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João Ganzarolli de Oliveira

'O Cego de Toledo' - Joaquín Sorolla y
Bastida, 1906
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“Felizmente, a natureza humana é, de todas, a que tem a maior
capacidade de adaptação. Assim, o homem se acomoda a quaisquer
circunstâncias que a vida lhe oferece. Nisso reside, aliás, o eixo de
explicação da vida do homem que não vê. Suprima-se a um cão a vista, o
ouvido e o olfacto, e ele morrerá, por certo. Sem a vista, sem o ouvido
e sem o olfacto viveu Laura Bridgan, logrando assimilar uma boa parcela
de conhecimentos.”
J. Espínola Veiga, "O que é ser cego"
Começo por um relato pessoal. Há poucos meses, em viagem pelo Oriente
Médio, perdi-me no bairro arménio de Alepo. Tomando-me pelo braço, o
homem a quem recorri guiou-me rumo a uma parte da cidade síria já
familiar aos meus olhos. Considerando a típica hospitalidade oriental, o
ocorrido nada representaria de extraordinário, não fosse por este
pormenor, que tardei a perceber: meu guia era cego.
Atestam as
pesquisas mais recentes que os olhos são responsáveis por no mínimo 80%
das impressões recebidas através da sensibilidade. Habitamos um mundo
que se manifesta de forma predominantemente visual. É natural que, no
campo artístico, a supremacia do olhar também ocorra: não bastasse o
fato de as artes se dividirem prioritariamente em visuais e auditivas,
os olhos tendem a resumir em si o fenômeno artístico na sua totalidade.
Tanto que os livros dedicados à arte tendem a excluir, de antemão,
outras formas de manifestação artística que não sejam a arquitetura, a
escultura, a pintura, havendo às vezes um espaço dedicado ao mobiliário
e a outras artes ditas menores.
Já na década de 30, Herbert Read demostrava consciência desse problema,
ao afirmar:
"A palavra arte associa-se em geral àquelas artes que
chamamos “plásticas” ou “visuais”; mas, usada com propriedade, deveria
incluir também as artes da literatura e da música. Há certas
características comuns a todas as artes (...)" (1)
Via de regra,
cabe à pintura o papel de arte por antonomásia, mercê do seu
endereçamento exclusivamente visual, consoante a sentença de Leonardo da
Vinci: se os olhos são o nosso sentido mais precioso, é justo que a
pintura seja considerada a rainha das artes. Focalizando a experiência
estética, São Tomás de Aquino afirma: “Consideram-se belas as coisas que
agradam quando são vistas." (2)
O tema dessa predominância da visualidade no campo estético nos permite
retroceder até os primórdios da cultura ocidental. Já em Homero, nota-se
uma afinidade acentuada entre os actos de ver e conhecer, que, no plano
linguístico, são quase sempre tidos como sinónimos. (3) Vale notar que,
ao menos conforme a tradição, era cego o autor da Ilíada e da Odisséia.
Nas palavras de Cícero:Diz a tradição que Homero foi cego; contudo, sua obra mais se
assemelha à pintura do que à poesia. Que região, que praia, que local da
Grécia, que tipo de batalha, que exército, que armada, que mobilização
de homens, que aspecto e variedade de animais não nos pinta, levando-nos
a ver o que ele mesmo não viu? (4)
Não menos digno de menção é o
facto de que várias culturas (a nossa inclusive) outorgam ao cego uma
posição de destaque, um homem que, espiritualmente falando, vê mais
intensamente do que os outros. (5) Mas que isso não nos leve a
desconsiderar as situações tantas vezes inferiorizantes em que o cego é
inserido através da história, sobretudo nas sociedades mais antigas. (6)
Isso, em grande parte, é devido ao hábito que têm as pessoas videntes de
estender a deficiência visual para outros ramos das potencialidades do
homem. Projeta-se sobre o cego o estigma da incapacidade em sua total
amplitude. (7)
A apreciação do belo, ainda que se inicie nos
sentidos, chega ao seu ápice na inteligência. É na instância intelectiva
que tem lugar o juízo estético. Tendo esse dado por premissa, infere-se
o factor essencialmente humano que rege a experiência estética e, claro
está, o contacto com as artes que produzem o belo. Só o homem vivencia a
beleza, já preconizava o sábio helenista Panécio. Ora, se a dimensão
estética do homem radica-se prioritariamente no intelecto, não é a
cegueira, ou outro impedimento de ordem física, que atua como entrave
intransponível para que se tenha acesso às coisas belas.
