
ÍNDICE
-
-
-
-
-
-
-
-
1 - CRIANDO UM FILHO COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Stephanie: As crianças entendem muito mais das coisas do que os adultos.
Aceitam a realidade e trabalham com ela, sem carregar toda a bagagem que
nós achamos necessária. Lembro-me de quando, na adolescência, fiquei
com o tronco imobilizado durante meses e todo mundo dizia, "Coitada!" e
eu pensava "Qual é o problema? Estou com isso. O que é que eu posso
fazer?"
Você quer que seu filho tenha as melhores chances possíveis para uma
inclusão bem-sucedida na sociedade, como também para sentir-se em
contato com outras pessoas. Quer que ele tenha vitalidade e um sentido
de valorização pessoal; que tenha controle sobre as decisões referentes
a sua vida, que seu nível de auto-suficiência seja o maior possível e
que seja capaz de perseguir objetivos para sua realização pessoal.
Os quatro grupos de necessidades básicas
À medida que as crianças passam da infância à vida adulta, compartilham
algumas necessidades básicas. Seu filho poderá possuir algumas
necessidades singulares extras, devido às limitações relacionadas com
sua deficiência física, doença crônica, deficiência mental ou déficit
importante de natureza sensorial ou de atenção.
A necessidade de segurança física
As crianças iniciam a vida totalmente dependentes de outros para
mantê-las vivas e para protegê-las de qualquer mal. Essa é a primeira
necessidade e a mais fundamental. Fornece a base para sua habilidade de
confiar e vincular-se aos outros. Todas as crianças têm as seguintes
necessidades básicas de segurança física:
-
As crianças precisam sentir
que alguém as protegerá de se perderem, de se machucarem, do abandono,
da privação de alimento e abrigo. Precisam ser reconfortadas com
carinho, alimentadas, pegas no colo, ninadas ou cobertas com uma manta
macia.
-
As crianças precisam saber que contam com alguém para
socorrê-las quando estão com frio, fome, molhadas, sentindo dor ou
insegurança.
-
As crianças necessitam que a pessoa responsável por
cuidar delas esteja atenta para aquilo que não percebem como sendo
prejudicial ou perigoso - um forno quente, tomadas elétricas, um lance
íngreme de escadas ou um carro na rua.
-
As crianças precisam confiar que
quem cuida delas não cometerá nem abuso físico nem negligência.
É
possível que seu filho possua algumas necessidades especiais de
segurança física:
-
Sua criança poderá reagir a situações irritantes de forma diferente
de uma criança típica. Choro incontrolável pode estar relacionado a
imaturidade neurológica ou sofrimento físico, ou seu filho pode ter
dificuldade em ser confortado. Os sinais da criança pedindo ajuda podem
ser mal interpretados ou nem percebidos, o que aumenta ainda mais sua
ansiedade quanto a segurança física. É possível que seu filho tenha
necessidade de algumas habilidades para atrair ajuda, particularmente se
tiver problemas de comunicação ou locomoção ou se for portador de um
impedimento sensorial importante. E você terá que aprender a interpretar
os sinais e dicas de seu filho.
-
O ambiente da criança poderá precisar sofrer modificações e
adaptações sob medida, com mobiliário especial, equipamento adaptado e
uma organização criativa de brinquedos, roupas, escova de dentes, para
permitir fácil acesso. Talvez seja preciso construir rampas, instalar um
elevador ou ampliar as passagens das portas. Se seu filho for alérgico,
os irritantes como carpetes e cortinas talvez tenham que ser removidos.
Elementos de risco talvez exijam correção ou monitoria - por exemplo,
talvez seja necessário colocar fechaduras em todas as portas de armários
e guarda-roupas.
-
Se seu filho apresenta uma deficiência visual séria, ele tem que
poder se apoiar na previsibilidade de seu ambiente, no seu senso de
tato, audição e olfato, para conseguir se proteger de perigo físico.
Brinquedos e outros objetos espalhados pelo chão podem ser perigosos. É
possível que seu filho não perceba perigos, tais como outra criança numa
bicicleta, num galho de
árvore, num buraco na calçada.
-
Se seu.filho apresenta problemas de eqüilíbrio ou movimentos
involuntários, será preciso que ele aprenda a conviver com as
inconveniências que acompanham esse quadro e você terá que aceitar o
fato de que ele poderá derrubar copos, derramar comida ou tropeçar. É
preciso permitir que o acidente aconteça, dando apoio aos esforços da
criança, independentemente da bagunça conseqüente nesse processo.Seu filho pode estar motivado a andar, mas se suas pernas e pés não
estiverem preparados para apoiá-lo, ele cairá. Se quiser subir em algo,
mas não tiver bom equilíbrio, poderá cair. Você não deseja desmotivá-lo
na sua independência, no entanto, precisa garantir sua segurança. No
caso da criança típica, quando está aprendendo a andar, é mais fácil
integrar todas as partes até conseguir dominar a nova habilidade, mas
seu filho poderá precisar de maior número de tentativas do que a criança
típica. Ele também necessitará de mais paciência tanto sua como dele
próprio - do que uma criança típica.
-
É possível que alguns irritantes extraordinários tenham sido
impostos sobre seu filho como: medicamentos, tutores, cirurgias e
imobilização. Ele poderá necessitar de assistência no banho e na
toalete, o que torna mais difícil que ele tenha algum senso de controle
sobre a privacidade de seu corpo. É preciso assegurar que todos os
procedimentos sejam desempenhados com dignidade e respeito pelas partes
íntimas de seu corpo.
-
É possível que seu filho confie demais nas
pessoas, saia andando com estranhos ou não lhes apresente um nível
apropriado de reserva. À medida que ele cresce, pode se tornar ainda
mais vulnerável a perigos pessoais porque seu julgamento é pobre na
iniciação de contatos com estranhos. Se ele "faz amizade com todo
mundo", e parece ter pouco sentido dos limites sociais apropriados para
conversar com os outros, ele precisa de instruções específicas, muita
prática (inclusive com jogo de papéis, para treinar) e muita supervisão.
Quando em público, talvez seja necessário manter uma vigilância
constante para evitar que ele saia andando sem destino.
-
Seu filho
poderá apresentar questões médicas ou interrupções imprevisiveis em sua
vivência diária, como crises convulsivas, ataques de asma, aparelhos
quebrados ou medicação perdida (ou esquecida). As crises imprevisíveis,
que colocam em risco a segurança física da criança, exigem que você se
assegure com planos e pessoas disponíveis para eventualidades, mesmo nos
eventos mais simples e rotineiros.
A necessidade de segurança emocional
É difícil separar a segurança física da emocional, porque, do ponto de
vista da criança, uma não existe sem a outra. Todas as nossas
necessidades sâo afetadas uma pela outra, e se apóiam uma na outra. Cada
vez que você pega seu filho com amor, você está preenchendo sua
necessidade de conforto físico e segurança emocional, enquanto ele, por
sua vez, tornase um ser social e sente-se bem consigo mesmo. Assim como
a necessidade de segurança física, existem algumas necessidades básicas
de segurança emocional que todas as crianças possuem:
-
As crianças precisam se sentir amadas e bem cuidadas. Precisam
sentir que são aceitas como são, incondicionalmente. Têm que ouvir de
você: "Tenho sorte por ter você como meu filho." Precisam sentir que são
amadas e valorizadas pelo simples fato de terem nascido e precisam ser
compreendidas, certas de que alguém as escuta. Uma criança precisa saber
"Serei amada independentemente do que eu conseguir realizar ou não;
serei amada a despeito do que puder ou não realizar." Seu filho precisa
acreditar que o melhor que ele é capaz de fazer é o suficiente. Precisa
sentir a segurança de que há alguém que faz com que ele se sinta legal,
alguém por quem não seja criticado nem humilhado por causa de suas
limitações, aparência ou comportamento.
-
As crianças precisam que você as mantenha perto e também que as
solte. Precisam se afastar conforme seu próprio tempo, sabendo que você
estará lá quando quiserem voltar e que você oferecerá socorro se
distanciarem-se cedo demais. Precisam que você encoraje sua
independência e senso de controle sobre si mesmas e sobre o ambiente, à
medida que aprendem a se vestir e a se alimentar, tomar decisões e
começar a testar seus limites. As crianças precisam se distanciar e se desvincular de você, à medida
que se mostram preparadas para tanto. Devem saber que tanto a proteção
emocional quanto a segurança física estão sempre disponíveis no plano de
fundo, para que possam se arriscar e crescer.
-
As crianças precisam experienciar e experimentar seus ambientes,
seus corpos e suas mentes. Precisam brincar. aprender sobre o mundo,
dominar seus medos, criar, praticar suas habilidades, fantasiar e
controlar uma pequena parte de suas vidas.
-
As crianças precisam rir e você precisa rir com elas, mas nunca delas.
Precisam ver o mundo de forma divertida, brincar com palavras e sons. As
crianças precisam ouvir o riso de seus pais e saber que o humor faz
parte integrante e importante da vida cotidiana. As crianças precisam do
toque - cócegas, carinho, abraços, beijos e ser carregadas de ponta
cabeça: O toque transmite vínculo, carinho, segurança e calma.
Além de todas essas necessidades que as crianças têm, seu filho
poderá apresentar algumas necessidades especiais para a segurança
emocional:
-
1. Se seu filho está fisicamente impossibilitado de se afastar de você
- "escapar e se esconder" ou encontrar espaços privados - ele precisa
ter outras formas de se separar. Uma possibilidade são divisórias, por
trás das quais ele possa se esconder ou grandes pedaços de tecido ou
lenços por baixo dos quais ele poderá se "esconder". A brincadeira de
"Cadê nenê?" talvez precise ser adaptada. Se você tiver outros filhos,
eles poderão se mostrar enormemente criativos para encontrar formas de
modificar as brincadeiras.
-
2. Se seu filho tem problemas de comunicação, pode demorar mais para
ouvi-lo do que às outras pessoas de sua vida. Talvez isso exija o
desenvolvimento de um nível mais elevado de atenção, de paciência e
tolerância do que você possuía anteriormente. Se seu filho não consegue
se comunicar verbalmente, você precisa encontrar outras formas, como a
língua de sinais ou pranchas de comunicação para auxiliá-lo a expressar
suas necessidades, idéias, questões e sentimentos.
-
3. Se seu filho se encontra impedido de pegar ou manipular brinquedos,
ele talvez precise de outras maneiras de brincar. Talvez precise de
equipamento para brincar com auxílio alguém que interaja com ele, que
segure os objetos ou que mova as peças numa prancha de jogo. Talvez
precise de brinquedos adaptados - brinquedos de tamanho maior, uma
prancha com velcro para as peças não caírem, ou jogos de computador com
uma variedade de pranchas de toque ou sinais.
A necessidade de socialização e relacionamento
A criança começa a aprender sobre os relacionamentos por meio de seu
vínculo primário com os pais. À medida que se torna física e
emocionalmente mais independente, descobre que há mais pessoas com quem
deve se relacionar e muitas regras que deve aprender para se relacionar
com todo mundo. Como as outras necessidades básicas, todas as crianças
precisam de socialização e relacionamento:
1. As crianças precisam aprender a viver bem no mundo de hoje. Começam
aprendendo a viver em família - aprendendo regras, rotinas e rituais
da família; aprendendo a dividir e a cooperar com o outro: aprendendo
limites de espaço pessoal, privacidade e pensamento particular;
aprendendo valores de certo e errado; aprendendo a comunicar
sentimentos, fantasias, sonhos e desejos; e aprendendo a manejar
frustrações, falhas, alegrias e perdas.
2. As crianças devem aprender milhares de regras de convivência diária.
Muitas são tão comuns que nem as percebemos como regras - modos à mesa,
hábitos de higiene e de se arrumar, rituais para a hora de dormir,
comportamentos de alimentação e obediência. Tornar-se um membro da
sociedade representa uma tarefa de peso para todas as crianças. Elas não
se auto-regulam naturalmente. Aprendem modos à mesa, por exemplo, quando
se explica o que devem ou não fazer, ao observar e imitar como os outros
se comportam à mesa de jantar e ao experimentar aquilo que são
orientados a fazer, testando os limites. ("O papai disse que nâo posso
jogar comida pela sala de jantar, mas e se eu deixar umas ervilhas
rolarem na borda da mesa. O que vai acontecer se eu colocá-las no meu
leite?"). As crianças aprendem ao descobrir o que agrada ou não às
outras pessoas - principalmente as pessoas importantes de seu mundo.
3. À medida que as crianças expandem seu universo, precisam aprender as
regras da comunidade - regras e rituais do brincar e trabalhar com
outros, segurança e como se comportar com professores e treinadores, em
lojas e na igreja. Aprendem questões sobre como falar com pessoas
estranhas, atravessar a rua, retirar livros da biblioteca. Descobrem
que, conforme o local, variam as regras sobre o volume de voz aceitável
e por quanto tempo pode-se ficar sentado; também é provável que aprendam
sobre crianças maiores e valentonas.
Seu filho poderá apresentar necessidades especiais de socialização e
relacionamento:
1. Se ele tiver dtficuldade em aprender novas regras ou modelos
sociais, esquece se com facilidade, talvez seja preciso repetir as
regras muitas e muitas vezes. Se a quebra da rotina representa um
problema para ele, talvez necessite de muita estrutura e conseqüências
muito claras para seu comportamento. Talvez também necessite que sua
vida diária seja organizada num nível muito maior do que no caso dos
outros membros da família (inclusive você!). Crianças com problemas de
aprendizagem e memória podem requerer mais estrutura e coerência em seus
ambientes.
2. Se seu filho tem uma deficiência sensorial, talvez não seja capaz de
aprender muitas das regras do convívio diário da maneira típica prevista
para outras crianças. Se seu filho tiver uma deficiência visual, por
exemplo, talvez seja incapaz de distinguir entre olhares de prazer,
desapontamento ou raiva no outro. Se a deficiência for auditiva, não
conseguirá selecionar naturalmente as pistas auditivas transmitidas
entre membros da família, a não ser se estiver olhando para o locutor.
Assim, seu filho poderá precisar que você encontre novas maneiras de lhe
comunicar as centenas de interações diárias que você e outros membros da
família consideram como dadas.
3. Pode ser que uocê tenha que articular experiências de socialização
se seu filho não desenvolver uma rede natural de amizades. Por exemplo,
talvez você tenha que fazer um esforço especial no sentido de arranjar
encontros com outras crianças. Seu filho poderá se ver excluído porque
outros pais se sentem desconfortáveis ou temerosos das necessidades
especiais de seu filho, por isso é preciso que você tome um pouco da
iniciativa. Talvez seja difícil para você observar seu filho junto com
outras crianças, se ele tiver dificuldade em acompanhá-las ou se ele é
menos ágil ou comete maior número de erros do que os outros. Às vezes,
dá mais certo quando ele brinca com apenas uma ou duas crianças, ou
alguém um pouco mais novo que ele. Você, às vezes, encontra um membro da
família, um vizinho, um estudante de faculdade que pode auxiliar a
criança a praticar atividades ao ar livre, tais como jogar, pegar ou
subir. Às vezes, algumas atividades requerem modificações. As saídas precisam
ser planejadas, considerando o curto período de atenção da criança ou
seus limites de resistência. Talvez seja necessário levar equipamento ou
um auxiliar. Se a criança apresenta deficiências físicas, o mundo, em
grande parte, deverá ser trazido até ela - ou seu filho terá que ser
levado até ele.
4. Seu filho deverá aprender como seu próprio ritmo de vida afeta os
outros a seu redor. Poderá levar mais tempo do que os irmãos e amigos
para vestir-se, locomover-se de um lugar para o outro, alimentar-se ou
expressar-se. Por isso, precisa conseguir lidar com seu próprio estresse
e frustração, sendo sensível às reações dos outros.
5. Seu filho precisa saber como trabalhar com e por outras pessoas. Se
ele for enfrentar o mercado de trabalho, um programa de treinamento de
trabalho ou a faculdade, precisa desenvolver habilidades para
organizar seu trabalho, entender os horários e saber respeitar um
cronograma. Deve aprender a manejar dinheiro e a fazer compras, bem como
muitas outras habilidades para a convivência bem-sucedida na comunidade.
A necessidade de auto-estima
Como a criança desenvolve a auto-estima? Ao sentir-se segura no mundo
físico e protegida no mundo emocional, ao aprender a conviver com os
outros e ao interpretar por si suas capacidades e limitações. Todas as
crianças desenvolvem auto-estima em quatro áreas: física, cognitiva,
social e psicológica.
Auto-estima física: Como me sinto sobre meu corpo?
- Nenhum corpo é perfeito e a auto-estima se desenvolve de nossas
atitudes sobre nossa aparência e nossos movimentos.
1. As crianças precisam de uma imagem corporal positiva e confiança em
seus corpos, bem como sentirem-se confortáveis sobre como seu corpo se
movimenta no espaço. Durante o crescimento, precisam aprender sobre o
desenvolvimento sexual, adquirindo informações apropriadas para sua
idade e compreensão, bem como compreender o prazer e a responsabilidade
relacionada a sentimentos e comportamentos sexuais.
2. As crianças precisam orgulhar-se de sua aparência física e dar
importância aos cuidados com higiene e com o vestir. Ao crescerem e
tornarem-se mais independentes no mundo, necessitam compreender que
tanto a vida social quanto a profissional pode ser afetada pelos padrões
de higiene pessoal, incluindo cuidados com o corpo, cabelos, dentes e
roupas, bem como a forma como lidam com seu ambiente pessoal.
3. As crianças precisam tanto se orgulhar quanto cuidar de sua saúde e
resistência. Deve-se ensiná-las sobre a importância da nutrição, do
descanso e do exercício para a manutenção de seus corpos, bem como dos
efeitos prejudiciais do álcool, do fumo e de outras drogas. As crianças
que requerem medicação ou dietas especiais e precisam compreender como
estes funcionam e como podem participar de tal forma que essas
necessidades se tornem um aspecto positivo nos cuidados próprios.
A auto-estima cognitiva: Até que ponto sou bom na resolução de problemas -
Poderemos possuir uma boa auto- estima cognitiva se nos considerarmos
bons ná resolução de problemas, aprendendo que não podemos saber tudo,
que precisamos pedir ajuda e que, às vezes, cometemos enganos.
1. As crianças precisam ter uma imagem positiva de si mesmas como
estudantes e confiança em sua capacidade de aprender. Precisam ser
capazes de solucionar problemas ao ver alternativas, antecipar possíveis
resultados e pesar as escolhas. As crianças precisam ter a possibilidade
de fazer perguntas sem se sentirem bobas ou rebaixadas, bem como de
poder errar, percebendo tais enganos como normais e como desafios para
tentar outra vez. Também precisam entender que não são um fracasso só
porque cometem erros.
2. As crianças precisam reconhecer e orgulhar-se de suas qualidades,
correndo os riscos apropriados para expandir e ampliar suas vidas. Devem
compreender suas limitações e desenvolver maneiras para compensá-las,
sabendo quando pedir ajuda e como aceitá-la, quando preciso.
3. As crianças precisam ter bom senso e capacidade de julgamento;
demonstrar curiosidade, imaginação, criatividade e espontaneidade, bem
como desenvolver talentos e interesses. As crianças devem enxergar as
alternativas, entendendo que, na sua maior parte, as questões são
relativas - não tudo ou nada, preto ou branco. sucesso ou fracasso e bom
ou mal.
A auto-estima social: Como me relaciono com os outros - O senso
de auto-estima social se origina no acreditar no próprio valor social e
cultural e no respeito pelo valor e dignidade dos outros.
1. As crianças precisam sentir confiança nas interações sociais com os
amigos por meio da escola, do brincar e das atividades. Precisam sentir
que os outros gostam e gostarão delas. mas reconhecer, também, que isso
não é verdadeiro para todas as pessoas. Devem conseguir participar de
situações sociais sem medos e ansiedades infundadas, demonstrando
interesse nos outros e boas habilidades para ouvir o outro e para
negociar. As crianças precisam dominar comportamentos sociais
apropriados para variadas situações, inclusive as regras básicas de
cumprimentos, tópicos de conversação e tabus do comportamento social
(como palavrões e xingamentos).
2. As crianças precisam ter carinho por outras pessoas. Devem saber
como demonstrar simpatia por aqueles que sentem dor, desenvolver empatia
e saber que o outro tem um ponto de vista, transmitir compaixão e
respeito pela dignidade de todas as outras pessoas. As crianças devem
conhecer e respeitar as tradições familiares e culturais de feriados,
ritos de passagem, louvor, celebrações e perdas. As crianças necessitam
possuir um senso de valores morais relacionado a padrões de certo e
errado, honestidade, valor do indivíduo, diferentes grupos culturais,
preocupação pelo cuidado com o ambiente e reflexão sobre os
relacionamentos pessoais.
3. As crianças precisam compreender e respeitar os Iimites pessoais de
outras pessoas - sabendo que elas também têm limites que merecem
respeito. Devem ser asseguradas de que têm direito a uma vida privada,
que as pessoas sabem quando querem receber carinho e quando preferem
ficar sós e quando preferem estar com outros. Devem conseguir respeitar
o espaço pessoal e os pertences dos outros, compreender seu direito à
privacidade e aprender com quem podem falar e em quem confiar. As
crianças precisam aprender a confiar em outras pessoas, tornando-se
capazes de formar vínculos com pessoas importantes fora da família -
professores, terapeutas e amigos.
A auto-estima psicológica: Gosto de
mim mesmo como pessoa? - Se você acreditar que é simpático, que tem
valor, que é singular e que suas diferenças não são derrotas, gostará de
si mesmo.
1. As crianças precisam de uma visão realista de si mesmas com
todas as suas habilidades e limitações; precisam aceitar as limitações
nelas mesmas e nos outros, sabendo que ninguém é perfeito, e que nem se
espera isso de ninguém.
2. As crianças precisam enfocar os problemas como desafios, não como
obstáculos. Precisam se arriscar e falhar, focalizar seus objetivos e
desenvolver persistência e paciência para trabalhar em direção a eles.
3. As crianças precisam de um senso estável de si mesmas, com uma gama
de sentimentos, incluindo alegria, excitação. medo, raiva e frustração.
4. As crianças precisam ter vitalidade, entusiasmo e prazer pela vida.
Precisam conseguir ficar sozinhas, entreter-se sozinhas, ter senso de
humor, demonstrar espontaneidade e flexibilidade, bem como gerar
criatividade a partir de si mesmas.
Auto-estima e necessidades especiais
Seu filho deve saber qual é sua deficiência, como cuidar dela e o que
dizer aos outros sobre ele. Ele necessita saber como sua deficiência
poderá afetar sua vida e como não é obrigatório que a afete. Se a
principal forma de locomoção de seu filho for a cadeira de rodas, ele
deverá aprender a manejála, bem como lidar com sua diferença; ele
necessita de uma mensagem clara de que você acredita nele. Talvez seja
necessário ser dura com ele e impor algumas regras se ele precisar
utilizar um aparelho auditivo, um capacete, um colete, sapatos
especiais, um aparelho ortodôntico ou uma prótese. À medida que a
criança se torna adolescente e jovem adulto, provavelmente apresentará
curiosidade e interesses sexuais não muito diferentes do que se espera
de crianças típicas da mesma idade. Isso poderá significar um período
complicado e nervoso para os pais, conforme as limitações sociais,
emocionais e cognitivas do filho, o que pode confundir o curso típico de
desenvolvimento e experimentação sexual.
Crianças com atraso nas
habilidades sociais ou dificuldades de comunicação poderão se mostrar
particularmente vulneráveis à exploração sexual. Como mãe, você deve
equilibrar suas ansiedades e responsabilidades com as necessidades,
direitos e responsabilidades da criança como indivíduo sexual. Seu filho
deve saber como a sociedade vê as deficiências e qual controle ele tem
ou não sobre as atitudes das outras pessoas. Deve compreender e aceitar
seu próprio ritmo de movimento, brincadeira e aprendizagem sem sentir-se
inferior, inadequado ou ruim. Seu filho deve ter uma visão realista de
suas habilidades, suas limitações e de como ele é semelhante e diferente
dos outros. Deve saber que todas as pessoas são diferentes e que
diferente não significa "melhor" ou "pior". Ele precisa saber que a
perfeição não existe. Seu filho necessita saber que ter uma deficiência
significa que algumas coisas demoram mais para serem realizadas, tem de
ser realizadas de outras maneiras ou talvez nem possam ser realizadas.
Precisa compreender que as outras pessoas também têm limitações, por
várias razões, e que a deficiência, às vezes, representa uma
inconveniência; pode significar a necessidade de auxílio extra. E nâo há
nada de mal nisso. À medida que seu filho cresce, tornar-se-á mais consciente de suas diferenças. De vez em quando, poderá expressar
sentimentos de depressão e raiva, à medida que compreende quais são suas
habilidades e limitações e o que significam para sua vida. Tais
sentimentos são normais e falar disso é normal e saudável. Falar sobre
sentimentos desconfortáveis facilita sua liberação e promove um avanço.
Seus sentimentos devem ser respeitados e ouvidos porque fazem parte de
seu processo de adaptação. Seu filho deve desenvolver confiança em suas
habilidades e capacidades para expandir seus talentos e interesses.
Precisa de otimismo, espontaneidade, criatividade, diversão e senso de
humor. Precisa de liberdade e de encorajamento para expressar
curiosidade, buscar conhecimento, fazer perguntas e verbalizar opiniões.
Seu filho precisa verdadeiramente gostar de si mesmo, como também
desenvolver paciência e uma grande tolerância à frustraçáo. Precisa
saber que sua aceitação e orgulho de si mesmo serão os maiores veículos
para demonstrar quem ele é. Ele deve aprender a rejeitar o preconceito e
a discriminação e ser capaz de responder a perguntas e comentários
negativos de formas que mantenham um senso de integridade e respeito por
si próprio. Deve aprender a ignorar comentários impensados e aprender
quais batalhas deve travar pelo respeito próprio. Seu filho tem
necessidades especiais. Todas as crianças têm necessidades que são
singulares e especiais para elas, mas o termo "necessidades especiais" é
um eufemismo que algumas pessoas utilizam para dizer que seu filho é
significativamente diferente num sentido negativo. Você poderá
argumentar contra isso, e poderá não concordar, mas crianças com talento
musical excepcional e crianças superdotadas não são incluídas nessa
categoria da mesma maneira. Então, o que seu filho precisa aprender em
algum momento é: "O fato é que você é diferente e algumas pessoas
poderão lhe dificultar a vida em função disso, porque elas não
compreendem." E os pais precisam se perguntar: "Como posso ajudá-lo a
lidar com isso e saber que você está bem?" Sua tarefa como mãe é a de
compreender a realidade do mundo onde seu filho crescerá e saber que ele
apresenta necessidades extras para ser bem-sucedido nesse mundo. Como
não vivemos num mundo perfeito, a realidade é que seu filho é membro de
um grupo minoritário que enfrenta discriminação e preconceito com
frequência. E, por causa dessa realidade, seu filho precisa aprender a
suportar com dignidade os preconceitos e as limitações que poderão
desafiálo na comunidade.
A importância do brincar no desenvolvimento de seu filho
Brincar é a forma que seu filho tem de praticar a vida imitando
relacionamentos, ganhando domínio sobre os outros e sobre o ambiente,
praticando habilidades, expressando emoções, inclusive medos,
frustrações e confusões. O brincar é criativo e expansivo. É a
experimentação de novas idéias, a junção de velhas idéias a novas formas
e a testagem de regras. O brincar expande o corpo e a mente. Amplia os
limites e promove a percepção de texturas e sensações. O brincar é a
prática de habilidades motoras grossas - pular, trepar, dançar e girar;
é a prática de habilidades motoras finas - construir torres de blocos,
colorir ou desmontar um rádio; é a definição e redefinição de idéias e
planos - o desenho de navios-pirata, mapas do tesouro, dinossauros e
princesas. É fazer você se sentir grande num mundo onde se sente miúdo;
é dar ordens para as crianças menores da sala, sendo que você geralmente
está no lado de cumpri-las.
Necessidades especiais do brincar que seu filho poderá apresentar
Se seu filho esteve sujeito a muitos procedimentos médicos e cirurgias,
talvez brinque muito de "médico" e hospital, como forma de reviver e
ganhar algum controle sobre seus sentimentos de impotência. Seu filho
geralmente poderá elaborar seus sentimentos no seu próprio tempo. Se sua
vida for excessivamente estruturada, com terapias, saídas de carro, e
necessidades de ser cuidado, precisa de tempo nâo estruturado, tanto só
quanto com um dos pais para simplesmente "ver o que acontece". Deixe-a
tomar a iniciativa, tomar todas as decisões e ter algum senso de
controle sobre seu tempo. Talvez ele queira somente ficar sentado vendo
os peixes nadando no aquário. Seu filho precisa de espaço e tempo para
não fazer nada, para criar sua própria direção e para desenvolver suas
próprias habilidades para se entreter. Para tanto, precisa até onde for
possível, de seu próprio espaço e de privacidade, bem como de ser
assegurado da proteção de seus pertences. Quando não se faz nada,
permite-se que novas idéias sejam geradas. É a hora de sentir-se
relaxado e descansar o corpo e a mente. Poderá ser o momento de fazer
planos para o amanhã, para sentar e lembrar como foi divertido na praia
ontem ou simplesmente olhar pelo quarto, vendo seus pertences. Se seu
filho não tiver muito controle sobre sua vida ou sentir-se fraco e
impotente, talvez goste de mudar as regras dos jogos ou inventar regras
especiais. Você poderá se perguntar se isso não é enganoso. Você nunca
desejou mudar algumas das regras de trânsito enquanto dirigia para o
trabalho, para que pudesse chegar lá mais depressa? Por volta de sete ou
oito anos de idade, a maioria das crianças se mostra muito criativa na
manipulação de regras, mas geralmente ocorre um período de mudança,
quando passam a se preocupar muito com o que é justo. Se seu filho se
sente estressado, cansado ou doente ou tem trabalhado muito para dominar
uma habilidade, você poderá observar que ele brinca de uma maneira que a
faz se perguntar se ele estaria regredindo. Isso não é anormal, é a
forma que as crianças têm de "recuperar o fôlego" - dando um passo para
trás onde se sentem confortáveis e seguras por um tempo.
Desafios especiais para os pais
Suas atitudes quanto ao brincar foram formadas principalmente por suas
próprias experiências e lembranças de brincadeiras da infância e por sua
capacidade para brincar quando adulto. Alguns pais não vêem importância
no brincar, uma forma "infantil" de preencher o tempo. Se seus próprios
pais (ou outros adultos) não brincavam com você quando você era criança,
será mais difícil para você brincar de "Mico preto" mil vezes, e ficar
excitada cada vez que o cartão do Mico aparece; ou para inventar rimas
engraçadas ou cantar com seus filhos. Assim, o tempo de brincar
não-estruturado pode Ihe gerar desconforto. Pode Ihe parecer que o tempo
está sendo gasto "à toa" para seu filho, que poderia estar "aprendendo"
algo, e pode lhe parecer que "nada está acontecendo." Alguns pais ficam
impacientes e entediados com o tempo que não é ocupado. Você poderá
estar tão cansada com o desgaste materno extra que prefere ter tempo
distante da criança em vez de tempo "só para brincar". Talvez você sinta
que deveria estar estimulando e ensinando a criança o tempo todo e você
se sente compelida a melhorar o brincar de seu filho, corrigindo um
desenho ou colocando um bloco a mais na torre para não cair. É
importante ter um tempo para brincar quando não se critica, não se
corrige nem julga, não se melhora, a não ser quando isso for solicitado.
E, mesmo assim, envolva a criança na decisão do que adicionar ou mudar.
Faça perguntas. Explore as histórias da fantasia dela e incrementeas.
Fique animada com ela sobre suas criações, procurando ver o mundo de seu
ponto de vista.
Aspectos comuns que você talvez se esqueça de lembrar sobre seus filhos
1. As crianças precisam de tempo livre que é só delas, para fazer o que
quiserem com ele.
2. As crianças têm dias ruins, dias rabugentos, dias tristes, dias
cansados e dias sem fome - como os adultos. Dias que parecem significar
regressão ou um "deslizar para trás" sâo, muitas vezes, somente paradas
para descanso.
3. As crianças demostram arrancadas de aprendizagem. De repente,
conseguem fazer muitas coisas novas e você acha que esse impulso vai
continuar assim para sempre.
4. As crianças passam por platôs, quando se pensa que pararam de
aprender, e você poderá temer que nunca mais vão progredir.
5. As crianças precisam saber que não ganham sempre tudo o que querem e
que há regras que elas não gostam e que, às vezes sentem-se frustradas,
desapontadas e até com raiva. Mas, às vezes, a vida é assim.
6. As crianças precisam testar os limites para crescer. Teimosia no
treino de esfíncter, problemas com alimentação e problemas para dormir
são testadores de limites garantidos.
7. As crianças têm muitos tipos de sentimentos e precisam saber que
seus sentimentos são aceitáveis. Precisam encontrar formas apropriadas
para expressá-los e, às vezes, os adultos tem que ajudá-las nisso.
8. As crianças são freqüentemente bagunceiras, relaxadas e
desajeitadas. Derramam coisas, esquecem coisas e perdem coisas.
Choramingam, brigam e reclamam. Ficam com raiva, com medo e tristes.
9. As crianças se sentem pequenas e vulneráveis a maior parte do tempo
e são magoadas com muita facilidade. Elas precisam ouvir e observar-nos
tratando-as com respeito, justiça, orgulho e alegria.
10. As crianças são um grande prazer, e isso não tem nada a ver com a
deficiência.

2 - CUIDANDO DE VOCÊ
Por que é tão difícil cuidar de você mesma quando você cuida tão bem dos
outros?
Quando você sente que não tem muito controle sobre sua vida, quando se
encontra assoberbada de responsabilidades, pode ser muito difícil tirar
um tempo para cuidar de si mesma. Você poderá se perguntar: "Se alguma
colsa acontecesse comigo, o que aconteceria com meu filho e minha
família." Há três questões que serão afetadas pelo momento em que você
se encontra no seu processo de adaptação:
1. Maternidade e auto-estima. Ser mãe de uma criança com necessidades
especiais pode ter sido motivo para você questionar seus sentimentos de
competência e adequação; no entanto, sua auto-estima provavelmente foi
fortalecida de maneiras que você pode não ter considerado.
2. Maternidade e estresse. O estresse faz parte de sua função materna,
mas poderá provocar um desgaste, prejudicar sua saúde e fazer com que
você se torne definitivamente difícil na convivência do dia-a-dia.
Todos ficam estressados por coisas diferentes em momentos diferentes.
Uma parte dos cuidados consigo mesma é reconhecer o estresse, aprender
como reduzi-lo e saber como preveni-lo.
3. Maternidade e crescimento pessoal. Ser mãe, principalmente quando a
criança requer tempo, atenção e preocupação extras, pode gastar todo seu
tempo e energia. Pensar sobre a expansâo de sua própria vida poderá
parecer trivial e sem importância em certos momentos.
Maternidade e auto-estima
Auto-estima: A habilidade de realizar coisas, sentir-se competente e
no controle (ao menos de algumas coisas em sua vida), bem como de
estabelecer algumas prioridades para aquilo que você valoriza e de planejar como gastará seu tempo.
Criar uma criança com necessidades especiais provavelmente contestou sua
auto-estima mais do que uma vez. Mas também deve ter havido
fortalecimento de sua auto-estima de algumas maneiras.
Corroedores da auto-estima
Quando tudo era novidade para você e você estava apenas começando a
obter algumas pistas de que seu filho poderia apresentar alguns
problemas, você se esforçava ainda mais para fazer tudo perfeitamente,
apagando as preocupações que você ou alguns profissionais tinham com
relaçâo ao desenvolvimento da criança. Mesmo que você continuasse se
esforçando, porque não sabia o que mais fazer. as preocupações
permaneciam. Uma reação típica de muitos pais, no início, é sentirem-se
confusos e incompetentes. Felizmente, esses sentimentos tendem a
diminuir à medida que se avança e o tempo passa. Mas, enquanto se está
no meio deles, sua auto-estima poderá ser verdadeiramente desafiada.
