizmente! Somos uns coitados, não teremos esta felicidade. A nossa enfermidade não me incomoda tanto quanto a
outros, mas nem por isso meu sofrimento é menor.
Mas, basta de melancolia. Com o Senhor, tudo estará bem.
Seu respeitoso e afetuoso aluno,
L. Braille
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Estimado Senhor:
Separei-me do Senhor há alguns dias e estou inquieto, pois muito a contragosto o deixei sozinho e a Senhorita sua irmã pode ter tido algum contratempo.
Poderei ter a felicidade de que me escreva algumas linhas? Temo que o Senhor não possa fazê-lo logo, mas a Srta. Pignier...
Para o inferno as circunstâncias ou, quem sabe, Deus queira que eu tenha notícias suas brevemente. Como estava previsto, tudo vai bem em Coupvray. Regressarei dentro de
quinze dias. Os senhores e os curas desta região me cumprimentaram efusivamente pelo que leram no diário das famílias; isto, mais a facilidade de calcular com rapidez a
data de cada lua, aumentou muito a minha fama na região. Dou aulas de canto com as encantadoras "romanzas" que Roissant escolheu para mim com tanta diligência e
discernimento.
Rogo-lhe que me dê detalhes sobre a saúde da Senhorita sua irmã. Os ausentes têm escrito? Tudo vai bem na instituição, exceto para o Senhor, que está sempre envolvido em
assuntos administrativos.
Perdoe-me por ter fatigado os seus olhos por tanto tempo e receba, por favor, a expressão sincera do afeto e do respeito de seu aluno,
L. BrailleAbusando de sua bondade, Senhor, peço-lhe que leve os bilhetes anexos à agência dos correios.
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Estimado Senhor:
Quem sabe ainda esteja só. Este pensamento me aflige e é necessário que minha saúde e minha família sejam muito prezadas para que eu possa resistir ao desejo que tive de
regressar a Paris. Talvez eu tivesse tido a felicidade de diminuir o tédio de sua solidão. Regressarei na próxima quinta-feira. Espero poder rever a Senhorita sua irmã,
pois quero crer que ela tenha recuperado a saúde.
Aqui, reaparecem as grandes névoas. Sem dúvida, brevemente teremos chuva; esse clima já não é agradável.
Talvez lhe pareça que demorei muito para escrever. A culpa não é minha, embora não creia. Enfim, Senhor, fale de mim a quem pedir notícias e aceite os cumprimentos de
quem se orgulha de ser seu mui respeitoso e afetuosíssimo aluno,
L. Braille
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Estimado Senhor:
O Senhor é tão bom para comigo que deverá estar assustado com o atraso de minha carta. Para outro qualquer, oito dias não seriam nada, mas, para nós, é muito. Espero
estender-me nessas intranscendências no próximo sábado e a Senhorita sua irmã, que sempre quer agradá-lo, lerá para mim a "rama de ouro". Peço-lhe que envie a anexa a
Gauthier. Uma carta sua agradará ao mesmo tempo minha alma e meu coração, mas não me atrevo a pedir-lhe que me responda, pois não me encontrará em Coupvray. Peço-lhe que
tenha a gentileza de transmitir minhas saudações a quem perguntar por mim. Meus respeitos à Srta. Pignier.
Seu respeitoso aluno,
Braille
Monumento a Louis Braille
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por Kenneth Jernigan, 1995
Depois de uma visita a Coupvray, realizada na terça-feira, 17 de maio de 1994, Kenneth Jernigan, então presidente da National Federation of the Blind, EUA, publicou
trechos de três cartas escritas por Louis Braille a sua família entre 1847 e 1851.
A seguir, você lerá estes trechos, nos quais se revelam o carinho e o interesse que o genial inventor nutria por seus familiares.
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Querida mamãe:
Falta ainda muito tempo para eu revê-la. Viver em uma cidade grande me aborrece e me sentiria feliz se pudesse respirar o ar de nosso campo e passear com a Senhora pelos
vinhedos."
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Querida mamãe:
Fiquei feliz porque o tempo estava o melhor possível para a colheita das uvas, mas hoje o sol está muito pálido. A estação fria começou e temos de permanecer dentro de
casa. Quanto a mim, não saio e, enquanto os parisienses estavam tomando neve nas cabeças quando se dirigiam à Festa da Constituição, eu me contentava em ouvir o canhão de
minha sala muito bem aquecida."
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Meu querido sobrinho, minha querida sobrinha:
Acabei de enviar-lhes, por trem, uma pequena caixa de jujubas. Espero que elas mantenham vocês livres dos resfriados que o inverno lhes trará. Passei, recentemente, três
dias em Coupvray, mas já retornei a Paris, de onde não sairei antes do próximo verão."
Nota: Para Louis Braille não haveria o "próximo verão", pois ele morreria três meses depois, no dia 6 de janeiro de 1852.
FIM
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Cartas de Louis Braille ao Dr. Pignier
Director do Instituto Nacional de Jovens Cegos (1821-1840)
Institut National de Jeunes Aveugles, Paris 1999
Traduzidas do espanhol
para a Língua Portuguesa por:
Regina Fátima Caldeira de Oliveira &
Jonir Bechara Cerqueira
(membros da Comissão Brasileira
do Braille)
Setembro de 2004
Colaboração: Prof.ª Danielle Goldstein
4.Jan.2014
Publicado por
MJA
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