Herdamos
também dos gregos a tese de que os sentidos propriamente estéticos são
apenas os olhos e os ouvidos. (8) Sua aceitação tem sido quase unânime
ao longo dos mais de dois milénios que nos separam da Grécia antiga. A
esse privilégio corresponde de forma biunívoca a divisão entre artes do
espaço e artes do tempo. Pois a percepção dos seres que compõem o espaço
dá-se fundamentalmente de forma simultânea e os olhos, inegavelmente,
são os órgãos mais autorizados para efectuar esse processo. Acessível
através da audição, a música é a arte paradigmática no circuito
temporal. Não por acaso, os autores que exploram as potencialidades
perceptivas e estéticas do tempo, de Santo Agostinho a Bergson, utilizam
a música como recurso para a argumentação.
Já Aristóteles
fornecia elementos para o ingresso do tacto no âmbito da Estética.
Procede dos escritos do Filósofo de Estagira a constatação de que o
tacto é, no homem, mais desenvolvido que nos outros animais. (9) Isso já
demonstra a sua proximidade com a esfera intelectiva, argumento que
justifica o privilégio de que desfrutam a visão, devido a factores como
os que mencionamos há pouco, e a audição, sentido que viabiliza este
recurso cognitivo fundamental que é a linguagem oral.
Façamos
desde já uma restrição relativa ao paladar e ao olfacto: haja vista o
seu vínculo congénito com a instância puramente física do homem,
excluem-se do campo estético, entendido strictu sensu. O que não
é obstáculo para que colaborem, ainda que de forma subalterna, na
experiência estética de uma pessoa, seja ela cega ou não. Ouvir música
pode conduzir a um êxtase capaz de causar calafrios e alterações no
paladar e no olfacto, tornando ainda a visão obscurecida. Não obstante,
permanece a hierarquia: a ocorrência do fenómeno da salivação diante de
uma natureza morta de Cézanne nada nos diz sobre a pintura como
modalidade de provocação especificamente estética. Existe, naturalmente,
a possibilidade de que todos os sentidos tomem parte nesse
acontecimento. (10)
Ouçamos este depoimento colhido pela Professora Sandra Castiel:
"Disse-me uma professora que, por mais ricos e belos que sejam os
textos, faz-se necessário um elemento ‘concreto’ para que a criança ou o
jovem interaja com esse texto."
Citou-me como exemplo a própria
experiência: “Era adolescente e cega desde o nascimento. Estava a ouvir
um determinado romance de nossa literatura, que, lido em voz alta por
uma amiga, não me parecia muito atraente. Até que, numa tarde, estando
as duas dentro de um autocarro a caminho do centro da cidade, a amiga
pôs-se a ler o tal romance em voz alta. O trecho que estava sendo lido
falava do mar. Eis que, subitamente, a jovem cega sente no rosto uma
forte brisa marinha, trazendo-lhe o característico odor de maresia.
Ocorre que o autocarro, naquele momento, passava exatamente pela orla
marítima, o que causou à jovem cega um verdadeiro ‘encontro’ com o texto
e seu autor. (11)
Que a inteligência das pessoas não é
necessariamente afetada pela cegueira, confirmam-nos o matemático inglês
Nicholas Saunderson, a pianista e cantora austríaca Maria Teresa von
Paradis, o compositor espanhol Joaquín Rodrigo e a ensaísta
norte-americana Helen Keller, apenas para citar alguns casos
exponenciais. Os cegos encontram-se em igualdade de condições no que se
refere à consumação da experiência estética. Faltando-lhes a capacidade
de ver, nada impede, obviamente, que desfrutem de uma arte auditiva,
como a música – ou mesmo que actuem com êxito nesse âmbito, conforme
demonstra o exemplo recém-exposto. O problema da percepção e da actuação
dos cegos no campo artístico encontra restrições essenciais somente nas
artes visuais. Sendo assim, deve-se precisar os limites dessa vivência.