1. Independentemente do quanto você se esforçou para amamentar ou
alimentar seu filho, ele não conseguia receber alimentação de você.
2. A despeito do quanto você o acariciava, ninava ou dava colo ao bebê,
você não conseguia consolar seu choro prolongado de irritação.
3. Mesmo encorajando-o, vocalizando para ele, sorrindo e fazendo
cócegas nele, seu filho não tentava alcançar objetos, sentar-se ou
balbuciar seus primeiros sons.
4. Independentemente do quanto você tentava fazer aquilo que era certo,
havia problemas de saúde que exigiam horas no consultório médico e em
salas de emergência, hospitalizações e cirurgias, procedimentos
invasivos e respostas vagas ou pouco proveitosas de profissionais.
5. A despeito do que você tinha de dados e do que as pessoas falavam
para apoiá-la, lá no fundo, você se perguntava o que fizera de errado.
6. Mesmo tentando pensar de forma positiva e independentemente do
quanto seus amigos e família tentassem animá-la, você se percebia
chorando muito; a maternidade simplesmente não era o período prazeroso
que você antecipara e você se sentia culpada por não se sentir feliz.
7. Apesar de quanto os outros Ihe ofereciam apoio, você se retraía em
relação a amigos e família, porque não queria que as pessoas reparassem
que você estava ansiosa e não queria que ninguém se aproximasse muito
para olhar de perto você e seu filho.
8. Mesmo pairando sobre a criança, procurando sentir admiração e
alegria, apenas conseguia sentir confusão e medo.
9. Independentemente do número de livros que tivesse lido sobre a
maternidade e de quántas técnicas aplicasse e de quanto você estava se
dando bem com seus outros filhos, sua criança se mostrava lenta na
aprendizagem e você se sentia incompetente.
10. A despeito do número de velhas habilidades que você já dominava
para enfrentar as dificuldades, elas simplesmente não funcionavam mais.
Você estava acostumada a conseguir resolver os problemas, mas este
derrotou-a.
Fortalecedores da auto-estima
À medida que você avança, ultrapassando as emoções intensas que sentia
no início, você reconhece que não apenas sobreviveu, mas se tornou mais
competente e autoconfiante e que sua auto-estima não somente enfrentou
muitos dos desafios, mas se fortaleceu nesse processo.
1. Você sobreviveu ao primeiro choque de sua situação e experienciou
muitos sentimentos bastante tristes e confusos, mas saiu disso como uma
pessoa mais forte.
2. Você foi desafiada pelos problemas da criança e pelas mudanças que
foi preciso realizar em sua vida e se levantou para enfrentá-los.
3. Descobriu que você é mais competente do que jamais acreditou.
4. Você tem mais paciência do que jamais imaginou ser possível.
5. Você vê a deficiência de seu filho como incidental na vida da
criança como pessoa.
6. Você vê quaisquer deficiências e imperfeições de maneira nova, e
reconhece quanto era ingênua.
7. Você conseguiu organizar sua vida e de sua família melhor do que
teria antecipado, mesmo que agora esteja muito mais ocupada do que
antes.
8. Você está adquirindo todo um novo mundo de informações sobre
necessidades especiais que jamais imaginou que existisse.
9. Você está encontrando uma mudança positiva de valores e compromissos
nas outras pessoas à medida que reorganiza suas prioridades.
10. Apesar dos pontos de vista desencorajadores que possa ter ouvido de
outros profissionais, bem como de suas próprias dúvidas, você persistiu
na busca de ajuda para seu filho - e está obtendo êxito.
11. Você descobriu novos aspectos de sua personalidade - nova força,
talentos e habilidades que jamais pensou que possuía.
12. Você está descobrindo que tem algo a oferecer para outras pessoas -
outros pais que se encontram em situação difícil; outras crianças com
necessidades especiais ou não; pessoas que você conhece ou não e que
precisam ser educadas sobre as deficiências.
Maternidade e estresse
Estresse: Quando você tem mais a fazer do que
sente que consegue.
O estresse refere-se a responsabilidade e controle. Quando suas
responsabilidades e sentimentos de controle sobre elas estão
relativamente equivalentes, pode-se dizer que sua vida se encontra em
equilíbrio. Você poderá ter muito a fazer, mas consegue desempenhar
tudo, ou faz o que é possível e deixa o resto para mais tarde. Poderá
ter muitas responsabilidades, mas sente que, na maior parte do tempo,
consegue manter tudo sob controle. Poderá estar muito ocupada, mas
sentindo um estresse "bom" - do tipo que motiva a realizar tudo o que
precisa. Pode sentir-se tensa e empurrada, mas a energia é produtiva.
Quando você sente que tem responsabilidades em excesso, sem controle
suficiente sobre elas, seu nível de estresse aumenta. Você pode ter
responsabilidades em excesso - ou apenas algumas poucas -, mas se seu
estado emocional for frágil. Se estiver excessivamente cansada, se
precisar de ajuda e não recebê-la ou se sentir que não tem sua vida sob
controle, sente-se estressada. Esse tipo de estresse é prejudicial.
Além disso, há um sentimento que você poderá reconhecer: o de ter
muito controle sobre suas atividades e poucas responsabilidades. Isso
são férias.
Reconhecendo o estresse na sua vida diária talvez você não consiga mudar
as responsabilidades, mas pode adquirir algum senso de controle sobre
elas ao modificar sua atitude em relação a elas.
Seguem-se algumas das responsabilidades típicas que podem resultar num
alto nível de estresse se você assim o permitir:
- O desgaste diário dos afazeres domésticos e cuidados com a família
- Lidar constantemente com crises inesperadas
- Muitas coisas a realizar ao mesmo tempo
- Problemas persistentes não resolvidos
- A quantidade de cuidados que seu filho exige
- A administração do dinheiro
- Ter que fazer tudo sem auxílio ou apoio suficientes.
E seguem-se
abaixo algumas atitudes que podem fazê-la sentir que está sem controle:
- Sentir-se assoberbada pelo número de coisas a realizar
- Medo de que tudo vá simplesmente desmoronar
- Medo de que você vá desmoronar
- Pessimismo sobre como vai ficar a situação
- Culpar a si mesma quando tudo dá errado
- Acreditar que não é possível tirar um tempo para relaxar ou
exercitar-se
- Ressentir-se das pessoas por não a auxiliarem mais
- Preocupação sobre como os outros a estão julgando
- Preocupar-se com os problemas o tempo todo
- Ter pena de si mesma O estresse é algo que se sente no corpo, de
fato, e pode-se aprender a detectar o aumento e a diminuição do nível de
estresse. Depois de aprender a reconhecê-lo, pode-se aprender a
controlá-lo. Para encontrar seu nível de tensão, você pode utilizar a
Escala de Avaliação de Desconforto.
Escala de Avaliação de Desconforto (EAD)
Comece se perguntando: "quanto estou ansiosa e preocupada neste
momento?" Utilizando a escala abaixo, avalie seu estado pontuando de 1 a
5. Pode-se utilizar números na metade (ex.: 3,5).
1 = Você está totalmente relaxada e calma; nenhuma pressão; nenhuma
tensão.
2 = Há alguma consciência de tensão, mas isso vem e vai embora, sem
incomodá-la. Pode-se trabalhar, ler ou se envolver em algum projeto, com
um estado de espírito prazeroso.
3 = Você sente alguma tensão e responsabilidade, mas isso a auxilia a
focalizar. Sente alguma pressão, mas ela é motivadora e positiva.
4 = Você sente uma tensão desconfortável que interfere no seu trabalho
ou habilidade de focalizar. Consegue continuar suas atividades, mas
sente-se ansiosa e temerosa de que a situação poderá piorar.
5 = Você está prestes a ter um ataque de pânico ou colapso pela tensão
que sente. Não consegue prosseguir e sente que vai perder o controle.
Leia a escala e familiarize-se com os números. Durante uma semana,
pare no meio de suas atividades de quatro a cinco vezes ao dia e
pergunte-se, "quanto me sinto ansiosa e preocupada neste momento?"
Pontue seu estado com a escala de 1 a 5. Verifique se você consegue
identificar aquilo que afeta seu escore da EAD. Se você tem uma
pontuaçâo de 4 ou 5 freqüentemente, poderá aprender a diminuir seu nível
de estresse utilizando algumas das técnicas que se seguem.
Reduzindo o estresse na sua vida diária
Reduzir o nível de estresse não resolverá todos os seus problemas.
Isso a auxilia a reduzir sua tensão e ansiedade para que você possa
clarear sua mente e dirigir energia para a resolução de seus problemas.
Quando se está estressada, a capacidade para o pensamento, planejamento,
trabalho e relaxamento diminui. Há, realmente, pessoas que dizem: "Estou
estressado demais para relaxar." E possível que você até conheça pessoas
assim.
Há muitas técnicas para reduzir o estresse e diferentes procedimentos
funcionam conforme a pessoa. Algumas técnicas são apresentadas aqui, e
podem lhe ser úteis. Se não forem suficientes. procure em sua biblioteca
ou livraria, ou consulte um profissional para encontrar uma técnica que
funcione para você.
Um ponto importante deve ser lembrado: é preciso que você realmente
queira diminuir seu nível de estresse e é imprescindível praticar. Nem
sempre é fácil no começo, porque muitas pessoas se sentem culpadas por
dedicar qualquer tempo e pensamento a elas mesmas e outras consideram
que os exercícios são bobos e sentem-se sem graça ou desconfortáveis.
Muitas vezes é difícil superar os hábitos de pensamento de que
necessitamos para "continuar a andar", mesmo quando cansados,
assoberbados ou irritados. Diminuir o passo e estabelecer alguns limites
para nós mesmos muitas vezes nos faz sentir que somos "fracos" e estamos
falhando. Essas são velhas crenças baseadas em informações antiquadas
sobre a saúde física e mental e a resistência física. Então, comece a
trabalhar para reduzir e prevenir o estresse!
Inibidor do estresse
Sente-se - sozinha, num local silencioso. Fique confortável. Desligue
o mundo. Pense na sua vida como um rádio. Encontre o botão chamado
"ligue" e desligue-o.
Descanse seu rosto. Feche os olhos. Aperte as pálpebras com muita
força. Depois, relaxe. Sinta o contraste entre a tensão e o relaxamento
nos olhos.
Aperte o maxilar com muita força. Relaxe. Sinta o contraste entre a
tensão e o relaxamento. Ao relaxar o maxilar, seu pescoço, ombros, parte
superior das costas e braços sentirão um relaxamento.
Expire. Para conseguir expirar adequadamente, primeiro é preciso
inspirar adequadamente. Inspire de maneira prolongada, lenta e profunda,
enchendo os pulmões. Mantenha por cinco segundos. Agora, expire. bem
d-e-v-a-g-a-r. Depois, respire de forma suave e calma. Fique quieta
durante cinco minutos. Saboreie sua solidão. Estique-se lentamente - da
cabeça aos pés.
Aprendendo a sensação de relaxamento Fique quieta e respire
profundamente duas vezes. Passe um momento ouvindo o som de sua
respiração normal. Focalize seus pés e pernas e conte inversamente de 10
a 0 - uma respiração por número. Ao expirar. pense: "Minhas pernas e
meus pés estão pesados, mornos e relaxados." Agora, focalize seu
estômago. Novamente, conte inversamente de 10 a 0 uma respiração por
número. Ao expirar, pense "Meu estômago está pesado, morno e relaxado."
Repita a contagem e a respiração para ombros e braços, pensando: "Meus
ombros e braços estão pesados, mornos e relaxados." Repita a contagem e
a respiração, dando atenção especial para queixo e ombros. "Meu queixo
está pesado e se afunda; meus ombros estão pesados e se afundam." Deixe
a boca um pouco solta e aberta e os ombros pesados e curvos. Diga a você
mesma: "É disso que preciso, posso fazê-lo acontecer. Há muito o que
fazer e muito sobre o que pensar, mas usarei esse momento para relaxar."
Procure memorizar essa sensação. Toda vez que você perceber uma sensação de tensão reduzida e um
relaxamento perceptível, pense: "É disso que preciso. Posso fazê-lo
acontecer. Há muito o que fazer e muito sobre o que pensar, mas usarei
esse momento para relaxar."
O relaxamento fica cada vez mais fácil. Depois de memorizar a Sensação
de Relaxamento, pode-se obtê-la novamente por meio da pausa de cinco
segundos. Você pode usar a pausa de cinco segundos tantas vezes quanto
quiser, todos os dias, para dar uma parada mental, para relaxar e para
ganhar um senso de calma e controle.
A pausa de cinco segundos
Inspire. Inspire. Segure. Agora, expire lentamente. Tensione e em
seguida relaxe o maxilar e os ombros. Lembre-se da sensação relaxada e
pesada.
Para conseguir relaxar quando precisar, você deve conhecer a sensação
que está buscando. A pausa de cinco segundos pode auxiliar e pode ser
acentuada por alguma experiência de relaxamento profundo - quer de
lembranças de um momento maravilhoso de férias; de procurar figuras nas
nuvens num dia perfeito; de uma massagem; de meditação ou do uso das
técnicas de relaxamento descritas acima.
Desenvolva seus inibidores de estresse pessoais para reduzir o
estresse em sua vida diária, quando você se sente esgotada, mas precisa
continuar em frente, permita-se ao menos um pequeno intervalo, quando
crianças, chamamos isso de recreio. Sempre ajuda quando se reconhece
onde se está na escala EAD, quando se realiza o inibidor de estresse e
se obtém a sensação de relaxamento. Às vezes, no entanto, é preciso
fazer algo diferente para se distrair por um tempo. Talvez você queira
escapar na leitura de um romance, andando de bicicleta ou trabalhando no
jardim.
Abaixo encontram-se listas das outras sugestões para interromper
um dia estressante.
1. Faça o inibidor de estresse.
2. Utilize a pausa de cinco segundos.
3. Afaste-se de tudo por um tempo. Seus filhos poderão pensar que você
é realmente esquisita por desejar um tempo de afastamento, mas você
poderá explicar que isso faz bem a todos de vez em quando. Interrompa
tudo por dez minutos e fique fora de ação para assentar sua cabeça.
Sente-se numa poltrona confortável ou lá fora no terraço. Não pense em
seus problemas nem no que é preciso realizar amanhã. Não pense em nada.
Deixe seu cérebro sobrecarregado descansar do tanto que tem que absorver
ou colocar para fora. Talvez você queira visualizar uma cena calma e
relaxante ou simplesmente contemplar uma árvore no quintal. Seus
problemas não desaparecerão durante esse período de afastamento, mas
também (provavelmente) não irão piorar, e poderão se mostrar muito menos
esmagadores quando você voltar a eles.
4. Tire uma soneca. Que deleite! Às vezes, é difícil programar uma
soneca devido à rotina da família, mas se for possível prever o que vai
acontecer uma ou duas horas adiante, você merece satisfazer essa
vontade.
5. Fique de molho na banheira ou tome uma chuveirada. Apague a luz e
acenda uma vela. Feche os olhos e cantarole uma canção.
6. Faça uma caminhada ou mesmo dê a volta no quarteirão. Estique o
corpo - ande depressa, devagar, ou leve o cachorro para andar. Inspire,
olhe o céu e absorva todas as cores a sua volta.
7. Ande de bicicleta ou faça um passeio de carro. Vá para um mirante e
aprecie a paisagem. Dirija até um parque e sente-se num banco. Dirija
por uma estrada bonita e cante, acompanhando o rádio.
8. Faça um recesso ativo. Jogue argolas, acerte umas bolas de tênis,
atravesse a piscina a nado algumas vezes, dê algumas voltas correndo na
pista ou pelo parque, ou toque música alto e dance.
Prevenindo o estresse na vida diária
Agora, você sabe como reconhecer e reduzir seu nível de estresse. Também
pode fazer isso determinando sobre o que você vai se preocupar, sobre o
que pretende pensar, do que terá raiva e o que pretende ignorar. A arte
da preocupação - A preocupação é um ciclo de pensamentos negativos que
incluem o pensamento tipo "Juízo Final". Parecemos acreditar que, se nos
preocuparmos muito e prolongadamente com algo, o objeto da preocupação
desaparecerá, será resolvido ou terminará bem. Preocupamo-nos com aquilo
que nos causa ansiedade. Preocupamo-nos com coisas sobre as quais
geralmente não temos controle. Chegamos a pensar que, se nos
preocuparmos muito com algo de ruim que possa acontecer, aquilo não
acontecerá mais. Preocupamo-nos com erros que pensamos ter cometido no
passado - os "e se..." e os "se ao menos eu..." da vida (a escola de
pensamento do tipo "eu deveria, poderia, teria" - que garante que seu
sentimento de culpa se mantenha forte). Preocupamo-nos com o futuro e
pensamos sobre todas as possíveis conseqüências negativas. E como se
estivéssemos nos protegendo de surpresas negativas - se pudermos antecipar todos os possíveis resultados, não ficaremos tão chocados e
assoberbados quando acontecer. Consideramos que a preocupação mostra que
somos responsáveis. "Bons pais se preocupam com seus filhos"; se nos
preocupamos muito, sentimo-nos mais envolvidos e carinhosos. Se
dissermos "Não estou preocupada com aquele problema", tememos, muitas
vezes, que isso revele que não ligamos para ele. A preocupação é um
hábito. Para a maior parte das pessoas, é automática e geralmente
desagradável. Faz com que a pessoa se sinta tensa, ansiosa, assustada,
frustrada, insegura e sem controle. Um pouco de preocupação é bom.
Alerta-nos sobre aquilo que está incomodando. Mas, antes de perder o
controle sobre a preocupação, faça com que sua ansiedade se transforme
num processo de resolução de problemas. Identifique o que está
incomodando e pense nas alternativas para o que se pode fazer sobre
isso. Se houver algo a fazer, prepare um plano para quando e o que
fazer. Se houver situações sobre as quais não se pode fazer nada,
procure não pensar sobre elas. Se for difícil dar a si mesma permissão
para não se preocupar, considere uma Caixa de Preocupações. Imagine que
a caixa fica guardada numa prateleira que somente você enxerga. Em
seguida, imagine-se colocando suas preocupações na caixa, fechando a
tampa e colocando-a na prateleira. Saiba que as preocupações estão a
salvo, que não vão a qualquer parte e que você poderá retirar qualquer
uma delas quando quiser, pelo tempo que precisar. O objetivo da Caixa de
Preocupações é lhe dar controle sobre suas preocupações em vez de
permitir que as preocupações controlem você. Se algumas coisas lhe
parecem tão importantes como motivos de preocupação que você não
consegue tirá-las da cabeça, nem guardá-las na Caixa de Preocupações,
programe uma Hora da Preocupação. Se você pretende preocupar-se, faça-o
bem e com eficiência. Decida um horário (meia hora geralmente é o
suficiente). Coloque tudo o mais de lado, encontre um lugar tranqüilo e
preocupe-se bastante. Depois retire o problema de sua mente. Não permita
que ele permeie cada pensamento seu durante todo o dia. Você tem coisas
melhores para pensar. Ou terá, uma vez que se der espaço mental,
permitindo-se não se preocupar tanto.
Mas, acima de tudo, não seja dura consigo mesma. Todos os pais cometem
erros com seus parceiros, com seus filhos e com os outros. Todas as
pessoas têm dias ruins, tomam decisões ruins e fazem escolhas ruins. É
importante desenvolver um sentido de confiança na sua capacidade global
de julgamento e avançar, aprendendo o que puder a partir de seus erros.
Ninguém é perfeito; podemos apenas buscar o crescimento.
Livrando-se de pensamentos desagradáveis - Apesar das melhores
intenções, você, como todas as outras pessoas, descobrirá que, às vezes,
coisas sobre as quais não quer pensar voarão para dentro de sua cabeça
como mosquitinhos desagradáveis. Tais pensamentos não trazem benefício
algum; podem fazê-la sentir-se ansiosa, deprimida, assustada e
incompetente, porque não consegue se livrar deles. Esses pensamentos
negativos e horríveis estão por toda parte e são tão rápidos e pequenos
que você geralmente não percebe quando estão se aproximando - embora
tenda a conseguir aprender em que condições eles são criados. Em sua
mente, imagine um mata-moscas que tem como única função espantar os
pensamentos desagradáveis. Quando se aproximarem, é preciso acabar com
eles imediatamente. Esse procedimento é particularmente eficaz à noite
quando os pensamentos indesejáveis tentam mantê-la acordada.
Defendendo-se: dizer "não" e ser assertiva - Você está está fazendo mais
do que consegue? A maior parte das pessoas que faz demais não considera
que tem escolhas sobre isso. Há simplesmente um monte de coisas que
devem ser feitas então, o que é mais um pequeno projeto ou tarefa ou
telefonema, principalmente se isso vai ajudar alguém ou ganhar tempo
para outra pessoa? Talvez você sinta que tem que fazer tudo o que lhe
pedirem - se disser "não", isso vai causar transtorno para outras
pessoas, dificultar suas vidas ou fazer com que pensem que você é
egoísta e não liga para os outros. Ninguém vai lhe telefonar para dizer
"Acho que você está trabalhando demais; deixe que vou fazer uma parte
por você." Constam abaixo alguns pensamentos sobre o estabelecimento de
limites para você mesma.
1. Se você nunca disser "Não", as pessoas continuarão dizendo: "Se
quiser que algo seja realizado, peça para uma pessoa bem ocupada" - ou
assim diz o ditado.
2. Você tem o direito de dizer "Não". Uma mãe pregou um lembrete perto
do telefone: "Se alguém disser 'Você poderia...?' ou `Gostaria de...?,
direi a mim mesma: a resposta é não. Qual é mesmo a pergunta?"'
3. Você tem o direito a dizer "Talvez." Acontece tantas vezes nos
solicitarem algo e não termos certeza se queremos, podemos ou devemos
atender. No entanto, sentimo-nos obrigados a dar uma resposta logo e, se
chegamos a hesitar, geralmente acabamos por responder "Sim". Então, siga
uma regra; responda dizendo: "A resposta é `Talvez'." Pode-se responder,
"Vou pensar", "Me pergunte amanhã", ou "Preciso conversar sobre isso
com meu companheiro." Isso é conhecido como "dar um tempo", pois permite
que você tenha uma chance de pensar sobre o que quer realmente fazer.
4. Não é preciso atender ao telefone todas as vezes que toca. Se
precisar de um tempo para si ou se estiver ocupada com alguma daquelas
tarefas para a qual não conseguiu dizer "Não", pode-se tirar o telefone
do gancho, ligar a secretária eletrônica ou simplesmente deixá-lo tocar.
5. Não é preciso dar uma explicação para tudo. Muitas vezes, concordamos
em fazer algo porque não temos uma boa desculpa para não aceitar. quer
saber? Não é preciso ter uma desculpa. Às vezes, a desculpa é
simplesmente que não se quer fazer algo. Às vezes, é aceitável não fazer
algo porque você simplesmente não está com vontade.
6. Use a técnica do disco quebrado. As pessoas que estão absolutamente
determinadas a fazer com que você responda "Sim" vão exigir uma
explicação. Quando você fornece a explicação, elas lhe mostram porque
essa explicação não convence. Então, você apresenta outra desculpa.
Planeje no começo que dará apenas uma resposta: "Não é possível que eu
faça isso agora." Quando responderem "Por que não?", você pode dizer
"Não é possível para mim agora." "Mas por quê?", poderão insistir, e
você responde "Simplesmente não posso agora." (Parece realmente como um
velho disco - enroscado na mesma frase.) No início, é difícil, porque
você é o tipo de pessoa que tem dificuldade em estabelecer limites para
si mesma e sente que está sendo abrupta e mal educada. Mas você
realmente tem o direito de escolher quando quer dizer "Sim".
7. É permitido pedir ajuda. Às vezes, parece mais fácil fazer a tarefa
sozinha do que envolver outra pessoa, ou pode ser difícil para você
pedir ajuda. Se você se comprometeu a realizar uma tarefa que se mostra,
posteriormente, mais trabalhosa do que você antecipara, poderá sentir
que fracassou se tiver que admitir que não consegue fazer tudo.
8. Determine que "Hoje é o dia do Não. Diga "Não" para qualquer
novidade que se apresentar diante de você. Se isso for muito drástico, diga "Acho que não, mas vou pensar" ou "Eu
faço uma parte, se você encontrar alguém para completar o restante.
Depois que começar a controlar o seu tempo e o estabelecimento de
limites para aquilo que quer realizar, descobrirá que nada de terrível
acontece. E, de fato algumas coisas maravilhosas poderão ocorrer, à
medida que você se sente mais no controle de sua vida passando a ter
mais tempo para escolher aquilo que realmente deseja fazer.
Maternidade e crescimento pessoal
Todos temos muitos aspectos em nossas
vidas. Quando estamos estressados, profundamente envolvidos com algo
como a criação de uma criança que pode exigir tempo e esforço extras
para seu cuidado físico, ou se estivermos passando ora um período de
tormento emocional, geralmente há partes de nós mesmos que sofrem
negligência. Às vezes, ajuda se pararmos para olhar cada parte para
verificar quais estão realmente sendo cuidadas e quais se beneficiariam
de um pouco de atenção extra.
Se você não estiver acostumada a fazer exercícios físicos, tirar um
tempo para atividades criativas ou mesmo ficar sozinha, algumas das
sugestões que seguem poderão soar como embaraçosas e desconfortáveis -
isso simplesmente não é você. As sugestões pretendem ser idéias que
poderão ser desenvolvidas. As cinco categorias principais devem ser o
foco. Pense sobre como você se expressa em cada área e como deseja
expandir suas experiências de vida.
O seu eu físico: Entrar em forma e manter-se em forma
A notícia se espalhou: alimento saudável e exercício auxiliarão você a
sentir-se melhor e a viver mais. Velhos hábitos são difíceis de quebrar,
mas você é capaz - uma refeição e um dia de cada vez.
Sua saúde - Faça check-ups regulares e descanse o necessário. Se
você apresentar quaisquer sintomas físicos que preocupem (ou que
deveriam preocupar), vá ao médico.
Exercício - Encontre algum tipo de
exercício regular divertido e faça-o ao menos duas vezes por semana para
começar. Faça ginástica com vldeoteipe na tevê, caminhe com o cachorro
ou faça uma caminhada pelo shopping. Leve uma amiga, se isso ajudar.
Estique os músculos, faça o sangue correr e respire profundamente.
Caminhe. Jogue golfe ou handebol. Nade. Dance. Sua dieta - Observe o que
você come. A principal causa do excesso de peso é a alimentação em
excesso. Se quiser fazer um regime, há livros e programas suficientes
para qualquer pessoa encontrar um que funcione. Ingira menos gordura e
açúcar e coma mais peixe, frutas, legumes e grãos. Beba muita água. Sua
aparência - O que você acha do que vê no espelho? Fique bonita para você
mesma e para as pessoas a seu redor. Às vezes, você nâo se sente tão
maravilhosa por dentro e é difícil se interessar por sua aparência
externa. Nesses dias, esforce-se um pouco mais ao se pentear e ao se
vestir. Erga a cabeça, endireite os ombros para ficar um pouco mais alta
e aumentar sua auto-estima.
Seu eu criativo: Aumentar seus limites
Quando estamos nos sentindo mal, inseguros, cansados ou assoberbados,
precisamos ficar numa atitude protegida para conservar qualquer energia
que tivermos. Todos temos dias nos quais precisamos nos recolher e
sentir-nos seguros.
No entanto, a vitalidade, a energia, a curiosidade e o entusiasmo
podem se liberar quando você começa a buscar, a estender mente e corpo,
a aprender algo novo ou a se divertir. Se você sempre teve uma tendência
a manter um estilo protegido, poderá até sentir-se desajeitada (ou mesmo
boba) ao tentar algumas atividades expansivas e criativas. Tente uma das
sugestões abaixo ou crie suas próprias. Uma vez por ano - Comemore seu
próprio aniversário. Mesmo que o evento ocorra apenas uma vez ao ano,
pode-se passar meses planejando-o. Compre um presente que a faça se
sentir especial - um estojo de tintas, um rádio portátil, um chapéu
novo, bastões de ouro ou um livro novo. Mande um cartão para si mesma.
Prepare um bolo com sorvete em seus sabores preferidos (afinal, o
aniversário é seu). Convide outras pessoas para comemorar com você ou se
dê de presente esse momento para ficar sozinha. Uma vez por mês - Ao
menos uma vez por mês, faça algo novo e diferente que lhe faça bem.
Corte o cabelo. Tire uma hora de almoço mais prolongada. Vá ao museu de
arte, ao cinema ou ao jardim botânico. Vá andar a cavalo ou passear no
campo. Leve uma amiga ou vá sozinha. Passe a noite fora. Você não tem
tempo? É claro que não tem. Você precisa fazer o programa acontecer.
Duas vezes ao mês - Faça algo especial ao menos duas vezes ao mês.
Compre uma revista, um buquê de flores ou um novo cd. Feche-se no
banheiro e fique de molho na banheira por uma hora. Vá à cidade com
amigos ou vá deitar-se cedo. É preciso que seja algo que você não faz
com maior freqüência, por ser simplesmente autocentrado em demasia. Não
é preciso que se gaste dinheiro com isso, nem que se ocupe muito tempo.
Mas deve parecer-lhe algo especial. Todo dia - Dê risada todo dia.
Assista a velhas sessões de filmes na tevê, alugue filmes engraçados, vá
à papelaria e leia cartões divertidos ou leia revistas em quadrinhos. E,
mais do que tudo, aprenda a rir de si mesma. Ria com seu companheiro e
com seus filhos. Isso é um dos melhores presentes que você poderá
oferecer a eles e a você mesma. Invente palavras e historinhas sem
sentido; conte piadas. Ande para trás e ande saltitando. A qualquer hora
- Comece um negócio ou arrume um trabalho em meio período. Faça trabalho
voluntário. Compre um novo software e aprenda a utilizá-lo. Inscreva-se
num curso pelo certificado ou por prazer. Inicie - ou reinicie - um
hobby ou projeto que você considera divertido. Bordado, astronomia,
escultura em madeira, costura, lixar pisos, jardinagem, rollerblading,
limpar o sótão, cerâmica, jogar baralho ou dançar quadrilha. Poderá
escolher algo que force voçê a sair de casa num horário regular ou algo
que possa ser organizado em casa; separe um tempo para trabalhar com
isso. Fique sócia da biblioteca ou visite a biblioteca onde você já se
encontra inscrita. Entre no mundo da fantasia, romance, mistério. ficção
científica, história, biografia, épicos literários, decoração, turismo
ou fotografia. Leve uma pilha de livros para casa e folheie um pouco a
cada dia. Escape quando a situação se mostrar difícil ou expanda sua
mente quando tudo estiver tranqüilo.
Aprenda algo realmente novo, como o procedimento para trocar o óleo do
carro, colocar papel de parede, cultivar verduras em vasos ou dançar
ilamenco.
Seu eu social: Ligando-se aos outros
Às vezes, não se sente vontade de fazer algo com ou por outras pessoas -
é possível que para você já seja suficientemente difícil chegar ao final
do dia. Ou, talvez, você seja tímida. não conheça muitas pessoas ou
sinta que não possui muitas habilidades sociais. Bem, há muitas outras
pessoas como você. Comece pequeno, estabelecendo para si mesma o
objetivo de se aventurar e fazer contato com alguém; dê um passo de cada
vez.
Ligue para uma amiga - Você tem uma velha amiga ou parente em quem tem
pensado, mas que não tem visto ou com quem não tem conversado há muito
tempo. Talvez agora seja a hora de fazer tal contato. Faça ligações
interurbanas em horários mais baratos e tenha um bom papo. Você sente
saudades de alguém do velho bairro, escola ou local de trabalho.
Faça um serviço voluntário - Dedique algumas horas por semana para
ler ou escrever cartas para alguém que se encontra enfermo. Faça compras
para alguém que não pode sair ou fique com os filhos de uma vizinha.
Cheque no jornal local quais são as oportunidades para o voluntariado ou
ligue para uma organização que trabalhe para um grupo ao qual você
gostaria de ceder um pouco de seu tempo.
Faça algo divertido com seus filhos - Faça algo que tanto você quanto
seus filhos gostem - não fazer compras, nem ir para a terapia ou a
consulta médica. Não pense nos aspectos educativos, terapêuticos,
estimulantes ou funcionais. Simplesmente, garanta que seja um programa
divertido. Leve um lanche para fazer um piquenique no parque, vá ao
playground, faça uma caminhada na natureza, sente-se na praia, veja o
pôr-do-sol ou faça biscoitos. Faça algo divertido com seu companheiro -
Passe horas agradáveis com seu companheiro. Vá ao cinema, vá ao boliche
ou jogue golfe miniatura. Faça uma caminhada, mas não fale sobre as
crianças, as contas ou os problemas do trabalho. Cuide deles em outra
hora. Marquem um encontro para almoçar, ir ao museu, participar juntos
de um projeto de caridade. Sentem-se no parque, de mãos dadas.
Participe de um grupo ou clube - Participe de uma organização de
algum tipo. Um clube de artesanato, um grupo de igreja, um grupo de
leitura, um grupo político ou uma associação profissional.
Doe um pouco de si para os outros - Leve uma pilha de revistas e
livros para um lar de idosos ou mande cartões do tipo "Estou pensando em
você" para aquelas pessoas para quem nunca se tem tempo de escrever ou
ligar. Prepare um prato e leve para um vizinho. Compre uma remessa de
cartões postais, coloque selos e envie-os para dizer "oi" para aquelas
pessoas de quem você se lembra, mas não tem tempo de mandar cartas
longas ou telefonar. Dê um cartão de agradecimentos para seu carteiro ou
mande um para o pediatra ou qualquer uma das pessoas que tem sido gentil
e estado disposta a ajudá-la recentemente. Dizer "obrigada" e dar um
sorriso são as coisas mais simpáticas que você pode fazer pelos outros.
Seu eu reflexivo: Encontrando paz e tranqüilidade interiores
Cuide do lado reflexivo e espiritual de sua vida, da forma que mais
funciona para você. Ir à igreja ou ao templo, meditar, ouvir música ou
ler poderá ajudar a colocar sua vida em perspectiva, tornando seu fardo
mais leve ou ajudando-a a lembrar-se de sentir-se grata pelos aspectos
positivos de sua vida.
Ter um tempo a sós consigo mesma - solidão escolhida - é essencial
para se liberar dos estresses, por um tempo. A solidão permite que você
libere a mente do planejamento de suas tarefas diárias e da preocupação
com a criança ou a família. Estar só, sem distrações, fornece um tempo
para você descobrir o que realmente pensa sobre sua vida. É um tempo
para considerar as escolhas, rever as decisões e ouvir opiniões que são
suas e de mais ninguém.
Frequentemente, a solidão é um gosto que se adquire.
Para algumas pessoas, a solidão provoca ansiedade; para outras, é
chata. Bem, sim, pode ser monótono no início, mas este é o objetivo. É a
hora de rejuvenescer e lagartear no silêncio ou sons da natureza. Estar
a sós consigo mesma num ambiente tranquilo ajuda a colocar equilíbrio em
sua vida. Nossos estresses diários podem nos consumir de tal forma que
esquecemos que a vida oferece mais do que apenas lidar com problemas e
disputas e estar atarefada. Ficar a sós significa, justamente, não estar
atarefada. Refere-se ao ficar quieta, em silêncio, calma. É o momento de
voltar-se para dentro, fechar-se e buscar paz interior. É um tempo para
se autoproteger. Todos esses momentos são importantes para descansar o
cérebro e o corpo, ganhando calma interior para restaurar a energia e a
lucidez mental.
Você poderá estruturar seu tempo de solidão da forma que mais lhe
convém. Uma hora por dia ou mesmo dez minutos para começar, ou duas
horas aos domingos ou um fim de semana de tantos em tantos meses. Seu
objetivo inicial poderá ser o de saber que, a cada semana, você criará
tempo para si, para estar a sós em algum lugar. É o conhecimento de que
você tem o direito de permitir a você mesma esse tempo e que cabe a você
criá-lo e forçá-lo a acontecer.