Falamos há pouco da participação do tacto no fenómeno estético. Nele
concentram-se as possibilidades de atenuação da cegueira, graças ao seu
alto poder de diferenciação: daí a deferência de actuar como “os olhos
do cego”. Não se trata, obviamente, de uma compensação no sentido pleno
da palavra. A apreciação que temos das coisas apoia-se na nossa
capacidade de estabelecer diferenças, o que, por sua vez, constitui o
preâmbulo para todas as modalidades de conhecimento, incluindo, é claro,
aquela que se volta para a beleza, seja ela artística ou natural – e os
olhos serão sempre insuperáveis no que se refere ao poder de
diferenciação, como bem constatara Aristóteles. (12)
Sabemos por
experiência que todos os sentidos são passíveis de nos transmitirem
sensações agradáveis e desagradáveis, dependendo não só do seu objecto
de concentração mas também das aptidões receptivas de cada indivíduo.
Ora, o que caracteriza o prazer estético é o seu descompromisso em
relação a quaisquer factores externos; o belo verdadeiro é sempre
buscado e apreciado por si mesmo. Ainda que esteja tão vinculado à
esfera física (pois é ele o sentido que transmite a dor e que tem o
papel dominante na dinâmica da sexualidade), o tacto é capaz de
proporcionar o agrado estético em certas circunstâncias. São
experiências centralizadas nas formas dos corpos. (13)

Touch - José de Ribera, 1630
Isto já
aponta para a escultura como a arte visual mais acessível para os que
não vêem. As dimensões da massa escultórica hão de obedecer a uma escala
relativamente pequena – desse preceito decorre que a arquitectura,
síntese das artes visuais, seja inapreensível esteticamente para quem
não pode ver. Diferente dos olhos, o tacto não percebe os objectos de
forma praticamente simultânea, podendo partir da noção integral para a
sondagem dos detalhes; a percepção táctil dirige-se das partes para o
todo. É o que impede um cego de perceber uma escultura grande, pois
falta ao sentido táctil o poder de unificar com a devida coerência as
diversas porções do objecto estético que ultrapassam os limites do
alcance manual. Agrega-se a isso: a simplificação formal favorece a
percepção, do mesmo modo como a complexidade tende a dificultá-la. Eis
por que, nas palavras de Rudolf Arnheim, os cegos costumam preferir
Brancusi a Bernini, uma talha africana aos floreios de uma figura
chinesa de jade. (14)
No que diz respeito à criação escultórica,
o célebre autor de "Art and visual perception" fornece-nos outra
contribuição elucidativa:
"Uma escultura realizada por percepção
táctil também está feita para uma percepção táctil (...). O artista cego
está limitado, em primeiro lugar, pela questão do tamanho. Quanto maior
for a obra, mais difícil será conceber a sua unidade compositiva. Os
detalhes intrincados tampouco são fáceis de tratar com os dedos. Tanto
na criação quanto na apreciação de obras de outros artistas, os cegos
sentem predileção pela simetria e outras relações formais simples. Por
isso, inclinam-se para os estilos artísticos que reúnem essas
condições." (15)
Para os cegos congénitos, a cor será sempre uma abstracção; por isso
não desfrutam de uma arte como a pintura e nem actuam como pintores. Tal
pode não ocorrer com pessoas que perderam a visão em uma fase posterior
aos seis anos de idade. Cega desde a adolescência, Virgínia Vendramini é
poetisa e professora aposentada de Língua Portuguesa do Instituto
Benjamin Constant. Produz também belos trabalhos de tapeçaria, em que as
combinações de formas e cores se baseiam nas lembranças de outrora.
Ouçamos o que ela diz:
"A reminiscência mais forte que tenho do
mundo visual é a do movimento das formas coloridas do caleidoscópio.