Seu eu harmonizante: Equilibrando os mundos interior e exterior
Quando você soube que seu fllho teria necessidades especiais, houve uma
interrupção na harmonia de seu mundo. Todos esses esforços para
encontrar serviços para seu filho e reorganizar suas expectativas
interiores se direcionaram para o reestabelecimento do equilíbrio entre
seus mundos interior e exterior. Harmonia é adaptação. Significa o
processo de melhorar seu enquadramento no ambiente. Às vezes, é fácil
atingir a harmonia; outras, ela se mostra sempre impossível de ser
atingida. Em todos os aspectos de nossa vida, a harmonia envolve
concessões mútuas. Quando atingimos um estado de harmonia, sentimos que
nossas vidas se encontram equilibradas e que há uma sensação de
satisfação.
Harmonia nos relacionamentos - (quando você e seu companheiro
conseguem definir as responsabilidades extras que cabem a cada um,
quando se sentem unidos, vocês estão em harmonia. Tem-se uma sensação de
equilíbrio e apoio e sabe-se que é possível contar com o outro.
Quando seus outros filhos estâo caminhando bem em suas vidas, quando
sua família toda compreende sua situação e a apóia, você tem uma
sensaçâo de harmonia. Às vezes, há um confronto de vontades, uma quebra
na comunicação ou um desencontro de temperamentos. Seu eu harmonizante
entra em ação para reestabelecer suas ligações um com o outro.
Você se incomoda pela maneira como todo mundo se alimenta
apressadamente no jantar? Planeje uma tranqüila refeição em família, uma
vez por semana - talvez na sala de jantar com a louça de domingo. Deixe
as crianças prepararem um enfeite de mesa ou inventar uma receita.
Coloque música de fundo, acenda velas e brinque que vocês estão jantando
fora, num restaurante chique. Pense numa ocasião especial que vocês
poderiam estar celebrando - o boletim de alguém, um cliente novo da
mamãe, o primeiro quadro que o papai fez na aula de pintura, ou o novo
aparelho ortodôntico de uma das crianças.
Respeite os rituais da família e estabeleça novos rituais.
A maior parte das famílias tem um repertório de alimentos especiais,
canções preferidas ou presentes especiais para os aniversários, Natal,
Hanukkah ou Dia de Ação de Graças. Os rituais são importantes para as
crianças, criando lembranças e tradições, e trazem a família de volta
aos ciclos e estações de cada ano. Tanto pais como fllhos aprendem a
antecipar a chegada de certos feriados e celebrações especiais, porque
sabem que certas coisas vão acontecer, da mesma maneira que foi no ano
anterior. Os rituais fornecem uma continuidade para a família, além de
um senso de valor e de pertencer a um grupo. A maior parte de nós
consegue reconhecer quando estamos em harmonia com o ambiente e quando
sentimos que algo está um pouco descentrado. É freqüente que consigamos
identificar o que é preciso fazer para aumentar a sensação de ordem.
Talvez você sinta que há muita bagunça a seu redor, que é preciso limpar
as gavetas da cozinha. Talvez tenha que se livrar de um pouco da bagunça
da garagem ou limpar o carro.
Talvez queira melhorar a sensação de harmonia e bem-estar na casa
colocando flores num vaso, comprando uma cortina nova para o chuveiro,
alegrando um pouco o banheiro ou pintando seu quarto de cor diferente.
Tenha algum contato com a natureza a cada dia. Vá para fora e olhe as
estrelas de noite ou dê uma caminhada em torno do quarteirão nas noites
de lua cheia. Sente-se no quintal e escute os pássaros ou observe uma
borboleta.
Seu senso pessoal de bem-estar - Seu eu harmonizante pessoal é a
parte de você que busca continuamente o equilíbrio, a simetria e a ordem
em todos os aspectos de sua vida. Como resultado de prestar atenção a
cada aspecto de si mesma - seu eu físico, criativo, social e rellexivo -
obtém-se acesso a uma sensação de vitalidade e a uma apreciação
enaltecida de todos os sentidos. Você consegue maior equilíbrio tanto no
mundo interior quanto no exterior, com melhor utilização de sua
capacidade de focalizar, trabalhar e ganhar um senso de
autodirecionamento. Trata-se do desenvolvimento de uma imagem de si
mesma na qual você tem a possibilidade de vivenciar seus ideiais - quer
de carreira profissional, de jardinagem, de costura de colchas ou de
diplomar-se em educação especial.
Ao cuidar das pequenas coisas, criar harmonia na sua vida diária e
estabelecer rotinas e rituais para os membros de sua família, você
desenvolve um senso global de quem você é e para onde pretende ir.

3 - PAIS EM PARCERIA
Muitas situações na vida testarão sua relação a dois dificuldades
financeiras, os sogros, doença na família, reformas na cozinha e o
nascimento dos filhos. Quando um dos filhos tem necessidades especiais,
o relacionamento do casal exige um tipo de parceria entre os pais que
ultrapassa os papéis tradicionais conhecidos pela maioria de nós. É
possível que seu relacionamento não se modifique muito. Em outros casos,
a relação poderá sofrer, devido à forma como um ou ambos os integrantes
do casal reagem ao ter uma criança com necessidades especiais, ou mesmo
por razões que não têm nada a ver com o quadro da criança. Por outro
lado, a relação poderá se fortalecer, diante de um foco e um desafio
compartilhados. Uma coisa é certa, alguns problemas simplesmente não
parecem ser mais tão importantes quanto antes. Suas reações a tais
questões serão influenciadas pela etapa na qual você está no processo de
adaptação.
-
Sua relação a dois será influenciada pelo momento em que cada um se
encontra no processo de adaptação. Numa mesma época, cada um poderá
estar em fase distinta, ou um episódio específico poderá desencadear
estados conflitantes em cada um.
-
Criar um filho com necessidades especiais envolve atuação extra dos
pais - tarefas diferentes e em maior número, a realizar e com as quais
se preocupar, do que no caso da criança típica.
-
Para se obter uma parceria efetiva entre os pais, é preciso decidir
como compartilhar as responsabilidades extras e você precisa manter
abertas a comunicação e as negociações.
-
Pais não-casados, famílias separadas e famílias adotivas muitas
vezes têm questões ainda mais complicadas relacionadas à adaptação e à
atuação paterna extra.
-
Além dos papéis paternos, é preciso fazer um esforço extra para
cuidar do relacionamento a dois e mantê-lo em desenvolvimento.
Etapas de adaptação e seu relacionamento
Quando as emoções da sobrevivência se encontram no primeiro plano, um
ou ambos os pais pode estar focalizado no "fazer o que é necessário para
continuar indo em frente". Pode ser que o casal tenha se aproximado, ou
que um dos dois precise distanciar-se ao menos por um tempo. O casal
poderá ter estilos ou tempos diferentes de passar pelos estágios da
adaptação, e você poderá ter dúvidas quanto à capacidade de seu
relacionamento suportar o estresse. Se um, ou ambos, estiver preocupado
com questões de busca - encontrar serviços ou examinar seus próprios
valores e prioridades - isso também poderá afetar seu relacionamento. Um
dos dois poderá ter uma atitude ativa, desejando encontrar programas
específicos, enquanto o outro prefere "esperar para ver", antes de
firmar qualquer compromisso importante de ordem financeira ou de tempo.
Até a etapa do ajustamento, se vocês não estiveram se comunicando
bem, você poderá descobrir que seus papéis paternos se tornaram
desequilibrados e que se desenvolveram ressentimentos e mal-entendidos
entre os dois quando se está lutando com questões relacionadas à
separação - quanta independência deve ser encorajada, ou a elaboração de
planos a longo prazo para o filho e os pais - seu relacionamento poderá
sentir o impacto das direções que cada um prefere seguir quando se sabe
que muitas questões e sentimentos se alteram, que se resolverão e haverá
avanços e que os dois são capazes de reverter para os sentimentos
antigos, isso pode ajudar os dois a estar lá um para o outro. Em algum
momento de todo esse processo, certamente haverá algum desencontro, com
cada um em lugares diferentes ao mesmo tempo.
Reações normais que poderiam ser problemas em potencial
Ser forte, mesmo desmoronando
Talvez vocês estejam se mostrando fortes um para o outro, enquanto
por dentro estão despencando. Isso é particularmente verdadeiro quando
os dois se encontram na sobrevivência.
Lidar com os problemas da criança poderá ser a primeira crise
verdadeira que vocês tenham enfrentado como casal. Talvez você não tenha
certeza de como seu companheiro reagiria se você se desesperasse ou
expressasse seus sentimentos de culpa ou medo. Pode ser que considere,
de antemão, que seu companheiro necessita que você dê conta do problema,
ou que ele ficaria bravo ou lhe rejeitaria se você mostrasse alguma
"fraqueza". Talvez você também esteja pensando que seu companheiro já
está chateado por causa da criança e que se você mostrar que também está
chateada, então ele terá que se preocupar também com você.
Se ambos estiverem retendo medos e preocupações, a quem poderão
procurar? Será que ambos estão empurrando tudo para o fundo,
desenvolvendo um padrão no qual um não consegue ver no outro uma fonte
de apoio para os períodos mais difíceis?
Diane: Nossos maridos tinham que nos sustentar e segurar a barra por nós
- nossa atenção se focalizava no bebê. Os pais são injustamente
empurrados para escanteio. Todo mundo focaliza a mãe; foi a mãe que teve
o bebê. Durante aquele primeiro mês, quando Catherine ficou no hospital
e eu passei a maior parte do tempo lá com ela, minha família disse que
meu marido não comia e não falava. Ele estava tentando erguer um
baluarte, e tinha que ir para o serviço e continuar funcionando.
Susie: Seis semanas depois do nascimento de Betsy, nós nem tínhamos
certeza se ela sobreviveria. Eu vivia cada momento num estado de pavor,
e conseguia perceber que Bruce estava sofrendo, mas não falávamos sobre
isso. Sempre tínhamos falado, mas essa situação era tão nova, tão
diferente, tão completamente fora de nosso controle. Aí, Bruce me disse:
"Saiba do seguinte: o que quer que tenha causado isso não importa. O que
importa é que, independentemente do que acontecer, do que Betsy
precisar. Nós vamos fazer juntos." Essa afirmação nos liberou a ambos.
Pude me livrar da culpa que carregava - e de um pouco do medo. Não sabia
o que viria pela frente, mas sabia que sobreviveria.
Um dos dois pode estar confuso e assustado
Um dos dois pode estar confuso e assustado sobre o que o futuro
guarda, mantendo tudo dentro de si, enquanto o outro talvez esteja
dizendo : Não se preocupe tanto; tudo vai se ajeitar". Essa é outra
reação comum entre os casais.Talvez você esteja tendo alguma dificuldade
para ultrapassar a fase da da sobrevivência, enquanto seu parceiro tenha
ultrapassado tais sentimentos num ritmo mais acelerado. Em alguns
casais, um dos parceiros poderá passar rapidamente pelos apavorantes
sentimentos iniciais, reagindo com bastante otimismo sobre como
enfrentar o futuro.
Quem sabe por que os casais variam tanto? Dizem que
"os opostos se atraem", e certamente existem casais nos quais um é
otimista e o outro, pessimista. No caso de alguns casais, um parece
fazer o papel daquele que "se preocupa, "reclama", do "comediante" ou do
"prático". Num sentido, quando um está se preocupando e o outro diz
"Tudo vai dar certo", ambos estão com a razão. Há motivo para
preocupação e também existe a probabilidade de que vocês encontrarão uma
forma de resolver tudo. O importante é que ambos tenham direito a suas
opiniões; na vida, poucas questões são totalmente certas ou erradas,
pretas ou brancas. Cada um tem o direito de adaptar-se de formas
diferentes e é preciso respeitar as diferenças um do outro. Se as
diferenças forem muito rígidas ou se durarem por muito tempo, os membros
do casal tenderão a ignorar a fala um do outro ("Ele é assim mesmo") ou
a se irritarem bastante um com o outro.
Janet: Eu amava e aceitava Ryan, mas não era realmente uma mãe
"orgulhosa" durante aqueles dois primeiros anos, porque Ryan vivia tendo
crises médicas que ameaçavam sua vida. Mas, para meu marido, era como se
quase nada estivesse errado. Chris mal podia esperar para levá-lo ao
escritório, enquanto eu tinha lágrimas nos olhos.
Pensava: "Ah, não, ele está com uma canula e os pés engessados."
Sabia como as pessoas olhavam para ele. Lembrava dos olhares cravados
nele no mercado e me lembrava das pessoas me parando. Mas Chris nem
ligava. Não se sentia assim: "Este é meu filho, me orgulho muito dele.
As pessoas não se importam. Só querem vé-lo." Então fomos ao escritório
dele. Eu me arrumei toda. E Ryan estava tão bonitinho, mas eu estava um
trapo de tão nervosa. E Chris tinha razão. O pessoal nos deu o maior
apoio, dizendo: "Vocês dois são pais muito legais." Chris realmente me
ajudou a focalizar o positivo, deixando de lado tudo o que não era
importante.
Vocês podem ter opiniões diferentes
É possível que vocês discordem sobre a natureza ou a gravidade dos
problemas da criança ou sobre os tipos de intervenção de que ela
necessita. Pode ser que um participe ativamente no programa de
intervenção, enquanto o outro não. Talvez não haja sempre acordo entre
vocês sobre como manejar os problemas da criança em casa. Um pode sempre
estabelecer limites, enquanto o outro sempre cede.
Jane e Bill têm um garoto de seis anos que foi diagnosticado
recentemente como apresentando uma deficiência mental. A reação de Bill
foi buscar recursos imediatamente. Conheceu as Olimpíadas Especiais e se
inscreveu como voluntário. Jane ficou com raiva e via na atividade de
Bill o reconhecimento de que a criança realmente tinha uma deficiência
mental; ela não estava preparada para "desistir" e acreditar no
diagnóstico.
Pode-se lidar com o problema de maneiras diferentes
Pode acontecer de o casal lidar com o problema de maneiras diferentes
e sentir as mesmas emoções, mas em tempos distintos. Se os dois
estiverem na fase da sobrevivência, convivendo com sentimentos
imprevisíveis, um poderá estar num plano mais elevado, enquanto o outro
se encontra afundado. Um poderá ficar com raiva justamente quando o
outro ultrapassa esse sentimento. Um poderá desejar se afastar e evitar
falar no assunto; o outro poderá dar início à busca de respostas. Talvez
um queira tentar ter outro filho em seguida; o outro talvez diga:
"Nunca."
E, em seguida, vocês poderão perceber que estão trocando suas
posições e, se não compreenderem o que está se passando, poderão começar
a surgir desentendimentos sérios entre os dois.
Janet: Tivemos uma verdadeira inversão de papéis. Geralmente, sou eu
quem realmente fica "pra cima". que vê o lado positivo em tudo. Mas eu
estava tão consumida pelo medo e sentimento de desamparo sobre Ryan, e
mesmo sobre sua possibilidade de resistir, que não conseguia ver a luz
no fim do túnel. Chris geralmente é mais objetivo e neutro sobre as
coisas, mas em se tratando de Ryan, era ele que se mostrava sempre
otimista.
Você pode estar cansada, sem energia
Se um, ou ambos os membros do casal, estiver tão esgotado que não
sobre energia para o outro, ou se os dois estiverem evitando ficar a sós
devido ao excesso de preocupações quanto àquilo que é preciso
providenciar para a criança ou porque você está tão preocupada com seu
filho que simplesmente não se diverte mais, pode não haver energia
sobrando para sua relação a dois. Um dos dois, ou ambos, poderá evitar
ficar a sós com o outro por tais motivos. Também é possível que um
queira conversar a respeito, enquanto o outro não. Criar um tempo para
estar juntos pode ser muito deprimente, se isso servir apenas para
reclamações ou preocupações em voz alta.
Sua vida sexual pode ter mudado
Talvez você perceba que sua vida sexual se alterou de maneiras que
não agradam a um ou a ambos do casal. Se você estiver cansada, tensa,
deprimida ou preocupada, poderá ter dificuldade com o contato íntimo. Se
estiver preocupada com outra gravidez, poderá haver uma tendência a
evitar o sexo por completo.
Por outro lado, um, ou ambos, poderá sentir que o sexo é a única
coisa boa com a qual se pode contar para ajudá-los a esquecer todas as
outras questões com as quais se está lidando. Se os dois se sentem
assim, ótimo; se um dos dois não se sente assim, essa poderá se tornar
mais uma área na qual se sente depressão e inadequação. Alguns casais
relatam que seu relacionamento sexual melhorou muito à medida que as
tensões e incertezas de que compartilhavam sobre a criança os aproximou,
fortalecendo seu vínculo, de forma mais íntima.
Às vezes, os parceiros podem utilizar o sexo um contra o outro num
relacionamento. Por exemplo, se um dos dois sente que o outro não está
oferecendo apoio emocional e está ficando ainda mais tempo no serviço do
que de costume, e se as questões não estiverem sendo abordadas
diretamente, você talvez perca interesse, de fato, na intimidade ou
talvez sinta que a única forma de obter a atenção de seu companheiro é
se afastar do sexo.
Você pode resistir em deixar seu filho
Um, ou ambos os membros do casal, poderá resistir em deixar a criança
sob os cuidados dé outra pessoa. Talvez você pense: "Sou a única pessoa
que pode cuidar de nosso filho."
Muitas vezes, sente culpa em deixar o filho com outra pessoa, bem
como medo de que possa haver alguma emergência. Você sabe que ninguém
poderá cuidar de seu filho tão bem quanto você. (Mas geralmente descobre
que você não é indispensável e que seu filho consegue se dar bem com
outra pessoa por um período. )
Diane: A primeira vez que deixamos Catherine passar a noite fora foi
para ir ao hotel local comemorar nosso aniversário de casamento, isso
mais de um ano após seu nascimento.
Nunca havíamos tido dificuldade em deixar Sara com alguém mas
tínhamos medo de ficar longe de Catherine. Não porque ela tivesse um
problema. Éramos nós. Foi minha irmã que finalmente disse: "Vocês tem de
sair. Eu fico com as meninas."
Talvez você se sinta culpada
É possível que um, ou ambos os membros do casal, sinta-se culpado
pelo problema da criança. Talvez até sintam um desapontamento no
companheiro por ter tido uma criança com tantos problemas. Você poderá
estar culpando o companheiro - ou estar sendo culpada por ele. Daí,
então, você talvez sinta a necessidade de carregar o grosso da
responsabilidade pelos cuidados da criança, para assim sentir menos
culpa ou "redimir-se" por ter "causado" o problema. Talvez sinta que, se
você se esforçar bastante, poderá tornar a criança "normal" - ou melhor
do que qualquer pessoa teria previsto.
Você poderá estar assoberbada de trabalho
Um, ou ambos os membros do casal, poderá descobrir que tudo isso
representa um acúmulo de serviço. À medida que se constata que a criação
de uma criança com necessidades especiais implica muito trabalho, você
poderá sentir que o serviço não está sendo devidamente compartilhado ou
que você não está sendo compreendida ou recebendo apoio suficiente.
Se um dos dois fica em casa e o outro trabalha muitas horas fora de
casa, o membro do casal que permanece em casa poderá sentir que está
carregando o grosso do fardo dos cuidados com a criança. No entanto,
aquele que trabalha fora poderá sentir-se responsável por trabalhar
ainda mais para providenciar a segurança financeira, e assim poderá não
ter energia sobrando para ajudar nos cuidados ao final do dia.
Você poderá estar pensando se quer ter mais filhos
Para alguns casais, por vários motivos, ter outro filho está fora de
cogitação; outros, no entanto, tentam ter outro filho tão logo quanto
possível. As questões envolvidas poderão incluir riscos genéticos de a
outra criança ter o mesmo problema, complicações severas na gravidez
anterior, idade materna, medo de ter outra criança com uma condição
incapacitante, mesmo quando não se trata de riscos genéticos, ou medo de
não ser capaz de cuidar de outra criança devido ao tempo e energia
exigidos pela criança com necessidades especiais.
Janet: Eu queria ter outro bebê. Chris temia que não conseguissemos
lidar com isso - Ryan precisava de nossa atenção completa, tínhamos
mudado há pouco e não tínhamos condições financeiras para tanto.
Independentemente de quanto eu amava Ryan, eu queria saber como seria
ter um bebê que mamava na mamadeira ou chorava. Via minhas amigas
fazendo isso e parecia tudo tão tranquilo. Acho que parte de mim queria
mostrar a elas que essas não eram coisas que justificassem tantas
reclamações. No instante em que Erin nasceu, todas as preocupações do
Chris se evaporaram.
Stephanie: Tanto Paul quanto eu queríamos ter outro bebê logo.
Tínhamos a sensação de termos sido atingidos por um relâmpago. e que
isso não poderia acontecer de novo. No entanto. o fato de participarmos
de um programa de intervenção precoce, vendo tantos tipos de problemas
que podem acontecer, certamente tornava a perspectiva mais assustadora.
Responsabilidades paternas extras
Os estresses versus as alegrias
Você tem todos os estresses da maternidade tipica, mas nem todas as
alegrias. Como a maioria dos pais, você vivencia uma mudança no estilo
de vida, na perda da privacidade e da espontaneidade em sua vida social,
aumento de fadiga, de irritação pela falta de sono e devido ao choro do
bebê todas as noites, além das despesas extras com fraldas, equipamento,
roupas, brinquedos. Ainda por cima, não se tem sempre todas as alegrias
da maternidade típica. Seu filho poderá se atrasar nos marcos esperados
para sentar, andar ou falar; você não sabe se o atraso é temporário, se
ele alcançará posteriormente ou se jamais será capaz de fazer essas
coisas; se conseguir atingir tais marcos, não se sabe se alcançará o
nível esperado numa etapa posterior. E qual o controle que você tem
sobre isso? Se você e seu filho passaram muito da primeira infância dele
no hospital, em programas de intervenção, inserindo sondas e aguardando
qualquer pequeno sinal de progresso, houve lembretes constantes de que
tudo isso não se encontra nos livros sobre bebês.
No entanto, quando finalmente se atinge um dos marcos atrasados de
desenvolvimento, a felicidade sentida tem qualidade e profundidade
especiais. Observar a luta de seu filho pela locomoção ou comunicação,
por exemplo, e então atingir tal objetivo é uma afirmação de seu
trabalho e paciência, bem como dos esforços e persistência da criança. O
progresso de seu filho e suas realizações poderão não ter sido
conquistados natural e facilmente e, por causa disso, têm uma dimensão
adicional de realização e alegria.
Mais paciência
Você precisa ter mais paciência do que se exige na maternidade
típica. O tempo para a realização das atividades poderá demorar mais do
que se espera com crianças típicas. Incluem-se a alimentação, a
comunicação, chegar até o carro e entrar, locomoção pela casa, tomar
banho, preparar-se para dormir, vestir-se, atividades de higiene diárias
como escovar os dentes, pentear os cabelos e lavar as mãos, brincar com
brinquedos, e fazer exercícios especiais. Além disso, as atividades
maternas e paternas extras poderão ser mais intensas e mais prolongadas.
Os pais parecem ter um tempo biológico de prontidão para que seus filhos
adquiram uma marcha independente, brinquem sozinhos e desenvolvam
habilidades de adaptação. Para uma criança que apresenta atrasos ou
limitações físicas, todos os marcos de desenvolvimento serão atrasados -
possivelmente em meses e, às vezes, em anos. Se você pensa que está
cansada, provavelmente está de fato. Seu corpo está mais arriscado a
sofrer estiramentos, distensões e dores crônicas à medida que seu filho
aumenta de tamanho e você o movimenta, ergue, transfere de uma posição
para outra.
Habilidades e conhecimentos a mais
Você necessita de todas as habilidades típicas da maternidade, além
de habilidades e conhecimentos extras. Devo pegá-lo no colo quando
chora? Devo ignorar suas crises de birra? Tem algum problema se ele
dormir conosco? Será que eu cedo demais diante das vontades dele? O que
devo fazer se ele se recusar a pôr o cinto de segurança? Ele não aceita
comer quase nada... Você tem que lidar com todas essas questões
"normais", e ainda precisa de habilidades e conhecimentos extras no
papel materno. Precisa saber como, quando e se deve adaptar as
habilidades regulares conforme as necessidades especiais da criança.
Quando seu filho apresenta um problema, como crises de birra ou uma
recusa para se alimentar, você se pergunta: Tal problema é normal para a
idade, a criança está apresentando um problema emocional importante ou
isso está relacionado à deficiência?
Por exemplo, algumas crianças com atrasos cognitivos e sociais entram
na fase difícil, típica dos dois anos de idade, posteriormente aos três
ou quatro anos, pegando os pais de surpresa. Fica difícil determinar se
tratam-se de surtos de independência considerados como normais no
desenvolvimento, os quais devem ser recebidos com entusiasmo, ou se as
birras expressam a frustração relacionada a problemas de aprendizagem.
Às vezes, deve-se lidar com os problemas da mesma maneira,
independentemente de sua "causa", mas, em outras ocasiões, é difícil
decidir o que fazer. Algumas crianças com deficiências físicas,
limitadas no seu controle sobre o ambiente, muitas vezes se utilizam da
alimentação e controle de fezes e urina como forma máxima de obter algum
controle sobre qualquer coisa em suas vidas. Às vezes é preciso que os
pais "dêem um tempo", ou ofereçam outras formas para que seus filhos
possam tomar decisões e sentir-se independentes.
Os pesadelos dos horários e serviços
Você tem todos os problemas para organizar horários dos pais típicos.
Tem que lidar com os esquemas de caronas, reuniões de escotismo, treino
de futebol, com três filhos que precisam estar em três lugares
diferentes ao mesmo tempo.
Um pode estar doente. e precisa ficar de cama; os outros precisam ir
para a aula de natação. Pode não haver nenhuma baby-sitter disponível
nas proximidades. Além disso, você tem pesadelos extras no papel materno
de marcar os horários.
Trata-se de um trabalho, com escritório na própria casa. É preciso
cuidar da alimentação e dos medicamentos; do uso de equipamento médico e
terapêutico; passar horas ao telefone, informando-se sobre programas e
serviços; garantir que os outros filhos na família estejam recebendo uma
parcela justa de seu tempo e atenção e que consigam chegar às aulas de
música, jogos de bola e às aulas particulares; encontrar uma babá,
treiná-la para atender às necessidades de seu filho; modificar o
ambiente para dar segurança à criança em casa, bem como permitir melhor
mobilidade. Além disso, é preciso fazer o papel de chefe de equipe
profissional para obter serviços para a criança. Para realizar tudo isso
bem, é preciso que você atribua papéis, reconheça seus limites e seja
capaz de pedir ajuda quando for preciso. Assim, para onde quer que seja,
você leva serviço consigo (geralmente numa grande agenda); horários com
médicos, terapeutas e especialistas para emergências, avaliações,
consultas de rotina ou reuniões semanais; o programa escolar ou
extra-curricular de seu filho; as caronas, levantamento de fundos,
reuniões de pais. (E muito disso, você geralmente precisa fazer mais do
que uma vez! Seu filho cresce e necessita de outro tipo de programa, a
verba acaba, os programas fecham, você muda de casa...) questões
especiais relacionadas a pais não-casados, famílias divididas e famílias
adotivas
Embora as famílias "tradicionais" de pai-mãe permaneçam, muitas
famílias hoje são encabeçadas por mães ou pais solteiros ou por casais
não-casados. Outras famílias são formadas um casamento novo para um ou
ambos os pais, no qual "seus filhos, meus filhos e nossos filhos" ficam
todos juntos.
Algumas famílias separadas dividem a custódia, com ambos os pais
igualmente envolvidos em fornecer os cuidados aos filhos. E, além disso,
cresce o número de famílias que está adotando ou criando crianças com
uma variedade de necessidades especiais.
Embora muitas das questões relacionadas a atividades paternas extras,
adaptação e comunicação ocorram em todas as famílias, podem mostrar-se
mais intensas e complicadas quando os pais não vivem juntos. Um dos pais
poderá considerar que o outro não atende tão bem quanto ele às
necessidades da criança; o outro poderá pensar que aquele protege demais
a criança. Um dos dois poderá não manter as intervenções recomendadas ou
dar o medicamento necessário. Se um dos dois fica mais tempo com a
criança, ele poderá não se sentir compreendido ou apoiado pelo outro que
só se encontra com a criança nos fins de semana ou ocasionalmente.
Quando se exige uma atuação paterna e materna extra, e quando as
famílias estão separadas, as oportunidades para falhas de comunicação
aumentam. Todos os envolvidos podem precisar de maior número de
conversas por telefone, listas de tarefas, discussão frente a frente, o
que nem sempre é muito confortável. No entanto, é importante manter as
questões da atuação paterna entre os adultos, e não ter no seu filho (ou
outros filhos) o emissário de mensagens, preocupações ou planos.
Pais não-casados, quer sejam mães ou pais, beneficiam- se ao
vincular-se a grupos de apoio, porque há tantas questões de atuação
paterna extra, além do estresse da responsabilidade constante dos
cuidados com a criança e da dificuldade de tomar decisões sozinho.
Quando os pais solteiros também trabalham, há questões adicionais
relacionadas aos cuidados diários e esquemas de cuidados alternativos
quando a criança adoece. Muitos pais solteiros expressam preocupação
sobre questões como o namoro e novo casamento, de como tais
considerações afetariam seu filho e de como as necessidades especiais de
seu filho afetariam a nova relação. Os pais adotivos enfrentam um
desafio de natureza especial. Vinculam-se a uma família num momento
particular do processo de adaptação de seu companheiro, e precisam
compreender o "quadro como um todo". Um pai adotivo que se une à família
o faz por escolha própria, podendo ter uma visão mais objetiva dos
relacionamentos familiares, interrompendo, às vezes, padrões e atitudes
estabelecidos. Freqüentemente, tal interrupçâo poderá se mostrar muito
positiva, mas certamente afetará o ajustamento global de todos os
envolvidos. Além de passar por todas as questões típicas relacionadas a
ser um pai adotivo, há questões extras que se referem às necessidades
especiais da criança, incluindo-se buscar formas de equilibrar o tempo
disponível para todas as crianças, lidar com o cônjuge separado e lidar
com a família que ele trouxe consigo - ou deixou para trás.
Quando há necessidade de ajuda extra
Se seu relacionamento já se encontra em terreno instável, ter uma
criança com necessidades especiais poderá agravar problemas ou fazer com
que se avance além deles. Enquanto certos problemas se acentuam, outros
deixam de parecer tão importantes quanto antes.
Um dos dois está assoberbado por sentimentos prolongados de depressão
e/ou raiva dos quais não consegue se liberar? Independentemente da
razão, se você se sente incapaz de recobrar a sensação de vitalidade e
avançar, poderá considerar o aconselhamento com um psicoterapeuta, para
auxiliá-lo a compreender seu emocional e fornecer apoio e orientação
durante esse período difícil.
Um casal relatou: "Não buscamos ajuda externa por muito tempo.
Ficamos cuidando da decoração da casa. E depois de sete anos,
finalmente, reconhecemos que há um grande número de quartos que podem
ser adicionados antes que se chegue à raiz do problema."
Talvez você queira pensar sobre a possibilidade de associar-se a um
grupo de apoio, no qual poderá ouvir como outros casais resolveram os
problemas de comunicação e a questão de compartilhar responsabilidades
paternas.
Estratégias para o sucesso
Comunicando-se entre si
As necessidades de seu filho se modificarão, assim como ocorrerá com
as suas próprias necessidades e humores. É importante planejar um
horário regular para conversar sobre como as coisas estão.
Como ter uma conversa séria
1. Escute o ponto de vista do outro. Cada um poderá ver uma situação
de perspectivas diferentes, o que poderá ser bom ou mau. Antes de
resolver se é bom ou mau, escute o que o outro tem a dizer. Lembre-se,
também, de que o ponto de vista que você ou seu parceiro tem hoje pode
se alterar, à medida que você obtém maiores informações ou que seu filho
progride.
Assim, não é porque seu companheiro tinha determinada opinião há um
mês, que ele continua com a mesma hoje. Além disso, é possível que algo
que você disse na última discussão o tenha marcado, criando uma mudança
em seu pensamento.
2. Não interrompa. Isso significa: cale-se. Não corrija, nem tente
clarear o sentido ou dizer "Chegue logo ao assunto", nem balance a
cabeça dizendo não. Deixe o outro falar. Se ele diz: "Terça-feira
passada, quando tivemos bife no almoço," não entre corrigindo "era
frango". quando for sua vez, você tem direito ao mesmo respeito.
3. Não digam um ao outro o que sentir; não julguem ou critiquem os
sentimentos um do outro. Você sabe como nós nos sentimos mal quando
dizemos "Estou com medo" e alguém diz "Não seja boba" ou "Não há nada
para temer" ou "gue bobagem". Para que você e seu companheiro consigam
falar de seus sentimentos, ambos devem poder confiar que ninguém lhes
dirá que os sentimentos são errados, bobos, loucos ou estúpidos. Você
também não gosta de sentir medo, mas para poder elaborar o sentimento, é
preciso sentir-se aceita e capaz de falar a respeito dele. Um sentimento
é um mero sentimento. Não se trata de um teste de personalidade, nem de
uma medida de seu valor.
Stephanie: Muitas vezes, vemos um problema de formas distintas e isso
pode ser bom e saudável. Muitas vezes, quando estou numa montanha russa
emocional, Paul diz: "Não se preocupe, tudo vai dar certo." Isso me dá
firmeza e equilíbrio e me sinto apoiada. As vezes, sinto-me
sobrecarregada com alguma questão e a abordagem de Paul me ajuda a
focalizar o que é realmente importante. Susie: Eu sei o que você quer
dizer. Eu fico toda nervosa e Bruce então diz: "Vale a pena tudo isso" É
tão positiva sua perspectiva - e ele faz tudo parecer tão simples.
4. Preste atenção. Não folheie o Jornal ou assista a tevê. E
sentem-se onde um possa ver o outro, e mesmo tocar no outro.
Procure realmente escutar o que seu companheiro está dizendo; não
pense no que responder assim que chegar sua vez.
5. Ofereça conselhos apenas quando isso for solicitado. Na sociedade
americana, temos a tendência de oferecer conselhos independentemente de
alguém solicitar. Somos dirigidos a buscar soluções e muitas vezes nos
esquecemos de que as pessoas querem simplesmente dizer o que estão
sentindo, querem reclamar ou expressar frustração. Querem apenas ser
ouvidas e compreendidas. Não é tudo que precisa ser "consertado".
Reconhecendo que você e seu companheiro podem expressar sentimentos
de modos diferentes
Apesar de muitas mudanças na sociedade americana sobre a questão da
expressão de sentimentos, muitos homens não são capazes de falar de seus
sentimentos, principalmente quando se trata de tristeza e desamparo.
Geralmente, as mulheres têm mais oportunidades para encontrar outras
mulheres, compartilhar suas emoções, chorar, pedir ajuda e demonstrar
vulnerabilidade. Para os pais há menor número de oportunidades para esse
tipo de interação, e isso pode acentuar o desconforto que os homens
muitas vezes sentem. Também parece que há menor número de chances para
os homens repararem sentimentos destroçados e enfrentar seus medos.
Podem sentir que não podem "desistir". Às vezes, as mães gostariam
que eles fossem "fortes", mas se perguntam também que sentimentos,
perguntas e medos particulares seus companheiros não verbalizam. Ou
vocês podem apenas ter dois tipos diferentes de personalidade. Um de
vocês talvez seja desinibido e o outro, reservado. Um de vocês talvez
veja o copo cheio até a metade e o outro talvez o veja vazio pela
metade.
Reparando quebras na comunicação
Poucos relacionamentos atingem os ideais de uma comunicação perfeita,
compreensão total e empatia superior (acrescida de um pouco de leitura
da mente do outro). Sempre haverá algumas quebras na comunicação. A
verdadeira força num relacionamento está na capacidade de reconhecer as
quebras e repará-las.
1. Lembre-se de que as quebras na comunicação ocorrem em quase todos os
relacionamentos. Uma mãe reclamou que seu marido chegava em casa à noite
e dizia "Vamos ao cinema" - como se ela pudesse largar tudo - ou ele se
acomodava na frente da televisão e não ajudava com as crianças. Logo
depois disso, ouviu-se o lado do pai. Ele disse que chegava à noite
sabendo que a mulher tinha tido um dia muito pesado. Queria
proporcionar-lhe uma folga, então oferecia-se para levá-la ao cinema,
mas ela reclamava que não poderia arrumar uma baby-sttter de última
hora. Explicou que desistiu de ajudar com o filho à noite porque a
mulher ficava Ihe dizendo que ele fazia tudo errado. Ela disse que era
verdade - ele não fazia as crianças escovarem os dentes e ficavam todos
muito agitados indo para a cama.
2. Uma quebra na comunicação significa que você (ou a outra pessoa) não
se sente compreendida ou ouvida, ou que ambos estão envoluidos numa
disputa de poder, na qual vencer ou perder é mais importante do que o
assunto que está sendo tratado.
3. É preciso decidir o que é mais importante - ganhar uma discussão
ou finalizá-la.
4. Uma pessoa é suficiente para causar uma quebra, mas para
repará-la são necessárias duas. Você pode criar uma quebra no
relacionamento dizendo algo para magoar, sendo rígido e teimoso, não
ouvindo o ponto de vista do outro ou afastando-se e recusando-se a
discutir uma questão.
5. Reparar as quebras envolve algum risco, porque, às vezes, implica
reconhecer que você estava enganada (ao menos um pouco - talvez), pedir
algo da outra pessoa, ou dar algo a ela.
Equilibrando suas responsabilidades maternas e paternas extras
Quando um dos pais é o principal responsável por buscar informação
(geralmente é o caso da mãe), o outro (geralmente o pai) muitas vezes
obtém informação de segunda mão sobre a criança, e depende do outro para
marcar e cumprir com horários de consultas, visitas terapêuticas e assim
por diante.
Diane: Antigamente, eu me ressentia do fato de que era a pessoa que
marcava todas as consultas, e ia para todas as consultas e era quem
ouvia qualquer notícia ruim. Eu tinha que lidar com isso sozinha, até
que conseguisse entrar em contato com Ray por telefone ou até que ele
chegasse em casa. Se fosse muito pesado, ele largava tudo, sem hesitar e
vinha para casa imediatamente.
Quando sabíamos de antemão que a consulta seria de grande importância,
envolvendo uma decisão sobre cirurgia, por exemplo, ele remanejava o
horário no trabalho para nos acompanhar. Mas nem sempre sabíamos e eram
tantas consultas que ele não podia ir a todas.
Acontece muitas vezes, de forma sutil, que um dos dois (geralmente a
mãe), torna se um expert; aprende o sistema e tem os contatos, e o
cônjuge (geralmente o pai) se sente mais distante. Em algumas famílias,
isso funciona bem e muitas mães relatam que adquiriram habilidades em
administração, advocacia e assertividade; sentem-se no controle e
competentes. No entanto, em outros casos, emerge, gradativamente, um
padrão no qual a mãe sente que o peso está todo sobre suas costas e ela
se ressente da falta de participação do marido. Mas pode chegar um ponto
no qual algumas mães não aceitam participação - envolver os companheiros
não compensa o trabalho que dá, pois até explicarem como realizar algo,
já o teriam feito por si mesmas. Ou não confiam que o companheiro seja
capaz de fazer aquilo que precisa ser feito pela criança (como trabalhar
com lições de fonoaudiologia, antecipar problemas e providenciar roupas
extras) ou saber o que fazer numa emergência. Esses problemas podem se
desenvolver quando as famílias estão intactas, mas há necessidade de
atenção especial quando as famílias se encontram divididas, quando a
custódia é compartilhada e quando a comunicação entre os pais que moram
separados está tensa.
Perguntando-se a respeito de sua parceria paterna
Você sente que o casal está
verdadeiramente trabalhando em conjunto
para criar seu filho, compreendendo as necessidades da criança e
buscando ajuda necessária? ( Isso não significa, evidentemente, que o
trabalho está dividido meio a meio. Significa, sim, investigar se ambos
estão satisfeitos com a divisão das responsabilidades e que conseguem
falar sobre isso quando insatisfeitos.)
Stephanie: Às vezes, a culpa é de nós mesmas, porque não pedimos
ajuda. gueremos ajuda e precisamos dela, mas ficamos ressentidas se eles
não se oferecem ou não tomam a iniciativa para perceber por si o que
deve ser feito.
Diane: E, às vezes, a gente sente que, afinal, eles trabalham o dia
todo e já têm preocupações suficientes. Deixe que eu consigo cuidar
disso.
Janet: Eu sei. Eu me sentia assim também, mesmo quando os dois
estávamos trabalhando em período integral. A mensagem que recebemos
ainda é esta - as mães são basicamente as responsáveis pelo lar e pelos
filhos.
Se um dos dois carrega a maior parte da responsabilidade, também leva
muito da culpa - ou culpa a si próprio - quando algo não dá certo ou os
planos falham. Quando tudo vai bem, você recebe e sente muito do crédito
por isso, mas, depois, quando algo não está bem o resultado pode ser
devastador. Quando os dois estão envolvidos, as decisões são conjuntas e
as intervenções são realizadas com um claro equilíbrio de
responsabilidades e isso ameniza a carga de trabalho e de
responsabilidade.
Stephanie: No início, eu estava encarregada de todas as questões
médicas e escolares. Depois, o horário de Paul ficou mais flexível,
permitindo maior envolvimento nas reuniões escolares e nas consultas
médicas. Isso faz muita diferença na qualidade de nossas decisões.
Vocês concordam quanto à disciplina, ao estabelecimento de limites e
encorajamento da independência? Um tende a superproteger, desagradando o
parceiro? É aceitável discordar, desde que o casal entre num acordo
sobre como discordar.
Todos os pais de todas as crianças têm algumas áreas de discordância
sobre disciplina, e as crianças podem aprender as diferenças entre o que
a mãe ou o pai encoraja e o que não tolera. Às vezes, as pequenas
diferenças entre os pais não são muito importantes. O que é de fato
importante é que suas opiniões sobre os limites e sobre correr riscos
seja baseada nas necessidades do filho como criança, bem como nas
precauções e experiências extras que são introduzidas considerando-se
suas necessidades especiais. Às vezes, nossa disciplina se baseia nas
nossas próprias experiências de infância ou naquilo que funciona com
nossos outros filhos, ou no que nos parece ser uma boa idéia naquele
momento, porque se sente cansada e de mau humor.
O casal está de acordo sobre quem faz o que, quando?
Ambos conseguem serflexíueis com relação a isso? Cada um de vocês tem
expectativas sobre o que as mães fazem e os pais fazem. Isso se baseia
em como foram criados por seus pais (ou em como não foram criados, daí
sua determinação em não cometer os mesmos enganos que eles); bem como
nos papéis já estabelecidos, caso vocês já tenham tido outros filhos; e
nos livros sobre criação de filhos que vocês leram.
Separe um momento para preparar uma lista. Algumas famílias precisam
fazer isso semanalmente, e até mesmo incluindo todos os filhos, para
listar providências que devem ser tomadas: planejar tarefas domésticas;
preparar projetos extras para a casa; separar objetos de uso domésticos
que precisam ir para o conserto ou fitas de vídeo para devolver; listar
itens ou peças para pegar na lavanderia ou na farmácia; dar telefonemas
pedindo informações ou marcando consultas; programar o esquema de
caronas, as saídas para treino de futebol e assim por diante. Você pode
manter um esquema de tarefas regulares, ou elas podem se alterar por
causa dos horários de trabalho, devido a doença, emergências ou eventos
inesperados. A chave está no planejamento prévio, saber o que é possível
mudar e ser flexível.
1. Faça uma lista do que tem que ser realizado.
2. Decida quem fará o que e quando.
3. Faça um plano secundário, se algo falhar.
4. Considere todos seus recursos.
5. Prepare um plano para as emergências.
É preciso fazer do seu jeito
Não importa "quem faz o que, quando".
O que importa é concordar um com o outro sobre quem faz o que e
quando. O que importa é um dizer ao outro: "Eu preciso que você
compartilhe isso comigo," e assim o outro estará ao lado. O que importa
é poder confiar que um quer estar ao lado do outro.
Ajudando a relação a crescer
Com todas as responsabilidades regulares e extras de maternidade e
paternidade, é possível perder de vista a relação a dois. Isso pode ser
particularmente verdadeiro durante as fases de sobrevivência e busca,
quando você gasta muito tempo e energia para compreender e encontrar
intervenções para as necessidades especiais de seu filho. Negligenciar
sua relação a dois pode ter efeitos prejudiciais tanto sobre seu
parceiro quanto sobre seus filhos. Uma das melhores coisas que se pode
dar a seus filhos é a experiência de convivência com pais comprometidos
um com o outro, que se amam e se gostam, que se divertem e dão risada um
com o outro. Seu romance, sua amizade e seu trabalho conjunto em direção
ao futuro é um modelo das expectativas de seus filhos para suas próprias
relações adultas.
Mesmo se você se encontra separada ou divorciada, pode apresentar uma
frente unida para seus filhos perceberem que conseguiram ter vidas
separadas com sucesso, embora tenha sido, possívelmente, com novos
parceiros. O esforço talvez seja maior (muito maior, mesmo) para
trabalhar em conjunto nas questões relativas ao filho, mas é possível
separar seus sentimentos sobre o outro (se não forem desconfortáveis ou
negativos).
Existem divórcios bem-sucedidos que providenciam modelos positivos de
papéis para as crianças, bem como comunicação efetiva, habilidades de
resolução de problemas e uma sensação de segurança e estabilidade.
Mantenha o romance
O que foi que aconteceu com aquele relacionamento que fez com que
vocês quisessem passar o resto de suas vidas lado a lado?
Espontaneamente, um faz algo carinhoso pelo outro?
Lembram-se de aniversários, datas especiais e outras ocasiões?
quantas vezes se divertem juntos e conversam sobre assuntos
não-relacionados ao filho e questões relacionadas a ele? Se você estiver
cansada, tensa, deprimida ou preocupada, poderá perceber que a vida
sexual fica prejudicada, principalmente quando há pressão ou preocupação
sobre outra gravidez.
Você considera que a relação é satisfatória, mas que um não diz ao
outro quanto o ama, o quanto aprecia o apoio e a compreensão que recebe?
Ainda há um sentido de romance no relacionamento? Um faz coisas pelo
outro que demonstram seu carinho? Vocês saem juntos para um jantar
romântico ou um passeio ao luar? Dão ou recebem pequenos presentes que
significam "Pensei em você hoje."? Um sente saudade do outro quando
estão separados, mas também sabem apreciar a distância? Você sente que
seu parceiro realmente reconhece e respeita o trabalho duro que você
realiza? Há muitas formas de reafirmar seu amor e compromisso. Tente
algumas delas.
Alimente sua amizade
Um relacionamento pode ficar balançado quando qualquer tipo de trauma
é imposto. Os relatos sobre a incidência de divórcio entre pais de
crianças com necessidades especiais são conflitantes; alguns dizem que a
incidência é maior, outros que é menor, e outros, ainda, que nâo é
diferente da média nacional.
Há sempre a possibilidade de que um relacionamento estável e
confiável não vença os desafios relacionados com a criação de uma
criança com necessidades especiais. Um dos parceiros poderá se mostrar
incapaz de lidar com as mudanças exigidas ou o casal poderá descobrir
que não é capaz de trabalhar em conjunto numa nova direção. No entanto,
a probabilidade é que, se seu relacionamento era forte e seguro antes do
nascimento da criança, vocês perceberão que, após o nascimento de uma
criança com necessidades especiais, o compartilhar de intimidade,
companheirismo e apoio se tornam ainda maiores.
Se o relacionamento estava balançando antes do nascimento da criança,
poderá deteriorar-se ainda mais. Se o relacionamento estava desgastado,
a criança poderá se tornar o foco da infelicidade para que os problemas
do casal sejam escondidos debaixo do tapete, ou o relacionamento poderá
se tensionar até o ponto de uma ruptura.
Muitos relacionamentos em famílias típicas perduram durante anos com
questões como objetivos de vida e valores pessoais nunca sendo testados.
Muitos casais nunca compartilham a profundidade dos sentimentos, o dar e
receber apoio e a resolução de problemas, com os quais você é obrigada a
lidar. Isso poderá enriquecer um relacionamento forte ou acentuar os
problemas de um relacionamento fraco. A criança poderá ser culpada como
"a causa", mas isso simplesmente não é verdade. Uma criança com
deficiência não causa o divórcio.
A amizade que você e seu cônjuge têm é uma ligação vital que
transcende seus papéis e responsabilidades de pais. Sua amizade permite
o compartilhar de interesses, o apoio e encorajamento de seus objetivos
e interesses individuais. À medida que os filhos crescem e se tornam
independentes, seus papéis paternos mudarão, e o relacionamento que se
iniciou antes de as crianças nascerem novamente se tornará o foco. Criar
uma criança com necessidades especiais provavelmente causará mudanças em
cada um de maneiras não antecipadas. A força e o apoio oferecidos ao
outro e desejados por parte dele poderão criar um vínculo de amizade e
respeito que nenhum outro iguala.
Olhando para o futuro
Quando os dois estão sobrevivendo, focalizam-se fortemente as
questões de enfrentar e reagir um dia de cada vez. Seus pensamentos
quanto ao futuro são temerosos - pergunta-se como a criança e o
relacionamento resistirão às incertezas.
Quando se está focalizando a busca, sua visão do futuro ainda estará
obscurecida pela confusão e pela incerteza, e muito de sua energia é
gasto nas questões imediatas da busca de serviços.
Na época em que se sente maior ajustamento e à medida que as questões
da separação chegam ao primeiro plano, você se torna mais consciente das
possibilidades e desafios futuros para seu filho. Vocês se tornam mais
capazes de antever e planejar o futuro como indivíduos como casal e como
família.
À medida que trabalham para equilibrar suas vidas, para olhar para a
frente, em vez de precisar focalizar o "agora", aumentam sua energia,
esperança e sensação de escolha sobre o caminho que trilharão em
conjunto. Descobrirão que a experiência da paternidade é, ao mesmo
tempo, mais e menos do que você antecipara, mas na verdade, todas as
experiências de paternidade são assim.

4 - IRMÃOS
É incrível quantos tipos diferentes de pessoas se encontram numa
mesma família.
Como a maioria dos pais, você, sem dúvida, preocupa-se com o impacto
que as necessidades especiais de seu filho terão sobre seus outros
filhos. As crianças não têm problemas somente porque seu irmão ou irmã
apresenta uma deficiência.
Podem desenvolver problemas se seus relacionamentos especiais com os
pais forem interrompidos, se suas vidas forem afetadas por estresses na
família ou se sua própria infância for violada de forma muito acentuada.
Cada um reagirá de forma distinta, dependendo da idade, de como sua vida
é afetada no momento, de seus estilos próprios de personalidade e de
como você se comporta com eles.
-
Suas relações com seus filhos poderão ser influenciadas pelo momento
em que você se encontra no processo de adaptação.
-
As relações entre irmãos nas famílias típicas não são perfeitas,
portanto, você nâo deve esperar que o sejam na sua família, tampouco.
-
Seus outros filhos também passam por suas próprias fases de
adaptação, mas de maneiras diferentes de você.
-
Seu filho com necessidades especiais poderá apresentar tanto reações
positivas quanto negativas ao fato de ter irmãos sem deficiências.
-
Independentemente de quanto você deseja ser uma mãe perfeita, não a
será. Há estratégias para evitar problemas e construir relacionamentos
melhores entre irmãos (mas não sem obstáculos).
Fases de adaptação na sua familia
Quando você está lidando com as emoções da sobrevivência, você poderá
se sentir ansiosa, com menos tempo e energia disponível para seus
filhos. Poderá ter dúvidas sobre o que dizer a eles. Se você estiver
sentido a confusão da sobrevivência, seus filhos poderão pressentir que
algo está errado. Se compartilhar com eles seus medos maternos e eles
observarem que você está desmoronando, poderão sentir-se inseguros e
confusos.
Durante sua luta com a busca, talvez perceba que as necessidades e
desejos dos outros filhos recebem menor atenção de sua parte, se você
estiver envolvida com as inúmeras tarefas de encontrar intervenções;
você poderá estar ocupada com telefonemas ou levando a criança para
consultas. Além disso, conforme as idades de seus outros filhos e a
disponibilidade de ajuda, eles poderão passar bastante tempo no carro ou
em salas de espera.
Quando você está se ajústando, com a vida emocional mais previsível,
com sorte, a vida para seus outros filhos poderá continuar como era
antes do período em que seu foco era a sobrevivência. Questões relativas
à separação poderão, por sua vez, envolver os irmãos, à medida que você
encoraja a independência de seu filho com necessidades especiais. Você
poderá estar pensando sobre os cuidados e responsabilidades do futuro, e
em como seus outros filhos se envolverão nas decisões a longo prazo no
que diz respeito a seu filho com necessidades especiais. Cada um a sua
maneira, conforme a idade e a personalidade, os outros filhos passarão
por suas próprias fases de sobrevivência e busca interior, enfrentando,
por fim, suas próprias questões e sentimentos relacionados à separação.
Alguns lembretes sobre relacionamentos típicos de lrmãos
Cada família e cada criança é distinta. Há inúmeras combinações de
fatores - tamanho da família, número de filhos, distância nas idades,
meninos versus meninas e assim por diante. Não há previsões precisas que
possam ser feitas sobre como cada filho seu irá reagir às necessidades
especiais do irmão.
Temos alguns conhecimentos gerais sobre os relacionamentos entre
irmãos (os quais devem tranqüilizá-la consideravelmente) e sobre os
fatores de risco em famílias como a sua.
Todas as crianças têm que desistir de um pouco de seus pais quando
nasce uma nova criança.
Quando nasce um novo bebê, todos os filhos precisam desistir de uma
parte de seus pais. Seus filhos que "chegaram primeiro" terão
sentimentos mistos sobre a nova chegada.
Junto com o entusiasmo pelo novo parceiro para brincar, vem o
ressentimento pela perda do trono. As irmãs mais velhas tendem
especialmente a tornarem-se "pequenas mães", podendo assumir seus
papéis com muita seriedade. O mais novo (ou único outro filho) perde seu
papel especial de bebê. Agora, passa a ser o irmão mais velho. Poderá
ver nisso um papel importante ou um aborrecimento. A reação de meninos e
meninas pode ser diferente. Um filho do meio também poderá sentir a
situação de forma diferente da dos outros irmãos. Além disso, aqueles
que chegam depois da criança com necessidades especiais também poderão
reagir de forma diferente. Os padrões de sua família com a criança
portadora de uma deficiência já estão estabelecidos e uma nova criança
nâo sabe que em outra época as coisas eram diferentes, por isso, ela
simplesmente se torna parte de tudo.
As crianças são naturalmente autocentradas
As crianças interpretam o mundo com base em como os eventos afetam
suas vidas. O fato de que seu irmão ou irmã apresenta uma deficiência
por si só não significa que eles desenvolverão problemas. As questões
críticas são como você se comporta com elas, como suas atitudes e
atenção para com a criança com necessidades especiais as afetam. Irmãos
podem desenvolver problemas porque estão recebendo menos atenção de um
ou de ambos os pais; porque os pais estão cansados e irritados; por
causa de limitações financeiras que restringem as escolhas educacionais
e sociais; ou por causa de atitudes referentes às restriçôes colocadas
sobre as atividades da família, que ocorrem em função das necessidades
especiais ou problemas do irmão.
As crianças crescem adaptando-se àquilo que conhecem, Muitas famílias
têm crises ou problemas prolongados - divórcio, doença, pobreza,
mudanças e assim por diante. As crianças se adaptam de acordo com a
maneira como as coisas as afetam diretamente. Se sentirem-se seguras e
cuidadas, e se sua infância for protegida das tensões e problemas dos
adultos, conseguirão se ajustar - uns melhor do que outros, certamente,
mas isso parece ser verdadeiro para muitas crianças por muitas razões.
Diane: Reconheci. ao olhar os álbuns da família, que não havia
nenhuma foto minha quando pequena porque meu irmão um ano mais novo
tinha problemas cardíacos. Isso deve ter sido tão desgastante, tão
estressante que não havia tempo para mim.
Lembro-me de ter sentido raiva de meu irmão porque ele ocupava tanto
do tempo de minha mãe. Eu não sabia que eles estavam simplesmente
tentando manter o coitado vivo. Ela tinha mais três filhos para cuidar,
e provavelmente nem teve tempo de se sentir mal com isso.
As crianças reagem a mudanças e incoerências nos papéis e nas
expectativas
Ter uma criança com necessidades especiais geralmente significa
exigências diferentes sobre as outras crianças do que no caso de um bebê
típico. As crianças reagem quando se exige repentina e inesperadamente
que elas se tornem "pequenos adultos", devendo assumir responsabilidades
extras ou quando suas necessidades são ignoradas.
Na maioria das famílias, as crianças ajudam a cuidar umas das outras
Na maioria das famílias, as crianças cuidam umas das outras. Na
realidade, em muitas outras sociedades, os filhos mais velhos assumem a
maior parte dos cuidados com os mais novos. A sociedade americana é uma
das poucas que têm a visâo de que o cuidado dos filhos é
responsabilidade dos pais (principalmente da mãe) e que "cuidar dos
irmãos" priva as crianças mais velhas de ter suas necessidades
atendidas, e as mais novas dos carinhos e intluências dos pais. Em
muitas famílias, os filhos mais velhos parecem lmitar naturalmente os
papéis paternos com seus irmâos mais novos e se deliciam, muitas vezes,
em ser "o ajudante da mamãe". Os mais velhos ajudam os mais novos em
todo tipo de atividade e isso pode ser motivo de orgulho e competência
para crianças mais velhas.
Os irmãos passam por fases de não se dar bem entre si
Não é incomum que os filhos passem por períodos em que "não gostem"
de seus irmãos. Podem não querer ficar junto de um ou mais irmãos. Podem
sentir ciúmes da aparência ou realizações do outro; podem achar que um
dos irmãos é mais inteligente ou atlético ou que recebe mais atenção
positiva de um certo parente. Com o tempo, os relacionamentos entre
irmãos mudam. Podem ser grandes amigos durante anos, em seguida
tornam-se inimigos e posteriormente passam a viver juntos.
"A vida não é justa"
Uma hora ou outra, a maioria das crianças reclama que algo
simplesmente não é justo, o que se entende como "Você gosta mais dela do
que de mim". A maioria das crianças reclama quando se sente prejudicada
em algo. Alguém pôde ficar acordado até mais tarde, pôde sentar no banco
da frente de novo, conseguiu ficar mais tempo com o videogame ou usou
toda a água quente no seu banho. As crianças raramente relatam quando
ganham o maior pedaço de torta. Você acredita que trata todas as
crianças mais ou menos igualmente, no entanto, cada uma fica diferente e
até tem lembranças e interpretações distintas sobre eventos idênticos.
Reações possíveis de irmãos à deficiência na família
Os irmãos podem experienciar um sem número de reações ao saber que
seu irmão apresenta uma deficiência. As reações listadas a seguir
poderão ou não ser aplicáveis a um ou a todos os seus filhos. Mesmo se
um ou mais de seus filhos tiver qualquer dessas reações, isso não
significa que ele apresenta um problema sério de ajustamento. As
crianças passam por fases. O que provoca raiva hoje pode nâo ser mais
importante daqui a um mês. Talvez você nunca saiba o que gerou ou
interrompeu alguns desses sentimentos. Numa família, às vezes, parece
que as crianças se revezam sendo colaboradoras e fáceis de conviver,
enquanto uma está numa fase impossível.
Suas idades, seus interesses pessoais fora da família (como com
amigos ou na escola) afetam a forma como parecem estar reagindo ao filho
com necessidades especiais.
A maioria dos irmãos apresenta reações mistas às necessidades
especiais do irmão, e é assim que deve ser. O significado das
"necessidades especiais" é muito diferente para eles do que é para você
e, no caso de muitas crianças, não é necessário que suas vidas sejam
grandemente afetadas. Quando se combinam todos os fatores em sua própria
situação, você saberá, em primeiro lugar, que cada família é diferente.
O tamanho de sua família, a ordem de nascimento de seus filhos, a
extensão da ruptura criada pelas "necessidades especiais", a qualidade
do apoio que você tem e suas próprias reações emocionais, crenças
religiosas e culturais afetam as reações de seus filhos.
A maioria dos irmãos tem muitas reações "positivas" entusiasmo em
relação à chegada de um novo irmão ou irmã, "uma preocupação otimista"
sobre os problemas que o irmão apresenta e um cuidado carinhoso e
apoiador. Além disso, muitos irmãos nâo ligam muito para as necessidades
especiais do irmão. Simplesmente isso não importa muito, e não os vêem
como nenhum grande problema.
Diane: Sara pensa em Catherine como tendo uma deficiência? De jeito
nenhum. Nem um pouco. E acho que nunca considerou o problema. Ela é
apenas Catherine. Na verdade, ela sempre me diz que eu deixo Catherine
"se safar" das coisas. Ela me diz: "Ela é perfeitamente capaz de fazer
isso sozinha. mãe." E, geralmente tem razão.
As emoções negativas que se seguem não são realmente negativas, e sim
uma parte normal da infância, bem como do processo de adaptação - assim
como quando você vivenciou as questões de sobrevivência e busca. Seja
paciente, otimista e observadora. Ao identificar umas dessas reações em
seus filhos, a tendência será de reagir em excesso, perguntando-se se a
raiva da criança ou sua preocupaçâo está prestes a se exacerbar,
tornando-se um problema sério que vai durar até a vida adulta. Lembre-se
de que maioria dos sentimentos vem e vai embora e as crianças geralmente
elaboram o problema. Seus próprios medos fazem com que você exagere uma
simples interação infantil. Por exemplo, seu filho típico, Billy, acaba
de bater em Susan, sua filha com necessidades especiais, gritando "Eu te
odeio". Isso aconteceu porque Susan derrubou os Legos do Billy? Ou foi
porque Billy se ressente de todo o tempo que você passa cuidando dela
por causa de suas necessidades especiais? Provavelmente, a questão
surgiu devido aos Legos e se. em geral, você considera que Billy e Susan
estão bem, deixe que os dois se resolvam. No entanto, se os problemas
persistirem, talvez você queira conversar com outros pais ou procurar
ajuda profissional. Entre as reações fraternas normais que vêm e vão,
mas que poderiam gerar problemas em potencial se persistirem, constam:
-
- raiva porque você não está disponível para eles como antes; raiva da
criança que tirou você deles ou raiva porque eles têm que sacrificar um
pouco de seu tempo, liberdade ou atividades;
-
- preocupaçâo de que poderão desenvolver uma deficiência; de que os
problemas do irmão poderão se agravar; ou de que eles serão responsáveis
pelo futuro do irmão;
-
- medo de que eles, de alguma forma, causaram a deficiência; ou medo
de que causarão tristeza a você se não tiverem um desempenho excelente;
-
- culpa por sentir raiva ou por desejar que o irmâo simplesmente
desapareça;
-
- confusão sobre a natureza do problema; ou sobre se tudo vai dar
certo;
-
- ansiedade sobre a tristeza, a tensão, o aumento de atividade em casa
e sua preocupação com os cuidados com as necessidades especiais de seu
outro filho. (Crianças ansiosas nem sempre sabem a razão da ansiedade;
às vezes, demonstram isso de outras maneiras, como molhando a cama,
apresentando maneirismos de ordem nervosa, medo em outras áreas,
retraimento ou problemas de comportamento. )
Além disso, as crianças têm suas próprias questões de busca. Não são
as grandes questões de "Por que?" dos adultos, mas têm suas dúvidas
sobre a razão de seu irmão ter uma deficiência. É preciso que
desenvolvam seus relacionamentos com a criança com necessidades
especiais, conforme isso afeta suas vidas no cotidiano. Sua busca será
mais focalizada sobre como esse marco na vida afeta seu próprio
relacionamento com você. Seus filhos poderão querer 8car colados a você,
mostrar-se bonzinhos, dóceis demais e muito pouco exigentes; ou, por
outro lado, aumentar seu nível de expectativas de si mesmos porque
percebem que você necessita que se destaquem, provocando, então, um medo
de que o fracasso ou mesmo o desempenho médio resultará na perda do
amor.
Poderão assumir o papel de responsáveis pelos cuidados, tornando-se
tão "adultos" que fica difícil para eles - e para você - lembrar que
ainda são crianças. Poderão se tornar "mãezinhas" a tal ponto que
realmente passam a sentir-se responsáveis pelo irmão. E difícil saber em
que momento essa questão se torna problemática, porque há muitos
aspectos maravilhosos no processo de irmãos aprenderem a cuidar uns dos
outros, principalmente quando um deles tem necessidades extras de
cuidados diários. Isso poderá se tornar um problema quando o irmão mais
velho é prejudicado nas suas necessidades infantis.
Reações possíveis de seu
filho com necessidades especiais
Como ficam as reações de crianças com necessidades especiais em
relação aos irmãos? Talvez assistam a seus irmãos mais novos
ultrapassá-los - andando, falando. indo à escola. indo brincar lá fora
ou talvez adquirindo mais responsabilidades e privilégios. Seu filho com
necessidades especiais poderá ter reações ao fato de ser dependente do
irmão para os cuidados básicos da vida diária, como alimentação ou ajuda
para brincar.
Seu filho com necessidades especiais poderá se mostrar bastante
sensível a sua alegria e a seus elogios para com as realizaçôes do irmão
em inúmeras coisas que ele mesmo não é capaz de fazer e talvez nunca o
será. Como resultado, poderão ocorrer sentimentos de vergonha e raiva
dos irmãos. Em comparação com eles, suas realizações poderão ser vistas
como pequenas (por si mesmo ou pelos outros), poderão ser ignoradas, não
tão valorizadas ou consideradas de pouca importância. No entanto, essa
criança poderá receber muito maior atençâo por seus esforços do que seu
irmãos, porque você está muito mais atenta a seu desenvolvimento.
Encontrar o equilíbrio certo, às vezes, parece ser uma tarefa
impossível.
Janet: Às vezes. é difícil nos lembrarmos de elogiar as crianças
típicas. Estamos tão acostumados a elogiar cada pequeno passo no
progresso de Ryan que. quando sua irmã realiza algo que para ela é
fácil. e eu sei que para Ryan o esforço levaria um tempo dez vezes
maior, é fácil a gente se esquecer de que ela se orgulha tanto de seus
esforços quanto ele.
Em algumas famílias, a criança com necessidades especiais tem um
status privilegiado. Como não pode realizar certas coisas, ela sempre
fica sendo a primeira ou ganha mais que as outras. Poderá ficar tão
mimada que desenvolve uma atitude de considerar-se no direito de
privilégios especiais e espera que os outros - mesmo os de fora da
família - façam concessões a sua pessoa, dispensando-lhe tratamento
especial. Isso freqüentemente nâo cai bem com outras crianças ou
irmãos. Sempre que possível, você deve exigir o mesmo padrão de
comportamento para todos os seus filhos, baseando-se nas suas idades e
habilidades. As exceções nem sempre são consideradas "justas" e será
preciso explicá-las. Alguns princípios, como respeito pelo espaço e
propriedade pessoais, devem ser os mesmos, independentemente de idade ou
habilidade. Os irmãos inspiram e motivam uns aos outros. Os mais novos -
quer em idade ou em desenvolvimento - observam e desejam copiar as
realizações mais avançadas de seus irmãos mais velhos. Todos os seus
filhos aprenderão valiosas lições sobre as diferenças humanas - que
todos têm tarefas que realizam de forma mais rápida ou mais lenta do que
os outros e que algumas pessoas têm pernas que não funcionam, outras têm
maior dificuldade para falar, e ainda outras não enxergam ou ouvem muito
bem. Também estarão aprendendo que, quando se pode realizar algo que
outra pessoa não pode, ajuda-se o outro, descobrem-se formas de se
comunicar, brincar e conviver.
Janet: A irmã e o irmão de Ryan sempre mostraram saber que tinham que
ter mais cuidado com ele. Eu nunca lhes expliquei isso, simplesmente
pareciam saber instintivamente que ele não era fisicamente forte.
Armadilhas da atuação paterna
Não fossem meus filhos... eu poderia ser uma mãe perfeita.
Independentemente de seus esforços, de sua sensibilidade e boas
intenções, você se encontrará dizendo ou fazendo aquela coisa que sabe
que é absolutamente errada (não somente você, mas todas as outras mães).
Seguem-se abaixo algumas das armadilhas mais comuns da atuação dos pais.
1. Você se percebe esperando mais de seus outros filhos por causa do
tempo e energia exigidos de seu filho com necessidades especiais. Você
quer ou precisa que eles sejam mais auto-suficientes, quietos e
pacientes, que esperem mais, que gastem horas indo a clínicas ou
consultas médicas; que não causem transtornos; ou que resolvam os
problemas por si mesmos. Você espera melhor desempenho na escola, nos
esportes ou na música.
2. Você pode mimar seus filhos típicos ou se entregar aos seus
impulsos e exigências para compensá-los por suas perdas ou por esperar
demais deles. Compensar é uma tarefa impossível. Para tentar fazê-lo
seria preciso manter uma "lista" de todo tempo, atividades e energia que
o filho típico nâo recebe, decidindo então quais presentes, privilégios
ou atividades têm valor equivalente. Contemplar isso é mentalmente
estafante e o fato é que aqueles que fazem tais listas são motivados
pela culpa, portanto, de qualquer forma, a lista nunca fica equivalente.
3. Você poderá (lhes dizer o que devem sentir - que devem sempre amar
seu irmão e nunca ficar com raiva. É preciso que seus sentimentos sejam
ouvidos e respeitados sem crítica ou julgamento. Ou você poderá ignorar
seus sinais de problemas porque não consegue lidar com mais frustrações
ou desapontamentos nos outros filhos.
4. Você poderá perceber que interrompe frequentemente as atividades
de seus outros filhos para cuidar da criança com necessidades especiais,
ou insiste que sempre incluam a criança deficiente em suas brincadeiras
ou outras atividades. Observe se você não tende a exagerar nisso. Poderá
criar ressentimentos em seus filhos, como se suas necessidades fossem
sempre secundárias. Além disso, poderá fazê-los sentirem-se culpados
desse ressentimento quando pensam que deveriam se sentir dispostos a ter
suas necessidades atendidas em segundo lugar.
Quando há necessidade de ajuda extra
Às vezes, seus outros filhos podem desenvolver problemas em áreas que
podem ou não estar relacionadas ao problema do irmão. Alguns problemas
podem ser: a tentativa exagerada de ser a criança "perfeita", medo de
deixar você, ressentimento extremo e prolongado ou raiva, retraimento,
problemas de comportamento na escola ou reclamações de ordem física. Se
houver atenção em demasia focalizada na criança com necessidades
especiais, seus outros filhos poderão sentir que a única forma de obter
atenção é por meio da doença ou desenvolvendo um problema que certamente
chamará atenção.
Muitos problemas que você pode identificar em seus filhos podem ser
fases; as crianças passam por fases,quando estiver preocupada com um
problema que percebeu numa das crianças, avalie o que se passa na
família toda e como está seu relacionamento com a criança neste momento.
Há terapeutas de família e terapeutas infantis que podem auxiliá-la a
avaliar a natureza e a gravidade do problema de qualquer filho ou da
família. Além disso, embora tal serviço não seja comum, às vezes, é
possível encontrar um grupo de apoio para irmãos - ou você poderá ajudar
a iniciar um grupo desses.