Faço minhas obras de tapeçaria sem planejamento prévio; quando crio,
deixo que o próprio desenho me conduza. Alegra-me saber que, embora eu
mesma não possa ver, meus trabalhos são apreciados por aqueles que
vêem." (16)
Sendo a imitação um recurso básico não só para a
criação artística, mas também para o próprio aprendizado em geral,
destaca-se ainda mais a importância dos olhos, pois são eles os órgãos
sensórios mais autorizados para a prática de imitar. Por esse motivo, no
caso da pessoa cega, mesmo as actividades mais simples precisam, muitas
vezes, passar por um laborioso processo de assimilação. Mostrar o mundo
a um cego requer o estabelecimento do contacto o mais concreto possível;
do contrário, corre-se o risco de que as palavras, em sua dimensão
descritiva, sejam reduzidas ao verbalismo, denotando assim realidades
desprovidas da compreensão do seu significado efectivo. Nem por isso o
cego deixa de recorrer a metáforas visuais. Sobre esse tópico, assim diz
Maria da Glória de Souza Almeida, professora de Língua Portuguesa do IBC
e que, tal como Virgínia, é cega desde a mocidade:
"Mesmo sem
enxergar, percebo a beleza que emana das formas, da claridade, dos sons
e de outras coisas assim. Vejo que o mundo é melhor, graças ao fato de
existirem coisas belas. A beleza constitui uma prerrogativa essencial
para todo ser humano; viver sem ela implica um fraccionamento
inaceitável." (17)
Ora, “o tacto não compreende o belo no mesmo sentido em que a visão
o faz”, como afirma J. Espínola Veiga, cego de nascença. (18) É que a
experiência estética proporcionada pelo sentido táctil obedece a
requisitos distintos daqueles que regem o universo das pessoas que vêem.
Aludimos anteriormente ao fato de que, ao longo da história, a cegueira
tende a ser incluída em uma esfera depreciativa. A literatura antiga
fornece os exemplos de Édipo e Tirésias, personagens que mostram a
cegueira associada ao estigma da punição. Casos inúmeros poderiam ainda
ilustrar a situação do cego como alvo de compaixão. Mas não é preciso
estender os exemplos; importa-nos a constatação de que as sequelas dessa
tendência perduram ainda hoje: por mais que as entidades encarregadas se
empenhem na formulação de medidas voltadas para auxiliar o cego na sua
adaptação ao mundo, esse processo muitas vezes não é acompanhado por uma
conscientização, em grande escala, das reais prioridades para uma pessoa
portadora desse tipo de impedimento.
No que diz respeito à arte,
o assunto pode ser sumarizado a partir da justa avaliação das
possibilidades de que dispõe o cego para apreciar e produzir nessa área.
Pois, assim como a arte não se restringe à visualidade, tampouco a falta
da visão inviabiliza necessariamente o acesso à beleza artística.
Tomando emprestadas as palavras de Vítor Hugo, concluo: "O cego vê na
sombra um mundo de claridade; quando o olho do corpo se apaga, acende-se
o olho do espírito."(19)
FIM
-
NOTAS
1. O significado da arte (trad. A.
Neves-Pedro), Lisboa, Ulisseia, S/D, p. 15.
2. Pulchra enim dicuntur, quae visa placent. Sum. Theol., I, Q.
5, art. 4, ad primum. 3. É extensíssima a bibliografia a esse
respeito, a começar pela obra do próprio poeta grego. Limito-me a
remeter o leitor ao artigo de Gerd Bornheim, “As metamorfoses do olhar”,
dada a profundidade e o teor sintético que são conferidos ao tema (cf. O
olhar [org. Adauto Novaes), 3ª ed., São Paulo, Schwarcz, 1990, pp. 89 a
93). 4. Traditum est Homerum caecum fuisse; at eius picturam,
non poesin, videmus. Quae regio, quae ora, qui locus Graeciae, quae
species formaque pugnae, quae acies, quod remigium, qui motus hominum,
qui ferarum, non ita expictus est, ut, quae ipse non viderit, non ut
videremus effecerit? Tusc., V, 39, 14. 5. Cf. Gérard Lambin,
Homère, le compagnon, Paris, CNRS, 1995, p. 150.
6. Com riqueza de detalhes e referências bibliográficas, o
especialista Pierre Henri apresenta uma esclarecedora perspectiva
histórica no primeiro capítulo do excelente ensaio Les aveugles et la
société. Psychologie sociale de la cécité (Paris, P.U.F., 1958). 7.