Estratégias para o sucesso
É claro que você deseja que seus outros filhos sejam afetados apenas
de formas positivas, tornando-se generosos, tolerantes, pacientes,
bem-humorados, compreensivos e carinhosos para com o irmão deficiente.
E se você, como o modelo mais importante, conseguir retratar esses
traços coerentemente, talvez eles também o façam.
Estabeleça o tom e mantenha-se no controle
Estabeleça o tom - Sua tarefa é fornecer um ambiente positivo, otimista,
alegre, carinhoso, estável e equilibrado, no qual todos os seus filhos
possam ser admirados como indivíduos, quer sejam espertos ou não, ágeis
ou não, fortes e saudáveis ou não. Seus filhos buscam em você os recados
importantes: Trata-se de uma tragédia ou a vida continua?
Esta família é feliz, diverte-se e ri em conjunto? As responsabilidades são compartilhadas?
Susie: Nossas familias não são equilibradas e estamos sempre buscando
compensar isso. Ninguém grita com Betsy: só com Andy. Andy tem que
cumprir certas obrigações; Betsy não. Mas Betsy não tem tudo o que Andy
tem. Odeio ter que dizer: "Andy, você tem que vir comigo por causa de
qualquer coisa que se refere a Betsy." Mas sabe de uma coisa Em outras
famílias os filhos também têm que fazer isso. Somos três pessoas
cuidando de Betsy, e a realidade é essa.
Mantenha-se no controle - Seus filhos precisam sentir que você tem
domínio sobre a situação, que eles não precisam se preocupar com a
deficiência, com o irmão ou com você. Mesmo que haja problemas sem
respostas, seus outros filhos devem saber que você está buscando
soluções e que os experts também estão. Precisam ouvir você falar de
sentimentos de preocupação e inquietação - mas isso em nível limitado e
de forma que eles possam compreender e ainda se sentirem seguros. Não
precisam pensar que mamãe ou papai estão desmoronando (e que então eles
deverão cuidar de você!).
Comuniquem-se
Converse com eles - Encoraje seus filhos a expressar suas
inquietações. Algumas das necessidades e sentimentos mais comuns são o
medo (de que o irmão poderá morrer ou de que eles pegarão a
deficiência), a preocupação (de que o dinheiro não será suficiente ou de
que não será possível ter amigos) e a raiva (se a criança quebra seus
brinquedos, entra no seu quarto, diz bobagens na frente de amigos). Os
sentimentos não se agravam quando se fala a respeito. Agravam-se quando
"não são permitidos". Há uma tendência a pensar que podemos ajudar os
irmãos a se ajustarem quando dizemos a eles como devem se sentir ("Eu
sei que você ama seu irmão") ou como gostaríamos que eles se sentissem
("Você não deve nunca ficar bravo com ele; não é culpa dele").
Diane: Nunca diga: "Eu sei como você se sente." Você provavelmente
não sabe como eles se sentem.
Escute-os - quando seus filhos expressam sentimentos, levantam
perguntas ou dizem algo que você na verdade não gostaria que eles
sentissem ou perguntassem, procure não reagir em excesso, mudar de
assunto ou fazer um sermão a respeito. Escutar o que seus filhos têm a
dizer significará ouvir muita coisa que não parece ser muito importante
e talvez nem seja muito interessante (para você). No entanto, esse tipo
de escuta é a mais importante. Gera uma sensação de confiança, de que
você tem tanto carinho pela pessoa que se coloca disponível e sabe
ouvi-la. Ouvir as "pequenas" coisas é um treinamento básico para as
"grandes".
Dê informações - Forneça a seus filhos informações que eles tenham
condições de compreender e encoraje-os a fazer perguntas. Ao falar com
os irmãos, existe sempre uma tendência a falar demais sobre o tratamento
médico ou diagnósticos ambíguos, bem como a deixá-los acreditar que
fazem parte do processo de decisões sobre o irmão. Muitas vezes, os
filhos escutam conversas dos pais, suas inquietações e dúvidas, e pensam
que algo terrível está para acontecer.
Existem vários livros escritos para crianças sobre todo tipo de
deficiência. Há livros informativos e livros de figuras para os
pequenos, bem como ficção para jovens da faixa ginasial e para jovens
adultos. Cheque com a bibliotecária de seus filhos ou em livrarias para
crianças. Muitas livrarias gerais também vendem livros infantis e podem
ter coleções novas sobre "necessidades especiais".
Diane: Pergunte o que as crianças querem saber e você se surpreenderá
que muitas vezes é necessário fornecer pouca informação.
Como você lida com eles é o fator mais importante nas reações de seus
filhos. Se a criança teve um problema a partir do nascimento e houve um
alvoroço de atividades relacionadas a crises médicas, diagnóstico ou
decisões urgentes a tomar, a alegria e expectativa que as outras
crianças tinham com a chegada do novo bebê se interromperam. É preciso
decidir quanta informação deve se dar e, então, fornecê-la de forma que
não assuste ou perturbe as outras crianças.
Stephanie: Embora Emma seja dois anos mais velha que Teddy, há muitas
coisas que ele consegue realizar com mais facilidade ou rapidez do que
ela. Quando surge algo desse tipo, digo a ele que algumas coisas são
mais difíceis para ela ou que ela necessita de um pouco mais de tempo
para fazer algo, porque cada um tem seu passo ou formas diferentes de
aprender a fazer as coisas. Não se trata do que é "melhor"; trata-se de
diferenças, não de deficiências.
Tranqüilize-os - Há algumas coisas que seu filho não pode fazer e
isso significa que é preciso um pouco de ajuda extra. Focalize o que ele
consegue fazer e como poderá aprender novas tarefas de novas formas. Quando perguntarem o que vai acontecer e se ele um dia irá andar ou
falar, não dê promessas falsas e não minta. Mantenha-se otimista. Diga
coisas como: "Não, ele não vai andar. Mas vai se locomover na sua
cadeira de rodas" ou "Não temos todas as respostas ainda. Algumas
respostas são difíceis de encontrar, mas ainda estamos procurando."
Faça reuniões semanais em família - Reuniões familiares podem ser
mantidas para levar reclamações, resolver problemas, rever e designar
responsabilidades familiares, planejar atividades em família e decidir
quem poderá escolher a sobremesa para o jantar da família daquela
semana, bem como quem precisa de mais tempo ou dinheiro para a semana
seguinte quando se tem uma criança com necessidades especiais, que
precisa de atendimento mais próximo dos pais e também de maior atuação
dos irmãos, então é preciso transmitir a mensagem de que todos ajudam,
mas as necessidades de todos serão atendidas.
Prevenindo problemas com cada um de seus filhos
Como muitos pais, você talvez se preocupe se seus filhos típicos
irão desenvolver problemas devido às exigências impostas pelas
necessidades especiais do irmão. Muitas de suas inquietações
provavelmente se iniciaram durante seu período de sobrevivência. Ao
avançar e sentir-se mais autoconfiante como mãe, já com maiores
informações sobre sua situação, suas inquietações gerais se amenizam. Ao
adaptar-se e ajustar-se, toda a família se beneficiará com seus
sentimentos maiores de competência e controle. Nesse meio tempo,
seguem-se alguns lembretes do que todos os seus filhos poderão estar
precisando de você.
Proteja suas infâncias
Todos os seus filhos precisam de seu próprio tempo para amigos e
atividades e simplesmente para "rodar por aí" e ficar a sós. Precisam de
seu próprio espaço para privacidade e pertences - mesmo que isso seja
apenas uma gaveta ou uma caixa no armário. Precisam de um tempo com você
para uma atenção especial individualizada. Necessitam que seu tempo,
privacidade e pertences sejam respeitados.
Permita-lhes algum controle sobre suas próprias vidas
Dê-lhes liberdade de sentir que não estão encarregados de criar a si
mesmos, nem tampouco o irmão que tem uma deficiência. Equilibre as
responsabilidades familiares. Em qualquer família, há tarefas a
realizar. Cada família é diferente. Em algumas, as crianças não são
responsáveis por nenhuma tarefa; em outras, todas as tarefas são
divididas igualmente. Uma reclamação comum entre irmãos é "Ela nunca tem
que ajudar. Eu tenho que catar os brinquedos dela." Inclua a criança com
necessidades especiais nas tarefas, de forma apropriada, e converse com
os outros filhos sobre isso.
Janet: Aos dez anos. Ryan odiava ver sua irmã jogando futebol e tenho
certeza de que isso era porque ele não é muito atlético e não se
interessa. Antigamente, eu o levava para o treino de futebol, pois
simplesmente não refletia sobre o assunto e um dia ele disse: Ei, que
tal você me deixar ali à biblioteca do outro lado da rua; me busque
quando o treino acabar. " Fiquei tão orgulhosa dele por solucionar o
problema em vez de só ficar reclamando, e ele também ficou orgulhoso de
si mesmo.
Lembre-se de que todos os seus filhos têm necessidades especiais
Todos os seus filhos têm necessidades especiais. Esteja disponível e
certifique-se de que eles têm tempo com cada um dos pais individualmente
e sabem que vocês estão ali para as "pequenas" coisas. Fique em contato
com suas vidas, interesses, sentimentos e atividades. Eles precisam de
mais do que as sobras que restam.
Susie: Eu disse ao Andy: "Você tem consciência da facilidade que você
tem para fazer as coisas." Ele tinha tido um dia frustrante na aula de
tênis. Tive o impulso de dizer: "Olhe a Betsy. Ela nem consegue segurar
a raquete". mas felizmente não disse nenhuma palavra sobre ela.
Construindo relacionamentos melhores entre irmãos
Criar filhos envolve muito mais do que apenas a prevenção de problemas.
Você quer que seus filhos desenvolvam relacionamentos positivos e
afetivos uns com os outros. Para ampliar suas chances de sucesso,
deve-se modelar os traços que você gostaria que eles imitassem. Trate
cada um com respeito por suas necessidades individuais e também
demonstre formas pelas quais poderão trabalhar em conjunto. Seguem-se
abaixo algumas sugestões de como envolver seus filhos típicos com seu
filho com necessidades especiais. As idades e necessidades de todos os
seus filhos exigem alteração das idéias propostas.
Stephanie: As crianças parecem desenvolver um senso do que os outros
podem ou não realizar e se ajustam ao outro de forma muito natural.
Hora planejada para brincar
Os relacionamentos entre irmãos se desenvolvem por meio de dar e
receber, trabalhar e brincar, brigar e fazer as pazes. Na família
típica, o brincar junto pode ocorrer espontaneamente; começa e pára;
pode ser móvel. Disputas sobre brinquedos ou regras se resolvem. No
entanto, quando uma criança tem necessidades especiais, algumas
interações não podem ocorrer naturalmente. Talvez seja necessário que
sejam programadas ou adaptadas. Se o tempo de atenção de seu filho for
curto, talvez ele queira se sentar na hora de ouvir uma história, mas
logo se distrai e atrapalha a leitura; se ele tem um problema para
segurar brinquedos, poderá necessitar de ajuda para brincar de
faz-de-conta.
É possível que, muitas vezes, você queira que seus outros filhos
incluam a criança com necessidades especiais nas brincadeiras, mas eles
não estão com vontade, têm lição de casa, ou estão muito "ocupados". A
hora planejada para brincar foi desenvolvida para um número grande de
famílias com crianças com atrasos de desenvolvimento e com irmãos mais
velhos. Selecionou-se um horário específico no dia (perto da hora de
jantar é geralmente um bom momento). Cada irmão escolheu um período de
tempo de 10 a 15 minutos para brincar um a um com a criança com
deficiência. A mãe utilizou um relógio de cozinha para marcar o tempo.
Podiam brincar por mais tempo se quisessem. Durante a hora planejada
para brincar, as duas crianças brincavam do que quisessem, mas não
podiam assistir a tevê e nenhuma das outras crianças podia interromper.
Era um momento especial juntos.
A hora planejada de brincar atingiu vários objetivos. Em famílias com
várias crianças, o momento especial permitiu um descanso rotineiro da
supervisão de algumas das crianças, deu à criança com necessidades
especiais um pouco de tempo para brincar de forma concentrada e
individual com um irmão - algo que raramente ocorrera antes; e fez com
que os irmãos típicos tivessem uma chance de ter uma experiência
bem-sucedida de brincar. O sucesso adveio do tempo curto, da
previsibilidade e do senso de cooperação e diversão promovidos pelos
pais.
Horário para cuidar da criança
Carl é uma criança autista de dez anos de idade. Tem dois irmãos e
uma irmã mais velhos. Todos estão no colegial e nenhum fica muito em
casa. Em geral, consideravam Carl como uma dor de cabeça. O pai de Carl
trabalhava longas horas e a mãe estava exausta. Sempre tentava fazer com
que os irmãos mais velhos ajudassem com Carl, mas sempre tinham
basquete, encontros e outros compromissos. Toda semana havia tensão
sobre quem ajudaria a cuidar de Carl. Criou-se o horário para cuidar da
criança. Os pais anunciaram que, a partir de então, haveria um horário
programado toda semana. Cada um dos três irmãos escolheria uma noite
para ficar em casa. Ele ou ela teria que estar disponível para ajudar
Carl a se preparar para dormir, ler para ele e assistir tevê com ele.
Cada um tinha que colocar seu nome em uma noite por semana, para que os
pais pudessem sair. (quanto mais filhos se tem, mais noites se pode
sair. ) Em troca, a mãe se propôs a não buzinar interminavelmente em
seus ouvidos sobre a ajuda e eles não seriam solicitados a sacrificar
atividades importantes. Deu certo. Os filhos mais velhos pararam de
reclamar e até começaram a se divertir no seu horário individual com
Carl; ele, por sua vez, adorou a atenção especial nas três noites por
semana e a mãe conseguiu uma merecida folga e parou de aborrecer a
todos.
Tempo livre
Todos os seus filhos precisam de tempo para si, bem como do direito
de resolver o que querem fazer durante esse tempo. Talvez queiram ficar
a sós, com amigos, com você ou com um ou todos os irmãos e irmãs.
Precisam de tempo para brincar um com o outro como quiserem, ter suas
desavenças e resolvê-las, ou simplesmente ficarem por aí vendo tevê,
rolando no chão ou colorindo uma figura. Precisam aprender com o passo
um do outro e estabelecer seu próprio vínculo sem estrutura ou pressão.
Diane: Acho que a moral da história é que todo mundo tem alguma
coisa. E. a não ser no caso do filho único, sempre haverá algumas
lembranças do tipo: "A vida não é justa". Com sorte, em algum momento
pelo caminho, conseguimos dar a cada um de nossos filhos a vivência de
ser o "filho único" - a chance de sentir-se especial. receber sua
inteira atenção e não ter que dividir nada com ninguém durante algumas
horas.

5 - AMIGOS, PARENTES E OUTROS CONHECIDOS
Você vivencia tantas emoções enquanto está sobrevivendo que pode ser
difícil compreender como seus parentes e familiares se sentem. Todos
temos esperanças e expectativas sobre nossas famílias e, quando estamos
lutando com um problema, podemos nos perceber estabelecendo expectativas
e descobrindo que nossas famílias dão mais apoio do que poderíamos ter
imaginado ou, pelo contrário, não se mostram tão disponíveis quanto
gostaríamos que fossem. Em algumas famílias, um evento importante como o
nascimento de uma criança com uma deficiência ou um diagnóstico de
doença crônica estimulará atitudes positivas. Em outras, isso não
acontece. À medida que você passa pelo processo de adaptação, é
importante ter consciência do seguinte: Suas reações aos amigos e
parentes irão variar de acordo com o momento em que você está no seu
processo de adaptação.
2. Sua família e amigos reagirão a sua situação de formas diferentes.
Alguns darão grande apoio, envolvendo-se, enquanto outros poderão se
distanciar. Algumas de suas amizades poderão se modificar.
3. Talvez você tenha que ter clareza sobre o que você precisa,
tomando a iniciativa de organizar o apoio de seus amigos e parentes. Suas reações a amigos e parentes
Quando você está sentindo as emoções intensas da sobrevivência, os
amigos poderão não aparecer da maneira como você gostaria, em
determinados dias. Talvez você sinta bastante falta de sua família e
amigos ou talvez prefira ficar a sós. Em diferentes períodos, seu humor
poderá variar. Para alguns pais, esse talvez seja um período solitário
ou confuso, conforme eles começam a redefinir suas conecções com amigos
e parentes.
Enquanto você se encontra nas garras da busca, poderá se tornar
impaciente com amigos que talvez não se mostrem interessados nos
detalhes de suas experiências frustrantes com profissionais. Talvez você
se torne particularmente sensível a qualquer sinal de preconceito contra
pessoas portadoras de deficiência. Em sua busca interna, perceberá,
talvez, que nessa nova perspectiva, você recrimina seus amigos e
parentes. Talvez tente modificá-los ou decida-se por evitá-los e eles,
por sua vez, se tornam muito sensíveis ou agressivos. Embora eles possam
se sentir constrangidos em falar sobre seus filhos típicos, você também
poderá se ressentir com suas reclamações sobre uma criança à mesa que
joga comida.
Uma vez ajustada, você poderá se sentir mais competente e relaxada
com seu filho, perto de amigos e parentes. Torna-se mais fácil atender,
primeiramente, às necessidades da criança, bem como ser mais assertiva
com seus parentes, dizendo-lhes o que você precisa e como podem ajudar
seu filho da melhor forma. Além disso, talvez você perceba uma nova
organização em suas amizades. Se a criança estiver participando de um
programa de intervenção e/ou se você participa de um grupo de apoio para
pais, descobrirá que adquiriu um novo círculo de amizades - outros pais
de crianças com necessidades especiais.
Quando você está lidando com as questões da separação, descobre outro
tipo de mudança na sua rede de amizades. Se seu filho apresenta um grave
problema social de comportamento ou de aprendizagem, que faz com que a
vivência cotidiana seja um desafio sem fim, se mais alguém na família
tem problemas ou sofre sob o peso dos cuidados exigidos por seu filho, a
questão da necessidade de moradia fora do lar poderá surgir.
Seus parentes e amigos provavelmente têm opiniões sobre o que você
deveria ou não fazer. Você perceberá que recebe conselhos ou ouve
comentários de preocupação dos outros que poderá interpretar como sendo
bem-intencionados, invasivos ou de rejeição. Muitos não dirão nada, por
respeitarem sua habilidade e sua necessidade de tomar suas próprias
decisões; estes exergam seu papel de Ihe oferecer apoio,
independentemente de sua decisão.
1. Você poderá se sentir totalmente segura e confortável com sua
família e amigos, sabendo que eles estão lá para você, Independentemente
de como você estiver se sentindo.
Susie: Minha vizinha pode dizer "Como vai a Betsy e eu posso
responder "Não consigo falar sobre ela hoje." E aí ela diz "Tudo bem.
Você sabia que lá no berçário estão vendendo aquelas begônias que você
adora?"
2. Talvez Ihe seja difícil aceitar ou pedir ajuda de amigos e
parentes. Talvez nem saiba de que tipo de ajuda você precisa. É possível
que você pense que tem de dar conta de tudo sozinha. Além disso, sabe
que as outras pessoas também estão ocupadas e não quer aumentar suas
responsabilidades.
3. É possível que você sinta necessidade de querer proteger alguns
parentes ou amigos daquilo que uocê tem que resoluer. Poderá se
preocupar com a idade ou saúde deles, ou pelo fato de que moram longe e
ficariam preocupados com você.
Susie: Minha mãe perguntava "Como vai nossa netinha?" "Bem, a
professora dela é ótima." Eu respondia e passava para outro assunto. Se
eu contasse demais para minha mãe, suas inquietações se transformariam
em preocupação e eu não queria que ela ficasse preocupada. Aprende-se a
editar o que se conta. O problema, porém, é tentar lembrar o que você
disse e o que você omitiu.
4. Você poderá sentir que "decepcionou todo mundo". Pode ser que seu
filho tenha um lugar simbólico na família - primeiro neto ou primeiro
menino em cinco gerações - ou talvez alguns dos membros de sua família
tenham dificuldade em lidar com a idéia de que algum de seus parentes
apresentem qualquer tipo de "problema". Algumas famílias se esforçam
sobremaneira para negar que haja qualquer coisa errada ou fazem-na
sentir que a culpa é sua, portanto o fardo também é seu.
5. Você poderá perceber que se sente decepcionada e com raiva de
alguns parentes e amtgos que não a procuram, oferecendo ajuda e apoio.
E, muitas vezes. você poderá se ressentir daqueles que parecem estar
conseguindo levar suas vidas muito bem. Esse é um daqueles assuntos que
pode deixá-la bastante confusa. Por um lado, não quer que os outros
sintam pena de você, mas, por outro, gostaria que demonstrassem
interesse e preocupação. E, no caso de alguns amigos e parentes, não é o
que eles dizem (ou não dizem), mas a manetra como o fazem que a faz
sentir-se apoiada ou decepcionada.
6. Você terá reações diferentes em diferentes momentos.
Às vezes, as necessidades especiais de seu filho não se encontram
todas no primeiro plano e você nem sequer gostaria de falar a respeito.
Em outros momentos, você gostaria de receber uns conselhos ou quer um
ombro para se apoiar. Outras vezes, você sabe que está lidando muito bem
com tudo e se sente bem competente e gostaria que alguém reparasse e
reconhecesse isso.
7. Taluez você tenha uma variedade de sentimentos desconfortáveis
sobre diferentes amigos e parentes. Pode sentir vergonha do
comportamento de seu filho, ou que sua habilidade materna está sendo
submetida a julgamento. Poderá se sentir na defensiva, magoada ou com
raiva quando um parente disser algo inapropriado - ou que lhe soa mal.
Susie: Sabe o que me entristece? Não morar perto de minha família. Na
verdade, eles nem conhecem minha filha. Perguntam sobre ela o tempo
todo, mas não a conhecem e também não me conhecem com ela. Voltamos para
visitar, mas não é a mesma coisa. A gente sai do ritmo diário, a criança
fora de seu ambiente e tudo muito agitado. A minha família, que tanto
significou para mim quando eu crescia, é estranha para minha filha.
8. Você percebe que está mudando, que seus relacionamentos podem
parecer temporariamente embaraçosos. Descobre que está "crescendo" de
maneiras novas para você e gostaria de falar de assuntos diferentes,
talvez mais sérios do que os de costume. Você está num período de
transição na sua vida e precisa reestruturar todas as novas sensações e
expectativas em suas relações sociais.
Reações possíveis de amigos e parentes
Dependendo da fase geral de adaptação na qual você se encontra, você
terá reações distintas a amigos e parentes num dado momento. Seus amigos
e parentes, por sua vez, também têm humores e necessidades e poderão
reagir à sua situação de maneiras que a agradam ou a frustram.
1.
Alguns amigos e parentes oferecem apoio, são compreensivos e não
a julgam e estão sempre disponíveis para ajudar. Fazem perguntas e querem
saber qual será seu plano de ação. Não julgam suas decisões nem oferecem
conselhos a não ser que você solicite. Ligam para saber como foi uma
visita ao médico ou passam na sua casa levando algo especial para seus
outros filhos. Parecem sempre estar prontos a ouvir e entram para ajudar
quando podem.
Susie: Nossa prima que é fisioterapeuta passava para nos visitar e eu
sabia que ela fazia uns pequenos testes quando eu não estava na sala. Eu
não gostava muito que ela visitasse, porque ela podia chegar a
conclusões que eu não queria conhecer. Desde o início, ela sabia, e eu
sabia que ela sabia, mas, mesmo assim, ela simplesmente me deixou à
vontade e isso foi maravilhoso. E, mesmo agora, eu sei que ela sabe
muito mais do que eu, mas temos um relacionamento ótimo e, se eu quiser
explorar vários aspectos do futuro com ela, sei que posso, mas isso não
é obrigatório e na maior parte do tempo, prefiro não fazê-lo. Diane:
Durante o primeiro mês após o nascimento de Catherine, dois de meus
amigos foram à biblloteca para procurar aquelas palavras desconhecidas
palavras como spina bifida e hidrocefalia - e depois ligaram para o
March of Dimes e todas as organizações. Pediram que mandassem panfletos
informativos e leram tudo primeiro para se certificarem de que eu
conseguiria lidar com o material.
Janet:Um dia minha mãe me chamou e disse: "A partir da da
quarta-feira que vem, a Tia Millie e eu vamos passar um dia por semana
na sua casa cuidando do Ryan, e você vai sair." Elas se chamavam de "As
Damas da (,quarta-feira". Fiquei tão feliz de alguém em casa que levou
algumas visitas para eu conseguir sair. Quando finalmente pude sair
sozinha, não sabia o que fazer comigo mesma. Finalmente, fui a uma loja
de departamentos e fiquei ali me perguntando: "O que faço agora?" Saía
por uma hora, depois duas e cada vez ficava mais fácil. Muito mais
fácil.
2. Alguns amigos e parentes são apoiadores de" plano de fundo".
Trata-se do apoio de amigos e parentes com o qual você sabe que pode
contar se precisar, mas eles esperam que você estabeleça o ritmo do
contato.
Janet: Bastava que eu dissesse "Eu preciso..." e minha família estava
ali.
Stephanie: Minha mãe se orgulhava tanto de Emma, sua primeira neta, e
era tão carinhosa com ela que eu sempre me sentia muito bem ao vê-las
juntas.
3. Alguns amigos e parentes têm interesse e curiosidade legítimos.
Alguns de seus amigos e parentes gostariam de falar sobre seu filho com
necessidades especiais e sobre o que você está fazendo. Relutam um pouco
em lhe perguntar porque têm medo de que você pense que eles estão "se
metendo em sua vida", então se retraem.
Você, por sua vez, poderá pensar que não dizem nada por falta de
interesse. Esses amigos e parentes poderão se mostrar seu maior recurso,
ainda não aproveitado, de compreensão e apoio.
4. Alguns amigos e parentes ficam bastante constrangidos. Alguns de
seus amigos e parentes parecem não saber o que Ihe dizer nem como
interagir com seu filho. Podem tratá-lo como se estivesse doente ou como
se fosse frágil; podem não saber como falar com ele. Talvez tenham medo
de falar demais ou não o suficiente. Também têm interesse e curiosidade,
mas, além disso, sentem-se constrangidos. Embora possa exigir algum
tempo, informação, demonstrações e muito encorajamento para avançar além
desse desconforto, eles também querem ser um apoio para você.
5. Algumas pessoas poderão sentir uma intensa tristeza por uocê.
Algumas pessoas que você conhece talvez estejam passando por um luto por
você. Não sabem o que dizer ou fazer. Talvez desejassem lhe oferecer
conforto, mas têm medo de desmoronar ou agir de forma desajeitada.
Talvez se afastem, pensando que isso possa ser mais fácil para você ou
devido à dificuldade de enfrentar seus próprios sentimentos.
6. Algumas pessoas parecem sentir pena de você. Algumas pessoas
talvez presumam que você vive uma tristeza crônica. Podem tender a falar
sobre "estas crianças", sem conseguir enxergar além da deficiência da
criança. Uma mãe relatou quanto odeia as reuniões em família por causa
das "tias elefantas" (como ela as denomina) sempre presentes. Sentadas
no canto, olhavam seu filho e balançavam a cabeça, dizendo "chi... .
7. Algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis porque seus
próprios filhos estão tendo bem (ou maravilhosamente bem) e não sabem se
é aceitável falar sobre isso. Talvez sintam medo de que pareça que estão
contando vantagem ou de que isso faça você se sentir mal, provocando
ciúmes.
8. Algumas pessoas poderão pensar que você está vendo um problema
mator do que o que existe. Poderão dizer coisas como: "quando ele
crescer, isso passa", "Só falta ela engordar um pouquinho", "Ele vai
ficar bom.
Einstein só falou com cinco anos" ou "Você sempre foi de se preocupar
demais."
9. Algumas pessoas pensarão que você está "negando" e não Fazendo o
suficiente. Poderão dizer coisas do tipo:
"Você chegou a procurar um especialista por causa dos problemas de
comportamento dele?", "Você acha que ele deveria comer tanto açúcar?" e
"O que o dentista falou sobre os dentes tortos da Sally?"
10. Algumas pessoas são invasivas, afogando-lhe com conselhos sobre
o que você deveria fazer. Algumas pessoas explicam constantemente o que
você "deveria" fazer: "Você deveria levá-lo a outro médico" ou "Não se
deve ouvir tudo o que os médicos dizem." "Você deveria permitir que ela
fosse um pouco mais independente" ou "Você deveria ajudá-la mais. Dá
para ver que isso é muito difícil para ela." "Você não deveria ser tão
rígida. Deixe ele se divertir um pouco" ou
"Ele realmente está precisando de mais limites. Você deixa ele
aprontar demais."
11. Alguns parentes boicotam aquilo que você deve fazer por seu
filho. Digamos que seu filho necessite de estrutura constante, muitas
regras e coerência no dia-a-dia. Mas o vovô diz: "que mal há em deixá-lo
ficar acordado até tarde, só enquanto estamos visitando" Ou, talvez,
seu filho demore dez minutos para subir as escadas, mas consegue chegar
lá sozinho.
Mas tia Emily não aguenta ver o coitadinho trabalhar tanto, então ela
o pega e o leva no colo. Eventos como esses podem minar aquilo que você
precisa fazer por seu filho.
12. Algumas relações familiares são simplesmente muito difíceis.
Independentemente do que você disser ou não disser, algumas relações na
família são bem difíceis.
Alguns parentes pensam de determinada maneira e isso pode
entristecê-la ou deixá-la com raiva, mas provavelmente você não será
capaz de alterá-los. Talvez você tenha que ser capaz de dizer: "O tio
Harry é assim mesmo" e dar continuidade a sua vida. Pode ser que sua
situação aproxime todas as pessoas, curando velhas mágoas e colocando
velhas feridas para descansar. Por outro lado, talvez nada disso ocorra.
13. Algumas amizades poderão se modificar . Alguns conhecidos,
colegas de trabalho ou vizinhos poderâo surpreendê-la positivamente com
a profundidade de sua sensibilidade e disponibilidade. Amigos casuais
poderão se tornar íntimos, à medida que se aglutinam para fornecer apoio
e carinho. Ao mesmo tempo, algumas pessoas conhecidas poderão se
distanciar; algumas presumirão que você não está disponível; outras
terão medo de invadir, pensando que você estará mal e que vai achar que
eles estariam atrapalhando; alguns talvez nâo queiram se envolver com
seus problemas, porque se sentiriam constrangidos ou deprimidos; e
alguns poderão se sentir culpados, porque seus filhos estão otimamente
bem. Ao ver que você está mudando e eles não e que a "velha" amizade
simplesmente não existe mais, alguns amigos poderão desaparecer de sua
vida. Por outro lado, talvez você descubra que amizades novas e mais
profundas se desenvolvem, enquanto velhas amizades poderão reavivar-se.
14. Alguns relacionamentos familiares também poderão mudar. Se você
tiver sorte, as mudanças serão para melhor, no entanto, às vezes,
acontece o contrário.
Algumas famílias simplesmente não conseguem lidar com estresses
adicionais. Como diz o velho ditado,
"Pode-se escolher os amigos, mas não os parentes." Assim, se nâo for
possível mudar seus parentes, altere a maneira de lidar com eles.
Estratégias para o sucesso
Dez dicas para envolver amigos e parentes
1. Seja paciente com seus amigos e parentes, perdoando-os. Assim como
no seu caso, isso tudo é novidade para eles e estão aprendendo a lidar
com a situação. Podem se mostrar desajeitados, tímidos ou
desconfortáveis, magoando-a com comentários insensíveis. Dê-lhes o
benefício de confiar neles; eles também têm que passar por suas próprias
questões de sobrevivência e busca.
2. Dê o tom. Seus amigos e parentes extrairão as pistas a partir de
você. Se você conversar confortavelmente sobre seu filho, se tiver uma
atitude positiva e senso de humor, eles intuirão que você está bem, e
isso permitirá que eles se sintam mais à vontade com você. Os parentes
procuram informaçôes com você, bem como orientação, demonstrações e
explicações. Não espere que eles compreendam o problema a nâo ser que
possuam informações adequadas a respeito. Não espere que eles peçam
informações. Nem que se sintam à vontade sem alguma orientação.
3. Coloque-se na posição deles. Como teria sido se isso tivesse
acontecido com outra pessoa na família em vez de com você? O que teria
auxiliado a compreender e estender a mão a eles? Muitas pessoas que vêem
uma criança com deficiência não sabem como agir nem como falar com ela.
Presumem que nâo conseguem ouvir ou compreender ou que farão algo
"esquisito" e então não saberão como reagir.
4. Tome a lniciativa. Deixe que eles saibam o que está acontecendo e
do que você precisa. Os amigos talvez nâo queiram ser invasivos e você
poderá interpretar isso como desinteresse. Suando os amigos ou parentes
lhe perguntarem sobre seu filho (ou sobre você mesma), é preciso decidir
o que e quanto gostaria de transmitir. Sem algumas diretrizes, não
saberão como se comportar.
5. Forneça informação. Explique qual é o problema, como agir, o que
isso significa para você, bem como o que você está fazendo e pretendendo
fazer a respeito. Diga quais são suas necessidades e o que auxilia. Há
necessidade de brinquedos ou equipamento especial? Diga-lhes. Talvez
eles conheçam alguém que poderá conseguir algo com desconto ou mesmo
construir algo. Diga também quanto você precisa de uma noite ou final de
semana fora de casa. Dê-lhes alguns folhetos informativos e artigos de
jornal. E, mais do que tudo, ajude-os a perceber seu filho como uma
criança global, compreendendo suas necessidades de relacionamentos
especiais com parentes e amigos.
6. Faça uma reunião em família. Explique os problemas da criança, o
que você já fez a respeito e o que o futuro detém. Se nâo for possível
agrupar a todos para uma reuniâo em família, mande uma carta contendo as
informações. Talvez você venha a se surpreender com o tamanho de sua
rede de apoio.
Diane: Tivemos uma reunião de grupo em minha casa - toda nossa
família e amigos íntimos. Queríamos que eles soubessem que apreciávamos
tudo o que tinham dito e feito e todas as formas que haviam tentado para
nos ajudar, mas que por favor, não nos tratassem de forma diferenciada e
que fizessem as mesmas coisas de sempre. Catherine estava no meu colo. A
sala toda estava chorando. Foi muito difícil, mas eu queria que eles
soubessem que nós iríamos fazer todo o possível, que os médicos haviam
dito que ela, ao menos, estaria numa cadeira de rodas e talvez andasse
com o auxílio de tutores. Eu lhes disse: "Não tenham medo de nos
convidar para visitá-los ou ligar em casa. Tratem-na da mesma maneira
que sua irmã." Meu pai disse: "Não a subestime." Os avós conseguem
guardar tanta esperança.
7. Envolva-os. Se você estiver planejando escrever uma carta para um
deputado, peça que eles façam o mesmo. Leve-os para visitar os programas
de seu filho e para conhecer outras crianças com deficiência.
Encoraje-os a doar dinheiro ou comprar rifas para a escola de seu filho.
8. Sempre que alguém se oferecer para ajudar, aceite.
9. Inclua-os em seu time de apoio. Convide-os para visitar a escola
de seu filho e outros programas, para que conheçam e conversem com
rofissionais que estejam trabalhando com seu filho. A medida que os
avós ou outros parentes aprendem diretamente o que seu filho necessita
(ou não necessita), poderão se tornar capazes de assumir um papel mais
ativo e ajudá-la com as atuações maternas extras e sentir-se-ão mais
competentes nos cuidados com a criança. Você também aumentará o tamanho
de sua rede de apoio à medida que tiver pessoas mais bem informadas
entre as que sentem carinho por você, podendo então conversar, medir as
decisões sobre intervenções, valorizar sua atuação e apreciar os
esforços e progressos da criança.
Janet: Minha irmã, Jenny, uniu-se a nosso time da melhor forma
possível. Ela estava com 18 anos, no primeiro ano de faculdade, prestes
a sair de casa, mas não podia custear seu próprio espaço.
Ryan tinha 2 anos. Chris trabalhava de dia e eu à noite. Havia uma
hora crucial entre os dois horários que estava a descoberto.
Então, Jenny veio morar conosco, ajudando nos cuidados com Ryan e,
nos 18 meses em que esteve conosco ensinou a linguagem de sinais ao Ryan
e a nós.
10. Mande-lhes notícias - agradecimentos por algo simpático que
fizeram recentemente ou fotos e notícias sobre sua família. Deixe que
eles saibam que você os aprecia por pensar em você.
Feriados e outras datas festivas
Os feriados sempre envolvem rituais que evocam lembranças de feriados
passados. Podem ser lembranças nostálgicas da infância, repetições
alegres de rituais familiares tradicionais ou sentimentos de solidão,
tristeza e perda. As comemorações dos feriados mudam de forma, à medida
que amigos e parentes se mudam para outros locais, crescem, envelhecem e
morrem, mas muitas tradições e sentimentos dos feriados permanecem
dentro de nós. Você tem expectativas, como também desapontamentos. Os
feriados poderão ser esperados com entusiasmo '.: i ou apreensão.
Susie: Nosso pior encontro foi o piquenique do Dia do Soldado. Foi a
primeira atividade externa do ano. Betsy ficou exposta em grande escala.
à medida que atrapalhava as brincadeiras dos primos, enchendo as mãos de
maionese e sumindo continuamente. Não posso afirmar que isso realmente
tenha incomodado qualquer outra pessoa, mas eu certamente não me
diverti.
Há outras ocasiões que marcam o início e finalização de caminhos
esperados durante a vida. Incluem-se aí as formaturas, primeiras
comunhões, bar mitzvahs e casamentos. Esses eventos também podem
constituir lembranças de rituais importantes que você e seu filho talvez
nunca possam vivenciar. Poderão trazer à superfície uma onda de
sentimentos que você pensava já estar resolvida. Mesmo que passageiros,
tais sentimentos podem ser como um soco na boca do estômago ao passarem
por você.
Para muitos pais, o mais difícil são os aniversários; são marcadores
da distância percorrida - ou não - por seu filho.
O terceiro aniversário é um dos mais difíceis de todos. Se sua filha
ainda não estiver andando ou falando, se ainda estiver no carrinho, de
fraldas você pode dizer: "Ela tem dois anos"; bem, ninguém nem pensa
duas vezes sobre o assunto. Mas quando ela passa para três anos, a
questão muda totalmente. "O quê? Ela ainda usa fraldas?" Três anos não é
mais bebê; aos três, ela já é uma menininha e as expectativas mudam. Um
pai disse: "Durante anos eu me sentia triste depois do aniversário de
meu filho. O aniversário em si era uma ocasião alegre. Tínhamos
conseguido ultrapassar mais um ano. Tínhamos avançado tanto em
comparação com o ano anterior... mas o dia seguinte era difícil. Era uma
lembrança daquilo que não tínhamos alcançado."
Para a maioria das crianças, os aniversários significam bolo,
sorvete, bexigas, presentes. Para muitos pais, os aniversários são
marcos na sua trajetória de paternidade - os marcadores de crescimento e
progresso.
Janet: Quando Ryan tinha um ano de idade, estávamos animadissimos.
Não pensávamos que ele ainda pudesse estar vivo.
Então, convidei umas 100 pessoas e fiz lasanha para todo mundo. Ele
ainda estava doente e a situação era delicada, mas seu primeiro
aniversário certamente seria comemorado.
Visitando amigos e parentes
Quando se tem uma criança com limitações de ordem física, cognitiva ou
emocional, os sentimentos que se tem sobre os feriados e outras ocasiões
podem ser exacerbados quando se visita parentes ou amigos. O mais
importante para aproveitar ao máximo e para prevenir problemas é Estar
Preparada.
Antecipe e prepare um plano
Separe um tempo para antecipar mentalmente quaisquer problemas
possíveis, preparando um plano para que você possa sentir que tem o
máximo de controle e opções. "Pergunte-se: O que é a pior coisa que
poderia acontecer? Como poderei lidar com isso? O que está em jogo se eu
não lidar com isso perfeitamente?"
Onde será o evento? - Considere o local onde o evento se realizará. É
preciso um preparo diferenciado para um final de semana calmo na casa de
seus pais e para uma permanência num hotel. Se você estiver voltando
para sua cidade para as férias e sempre se presumiu que você ficaria na
casa de sua irmã, no entanto, isso tem se tornado desconfortável para
sua família ou para dela, talvez esteja na hora de romper com a tradição
e ficar em outro local. Se parentes estarão visitando-a, é preciso
pensar sobre qual parte do horário de sua família deve ser mantida e
como você irá incorporar essa visita na sua vivência diária.
O que vai estar acontecendo? - Um final de semana calmo, sem
programação definida, visitando a família, pode ser um descanso que
difere de sua rotina usual. Se você estiver visitando num feriado
festivo, poderá haver mais gente, horários mais soltos e muita excitação
e estimulação. ualquer desses fatores poderá afetar a necessidade que
seu filho tem de uma rotina conhecida, e seu nível de ansiedade poderá
aumentar diante das preocupações extras com a capacidade de seu filho
para lidar com isso ou com as reações dos outros.
Se a ocasião envolve um grande evento com horário fixo, como um
casamento ou um enterro, é preciso considerar as necessidades de seu
filho, bem como sua capacidade de enfrentar situações como sentar em
sllêncio durante uma longa cerimônia, encontrar muitas pessoas e deixar
seu horário de lado.
Como chegar até lá? - Como vocês vão chegar ao evento?
Se você estiver dirigindo, poderá parar no caminho para descansar,
conforme a necessidade e seu filho poderá ter acesso fácil a lanches. Se
ele aprontar, você não terá que se preocupar com as reações de outras
pessoas. Além disso, você poderá levar mais equipamento, brinquedos e
trocas de roupa. Se for preciso ir de aviâo ou de trem, suas opções são
mais limitadas e você terá que planejar com maior cuidado.
O que você vai precisar na chegada? - Você irá precisar de
equipamento para seu filho que deva ser emprestado ou alugado? Será
preciso ter conhecimento sobre recursos médicos, como o nome de um
médico ou atendimento hospitalar de emergência? Será necessária a
renovação de algumas receitas médicas? Você irá precisar de um quarto de
hotel com geladeira para alimentos ou medicamentos especiais? Se você
viaja com freqüência, mantenha uma listagem para conferir.
Por quanto tempo será sua permanência? - Conforme as necessidades
especiais de seu filho (e suas próprias), você deve considerar, quando
se visita parentes. quais são os planos que as pessoas esperam que se
cumpram, bem como aquilo que é realista. Talvez você tenha que ir mais
cedo, para permitir que seu filho se ajuste ou, pelo contrário, ir mais
tarde para aumentar as chances de ficar por mais tempo.
Às vezes, numa visita mais extensa, todos precisam de um descanso,
então talvez você queira planejar uma viagem... ou sugerir algumas
diferentes combinações de relacionamentos para um dia. Por exemplo, se
todos estiverem juntos o tempo todo, talvez você queira passar uma tarde
no shopping com seu irmão ou passear de bicicleta com seu pai.
Prepare-se
Se você sabe que estará com parentes que você tem certeza de que
provavelmente dirão algo que a fará entrar em parafuso, é preciso
decidir se agora é o momento para enfrentá-los. Se sua tendência for a
de ficar na defensiva, magoar-se ou ficar com raiva, planeje o que quer
dizer. Independentemente de quanto você se preparar, quando você menos
espera, algo poderá pegá-la desprevenida durante o evento.
Susie: Um Dia dos Pais ficou marcado em minha mente. Minha cunhada
tinha tido um bebê, que estava com seis meses. Todos vieram para fazer
um piquenique em família, e estavam todos admirando o bebê que já tinha
ultrapassado nosso bebê que estava com mais de um ano. Bruce estava
tentando alimentar
Betsy e mantê-la feliz enquanto todo mundo ficava brincando com o
bebê novo que era uma gracinha. Eu não estava preparada para isso e foi
aí que decidi que teria que repetir para mim mesma muitas vezes: "Você
não sabe quem vai estar lá. nem como você vai se sentir sobre as outras
crianças. Algo poderá disparar tudo." Às vezes, não acontecia nada, mas
nunca se podia predizer nada.
Uma mãe relata um Natal com seus pais. Seu filho Jimmy estava com
cinco anos, mas seu brincar e suas habilidades sociais se pareciam com
as de uma criança de dois anos. Sua irmã estava lá com uma filha esperta
de quatro anos. A vovó deu um quebra-cabeça para cada criança. O de
Jimmy tinha seis peças; o de sua prima tinha 50. A mãe ficou arrasada.
Para ela, era uma lembrança descarada do retardo de seu filho e ela
sabia que sua irmã tinha ficado constrangida. Ela disse à mãe como se
sentia e daí a mãe ficou arrasada - ela passara uma tarde inteira
escolhendo quebra-cabeças para garantir que seriam apropriados para os
níveis de desenvolvimento das crianças.
Você se permite modificar seus planos para tornar a experiência mais
agradável e bem-sucedida para você e seu filho? Mesmo se alguém ficar
magoado? Pense naquilo que aprendeu com problemas anteriores e procure
rião repetir os erros. Isso poderá dar bastante trabalho, e é preciso
considerar se vale à pena para todos. Eventos familiares poderão se
parecer com uma avaliação de quão bem vocês estão e de como sua criança
está indo. Provavelmente, você é sua pior crítica e talvez suas
expectativas sejam exageradamente altas.
Proteja seu filho
Seu filho apresenta problemas de comportamento ou de tempo curto de
atenção? Fica facilmente hiperestimulado, frustrado ou cansado? Consegue
lidar com uma investida de parentes bem-intencionados? Pode ser que você
precise contratar um assistente ou combinar com uma prima: talvez você e
seu parceiro necessitem elaborar um plano para definir quem é
responsável, quando. Esqueça aquilo que as outras pessoas possam esperar
ou desejar de seu filho. É preciso colocar as necessidades da criança em
primeiro lugar. Se ela precisa tirar uma soneca e o ambiente estiver
muito agitado, peça licença para se retirar.
Susie: É difícil com os primos. Eles sentam e constroem com blocos ou
qualquer coisa, e basicamente se dão bem. Daí entra Betsy e é possível
sentir a tensão. Os pais dizem: "Deixem ela brincar com vocês" e todos
tentam incluí-la como um membro regular da família mas ela atrapalha
tudo o que eles estiverem fazcndo. Por outro lado. pode-se argumentar
quc aquelas crianças estão aprendendo sobre as diferenças c isso lhes
faz bem: mas, mesmo assim, é muito doloroso.
Se possível, procure ao máximo manter as rotinas regulares. Isso
favorece uma sensação de segurança e previsibilldade para seu filho, bem
como lhe permite um sentido de controle num ambiente onde você não tem
seu horário familiar. Também lhe dá uma desculpa para se retirar dos
acontecimentos familiares, se for preciso. Além disso, pode servir como
uma maneira positiva de envolver os avós, primos e outros, incluindo-os
na hora da história ou do lanche.
-
Leve junto alguns objetos conhecidos para seu filho, qualquer coisa
que lhe seja familiar também traz segurança.
-
Leve brinquedos, uma caneca, brinquedos do banho ou uma caixa de
cereal para que seu filho tenha uma impressão que lembra sua casa.
-
Pense de forma positiva e planeje para o sucesso!
-
A medida que você se torna mais confortável e sente que está mais no
controle, suas reações mudarão - mesmo se os parentes não mudarem.
-
Se você quiser que sua família e seus amigos sejam otimistas. é
preciso mostrar o caminho.
-
Se vocé quiser que eles percebam seu filho como uma criança no
global, é preciso que você seja seu guia.
-
Se você quiser que eles focalizem o progresso dc seu filho, você
também deverá fazê-lo.
-
E lembre-se, ninguém é perfeito - nem mesmo sua famflia e seus
amigos.

6 -
TRABALHANDO COM PROFISSIONAIS
Quando você é mãe de uma criança com necessidades especiais, aprende
rapidamente que muitas dessas necessidades exigem a participação de uma
variedade de profissionais na vida de seu filho. Conforme a natureza das
necessidades da criança, você conhecerá profissionais de muitas áreas
que a aconselharão e orientarão sobre o desenvolvimento médico,
educacional, físico, social e emocional de seu filho.
Você terá muitas experiências interessantes com profissionais durante
sua trajetória. Aprenderá que eles não são perfeitos, mas que a maioria
está comprometida com seu trabalho com você, no sentido de fornecer as
melhores intervenções possíveis para seu filho.
1. Suas atitudes em relação aos profissionais talvez mudem de acordo
com a fase de adaptaçâo na qual você se encontra e conforme seus níveis
de satisfação e frustração na obtenção de serviços para seu filho.
2. Encontrar e avaliar os serviços profissionais é um importante
desafio, e você perceberá que vai se tornando uma "mãe profissional".
3. Seu papel como mãe profissional na estruturação de uma equipe de
apoio profissional é o de advogar a favor de seu filho, coordenando os
serviços e reduzindo a fragmentação dos cuidados.
Suas reações aos profissionais
Ao lidar com as novas emoções da sobrevivência, talvez você se sinta
confusa e assoberbada quanto a quais profissionais buscar, o que
solicitar e como responder às recomendações.
Talvez você se sinta um pouco atemorizada por eles, sem questionar
sua autoridade ou poder, e talvez presuma que eles tenham capacidade de
cura, de fazer com que os problemas da criança desapareçam.
Durante a fase da sobrevivência, você poderá se mostrar passiva e
insegura na presença de profissionais. Talvez tenha medo de discordar,
fazer perguntas ou pedir esclarecimento das respostas, ou mesmo
perguntar por que ou por que não. É possível que você aguarde horas a
fio em salas de espera abarrotadas, que você permita que as consultas
sejam realizadas com muita pressa, e mesmo que se deixe julgar ou
subestimar. Frustrada, às vezes você poderá ficar com raiva,
recusando-se a retornar àquele profissional, mas isso não leva a
progresso algum. Além disso, tal atitude coloca toda a culpa no
profissional em vez de você aceitar parte da responsabilidade. No
entanto, se você considera que os problemas da criança se encontram fora
da esfera dos cuidados profissionais - se você acredita que, quando ele
crescer, o problema passe ou que outras pessoas estejam exagerando as
necessidades de intervenção - é possível que você evite procurar auxílio
profissional ou rejeite-o quando for oferecido.
Quando se tem maior senso de controle e direção, a busca externa
poderá evidenciar uma energia mais bem focalizada. Você se torna mais
competente ao lidar com "o sistema" e muitas vezes deseja acesso a tudo
o que ele possa oferecer.
Poderá tornar-se mais exigente e firme e mesmo difícil de lidar.
Agora você está consciente de que profissionais de muitos tipos serão
parte da vida de seu filho durante muito tempo, então já sabe que é
preciso construir bons relacionamentos de trabalho. Ganhou uma visão
mais realista daquilo que os profissionais são capazes ou não de
realizar e, à medida que você começa a se ajustar, torna-se mais
seletiva e objetiva nos seus relacionamentos com profissionais.
Quando as questões da separação estiverem no primeiro plano para
você, poderá haver um ressurgimento dos sentimentos de urgência para a
busca de recursos que encorajarão a independência da criança. Nessa
altura, você provavelmente conta com habilidades altamente desenvolvidas
para trabalhar com profissionais, mas talvez traga consigo alguns
sentimentos de desilusâo. Alguns velhos sentimentos da sobrevivência,
como medo, desamparo e raiva, poderão ressurgir.
Os relacionamentos profissionais que você deseja
Os profissionais que você admira e nos quais confia são aqueles que
se sentam, ouvem-na, estabelecem bom contato visual, respeitam seu
conhecimento sobre seu filho, enxergam os aspectos positivos da criança,
permitem-se reconhecer quando não sabem algo e estão dispostos a
encontrar e pesquisar algo ou encaminhar você para alguém que tem maior
conhecimento. Quando é o caso de manter um relacionamento a longo prazo
com profissionais, você precisa sentir que a pessoa conhece seu filho,
gosta de trabalhar com ele, coloca-se disponível quando necessário e
não retira sua esperança.
Stephanie: Os programas de intervenção precoce devem ser uma
exigência para todas as famílias, quer a criança apresente necessidades
especiais ou não. Fazem com que a gente se sinta tão bem sobre o filho e
sobre a maternidade. Sempre lhe fornecem carinho.
Susie: Mas, às vezes, era confuso, porque eu ia embora pensando que
não havia nada de errado com ela. Eu sabia que ela não podia andar. nem
falar. nem fazer nada.
Janet: Eles pegaram o ponto positivo de meu filho e ampliaram-no e
fizeram a gente se sentir bem com relação a ele. Isso mantinha a gente
de pé, quando chegava em casa.
Diane: Todos os pais deveriam ter alguém lhes dizendo: "Você está
fazendo um bom trabalho, e é permitido estabelecer Iimites."
Janet: O primeiro pediatra do Ryan parecia um avô; falava olhando
diretamente em nossos olhos. Deu seu telefone de casa e disse às
erifermeiras: "Esta senhora tem uma situação especial e quando ela vier
não a deixem esperando."
Eu me agarrava a tudo o que ele dizia de positivo sobre Ryan.
Sempre perguntava como estava meu marido. "Eu só quero que você saiba
que quando uma criança assim entra numa família, o risco para problemas
no casamento é alto. Não sei se isto se aplica a vocês, mas se for o
caso, tenho alguns profissionais que posso recomendar." Na época, me
senti ofendida, mas posteriormente, considerei como sendo realmente
importante.
Diane: Todos os nossos médicos se conheciam e trabalhavam em
conjunto. E falavam da parte financeira num nível bastante prático. Cada
vez que eu ia fazer uma visita, encontravam mais um problema com
Catherine e um dia nosso pediatra disse: "E como vai a mãe?" Ele tocou
no meu braço, e eu simplesmente desmoronei. Ele fechou a porta,
sentou-se e disse. "Me conte como é que é. Me ajude a compreender."
Stephanie: A habilidade de meu pediatra fez toda a diferença na nossa
capacidade de cuidar de Emma. Ele nos encaminhou para o melhor programa
possível na nossa área, depois de ter triado todos eles.
Susie: Os técnicos no hospital fazem com que você sinta, naquele
momento, que você tem a criança mais maravilhosa do mundo.
Eles têm um toque especial e você tem a sensação de que eles lidam
com estas crianças porque realmente gostam.
Diane: É, mas. no início, é preciso convencer muitos deles que você
tem a necessidade e o direito de estar presente. É preciso batalhar para
ultrapassar uma frente de pessoas que pensam em separar vocé da criança
porque tal é a "regra".
Susie: Muitos de nossos profissionais qualificados se encontram nos
programas de escola pública. Os terapeutas e os professores têm tanta
experiência com tantas crianças, e parecem estar por dentro das últimas
informações.
Desafios na busca de auxílio profissional
À medida que você busca serviços para seu filho, vivenciará e ouvirá
falar de algumas histórias surpreendentes. Você vai ouvir de tudo, desde
o caso de um diretor de educação especial que perguntou a uma mãe se seu
filho tinha síndrome de Down devido a um problema de parto até o de um
cirurgião ortopédico que deixou uma barra de 5 cm no pé de uma criança
de quatro anos de idade.
Encontrando os serviços para seu filho
É possível que você não conheça quais os tipos de serviços existentes
para seu filho. Em muitos lugares, os serviços não são coordenados e
você preclsa buscar ajuda na base de um programa de cada vez. Se você
estiver num programa atualmente ou tiver contato com pelo menos um
profissional o professor de seu filho ou o pediatra - pergunte sobre os
outros programas de intervenção que poderão trazer benefício à criança,
bem como nomes de pessoas com as quais você poderla conversar. Peça
os nomes de outros pais com casos semelhantes, para você poder entrar
em contato. Talvez você precise fazer muitos contatos telefonicos.
Procure não se desencorajar.
Lidando com as despesas
Os serviços profissionais. O equipamento e outros programas de
intervenção poderáo ser extremamente caros. Planos de seguro de saúde
tém se tornado cada vez mais restritivos. se é que você tem tal seguro.
Existem programas financiados pelo governo, bem como organizações de
servtço comunltário que apóiam atividades. mas há muitas terapias.
equipamentos. taxas de programas e outras questões financeiras. tais
como transporte e cuidados com a criança, que fazem com que as despesas
aumentem.
Escolhendo que profissionais procurar
Nem sempre você é capaz de ter controle sobre quem procurar para
obter a)uda profissional. Dependendo de onde você mora e de que tlpo de
seguro você tem, a escolha de médicos. programas escolares ou
fonoaudiólogos pode ser pequena. Pode ser que você more numa grande área
urbana onde pode escolher a partir de um grande número de recursos, e
isso talvez traga todo um outro conjunto de problemas.
Educando os profissionais
Talvez seja necessário que você eduque os profissionais com os quais
você trabalha, em benefício de seu filho. quando você sabe que irá
trabalhar com um profissional específico, talvez seja interessante lhe
fornecer um resumo escrito da história global de seu filho (não somente
com referência à necessidade especial com a qual o profissional vai
trabalhar).
Forneça também uma lista dos outros profissionais que fazem parte da
vida de seu filho.
Encontrando tempo e energia
Buscar ajuda profissional pode ser complicado e consumir muito tempo.
Se você mora numa cidade pequena, que só tem uma escola, um médico e um
fonoaudiólogo e todos moram a cerca de um quilômetro de distância, a
vida pode ser relativamente simples (se sua criança precisar apenas
disso). Mas muitos pais têm que encontrar o caminho passando por um
labirinto de serviços, gastando horas ao telefone para encontrar
programas, preenchendo formulários intermináveis e esperando em
clínicas, freqüentemente sentindo que os cuidados que estão recebendo
parecem bastante impessoais.
As questões relativas ao seguro são extremamente complicadas.
Atualmente, a sociedade americana está passando por grandes mudanças no
âmbito do sistema de saúde; à medida que as mudanças se processam,
haverá, sem dúvida, confusão por algum tempo. Você poderá descobrir que,
mais tarde, em comparação com o momento atual, haverá uma melhoria na
cobertura ou, possivelmente, maiores limitações.
Avaliando os serviços profissionais
Pode ser que haja períodos em que você precise se encontrar com um
certo profissional, independentemente de você gostar dele ou não. No
entanto, às vezes, não questionamos o atendimento profissional que nós,
ou nossos filhos, recebemos, porque nunca nos ocorreu que temos o
direito de avaliar o serviço e possívelmente fazer algumas escolhas
diferentes.
Você tem o direito - e a responsabilidade - de levantar questões como
as seguintes:
A intervenção está funcionando?
É possível que você não tenha certeza se a intervenção está dando
certo, mas não se sente segura o suficiente para interromper. Às vezes,
estamos tão acostumados a resultados rápidos que é difícil manter um
programa em andamento quando os ganhos não são visíveis. Para poder
realmente compreender os objetivos e procedimentos, talvez seja
necessário um contato mais próximo com o profissional.
Os profissionais dão apoio a você e a seu filho?
Alguns profissionais parecem não ter um verdadeiro interesse pessoal
pelos pais e / ou pela criança. Os pais querem apoio, carinho e
paciência dos profissionais e, quando são atendidos apressadamente em
avaliações e consultas, sentem-se surpreendidos, irritados e
entristecidos. Alguns profissionais apenas enxergam a parte da criança
que foram treinados a remediar. Às vezes, isso é suficiente, pois seu
objetivo principal com alguns deles é o de focalizar uma área
problemática e a família buscará uma fonte de apoio e carinho em outros.
Janet: Levei Ryan para uma checagem de três minutos para um de seus
problemas. Nós haviamos esperado três horas e 17 minutos. Era uma hora
de viagem de nossa casa e eu tivera que tirá-lo da escola para levá-lo.
Além disso, estava com os dois bebês comigo. Finalmente. o médico chegou
e eu lhe perguntei:
"Você sabe há quanto tempo estou esperando?" Recebi outra daquelas
frases famosas: "Não. há quanto tempo? Nós estamos muito ocupados."
"Bem, mas eu também." retruquei. "Cheguei na hora e a recepcionista
foi grossa comigo." (Eu resolvera que já que eu estava na chuva, devla
me molhar.)
"Bem. você precisa compreender que nós nunca sabemos quanto tempo um
caso vai levar."
Eu disse: "Vocé está falando com a pessoa errada."
Ele pediu desculpas. Eu sei que ele não vai mudar. e isso não deu em
nada. Mas quais são minhas opções? É um problema especial e uma clinica
especial e, às vezes, não se tem escolhas.
Os profissionais são pessimistas demais?
Alguns profissionais assumem uma posição negativa e são pessimistas
sobre o futuro. Muitos fazem afirmações definitivas quanto ao
prognóstico. "Seu filho de três anos de idade talvez seja capaz de andar
e falar, mas é claro que nunca será capaz de se casar ou conseguir um
emprego."
Os profissionais são muito otimistas?
Alguns profissionais são demasiadamente otimistas ou minimizam o
problema: "Isso vai passar, quando ela crescer; você se preocupa
demais." Ou "A cirurgia certamente vai corrigir o problema."
Você se deixa dominar pelos títulos e pelas informações?
Quando se tem contato com muitos profissionais é fácil se deixar
dominar por seus títulos, informações e recomendações.
Muitas vezes, esperamos uma capacidade de cura mágica, principalmente
daqueles do campo médico. Eles detêm o poder (ou assim cremos nós) de
sarar, curar e consertar. guanto mais alto no pedestal colorcamos os
profissionais, maior será sua queda quando nos decepcionarmos com suas
limitações genuínas.
Stephanie: Em geral, a gente aprende que os profissionais são
humanos. Não são como deuses. e a medicina moderna não faz mágica,
necessariamente.
Você ouvirá falar de filosofias conflitantes e todas parecerão fazer
sentido para você. Por exemplo, se a criança tem um distúrbio auditivo,
é provável que você seja informada de diferentes métodos de comunicaçâo:
linguagem de sinais, comunicação total, comunicação oral, comunicação
aural-oral, verbalização auditiva e fala por pistas. À medida que a
criança entra no sistema escolar, você ouvirá falar de diferentes
filosofias sobre as classes de educação especial: centros de recursos,
classes integradas, integração na rede regular e inclusão.
Muitas pessoas que trabalham com teorias e metodologias para crianças
com necessidades especiais têm suas próprias tendências sobre o que
funciona melhor.
Você deverá começar a tomar difíceis decisões assim que se iniciarem
os serviços para seu filho. Se a criança apresenta atrasos de
desenvolvimento, é preciso decidir se você quer que ela freqüente um
berçário em escola regular, no qual poderá ficar defasado dos colegas em
termos de coordenação, linguagem ou habilidades de brincar. No entanto,
o berçário na escola regular poderá oferecer a oportunidade de observar
e brincar com crianças que poderão motivá-lo. O ideal poderá ser uma
classe mista, com muitas crianças em diferentes níveis; porém, isso às
vezes é difícil de encontrar. Alguns pais relatam que desejam coisas
diferentes para seus filhos em diferentes idades. Em alguns períodos,
gostariam que tivessem instrução mais especializada e individualizada.
Em outros momentos, a inclusão num contexto de "mundo real" é a
prioridade para os pais, bem como para a criança.
Seu filho foi testado o suficiente?
Alguns profissionais se deixam levar porque há sempre mais testes que
poderão aplicar. É preciso que você estabeleça os limites, e às vezes
eles poderão fazê-la sentir que nâo está fazendo o bastante. Ou, talvez,
não sejam capazes de conversar sem utilizar um jargão profissional, e
você talvez pense que parece que, se pedir para explicarem direito o
assunto, vai parecer que você é burra.
Janet: Ryan tinha dois anos de idade, e nós estávamos bem.
Fomos para um retorno rápido de rotina com um especialista que o
acompanhava. O médico o examinou dos pés à cabeça.
"Ele tem micrognatia; vamos ter que trabalhar neste maxilar para
aumentá-lo. Não queremos que ele fique com uma aparência estranha. A
testa está projetada; pode parar nisso, mas se continuar nesta direção,
talvez tenhamos que lixar os lóbulos na cabeça." Eu nunca nem havia
ouvido falar de tais coisas antes.
Sabia que ele tinha uma testa protuberante, mas isso era demais!
"A boca está um horror; estes dentes vão sair um por cima do cánula,
mas agora vai ser útil para todas as cirurgias que ele vai precisar. E
vamos ficar de olho naquela escoliose. Se piorar muito, ele poderá 8car
arqueado e talvez até desenvolver uma corcunda."
Bem, saí de lá e só conseguia pensar que eu tinha um Homem Elefante.
Ele ta ter que usar uma máscara; todos iam rir dele. E Ryan tinha ouvido
tudo. Eu não sabia quanto ele compreendera, mas ele sabia que não se
tratava de uma reunião do tipo "Olha, mamãe, nenhuma cárie!"
Liguei para Diane e desmoronei. Ela fez um número comigo como o que
eu sempre fazia com ela. Depois que despejei tudo, ela perguntou, na sua
voz calma: "E quando eles pretendem fazer tudo isso?"
Isso me fez dar risada. Percebi que eu permitira que me tivessem
dominado. Não tinha sido capaz de fazer qualquer pergunta, nem obter
qualquer outra informação. Simplesmente reagi de forma impotente. Foi
uma lição importante para mim - fique preparada.
Teste de assertividade dos pais em relação a profissionais
Avalie a sua eficácia nas seguintes situações:
3= muito 2= razoável, às vezes 1= necessita praticar mais
1. Aparentar autoconfiança e conforto nas reuniões com profissionais.
2. Solicitar ao profissional que esclareça termos ou procedimentos que
você não entende.
3. Dizer ao profissional que você não concorda com o diagnóstico ou com
as recomendações.
4. Questionar uma intervenção que você considera desnecessária ou
indesejada.
5. Ligar para um profissional e discutir uma questão ou problema por
telefone.
6. Dizer ao profissional que você gostaria de uma segunda opinião.
7. Solicitar aos profissionais cópias de seus relatórios do prontuário.
8. Deixar que o profissional saiba quando você está satisfeita com seu
serviço.
9. Fazer anotações em reuniões com profissionais, sentindo-se
confortável ao fazê-lo.
10. Manter-se calma e manter o foco quando o profissional se irrita
ou fica impaciente com você ou quando se torna condescendente ou não a
leva a sério.
11. Negociar com o profissional a redução ou aumento de um plano de
intervenção (por exemplo, visitas terapêuticas, custos de tratamento,
uso de aparelho).
12. Levar um intercessor consigo para uma reunião para tratar de seu
filho.
13. Lidar com calma e assertividade com sua irritaçâo ou raiva do
profissional.
14. Solicitar do profissional mais tempo ou um contato telefônico
posterior se você sentir que há algo mais a tratar.
15. Deixar uma reunião com a sensação de que conseguiu solicitar
informações claras e específicas e que todas as suas perguntas e
preocupações foram abordadas a contento.
Estratégias para o sucesso
Você, como profissional
Se você se apresentar informada, decisiva e confiante, vai descobrir
que a maioria dos profissionais a levará a sério e reconhecerá aquilo
que você já sabe - que você é uma expert sobre seu filho. Os
profissionais são seus consultores. Você os paga por seu conhecimento,
experiência e habilidades.
Você também intercede em favor de seu filho e lidera a equipe dele. É
preciso conhecer seus próprios pontos fortes, bem como suas limttaçôes,
além de quais situações você consegue manejar de forma assertiva e quais
são as que requerem aperfeiçoamento.
Suas responsabilidades profissionais
No início, você naturalmente busca nos profissionais o diagnóstico e
o tratamento para seu filho, assim como sua própria educação. Ao
aprender mais sobre as necessidades especiais dele - e sobre suas
necessidades, preferências e personalidade no global - ocorre uma
mudança no seu relacionamento com os profissionais. Você se torna um
membro equivalente aos outros na equipe, na qual você ocupa uma posição
de pivô. guem melhor conhece a criança é você; além disso, você domina a
natureza e extensão das intervenções com as quais seu filho e sua
família são capazes de lidar; você também sabe quantos recursos
financeiros e serviços de seguro de saúde estão disponíveis. Seu papel é
estabelecer o equilíbrio e os limites.
Mantenha um arquivo contínuo da história de seu filho com os
profissionais. Documente seus contatos com médicos, terapeutas e
escolas. Você se surpreenderá com o número de vezes que lhe solicitarão
que preencha o histórico médico da criança. Guarde cópias de tudo e
economize trabalho desnecessário. Alguns pais guardam tudo numa pasta
com divisórias, enquanto outros precisam de um arquivo.
2. Consiga um coordenador médico. Se seu filho vai ter vários médicos
especialistas, selecione um deles possívelmente o pediatra - para servir
de coordenador médico. Faça com que ele receba cópias de todos os
relatórios e testes e mantenha o médico informado quanto às decisões
pendentes ou tomadas, os problemas na obtenção dos serviços adequados e
assim por diante. Esse procedimento facilita o pronto contato com a
pessoa certa, e muitos especialistas flcam felizes de saber que um
médico está acompanhando todos os cuidados médicos da criança.
3. Documente o progresso da criança e os problemas em casa. Se você
tiver acesso a uma câmera de vídeo, registre exemplos da criança
brincando, comendo e locomovendo-se em seu ambiente. Isso poderá ser
útil para as reuniões ou avaliações quando seu filho está num dia "ruim"
e simplesmente se recusa - ou não consegue - demonstrar suas melhores
habilidades e comportamento.
4. Lembre-se de que as decisões sobre seu filho são, em úLtima
instância, suas. Você quer o melhor em informações, você quer conhecer
suas opções, você quer conhecer as opiniôes de outros pais, de
profissionais, você quer conhecer tanto os riscos quanto os benefícios
prometidos.
Susie: Não importa quanto você fica histérica, quanto você é
intelectual, quanto você é bacana, você é a mãe e se você é
conscienciosa e ama seu filho, é você quem sabe. Você tem que ser a mais
esperta de todos. É preciso aproveitar ao máximo tudo o que você puder
aprender sobre seu filho, mas as decisões finais, definitivas, têm de
ser suas.
Planejando consultas e reuniões
- Você não deve simplesmente
aparecer nas consultas. Prepare-se. Antecipe ao máximo os problemas em
potencial. Cada passo que você der no planejamento prévio lhe dará maior
sensaçâo de autoconfiança e controle. Aí, então, você poderá conseguir
relaxar e manter a mente aberta para lidar com problemas inesperados
(como chegar atrasada por causa do trânsito, receber informação
desconcertante). Você quer aproveitar ao máximo cada consulta, em
benefício de seu filho. Gostaria que suas relaçôes com os profissionais
fossem positivas, produtivas e que estivessem ocorrendo num pé de
igualdade. Planeje com antecedência.
1. Saiba o que esperar e o que não esperar. Espere que os
profissionais sejam competentes na área específica na qual foram
treinados, mas você sabe que o seu neurologista pode não ter sido
treinado para aconselhar pais ansiosos, bravos e assustados; além disso,
a professora de seu filho não pode prescrever medicamentos. Não espere
que todos os seus profissionais sejam o Marcus Welby, a Florence Night
ingale ou o Mr. Chips.
2. Sempre que possível e apropriado, envie informações aos
profissionais com antecedência. Depois, ligue um dia antes da consulta
para lembrá-los daquilo que você enviou.
3. Sempre que você considerar necessário, leve consigo uma pessoa
para lhe dar apoio nas reuniões. Às vezes, ajuda se seu parceiro ou
outra mãe de criança com necessidades especiais estiver com você.
Diga-lhes qual papel você quer que desempenhem. Você gostaria que ele
participasse, sentindo-se à vontade para fazer perguntas ou você
gostaria simplesmente de contar com sua presença? Os profissionais levam
mais tempo e respondem às perguntas de forma mais completa quando ambos
os pais estão presentes? Você deve decidir sobre isso. Talvez se trate
da força dos números, talvez ainda existam resquícios de preconceito
sexual permeando nossa sociedade. Sem dúvida, a pressão para que você se
lembre de tudo o que ocorreu diminui se mais alguém participa da
reunião.