Cf. Antônio Menescal. “O esporte, a pessoa portadora de deficiência e o
estigma da incapacidade”, in Acontece. Informativo da SADEF (Sociedade
Amigos do Deficiente Físico), Rio de Janeiro, agosto/setembro de 1994,
nº 1, p. 6. Também trata desse assunto Erwing Goffman: Estigma. Notas
sobre a manipulação da personalidade deteriorada, 4ª ed., Rio de
Janeiro, Guanabara, 1988, p. 15.
8. Cf. Platão. I Hip., 298d sq. 9. O tacto, crê
Aristóteles, constitui uma condição fisiológica para a própria vida dos
animais. De sens., 1, 441b. Observa ainda que nossa capacidade olfativa
é inferior à dos outros animais; já o nosso tacto considera mais
apurado. Quanto ao paladar, diz ser “uma espécie de tacto”. Idem, 1,
441a. 10. Como demonstra a nossa experiência cotidiana, um
sentido pode muitas vezes interferir no território de actuação de outro,
inclusive quando se trata de apreender a beleza. Fortalecido pela nossa
tendência natural a relacionar os setores da beleza e da bondade, esse
fenômeno se manifesta, por exemplo, quando deparamos com certos objectos
prioritariamente endereçados aos sentidos ditos inferiores. O que dizer
de um Porto servido em copos descartáveis, ou de um refrigerante em
belos cálices de cristal? Caso similar seria o da relação entre a
qualidade (olfativa, naturalmente) de um perfume e as potencialidades
estéticas (visuais) do frasco que o contém. Em tese, as experiências do
belo e do bom podem ser dissociadas. Na prática, porém, há casos em que
se torna quase impossível estabelecer os limites entre uma e outra face
da vida humana. 11. Crianças portadoras de deficiência visual
e o texto poético. O encontro com a literatura infantil (monografia
apresentada à Faculdade da Cidade no curso de pós-graduação latu sensu
em Metodologia do Ensino Superior), Rio de Janeiro, 1979, pp. 32 e 33. 12. Met., I, 980a. Ver também De an., III, 3, 429a. No tratado em
que investiga especificamente a percepção sensível, Aristóteles
assevera: “a faculdade de ver mostra muitas e mui variadas diferenças,
pois todos os corpos participam da cor, de modo que é principalmente
através desse sentido que se percebem também os sentidos comuns (chamo
sentidos comuns à figura, ao tamanho, ao movimento e ao número)”. De
sens., 1, 437-9. Segundo Alexandre de Afrodísias e Asclépio, a maior
acuidade visual se verifica através do fato de que as variações
colorísticas perceptíveis entre o branco e o negro são maiores do que as
situadas entre o quente e o frio, o seco e o úmido. 13. Não
trataremos aqui da percepção tátil da música, expediente empregado pelas
pessoas surdas, embora sujeito a grandes restrições. 14.
Aspectos perceptuales del arte para los ciegos”, in Ensayos para
rescatar el arte (trad. Jerónima García Bonafé), Madrid, Cátedra, 1992,
p. 145. Relembrando o que mencionamos no início deste artigo, tal como
Herbert Read, o autor de "Art and visual perception" tende a
circunscrever a arte ao domínio da visualidade, conforme atesta o
próprio título do ensaio em questão. 15. Ibidem. Percebe-se a
validade da tese de Arnheim nos trabalhos de escultores cegos como, por
exemplo, o alemão Erich Kühnholz e a brasileira Márcia Benevides. 16. Transcrevo com base na entrevista que tivemos em 1º de maio de
1998.
17. A entrevista foi realizada em 20 de maio de 1998. 18.
"O que é ser cego", op. cit., p. 31. É bem verdade que o tacto possui o
poder de, em determinadas ocasiões, confirmar e até corrigir os dados
provenientes da visão. É o caso da determinação correcta do material de
que é feita uma estátua.
19. Citado por Pierre Henri em "Les aveugles et la société".
Psychologie sociale de la cécité, op. cit., p. 58.
ϟ
João Vicente Ganzarolli de Oliveira
é Professor do
Departamento de História e Teoria da Arte da Escola de Belas Artes da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[14-Out-07]
Publicado por
MJA
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