Stephanie: Sempre sinto que tomamos decisões melhores quando Paul e
eu vamos juntos. Às vezes, ouvimos as coisas diferentemente, ou pensamos
em perguntas diferentes para fazer. Meu marido não pode ir a todas as
consultas por causa de seu horário de trabalho, então tivemos que
aprender a escolher as mais importantes.
Diane: A equipe de spina bifida é tão regular e eu me encontro com
tantos médicos que eles realmente me tratam com respeito.
No entanto, muitos outros profissionais que temos visto falam com
maior seriedade com meu marido. Um médico conversou comigo como se eu
tivesse a mentalidade de um peixinho dourado. Mas agora eu não saio da
sala até que todas as minhas dúvidas tenham sido respondidas. Quando o
marido da gente não pode estar presente em nenhuma das reuniões, então a
gente tem de fazer as perguntas que sabe que ele faria.
Janet: Quanto mais apoio a gente leva junto, melhor. Nossa
fonoaudióloga nos acompanha a todas as reuniões do Programa de Educação
Individualizada, e isso tem feito uma diferença enorme no andamento da
reunião. Ela interpreta muito do jargão para mim. Às vezes tudo é
despejado de forma tão rápida que nem dá tempo de eu interromper.
4. Prepare uma lista de perguntas. Discuta-as com seu companheiro,
com o professor de seu filho ou com outras pessoas importantes na vida
da criança. Se você quiser se certificar de que haverá tempo para
conversar com o profissional, avise a pessoa que marca as consultas que
você vai precisar de cerca de meia hora, por exemplo. Se for preciso,
marque uma consulta dupla. Talvez você queira mandar uma lista de
perguntas ao profissional com antecedência ou deixar uma mensagem na
secretária eletrônica sobre os assuntos que gostaria de abordar.
5. Sempre que possível, marque a primeira consulta do dia,
principalmente no caso de médicos. Isso diminui a possibilidade de você
ser pega na sequência inevitável de atrasos de pacientes. Ligue antes de
sair de casa para saber se o médico está adiantado ou atrasado em seu
atendimento. E se você precisar esperar por mais do que 45 minutos,
reclame. Reclame com o profissional, não somente com os funcionários do
consultório. Se for uma clínica ou instituição, reclame com o
administrador. Você manteve o seu lado do acordo, cumprindo o horário e
seu tempo nâo remunerado é tão valioso quanto o tempo remunerado do
profissional.
6. Sua aparência pode fazer diferença. Se você quiser ser levada a
sério, apresente-se como competente e no domínio da situação. Não basta
enfiar qualquer roupa; "arrume-se".
7. Planeje um esquema para seu filho. Se a reunião for daquelas que
envolve a criança, mas você gostaria de conversar com o profissional em
particular, pergunte se, no consultório, existe um esquema disponível
para alguém ficar com a criança por pouco tempo. (Se você vai a um
profissional regularmente, sua criança é conhecida e isso poderá ser
viável, desde que solicitado com antecedência.) Caso contrário, talvez
seja necessária a presença de ambos os pais, ou leve um parente ou amigo
para ficar com a criança.
Durante sua consulta ou reunião - Não é preciso que você goste
pessoalmente de todos os profissionais com os quais você se encontra em
benefício de seu filho, mas não faz mal tentar - principalmente se você
for manter uma relação de continuidade com eles. Sua atitude
provavelmente será influenciada pelo seu momento no processo de
adaptação, pela finalidade da reunião, pela atitude dos profissionais e
por quão bem você se preparou.
1. Se, apesar de seus esforços preventivos, parece que você vai ter
que ficar esperando, pergunte quanto tempo vai demorar e, em seguida,
decida se é melhor ir embora, sair para caminhar ou se ajeitar na sala
de espera (quando não dá para lutar contra, é melhor aceitar as
circunstâncias). Ficar aborrecida e tensa não levam a nada. Talvez você
queira levar um walkman, com fone de ouvido. Faça correções na agenda de
endereços, coloque os endereços nos cartões de Natal ou escreva uma
carta. Se seu filho estiver junto, planeje com antecedência e leve
algumas atividades para ele ou para vocês dois fazerem juntos.
2. Não entre com uma atitude de briga. Às vezes, você talvez ainda
sinta raiva ou frustração que sobraram de encontros com outros
profissionais e você presuma que vai ter outra experiência ruim. Deixe a
raiva dentro do elevador.
3. Forneça um rápido resumo verbal das razões que lhe trouxeram ao
consultório, independentemente de quantas vezes o profissional vê seu
filho. Peça esclarecimentos sobre qualquer coisa que não compreender.
Muitas vezes, o jargão profissional é utilizado por conveniência ou por
hábito; além disso, o jargão pode não ser muito específico e pode dar
margem a interpretações errôneas. Afirme seus desejos e expectativas
claramente e pergunte sobre como poderão ser realizados. Certifique-se
de que haja acordo dos dois lados sobre os objetivos e planos de
prosseguimento.
4. Fique informada. Arme-se com perguntas. Por exemplo. se o médico
quiser entrar com medicação para seu filho, você tem o direito e a
responsabilidade de entender tudo sobre isso. Qual é? Por quanto tempo
será necessário - e como eles sabem disso? uais são os efeitos
colaterais, tanto a curto quanto a longo prazo Como o medicamento vai
reagir com os outros que ele já está tomando? uais são as alternativas?
Faça muitas perguntas, não deixe nada escapar. Não saia da sala a não
ser que todas as suas perguntas tenham sido respondidas. Se seu parceiro
não pode participar da maioria das consultas, você tem que ser seu
intercessor, e relatar para ele. Anote as informações. Ou melhor, leve
um pequeno gravador portátil. Mas peça permissão para utilizá-lo. Nâo
presuma de antemão que isso é aceitável.
5. Sempre que indicado, peça informação por escrito. Por exemplo,
peça informação sobre o problema de seu filho e os recursos da
comunidade (ou, ao menos, o nome de alguém que poderá lhe fornecer
maiores informações). Se você gosta de ler literatura da área médica,
solicite referências ou cópias de artigos disponíveis a seu médico.
Quando se está lidando com um sistema escolar ou uma agência sobre os
seus direitos a serviços, solicite por escrito as cópias das leis e
estatutos. Solicite artigos para pais e livros sobre a criação de
crianças com necessidades especiais. Também anote os nomes de outros
pais ou profissionais que possam saber mais sobre suas necessidades.
6. Mantenha aberta a possibilidade de Iigar de volta com aquelas
perguntas inevitáveis que lhe ocorrerão assim que você chegar ao
estacionamento ou quando estiver revendo a reunião com seu parceiro ou
outro profissional envolvido nos cuidados gerais de seu filho.
7. Fique amiga dos funcionários de apoio do consultórto - enfermeiras
e secretárias - conheça-os pelo nome.
Se seu relacionamento com o profissional for prolongado, isso sempre
é muito útil. Há telefonemas inevitáveis para a mudança de horários,
devido a doença da criança, bem como questões sobre pagamento ou se você
quiser saber se o profissional está atendendo com atraso no dia.
Depois da consulta ou reunião - Você espera ir embora sentindo-se
positiva, informada e competente. Mesmo se você não tiver conseguido
encaminhar tudo perfeitamente não seja muito exigente consigo mesma.
Ninguém é perfelto e é por isso mesmo que você precisa "manter a porta
aberta" para cuidar de negócios inacabados. Se você se esquecer de
"deixar a porta aberta", ligue assim mesmo, se for preciso.
Mande cartões de agradecimento para os profissionais que lhe
forneceram tempo e cuidados de qualidade.
Inclua um pequeno resumo dos seus objetivos na reunião. Eles costumam
receber retorno de pessoas apenas para ventilar reclamações. Diga ao
profissional quanto os funcionários foram atenciosos, auxiliando na
chegada, durante e após a consulta.
2. Os profissionais não são perfeitos. Alguns são altamente
incompetentes em seu campo de escolha, no entanto, faltaram-lhes algumas
aulas sobre compaixão humana.
Se você se sentir realmente insatisfeita com o estilo ou filosofia de
um profissional, e particularmente quando tratar-se de um relacionamento
prolongado, procure outro. Ou considere abordar o problema diretamente
com o profissional. A maioria dos profissionais realmente gosta de
feedback sobre sua forma de se relacionar com os pais, se isso for
apresentado de forma positiva, construtiva ou se você lhe escrever uma
carta específica e positiva.
Susie: Você não adora quando as pessoas dizem: "Ele é o melhor. Você
tem que levar seu filho no melhor"? Mas isso significa que eu tenho que
esperar duas horas? Talvez outro médico possa se tornar o melhor; vamos
dar-lhe a chance. Eu peso várias coisas. Antigamente, ficava sentada no
consultório durante horas a fio, porque ele era "o melhor" . Se você
perguntar por aí, vai ficar sabendo de alguns módicos novos ótimos. Os
melhores estão aí fora, mas nem sempre são os que você esperava.
A equipe de apoio de seu filho
Se quiser que os profissionais tenham atitudes positivas a seu
respeito, como pais de uma criança com necessidades especiais, então
cabe a você assegurar que as experiências deles com você sejam
positivas. Com seus filhos, vocês são profissionais e, portanto, merecem
status de igualdade com todos os outros profissionais que estão ajudando
no desenvolvimento de seu filho. Tal status de igualdade é adquirido
quando os papéis são desempenhados com eficácia.
Talvez seu filho necessite de serviços profissionais por muito tempo.
Alguns profissionais, você encontrará apenas brevemente. Outros, no
entanto, estarão próximos durante muito tempo, possívelmente durante
todo o ano escolar. Outros, ainda, como o seu pediatra, terapeuta ou
auxiliar no lar, poderão estar presentes durante vários anos.
Muito do atendimento ocorre de forma fragmentada; os profissionais
não vêem onde você esteve, o que já fez, nem como a criança tem
evoluído. Novos profissionais "pegam o bonde andando" e não sabem do
andamento nem do processo de desenvolvimento de sua história de vida.
Para seu filho, a fragmentação nos serviços e o contato com uma série
de profissionais pode ser difícil. Você gostaria que houvesse o máximo
de continuidade possível, o que é difícil, muitas vezes, porque se
iniciam novos programas, novos terapeutas e novos especialistas,
mantendo-se contato limitado ou nenhum com os que ficaram para trás.
Seu filho pode ter vários profissionais em sua vida que não mantêm
contato entre si. Sempre que possível, organize reuniões de equipe
terapeutas, professores, babysitters - para reforçar o fato de que seu
filho é uma criança no global.
Também poderá ser benéfico para a criança saber que as pessoas que
cuidam dela se conhecem e têm contato entre si no que diz respeito a
ela.
A fragmentação no atendimento de seu filho também afeta você. Você se
cansa de repetir sua história várias vezes, bem como de acostumar a
criança a novas pessoas e novos consultórios. Os profissionais novos não
sabem daquilo pelo qual você já passou, de quanto você tem trabalhado,
nem de quanto você tem amado e respeitado seu filho durante todos os
inúmeros desafios. Você tem tido suas decepções com profissionais
anteriores, e não espera que os próximos sejam muito melhores do que
aqueles. Ou você pode ter adorado a pessoa anterior e está convencida de
que a nova não chegará aos pés dela.
A fragmentação e o "cuidado em série" também trazem dificuldades para
os profissionais. Acontece com bastante freqüência que o terapeuta,
professor ou médico vê a criança num determinado momento sobre um
problema específico. Como não conhecem nem a criança nem os pais, e como
não acompanham como as coisas se sucederam, os profissionais têm a visão
de uma fatia da vida. É como se fossem para o cinema e assistissem a dez
minutos do filme e saíssem, tentando compreender todo o enredo. Os
profissionais que encontram a família em momento de sofrimento, sem
conhecer o contexto mais amplo de sua vida, poderão acabar concluindo
que as famílias que têm crianças com necessidades especiais vivem grande
parte de suas vidas em sofrimento.
A maioria dos profissionais, em todas as áreas, é dedicada e
comprometida com o fornecimento do melhor possível em serviços para seu
filho. A maioria dos profissionais reconhece em você um membro
necessário na equipe de intervenção de seu filho, porque você leva
consigo a história dele e porque você é uma expert sobre as capacidades,
sobre a personalidade e sobre as necessidades especiais da criança.
Janet: Nossa empresa de seguro de saúde nos conhece tão bem que nossa
corretora tem a foto de Ryan em sua mesa.

7 -
SAIR EM PÚBLICO
Na natureza não há mácula, fora a mente
Ninguém poderá ser chamado de
deformado, fora o maldoso.
Shakespeare
As pessoas têm todo tipo de atitude a respeito das deficiências.
Algumas pessoas pensam na deficiência como uma tragédia. Outras pensam
nela como uma dádiva divina. Ainda outros a consideram como um castigo
pelos pecados; e outros acreditam que se trata de uma peça pregada
aleatoriamente pelo destino; para outros, era algo que tinha que ser.
Algumas pessoas acreditam que os pais de crianças com deficiência foram
escolhidos porque conseguiriam dar conta do problema; outras, que isso é
um teste de fé. Algumas pessoas pensam que pais que têm crianças com
deficiência são excepcionalmente fortes e corajosos; outras que se deve
ter pena deles. Algumas pessoas acreditam que as pessoas com deficiência
devem ser totalmente incluídas na sociedade; para outras, a construção
de rampas para pessoas com deficiência é um total desperdício dos
impostos do contribuinte. Para alguns, as pessoas com deficiência devem
ser escondidas - cuidadas em casa para sempre ou mandadas para
instituições. Outros acreditam na integração ou inclusão escolar - que
todas as crianças deveriam ser educadas juntas; ainda outros pensam que
o fato de ter que aguardar ou desacelerar o passo para uma criança com
ritmo mais lento de movimento ou aprendizagem prejudicará o progresso da
criança típica.
Vivemos num mundo confuso e contraditório. Ninguém é perfeito, mas há
alguns tipos de "imperfeições" que têm maior (ou menor) valor social que
outras. Nâo seria bom se "Ninguém é perfeito" realmente significasse que
"Todos são diferentes
mas de valor igual"?
Muitas pessoas, muitas atitudes. Você encontrará uma variedade delas.
Ao adentrar-se no mundo com seu filho, muitas vezes você se surpreenderá
com os tipos de interações que você vai ter com pessoas desconhecidas.
1. Os desconhecidos reagirão a seu filho de maneiras diferentes.
Algumas pessoas serão interessadas, positivas, darão apoio; outras se
mostrarão curiosas, mas inseguras sobre o que fazer ou dizer; e outras
serão grosseiras e insensíveis.
2. Você reagirá a suas reações de forma diferenciada, dependendo de
onde você se encontrar no processo de adaptação e de qual for seu estado
de humor naquele momento.
3. Taluez você necessite de estratégias específicas ao lidar com
outras pessoas que fazem comentários ou reagem de maneiras que fazem com
que você e seu filho se sintam desconfortáveis.
Reações possíveis do outro em relação a seu filho e a você
Interesse genuíno
Algumas pessoas que você encontra por acaso no mundo mostram um
interesse genuino por seu filho e/ou por sua situação. Muitas pessoas
são simplesmente simpáticas, com carinho sincero e querem oferecer apoio
e encorajamento.
Outras se aproximam de você porque conhecem ou viveram uma situação
semelhante e são capazes de empatizar com sua experiência. Algumas
pessoas se fascinam ou são apenas curiosas. Para estas, trata-se de uma
experiência de aprendizagem e isso pode ser bastante recompensador para
você e seu filho, bem como uma expansão de conhecimento e sensibilidade
para ao menos uma pessoa a mais no mundo.
Diane: Na última vez que fomos à Disneylândia, sentamos para comer
uma banana congelada e um casal de avós se aproximou.
A mulher disse: "Vocês se incomodam se eu perguntar qual é o problema
de sua filha?" Ela foi educada e respeitosa.
"Tudo bem", eu disse. "Ela tem spina bifida."
"Era isso que eu pensava. Nossa neta tem spina bifida. E eu estava
pensando, sua filha está tendo problemas com a válvula?"
Ela queria saber sobre muletas e cadeiras de rodas. Ao se despedir,
ela disse: "É muito difícil para minha filha, mas é muito bom perceber
que vocês estão saindo e se divertindo. Tenham um bom dia."
Susie: Nós estávamos num restaurante muito bom em Yosemite.
Levamos Betsy e eu estava me sentindo muito orgulhosa por ter feito
isso. Ela não atrapalhou em nada. Ficou ótima. Quando a gente estava
terminando a refeição, um casal parou perto de nossa mesa. Eles eram
mais velhos e sofisticados: ele estava ficando grisalho nas têmporas.
Sua expressão era sorridente e parecia que não tinham problema algum no
mundo. A gente tinha certeza de que eles tinham quatro filhos estudando
na Universidade de Yale e que a mãe era corretora de imóveis e ele,
neurocirurgião.
A mulher se abaixou e disse: "Nós temos uma criança igual a sua. Sua
filha está indo muito, bem. Bom apetite." Ela se tornou minha
inspiração. E a melhor parte foi que ela elogiara Betsy pelo bom
trabalho que estava conseguindo realizar.
Olhares
Se seu filho tem uma aparência "diferente", as pessoas poderão olhar
(ou encarar), porque ficaram surpresas, impressionadas, curiosas,
assustadas ou mesmo por grosseria. As pessoas muitas vezes reagem aos
óculos, aos aparelhos auditivos, aos aparelhos ortopédicos, às cadeiras
de rodas, às características faciais ou corporais não-usuais, ao jeito
de seu filho falar ou ao fato de ele não falar.
Diane: Algumas pessoas nos olham com pena. Gostaria que eles
pensassem: "Não é ótimo que eles estão saindo, se virando e não
permitindo que a deficiência os impeça de fazer as coisas?"
Janet: Antigamente, também era muito mais difícil ir a vários
lugares, porque tantos locais eram inacessíveis. As crianças de hoje vão
crescer aceitando isso como natural, mas pense como deve ser para
pessoas idosas quc cresceram numa época em que a maioria das pessoas com
deficiência era institucionalizada.
Desconforto ou ansiedade
Se seu filho se comporta de maneira "inapropriada", muitas pessoas
terão reações. Outras pessoas talvez não saibam o que fazer ou dizer
quando observam comportamentos agressivos ou a criança "aprontando".
Trejeitos esquisitos ou ações imprevistas. Tais comportamentos fazem as
pessoas sentirem-se constrangidas. ansiosas ou mesmo assustadas. Diante
disso poderão distanciar-se, esboçar um sorriso nervoso , oferecer apoio
polido ou demonstrar desgosto ou medo.
Susie: Antigamente, eu ficava chateada de ver crianças deficientes
mentais no supermercado, e hoje cá estou. Faço questão de levar Betsy
porque é importante que ela aprenda como se comportar no mercado e ter
essa experiência. Mas posso compreender como pessoas com deficiência
mental porque, às vezes, tem uma aparência diferente ou seu
comportamento é imprevisível. Não somos ensinados a lidar com isso e
tememos aquilo que não conhecemos.
Compartilhando suas "soluções"
Algumas pessoas têm a solução para o seu problema e estão ávidas por
lhe oferecer os benefícios de sua sabedoria. mesmo se você não a
solicitar. E algumas pessoas são grosseiras e insensíveis mesmo.
Diane: A gente estava numa praia que tem acesso para cadeiras de
rodas. aproveitando um dia lindo. Um homem se aproximou e disse: "Vocês
falam inglês?" Eu disse: "Sim..." É preciso tomar cuidado com
desconhecidos na praia hoje em dia. Ele disse: Vocês sabem que existe um
céu onde todos são perfeitos, onde não há tristeza?" Olhei para ele.
Aqui parece que a gente está triste?" Ele olhou para Catherine. "Você
sabe que no céu você vai ser perfeita?"
Nessa altura, eu poderia ter respondido muitas coisas, mas só queria
encerrar o assunto. Então, disse: "Você está invadindo o nosso dia
gostoso. Passar bem." O homem foi embora e Catherine disse, "Ei, mãe,
você lidou muito bem com isso." "Aquele besta deve pensar que você tem
algum problema", eu disse.
Suas reações às reações das outras pessoas
Você permite que as pessoas a afetem com seus comentários? Você fica
brava ou deixa que um comentário afete seus sentimentos de competência?
Você permite que pessoas que não importam em sua vida estraguem ou não
seu dia?
É difícil não reagir quando as pessoas dizem coisas insensíveis ou
que magoam. Parte disso é o fator surpresa. Os comentários e olhares que
você espera ganhar como mãe ou pai são positivos, afirmativos e
enlevadores e não "O que tem de errado com seu filho?" Suando será que a
sociedade vai atingir o ponto no qual "diferente" nâo significa
"errado"?
Houve uma época em que você poderia ter reagido a uma pessoa que
tinha uma aparência ou um comportamento que não era "típico". Assim,
você provavelmente consegue compreender como as pessoas se sentem, mesmo
que seu comportamento nâo seja aceitável. Você provavelmente tem dias
melhores e piores sobre tudo isso; em algumas situações, você deixa que
os olhares e comentários passem ao largo e, em outros, acaba valorizando
um comentário mínimo, sentindo-se totalmente incompetente.
Quando você está sobrevivendo, se estiver na descida da
montanha-russa3, é possível que permita que os olhares e comentários de
outras pessoas a atinjam. Quando se sente vulnerável, poderá interpretar
um comentário mínimo como um julgamento ou uma crítica. Se você estiver
num estágio de incerteza ou desconforto sobre a deficiência de seu
filho, talvez sinta vergonha, ansiedade ou fique se desculpando nos seus
contatos com seu filho e com outras pessoas.
Janet: Eu sempre quis participar do grupo "Mamãe e Eu". Estava muito
nervosa. mas me arrumei e levei Ryan e lá fomos nós. A professora era
muito simpática, e Ryan conseguia transferir o chocalho de uma mão para
a outra e ela o usou como exemplo.
Mas ninguém conseguia ignorar a sua máquina de sucção e a cânula. As
outras mães fizeram algumas perguntas educadas e eu respondi: "É. nós
tivemos alguns problemas quando ele nasceu." E elas reclamavam porque
seus filhos ficavam seguindo-as quando iam ao banheiro e eu pensava:
"Nossa, adoraria se meu filho fosse capaz de fazer isso." Mas foram os
olhares delas que me afugentaram. Elas se sentiam desconfortáveis
olhando Ryan: não viam a criança. viam o equipamento. Eu não agüentava
que ele as visse olhando para ele assim.
Quando você está numa modalidade de busca, pode haver dias em que se
propõe a atacar, pronta a educar cada desconhecido que olhar em sua
direção. Talvez você se sinta como o Representante de Todos os Pais de
Crianças com Necessidades Especiais e você deve parecer que está
informada, calma, organizada, bem adaptada, corajosa, forte, feliz e no
controle da situação.
Em outras ocasiões, principalmente quando você já se encontra
ajustada, nada disso representa um problema e mesmo ao ler isto, você
pensa: "Qual é o problema, afinal?" E ainda tem aqueles outros dias:
está chovendo, você está atrasada, de mau humor ou seu filho está com
fome, cansado ou doente; as lojas estão abarrotadas de gente e se alguém
lhe disser algo, você será arremessada de volta, sentindo-se vulnerável,
na defensiva, mesmo que por poucos instantes.
Diane: Eu estava numa loja com Catherine depois de uma de suas
cirúrgias e a caixa disse, bem na frente dela, de forma muito abrupta:
"Por que ela está usando esta barra entre os pés?" Não tinha sido um bom
dia para ela perguntar e eu resolvi esfriar seu impulso. Sussurrei: "Ela
é paralítica ".
Durante todo o processo, há dias em que você fica impaciente com as
outras pessoas e nâo consegue acreditar que seja possível tamanha
ignorância. Em outros dias, você é capaz de ser sensível aos seus
sentimentos e, às vezes, tenta modificar suas atitudes. Há dias em que
você simplesmente nâo se importa com isso. Aceita que existe todo tipo
de pessoas no mundo. Então, você lida com eles de forma calma e natural
e continua com sua própria vida.
Susie: Eu tenho uma história de loja de sapatos.
Janet: Acho que todo mundo tem uma história de loja de sapatos.
Susie: Betsy e eu estávamos na loja de sapatos, prestes a sermos
atendidas. "Betsy, vem pra cá", eu disse. Para ela, este é o sinal para
rolar no chão e rir. Tudo bem. Eu sei que é isto que ela vai fazer,
então eu tenho que agarrá-la, cochichando e cantando uma musiquinha no
ouvido dela, e consigo que ela se locomova com os calcanhares
pendurados. Faz parte do jogo, e é assim que nós operamos.
O vendedor só olha. "Ela não fala?"
"Não, ela tem o seu próprio rol de problemas." Não tenho vontade de
elaborar mais, então respondo de forma simpática, mas firme, para que o
cara não pergunte mais nada. Há três anos, eu teria lhe contado toda a
minha história de vida. Sentia-me compelida a contar ao mundo; pensava
que o mundo se preocupava, mas isso não é verdade.
Você não deve explicações a ninguém e sua missão não é modificar o
mundo. Bem, talvez seja, mas não precisa ser a cada vez que você sai de
casa. Às vezes, é preciso dizer algo para proteger seu filho ou para que
você se sinta melhor, com maior controle.
Susie: Quando Betsy entra numa sala, muitas pessoas ficam
constrangidas e assustadas. Ela se encontra fora da norma; ela atrapalha
a correnteza. Antigamente, eu sentia que era minha obrigação cuidar das
outras pessoas, mas com o tempo reconheci que Betsy é minha primeira
prioridade. Geralmente, ela também fica constrangida e assustada e meu
objetivo é tornar a experiência a melhor possível para ela.
Uma mãe disse que, quando o dia está sendo difícil, ela simplesmente
coloca um chapéu e óculos escuros nela e no filho.
Ela o coloca na cadeira de rodas e eles saem. Diz que as pessoas
ainda olham, mas pensam que os dois são celebridades.
Estratégias para o sucesso
Tenha um passeio agradável
Avalie o sucesso de seu passeio - Muitos pais principalmente os de
filhos pequenos (e especialmente quando os pais ainda estâo enfrentando
suas próprias questões de sobrevivência e busca) podem relatar algumas
verdadeiras histórias de terror sobre a tentativa de compra de um par de
sapatos, de ir a um restaurante ou de passeio ao zoológico.
Há alguns lugares onde você e seu filho não enfrentam quaisquer
problemas; outros são desastres, a partir do momento em que se para no
estacionamento. Se você costuma ter problemas ao lidar com seu filho em
locais públicos devido a problemas de comportamento, a reações da
criança quando fica demasiadamente cansada ou estimulada, a dificuldades
devido ao acesso físico ou ao seu próprio desconforto, tente algumas
destas sugestões para aumentar seu sucesso nos passeios.
Antecipe e prepare um plano - Para aumentar seus índices de sucesso,
é preciso praticar. Inicie selecionando algum local problemático.
Escolha algo fácil, onde se pode ir por um período breve, deixando o
local rapidamente se for preciso.
Seu objetivo em cada passeio é o sucesso para seu filho e para você.
Portanto, procure fazer com que a saída seja breve e divertida.
1. Aonde vocês vão? Uma praça local, uma lanchonete, uma loja de
sapatos?
2. Quanto tempo você pretende passar no carro na trajetória de ida e
volta? Leve em conta o tempo de atenção de seu filho, suas reações a
ficar preso no assento infantil do carro. Seu comportamento no carro e
seu próprio nível de paciência para uma saída de carro dirigindo no
trânsito. Se for preciso, programe uma parada para descanso no caminho.
3. Durante quanto tempo pretende permanecer no local?
Dez minutos? Três horas? Enquanto você estiver treinando "como se
comportar em público". no caso da criança. e "como reagir em público",
no seu caso, quanto menos tempo, melhor.
4. Quais são os fatores de estimulação que merecem ser considerados?
O número de pessoas? O nível de barulho? Música? Luzes fortes?
Movimento? Muita gente?
Algum desses estímulos deixará seu filho irritado, nervoso, assustado
ou hiperativo? Quanto você consegue dar conta disso?
5. Qual é a função do passeio? Vocês vão a um restaurante tipo fast
food para praticar alimentação em lugar público? Ou vocês pretendem
alugar uma fita de video, cortar o cabelo ou fazer compras na mercearia?
O objetivo da saída poderá afetar a motivação. o humor e a colaboração
de seu filho.
6. Tratam-se de ambientes e pessoas novos ou conhecidos? Se seu
filho costuma ficar desconfortável em
novas situações, você poderá lidar com isso com maior cautela do que
uma ida à Escola Dominical, onde ele encontra todos os seus amigos.
7. De quanta ajuda você necessita? Você vai a algum lugar que exige
que outras pessoas o carreguem, levantem ou supervisionem? São pessoas
com as quais seu filho fica à vontade e com quem colabora? São pessoas
em quem você confia?
8. O local é acessível a cadeiras de rodas e tem estacionamento
próximo. Você pode estacionar o carro e chegar aonde pretende ir? Uma
vez lá dentro, os banheiros são acessíveis?
9. Você tem um plano para uma rápida escapada? Se seu filho tiver
algum problema - se ficar chateado, tiver uma crise de birra, ficar
descontrolado - ou se você quiser sair de lá, tenha um plano de como
você poderá ir embora.
Diane: Sempre me asseguro de que Catherine está consciente de como é
o ambiente, para que tenha cuidado com coisas no chão que poderão fazer
com que ela escorregue e caia. Se fóssemos a um parque de diversões, eu
precisaria me informar com antecedência sobre as regras para as cadeiras
de rodas e o que seria esperado de nós. Eu sempre tinha que estar
preparada.
Prepare-se - Conscientize-se sobre o seu estado de espírito e sobre
sua habilidade para lidar com surpresas. Você poderá se surpreender com
algo que seu filho faça, algo que seja dito por alguém ou com a falta de
acesso em local que você havia considerado que não representaria
problema. Fique "fria", e procure não permitir que nada seja muito
importante.
Diane: Uma situação realmente positiva foi nos Concertos para a
Juventude. No folheto dizia: "Em caso de necessidades especiais, ligue
para este número." Disse que minha filha andava na cadeira de rodas.
"Ela pode ficar bem na frente," "Não", eu disse, "não queremos ficar bem
na frente. Temos outra filha. E gostaríamos de ficar num corredor para
colocar a cadeira de rodas. Ótimo, ela conseguiu para nós lugares no
corredor para toda a série de programas. Mas, na última vez que fomos, o
elevador para a garagem estava quebrado, então tivemos que tirá-la da
cadeira de rodas, carregar a cadeira e assistí-la descendo as escadas.
Estacionamentos para deficientes realmente tornam a vida mais fácil.
Proteja seu filho - Ao considerar todos os fatores acima no
planejamento de um passeio, certifique-se de que você esteja
considerando também o humor da criança e seu estado, na hora da saída.
Independentemente dos seus maiores cuidados com planejamento prévio,
tudo poderá ir por terra se a criança estiver num dia ruim. É preciso
estar alerta para seu nível de energia, seu tempo de atenção, sua
flexibilidade, suas atitudes em relação ao passeio, sua tolerância a uma
nova situação ou pessoas desconhecidas, sua saúde e o horário do dia.
Conscientize-se também quanto a seu próprio estado espiritual e
corporal.
O que dizer para as outras pessoas
Em algum lugar, num dia, quando você menos espera, alguém irá se
aproximar e perguntar: "Qual é o problema com seu filho?" O seu objetivo
é ter uma opção sobre como lidar com isso. Você gostaria de poder
enfrentar as pessoas de forma a demonstrar: 1 ) seu auto-respeito, 2)
sua preocupação com a dignidade de seu filho e 3) sua habilidade de
assumir o controle da situação para encerrá-la ou dar continuidade a
ela.
A pergunta poderá gerar raiva, constrangimento ou defesa. Ou é
possível que você tenha consciência apenas de rubor nas faces, mãos
trêmulas ou respiração rápida. Assim que perceber que a situação poderá
se tornar difícil, respire fundo. (quanto maior sua experiência em lidar
com pessoas em público mais rapidamente você compreenderá quando deve
iniciar alguma ação.) Quais são suas opções?
Você poderia ignorar a pessoa, continuando com suas atiuidades. Se
for esta sua opção, finja que não escutou, que não houve contato visual,
sorria e continue seu caminho.
Você poderia ficar na defensiva, ficar brava e responder algo de
negativo. Você pode demonstrar sua tensão, raiva ou falta de controle,
mas muitas vezes você se arrependerá posteriormente. E por que estragar
seu dia com raiva e atitudes defensivas? É provável que ser grosseira e
insensível com pessoas grosseiras e insensíveis não altere em nada suas
vidas, enquanto apenas gasta sua própria energia.
Você poderia devolver a pergunta. Por exemplo, pode-se perguntar: "O
que é que você gostaria de saber?" ou "Por que você pergunta?" ou "O que
você quer dizer?" Isto abre a possibilidade para a continuidade da
conversa, se é isso que você deseja.
Você pode responder a pergunta e continuar o seu caminho:
"Seus ossos ainda estão crescendo." "Ela tem spina bifida." "Ele nasceu
desse jeito." "Ela é pequena para sua idade." "As pernas dele ainda não
funcionam." "Ela tem síndrome de Down."
Você poderia oferecer uma resposta mais detalhada, principalmente se
a pessoa foi respeitosa e se você quiser encorajar tal atitude. Você
poderia dizer algo como:
"Ele tem paralisia cerebral. Você sabe o que que é isso?"
"Ela tem um problema muscular, mas está bem. Obrigada por perguntar."
"Ele tem uma perda auditiva. Graças a ele, a vizinhança toda aprendeu
a língua de sinais."
Se seu filho está junto e não invisível (como muitas pessoas parecem
acreditar quando se trata de crianças), você poderá considerar uma
resposta como "Por que não perguntar a ela?" ou "Billy, esta senhora
está interessada em sua cadeira de rodas. Você gostaria de demonstrar
como é que funciona?"
Você poderia manter o comentário leve e breve, dizendo algo como: "É
uma história comprida..." (Ninguém quer ouvir uma longa história de
outra pessoa) ou "Você está pagando o almoço?"
Respostas breves, mas positivas, tendem a resultar em você deixar a
situação sentindo-se competente, com bom controle e mais capaz de
enfrentar situações futuras. Além disso, aumentam a possibilidade de que
a pessoa que fez a pergunta possa aprender a ser mais sensível e
respeitosa em relação a pessoas com necessidades especiais, bem como a
suas famílias.
Muitas pessoas que fazem perguntas ou comentários sobre seu filho
estão, na verdade, checando para ver como você está lidando com a
situação ou para se assegurar de que está tudo bem. Outras pessoas
procuram pistas em você para ver como se comportar. Se você estiver
tranqüila, confiante e à vontade isso geralmente causa um relaxamento,
fazendo com que a situação se torne bastante positiva.
Stephanie: É realmente incrível como, às vezes uma pessoa totalmente
desconhecida pode entrar em sua vida e dizer algo que será valorizado
como um tesouro para o resto da vida.
Um passeio ao playground
Você leva seu filho ao playground e vê outros pais e seus filhos
fitando você e sua criança. Há muitos tipos de pensamentos que lhe
ocorrem.
Você poderá ter pensamentos negativos. Talvez você sinta raiva ou
pense: "Por que eles não cuidam de sua própria vida?" É possível que
você também se sinta constrangida e desconfortável, pensando: "Eles
estão com pena de meu filho ou de mim."
Seus pensamentos poderão ser neutros, como: "Estão curiosos sobre meu
filho"; "Estão surpresos; nunca viram uma criança como Ben"; ou "Estão
se perguntando, como será que estou me sentindo."
Ou, talvez, seus pensamentos sejam positivos, como:
"Pensam que eu sou uma mãe com muita estrutura. Ainda bem que perdi
aqueles três quilos"; ou "Eles acham que Kathy é engraçadinha."
Há inúmeras possibilidades para sua conduta, também.
É possível que você pegue seu filho e vá embora, porque os
sentimentos negativos ganharam; você poderá ignorá-los porque se sente
desconfortável e ansiosa, ou porque eles não fazem parte de sua vida e
não importa o que estejam pensando. Outras opções incluem sorrir e dizer
"Oi" ao passar por eles ou se aproximar. Se você se aproximar, pode
fazê-lo com um assunto neutro (por exemplo "Tem algum bebedouro por
perto?") ou com uma afirmação sobre o filho deles ("Seu filho é uma
graça"); ou um comentário sobre seu próprio filho. Se você se decidir
por dizer algo sobre seu filho, talvez você prefira focalizar a
deficiência, já que é isso que eles parecem estar fitando (por exemplo,
"Vicky precisa de exercício para os músculos da perna e ela adora o
parque." Outra opção é abordálos com um comentário sobre aquilo que
vocês têm em comum - seus filhos. Pode-se dizer: "Nossos filhos parecem
ter a mesma idade"; ou "Nós adoramos este playground; vocês vêm muito
aqui?"
Em geral, é bom lembrar:
Seja breve
Seja simpática
Siga seu caminho.

8 - GRUPOS DE APOIO
Como as Mães se conheceram
Diane: Catherine tinha nove meses quando viemos ao programa de
intervenção da Universidade da Califórnia (UCLA). Eu me sentia bastante
triste e assustada quanto ao que estava por vir e realmente queria
conhecer outras mães na mesma situação. O grupo de mães foi como terapia
para mim - eu sempre chorava contando minha história e fazia todo mundo
chorar também. Mas cada vez ficava mais fácil. Achava ótimo que as
crianças tivessem deficiências de tipos diferentes. Quando fiquei
chateada porque Catherine teve duas cirurgias num mês, outra mãe me
contou que seu filho tivera seis e pensei: "Por que estou chorando?"
Ajudava tanto trazer um problema para o grupo, como "Vocês acham que
a gente deveria fazer uma terceira cirurgia?" e obter várias sugestóes
diferentes. Depois Ray e eu pesávamos todas elas para decidir o que
fazer. Nossa situação era pior do que a de alguns, mas muito melhor do
que a de outros: sempre havia um equilíbrio. Aprendi muito sobre a
importância do humor.
Susie: Betsy tinha 20 meses de idade quando chegamos e eu estava com
medo de participar do grupo, mas fui porque todos os outros foram.
Esperava que o grupo fosse pesado e sério e me surpreendi: fiquei
aliviada ao descobrir que se falava realmente de tudo. A mensagem
principal naquela sala era que a vida continuava. Comecei a me pintar de
novo. Chegava em casa depois da reunião de grupo e arrumava uma
babysitter para que o Bruce e eu pudéssemos sair. Fui à biblioteca, só
eu - a extravagância máxima. Comecei a fazer ginástica de novo.
Janet: Eu entrei quando Ryan tinha 14 meses de idade. Fui para o
grupo porque pensava que isso era meio exigido. Esperava ouvir palestras
e encontrar muitas mães deprimidas, mas não foi nada disso. O grupo
acontecia conforme o humor do dia. Se alguém estivesse em crise,
lidávamos com isso. Se Susie precisava que cortássemos legumes para um
jantar que ela estava fornecendo aquela noite, esta ficava sendo nossa
tarefa. Na verdade a gente fazia bem ambas as tarefas. Havia momentos de
folga, muitas lágrimas, um pouco de raiva e muitas perguntas sobre
nossas vidas e nossos futuros com nossos filhos. A sensação era de
segurança; obtive muitos conselhos e opiniões mas nunca me senti
julgada.
Stephanie: Eu entrei no grupo quando Emma estava com 14 meses. Não
queria participar do grupo porque não achava que fosse necessário para
mim. Emma tinha um pequeno atraso até então, tudo bem, enfrenta-se o
futuro um dia de cada vez. Eu não queria admitir que minha filha tinha
uma deficiência. Finalmente, aceitei ir à uma reunião porque outra mãe
não quis ir sozinha. Me senti realmente intimidada por todas vocês no
início. Vocês eram tão coesas. Era como ser aluna nova na escola. Vocês
já estavam juntas há um ano e pareciam estar tão à vontade umas com as
outras, contando piadas chocantes, e eu tão certinha e comportada.
Depois de algumas reuniões, comecei a receber coisas do grupo que não
tinham nada a ver com Emma. Aprendi muito sobre compaixão e respeito
pelas outras mulheres e seus filhos.
Susie: Acho que ninguém aproveitou o grupo tão intensamente quanto
eu.
Stephanie: Susie, ninguém consegue fazer qualquer coisa tão
intensamente quanto você.
Susie: Verdade. Sabem como eu achava que tinha que levar esta coisa
comigo durante toda a minha vida? Eu não sabia dos grupos. Nunca havia
sido exposta a pessoas com deficiência. Foi como ser atingida por um
raio. Depois de entrar no grupo, decidi que talvez Deus existisse,
porque eu realmente havia acreditado que não haveria ajuda para mim, nem
lugar algum para Betsy.
Diane: Sabem o que eu me lembro quando Susie começou? Ela trazia
travessas de biscoitos para cada reunião - não um pacote de biscoitos
comprados, mas biscoitos de limão e tentações de chocolate. A gente
dizia: "Esta mulher não vai se integrar. Ninguém que gasta tempo com
isso vai conseguir se integrar."
Janet: A gente era capaz de enfrentar qualquer coisa, desde que na
mesa estivessem os biscoitos de limão e os lenços de papel.
Susie: Parte da função do grupo era permitir que nós nos
desenvolvessemos como mulheres à parte de sermos mães de crianças com
deficiências. Quando a gente entrava no grupo, era com a carga pesada de
ser a mãe desta criança, sem poder expressar qualquer outra parte de sua
identidade, porque isso gastava 100% de sua energia. E pense quanto
éramos diferentes umas das outras.
Diane: Eu o chamava de "o grupo das mães deficientes".
Stephanie: Eu o chamava de "o grupo de mulheres".
Janet: Eu dizia que me reunia com algumas mulheres da UCLA.
Para mim isso impressionava .
Stephanie: Eu considerava muito fascinante escutar as histórias de
outras pessoas, ouvir falar de como estavam funcionando os casamentos de
outras pessoas. Eram questões relacionadas à mulher, não só a crianças
deficientes.
Susie: Eu adorava os dias dos ex-membros, a cada mês ouvindo como as
mães de crianças mais velhas conseguiram descobrir as redes de serviços
e como reagiam quando seus filhos não eram convidados para festas de
aniversário e como aprendiam a se arriscar. Adorava ouvir como uma mãe
ligava para um hotel, fazia uma reserva e saía por uma noite. Pensava,
ela deve ter enorme respeito por si, fazendo algo assim.
Ryan permaneceu no programa por mais dois anos numa nova sala de aula
de crianças de três a cinco anos de idade, com desenvolvimento cognitivo
normal com necessidades na área de desenvolvimento de habilidades de
comunicação. (Ryan ficou com a traqueostomia até os cinco anos de idade
e, assim, não tinha linguagem verbal.)
Catherine foi matriculada aos três anos num maternal da igreja local,
como a primeira criança com deficiência. Ela andava com o auxílio de
tutores e muletas.
Betsy saiu do programa aos três anos para freqüentar uma classe
"não-categorial" de pré-escola na escola especial da rede pública.
Emma foi para a escola maternal da comunidade. Ao mesmo tempo, seu
irmão. Teddy, tendo completado 18 meses foi matriculado como modelo de
"criança típica" no programa,das crianças de um a dois anos. Depois de
um ano, ele estava pronto para a pré-escola da comunidade, então Teddy
saiu, mas Stephanie não queria deixar o grupo, então continuou mais um
ano como voluntária.
Stephanie: Quando retornei com o voluntariado, era como dar a volta
completa. Da minha primeira reação de "Ai os coitadinhos..." eu
aprendera a olhar as pessoas de outro jeito. E agora eu tinha um
distanciamento que não tivera quando Emma e Teddy participavam. Eu até
me sentia constrangida quando
Teddy freqüentava, porque ele conseguia fazer tanta coisa. De certa
forma, eu me orgulhava mais de Emma, por causa de tudo que ela conseguia
realizar, apesar de sua deficiência. Mas minha esperança era que essa
experiência pudesse ensinar Teddy a se aproximar e sentir compaixão e
respeito pelas pessoas, não como eu fiz quando entrei lá no primeiro
dia.
Um dos maiores sintomas da depressão e da auto-estima baixa é a
sensação de solidão - de não ter apoio social. Mas, para cada um, o
apoio é diferente. Há pessoas que vivem realmente sozinhas, não precisam
de outras pessoas, evitam o contato social sempre que possível. Algumas
pessoas precisam saber que há uma pessoa ali, presente, para elas talvez
um cônjuge, pai, irmão, amigo ou terapeuta. Outros gostam de uma gangue
por perto.
Os grupos de apoio têm se tornado muito populares como meios de
reunir pessoas que compartilham lutas semelhantes, para encontrar
encorajamento para seus esforços e aceitação de seus problemas. Os
grupos de apoio estão disponíveis para muitas questões e podem tomar
várias formas distintas.
Este capítulo é destinado às pessoas para quem a idéia de ir para um
grupo de apoio representa uma novidade, bem como para aquelas que possam
estar pensando em formar um grupo e que gostariam de algumas sugestões
sobre como se organizar e começar.
Se você tem vontade de ir a uma reunião de grupo de apoio
A parte mais difícil de tornar-se um membro geralmente é dar o
primeiro passo para ir a uma reunião de grupo de apoio.
Talvez você suponha que todos os outros estarão à vontade e
confortáveis, enquanto você não saberá o que dizer. Pode ser que ajude
se você souber que a maioria dos pais que vão a um grupo de apoio pela
primeira vez:
- Nunca participaram de tal grupo antes e não sabem o que
esperar.
- Sentem-se constrangidos porque podem não conhecer mais
ninguém que estará presente (ou possívelmente conhecem apenas uma
pessoa).
· Sentem-se confusos, tristes, assustados ou têm raiva de sua
situação.
· Têm medo de que mais ninguém será capaz de compreender realmente
como eles se sentem.
Preocupações que você poderá ter quanto aos grupos de apoio
Alguns pais, geralmente durante o período de sobrevivência, não têm
qualquer certeza de que participar de um grupo seja uma boa idéia.
· Você poderá ter medo de sentir-se pressionada a falar de
sentimentos pessoais.
· Você não sabe se aguentará ouvir os problemas e a dor de outras
famílias.
· Você poderá sentir-se tão frágil, que teme parecer fraca ou
"louca".
· Você poderá acreditar que todos os outros do grupo estão com "tudo
em cima".
· Você poderá sentir que participar de um grupo é um lembrete de que
você necessita de ajuda, e é difícil para você pedir tal ajuda.
· Você pode ser muito tímida ou sentir desconforto num grupo e talvez
não queira ser o centro das atenções.
· Talvez você sinta que será colocada em posição difícil, tendo que
falar demais.
· Você poderá ter medo de desmontar e chorar e sentir-se boba.
· Talvez você pense que falar de seus problemas os faça parecer
piores ainda. · Você pode considerar que sua vida pessoal não é da conta
de ninguém, e que os problemas devem ser guardados em casa.
Alguns pais experimentam um grupo e decidem que não serve
Depois da primeira reunião ou de poucos encontros, talvez você
resolva não voltar ao grupo. Talvez você prefira buscar terapia
individual ou aconselhamento para o casal num ambiente que dê maior
sensação de segurança, permitindo que você focalize apenas suas próprias
questões. Ou, possívelmente, você queira participar de um grupo, mas
este não lhe parece ser o grupo certo para você por várias razões - os
membros do grupo; o foco do grupo, as questões práticas, como o dia ou
horário das reuniões, o transporte, os problemas de custo ou
dificuldades de acertar um esquema para alguém ficar com seu filho.
Pais em fases de adaptação diferentes da maioria dos membros do grupo
talvez não sintam que suas necessidades particulares sejam atendidas.
Por exemplo, se você ainda estiver sobrevivendo, sentindo-se bastante
vulnerável e se perceber que está num grupo no qual os pais já
resolveram muitas dessas questões e agora focalizam problemas
relacionados à busca e separação, é possível que você se sinta oprimida
com a competência e o foco deles. No entanto, talvez você seja também
capaz de enxergá-los como fantásticos modelos, e seja interessante
absorver seus conhecimentos e autoconfiança.
Da mesma forma, se você estiver buscando todo tipo de contatos
possíveis, mas o grupo de pais é composto por novos sobreviventes, que
se sentem bastante confusos e tristes, talvez você não tenha vontade de
lidar novamente com algumas dessas questões, justamente agora.
Pais de filhos mais velhos estarão lidando com questões de separação,
como a puberdade emergente oportunidades de socialização, diferentes
tipos de problemas de comportamento do que os pais de pré-escolares, que
ficam, muitas vezes, assombrados pela energia e habilidades de pais mais
experientes. Às vezes, os pais de crianças muito pequenas gostam de
ouvir os "relatos de sucesso" de pais em fase de ajustamento, que
representam o "ideal" daquilo que eles esperam poder atingir se
conseguirem, ao menos, ultrapassar a montanha-russa emocional.
No entanto, às vezes, aqueles pais que se mostram bastante inseguros
e temerosos quanto ao futuro da criança poderão se sentir
sobrecarregados e deprimidos quando ouvirem falar de problemas novos (ou
mesmo problemas antigos que se mantiveram) que algumas das crianças mais
velhas apresentam. Ouvir falar de um novo modelo de cadeira de rodas que
é leve e motorizada é motivo de entusiasmo para pais de crianças mais
velhas, por exemplo, mas isso é visto com terror e desespero por pais
que ainda estão incertos quanto ao futuro da criança, mas se agarram à
esperança de que seus pequenos filhos vão andar.
Às vezes, um membro do casal quer retornar ao grupo, mas o outro não
pode participar ou prefere não voltar. Isso pode ocorrer e há muitos
motivos para tanto.
Como os grupos de apoio podem ajudar
O que se obtém de um grupo é um ouvinte no outro; o que se oferece é
ouvir o outro. Além disso, há uma sensação maravilhosa de realização
quando se sabe que você tornou possível para outra pessoa se abrir. Um
grupo de apoio é um espaço onde se pode ter um ataque histérico sem ser
julgado nem ter de ouvir do outro que é para ficar alegre.
Cada grupo é distinto. Alguns são muito animados e andam a passos
rápidos; outros são calmos e andam mais lentamente. O humor e o passo do
grupo muitas vezes dependem das pessoas presentes, da pauta e do tipo de
crise com que alguém possa estar lidando. Muitas vezes, o clima é
diferente, dependendo do fato de todos se conhecerem ou de estarem se
apresentando. Um grupo pode se diferenciar de um encontro para o outro.
Os principais benefícios que se consegue por meio da participação num
grupo de apoio advêm do contato com outras pessoas como você, que
enfrentam uma dificuldade comum em conjunto. Participar de um grupo de
apoio significa:
-
Encontrar aceitação sem julgamento, livre das emoções e opiniões da
família e amigos próximos.
-
Participar de um ambiente de esperança que lhe oferece força.
-
Manter o senso de humor sobre sua vida, sua situaçâo e seu mundo.
-
Descobrir que é permitido sentir fraqueza e desamparo, sem ser
abandonada ou rejeitada por expressar tais sentimentos.
-
Estar numa sala em que seus problemas são redimensionados ao
escutar os problemas do outro.
-
Falar com honestidade sobre seus sentimentos, esperanças e medos.
-
Praticar a tolerância e adquirir compreensão em relação a outros
pais que podem estar se sentindo amargos, agressivos ou prejudicados.
-
Aprender novas soluções para seus problemas ao auxiliar na
resolução de problemas de outros.
-
Compartilhar recursos e identificar as falhas nos recursos de sua
comunidade.
-
Trabalhar em conjunto para influenciar programas existentes ou
desenvolver novos projetos.
Quando você necessita de algo para seu filho e nunca conversou com
outros pais, é fácil presumir que você seja a única pessoa com tal
necessidade. guando se ouve dizer que outros pais precisam de atividades
depois do horário de aula ou programas de sábado para seu filho, você
pode unir seus esforços aos deles, identificando uma necessidade da
comunidade e decidindo se é o caso de promover algum tipo de ação em
grupo.
Susie: Um grupo funciona por causa da doação. É preciso mostrar sua
vulnerabilidade e compartilhar sentimentos, e é preciso ouvir. É preciso
escutar o outro, pelo outro. Doação é isso. Se você só ouve a si mesma e
se só pensa no que poderá obter do grupo, não dá certo.
Diane: Uma das vantagens do grupo é a possibilidade de ouvir muitas
opiniões. Susie: Você pode selecionar as partes que dão certo para você
e elaborar suas próprias idéias.
Como ser um bom membro do grupo
1. Reconheça que não é preciso gostar de todo mundo do grupo, nem
compartilhar da mesma filosofia de vida. Não é preciso ter o mesmo nível
educacional ou econômico.
2. Pergunte às pessoas se elas gostariam de receber um conselho ou
sugestão antes de oferecê-los. Muitas pessoas têm uma tendência, assim
que ouvem falar de um problema, de começar a pensar sobre como
"remediá-lo". E a solução de uma pessoa pode não funcionar para outra.
3. Procure compreender que as pessoas no grupo estarão em fases
diferentes. Para quem está ocupado sobrevivendo, lembre-se de quando
você se encontrava nesse ponto (se não estiver mais). Os sobreviventes
precisam sentir que estão sendo ouvidos e compreendidos.
Muitas vezes, é pior quando alguém lhes sugere: "Anime-se". Algumas
pessoas na fase da busca poderão impressioná-la ou intimidá-la com sua
energia e horários exaustivos.
4. Saiba que alguns pais podem se mostrar muito intensos e objetivos.
Talvez você fique com vontade de criticar ou discordar dos tratamentos
ou serviços que outros pais buscam para seus filhos. Mas, lembre-se,
cada um precisa fazer o que considera certo. Ninguém tem o direito de
julgar em nome de outro pai o tipo de programa ou intervenção que eles
necessitam perseguir. No entanto, se for questão de abuso, negligência
ou imperícia médica, o problema deverá ser levantado como uma pergunta
para discussão ou pessoalmente, com o pai, após a reunião.
5. Saiba de antemão que nem sempre você terá a chance de falar tudo o
que deseja. Às vezes, quando você gostaria de abordar um problema ou
levantar uma questão, é preciso simplesmente ser muito firme e anunciar
que você precisa de alguns minutos para colocar um problema. Se você for
uma pessoa muito tímida, talvez sinta-se desconfortável falando logo de
cara.
6. Reconheça que os grupos de apoio não são capazes de solucionar
todos os problemas pessoais, embora, às vezes, ajudem-na a identificar a
natureza dos outros problemas e indiquem onde buscar ajuda. E muitos
problemas referentes a seu filho não podem ser resolvidos no grupo. Por
exemplo, se a criança apresenta um problema severo de comportamento, o
líder do grupo ou outro membro poderá oferecer algumas sugestões, apoio
ou compreensão, mas as técnicas específicas possívelmente terão que ser
abordadas por outra pessoa.
Encontrando um grupo de apoio
Muitos grupos de apoio são organizados em torno de um diagnóstico
específico, como a síndrome de Down, o autismo, distúrbios de
aprendizagem ou distúrbios auditivos. Outros são organizados conforme a
faixa etária, como pré-escolares ou adolescentes. Talvez você possa
pedir ao seu pediatra, ao professor de seu filho ou a outro profissional
que trabalha com você e seu filho para auxiliá-la a encontrar um
contato. Um caminho poderá ser indicado no seu hospital local, no
departamento de pediatria ou no setor de serviço social. Informações
também poderão ser fornecidas por serviços locais de atendimento social
público ou beneficente (como, nos Estados Unidos, o United Way ou March
of Dimes), bem como por serviços de apoio à família.
Como iniciar um novo grupo de apoio
Se você não conseguir encontrar um grupo ou se você tiver certeza de
que há outros pais interessados, mas que ninguém organizou nada até
então, talvez decida que a arrancada inicial depende de você. Pode-se
começar com uma reunião informal com um ou dois outros pais, para fazer
alguns planos para convidar mais gente. O desenvolvimento de algo
realmente sólido e auto-suficiente pode demorar ainda, mas alguns dos
grupos mais fortes e bem-sucedidos se iniciaram com um cafezinho na casa
de alguém.
Seguem-se listadas algumas questões a considerar. Não permita que
isto a desanime. (A intenção é que sirva como ajuda para você organizar
seus esforços.) Algumas possibilidades são propostas para cada aspecto.
Cabe a você descobrir o que é necessário e o que vai funcionar para o
seu grupo.
Dando um nome ao grupo
Dê uma identidade a sua nova proposta. Talvez você queira denominá-la
de algo que a vincule com a escola ou programa que está promovendo o
grupo, como O Grupo de Apoio de Mães do Centro Infantil Main Street.
Talvez você prefira focalizar o local, como O Grupo de Apoio de Pais de
West County. Ou, ainda, a idade do seu filho poderá ser a chave como
Apoio para Pais de Bebês com Necessidades Especiais. É um desafio
divertido inventar um nome que pode criar um acrônimo, como Sport
(Support for Parents Of Rude Teenagers - Apoio para pais de adolescentes
grosseiros).
Quadro de membros
Alguns grupos se apóiam em programas e atendem os pais cujos filhos
estão inscritos naqueles programas. Outros são baseados na área de
problema ou deficiência - como a síndrome de Down.
Seu grupo poderá ser restrito a mães, a pais, a casais ou aberto a
qualquer membro do casal que estiver disponível.
Talvez você queira abrir o grupo para a participação de avós, amigos
dos pais de crianças com necessidades especiais ou pais sem filhos com
necessidades especiais. Uma mãe recebeu uma carona para a reunião com
uma amiga e o grupo convidou sua amiga: "Entre para tomar um café." Três
anos mais tarde, ela ainda participava do grupo.
Liderança do grupo
Alguns grupos são organizados e liderados por profissionais da área
de saúde mental (como assistentes sociais, psicólogos, conselheiros
familiares), pagos pelo programa, pelos pais que participam ou por
vários programas que unem seus recursos.
Alguns grupos são liderados e mantidos inteiramente pelos pais, com
profissionais de saúde mental tendo uma função meramente ocasional como
palestrantes ou consultores.
Talvez você queira definir papéis de liderança para seu grupo, se for
preciso que tarefas específicas sejam realizadas (por exemplo, um
coordenador para encaminhar as reuniões, um secretário para anotar
decisôes, mandar cartas ou mala-direta, um tesoureiro). Alguns grupos
fazem rodízio de funções de tantos em tantos meses, para que todos
possam dividir as tarefas; outros consideram mais prático mudar as
tarefas anualmente.
Algumas pessoas em seu grupo apresentarão um verdadeiro talento de
liderança, enquanto outras fogem do envolvimento formal. E alguns pais
estarão lidando com tantos estresses em suas famílias que não têm tempo
nem energia para se comprometer com responsabilidades regulares.
Muitos pais relatam que o envolvimento ativo com os esforços do grupo
(como levantamento de fundos, divulgação) é uma distração bemvinda dos
estresses com os quais estão lidando. Alguns pais sentem que sâo capazes
de realizar algo de produtivo, o que gera um senso de confiança que nem
sempre sentem na presença de seu filho.
Confidenciabilidade
Uma grande preocupação dos membros é que sua privacidade seja
respeitada. Logo no início, é preciso definir com clareza um acordo
sobre confidenciabilidade, revendo isso com os novos membros assim que
se juntarem ao grupo. O que ocorre numa reunião deve ficar entre quatro
paredes. Fora do grupo, não se deve falar dos membros do grupo de
qualquer forma que possam ser identificados.
Local de encontro
Alguns grupos se reúnem no local do programa numa sala de reuniões ou
numa sala de aula; outros se reúnem em qualquer local disponível da
comunidade que seja de fácil acesso, gratuito (ou barato) e confortável
(por exemplo, numa escola, numa igreja ou num centro comunitário).
Alguns grupos se reúnem nas casas dos membros, fazendo rodízio a cada
encontro, dependendo de questões de esquemas para cuidar das crianças.
Horário das reuniões
Sua população-alvo ajudará a determinar o melhor horário para os
encontros. Para mães que não trabalham de dia, cujos filhos participam
do programa, um horário matutino pode ser o melhor. Isso é
particularmente conveniente para um grupo cujos filhos estão todos
inscritos na mesma escola ou programa.
Reuniões à noite podem atrair aqueles que trabalham, com a vantagem
de aumentar as chances de trazer os maridos. Isso poderá ser afetado
pela localização do grupo. Se a reunião se realizar em local que exige
dirigir uma distância longa, as pessoas terão maior dificuldade em
participar à noite. Pais que trabalham podem estender o horário de
almoço para participar de reuniões ao meio-dia.
Dirigindo uma reunião
Se o grupo for novo ou quando há novos membros, utilize crachás. O
líder do grupo deverá se colocar de maneira firme para dar início ao
grupo. Alguns grupos começam com avisos gerais fornecidos por qualquer
pessoa que tiver informação para compartilhar sobre reuniões futuras ou
sobre outros assuntos de interesse geral.
Alguns grupos, principalmente os que têm um novo membro, pedem para
cada pessoa descrever rapidamente seu filho com necessidades especiais,
relatar questões atuais ou assuntos que os preocupam, dizendo algo sobre
si mesmos e sobre o resto da família. Durante essa fase inicial, ocorre
um processo importante de estruturação de redes de informação, à medida
que as famílias descobrem que são atendidas pelos mesmos ortopedistas ou
que alguém conhece outra pessoa em outra cidade com uma criança com
deficiência semelhante.
Em algumas reuniões, a vida de todo mundo pode estar relativamente
calma, então a discussão passa pela sala de forma bastante leve. No
entanto, em outras ocasiões, uma ou duas famílias poderão estar em
crise, necessitando falar muito e ouvir as idéias e receber o apoio dos
membros do grupo. Às vezes, todo mundo está em crise, e um se encosta no
outro, buscando conforto, ânimo e lembretes de que "isto também vai
passar" e, enquanto isso, "estamos todos aqui juntos".
Mantenha disponíveis várias caixas de lenços de papel.
Alguns grupos gostam de sentar em torno de mesas (porque é mais fácil
alcançar o papel e os biscoitos); outros preferem um círculo; e alguns
se sentam no chão. Talvez seja preciso uma adaptação, conforme o espaço
da sala e do mobiliário existente.
Tamanho do grupo
O número mínimo de membros de um grupo é dois. O máximo depende do
que se pretende realizar no grupo, bem como o que é confortável. Por
exemplo, se o grupo estiver se encontrando para um número específico de
sessões com um objetivo estabelecido, tendo como propósito que se dê
atenção individual às questões particulares de cada família, então oito
a dez pessoas (quatro a cinco famílias) poderão representar um número
ótimo. Alguns grupos são compostos de dezenas de pais; outros têm de
três a quatro pessoas.
Freqüência dos encontros
Alguns grupos se encontram semanalmente, principalmente quando são
promovidos por um programa ou organizados em torno de um assunto em
particular. (Por exemplo, um grupo que se reúne, normalmente, uma vez ao
mês, poderá decidir por contratar um profissional para quatro a seis
sessões semanais para discutir técnicas de atuaçâo paterna ou redução de
estresse pessoal ou para o planejamento de uma conferência ou de uma
atividade arrecadadora).
Se reuniões semanais não são possíveis ou desejadas, um encontro
mensal é o suficiente para as pessoas se lembrarem e manterem um
compromisso prolongado. É geralmente recomendável selecionar um dia
específico, como a primeira segunda-feira do mês. Outra opção poderá ser
um rodízio entre manhã e noite, para atingir pais que trabalham ou que
têm conflitos de horários. Talvez você queira ainda considerar outras
idéias - possivelmente um grupo de discussão na primeira quinta-feira,
uma "Noite para a Mamãe sair" na terceira quinta, uma "Noite para o
Papai sair" ou uma "Noite para o casal", em outro dia. Num programa de
intervenção precoce, havia um Grupo de Pais (sem as mães), que se
encontrava mensalmente aos sábados de manhã, na sala de aula; nesses
encontros, os filhos e seus pais passavam por um "dia típico" com os
professores e terapeutas.
Duração das reuniões
O tempo de duração de suas reuniões poderá ser influenciado pelo
horário do dia ou pelo local. Geralmente uma hora e meia a duas horas é
um tempo razoável. É importante começar e terminar no horário
programado. Se você decidir por começar dez minutos mais tarde por causa
do "trânsito", tudo bem; mas procure respeitar o horário de finalizar.
As pessoas simplesmente chegarão cada vez mais tarde. Quanto ao término,
é difícil, muitas vezes, fechar uma reunião se todos estiverem
envolvidos numa discussão ativa. Alguém precisa estar na coordenação, e
o grupo deve estar consciente de que controlar o horário é o papel
daquela pessoa. Talvez seja o caso de dar um aviso dez minutos antes do
término ou encerrar a discussâo num horário especificado, para poder
cuidar de quaisquer outras questões que puderem aparecer.
Esquemas para olhar os filhos
Pretende-se oferecer um esquema de olhar os filhos durante a
reunião do grupo? Esse poderá representar um importante obstáculo para
alguns pais que não tiverem com quem deixar as crianças. No entanto,
sair à noite com crianças pequenas ou com necessidades médicas complexas
poderá ser prejudicial para a rotina noturna da criança. É evidente que
a questão de esquemas para as crianças se resolve com maior facilidade
se o grupo se encontra no horário em que as crianças estiverem na escola
ou num programa.
Transporte
O transporte poderá ser um problema importante em áreas rurais onde
as pessoas moram distantes umas das outras, bem como em cidades que
exigem o uso do transporte público. É possível conseguir esquemas de
transporte ou de caronas? A solução mais fácil é contar com o veículo do
programa, se for possível conseguir um motorista e permissão para
utilizá-lo. No entanto, em situações como esta, é preciso verificar
questões referentes ao seguro. (Parece que às vezes nada é simples!)
Publicidade e divulgação
Dependendo da clientela que se deseja atingir, pode ser que você
queira preparar folhetos para enviar a escolas ou colocar nas caixas
postais dos pais; talvez você possa conseguir a publicaçâo de um artigo
no jornal local, fazer contato por telefone ou mandar uma mala-direta.
(Às vezes, é difícil obter uma lista de endereços dos programas e
escolas que, por bons motivos, recusam-se a divulgar os nomes das
famílias. No entanto, eles talvez se disponham a mandar os folhetos para
casa com as crianças.)
Comes e bebes
Se o grupo for promovido por um programa com fundos, os comes e
bebes podem ser fornecidos nas reuniões sem gastos por parte dos
membros. Alguns grupos fornecem os comes e bebes na primeira reunião e
depois deixam o grupo decidir. Os membros do grupo poderão resolver que
vão fazer revezamento (o que geralmente resulta na melhor qualidade!),
ou poderão solicitar que cada um contribua com uma verba única ou um
tanto por sessão.
São preferíveis os alimentos fáceis de manejar, de comer e de limpar
posteriormente. Quando a reunião ocorre durante o dia, pode-se
considerar um encontro para almoço, com as pessoas trazendo seu lanche
ensacado. Às vezes, as pessoas que não podem deixar o serviço podem
tirar um hora para o almoço.
É fácil providenciar água quente para café, chá ou chocolate
instantâneo, se desejarem bebidas quentes. No caso de bebidas frias,
pode-se considerar sucos de frutas, limonada ou água mineral. Essas
opções são geralmente mais baratas e mais nutritivas do que
refrigerantes. Cabe lembrar novamente que cada grupo será diferente.
Alguns grupos poderão considerar que essa seja sua única chance de
satisfazer suas vontades, então poderão desejar algo de especial a cada
reunião.
Sempre que possível, a decisão deve ser do grupo. Uma das razões por
que as pessoas gostam de encontros de grupo é para sentir carinho; há
melhor forma de sentir-se cuidado do que fornecer alimentos saudáveis e
interessantes?
Estrutura do grupo
Há vários tipos de estrutura para o grupo. Uma vez que você tenha
decidido que quer iniciar um grupo, poderá misturar e comparar
estruturas de acordo com os interesses dos membros, bem como dos
recursos disponíveis.
Taxas
Talvez você queira cobrar uma taxa para cobrir os custos dos comes e
bebes, para a compra de livros para a biblioteca dos pais, para alugar
fitas de vídeo, para pagar palestrantes e para providenciar alguém para
tomar conta das crianças, se necessário.
Propostas de atividades para o grupo
Talvez você queira convidar pessoas para falar ou liderar discussões
sobre uma variedade de assuntos. Os assuntos variam de acordo com os
interesses do grupo e a disponibilidade de palestrantes. Seguem-se
algumas sugestões:
· Técnicas de paternidade.
· Desenvolvimento infantil e auto-estima.
· Programas de Educação Individualizada e trabalho em conjunto com as
escolas.
· Questões legais, como testamentos e planejamento de custódia.
· Legislação de advocacia e política pública.
· Relatos de experiência de outros pais.
Outros eventos que seu grupo de apoio poderá promover incluem:
· Visitas a outros programas ou passeios no parque.
· Programas à noite (ou de dia) para mamãe.
Noite de casais
· Programas à noite (ou de dia) para papai.
· Reuniões para irmãos ou avós.
· Jantares (cada um traz um prato).
· Festas em datas comemorativas.
· Saídas de fim de semana para mães, pais ou casais.
· Sessões de discussão sobre intercessão, legislação ou políticas
públicas.
· Eventos arrecadadores de fundos.
À medida que o grupo se modifica
À medida que seu grupo se estabelece, a configuração se modifica. As
crianças crescem, as mães se mudam ou começam a trabalhar, novos bebês
nascem ou as prioridades se alteram e os membros não precisam do grupo
como anteriormente. É útil para os novos membros receber a visita
ocasional de ex-membros que podem compartilhar com os benefícios de
algumas de suas experiências, dando informação sobre recursos. Os
ex-membros talvez queiram seu próprio horário para se reunir, manter
contato e manter o importante vínculo que tinham no grupo.
Avaliação do grupo
Talvez você queira planejar uma avaliação do grupo uma ou duas vezes
ao ano para discutir se o grupo está acompanhando as necessidades e
interesses atuais de seus membros.
Às vezes, um grupo perde sua energia e senso de propósito e o
interesse dos membros pode esmorecer, à medida que suas necessidades e
prioridades se modificam. Ao estabelecer novos objetivos ou ajustar os
antigos, um grupo pode redefinir seus motivos e avançar.
Alguns grupos nunca se acabam
Um grupo pode evoluir de um grupo de apoio para um grupo de ação
política, grupo de intercessâo ou de divulgação.
Poderá se manter como grupo de apoio, com menor número de encontros,
mas como ponto de encontro para alguns pais um almoço num feriado ou um
pique-nique de verão. Talvez você queira receber novos membros ou talvez
prefira limitar o grupo àquelas pessoas que compartilharam muitos
sentimentos íntimos e experiências em conjunto.
Não há uma forma correta de se organizar um grupo. Há muitas formas
corretas, limitadas apenas pelo seu tempo, energia e criatividade, bem
como pelo tamanho de sua equipe.
Então, independentemente do que você resolver, consiga ajuda de
outras pessoas.
Um tipo especial de amizade
As amizades que você desenvolve nas experiências do grupo de apoio
são forjadas pela abertura compartilhada de sentimentos à medida que se
progride na trajetória - indo e voltando - de cada fase de adaptação em
conjunto. Há tamanha identificação com as tristezas e alegrias que
poderá se formar um vínculo que ultrapassa as ligações que você sente
com a maioria de seus outros amigos. E uma sensação de segurança - você
expôs seus sentimentos mais profundos e honestos e eles foram ouvidos e
respeitados. Você não foi julgada; sentiu a empatia e compreensão de
outros que sabem como você se sente e há uma aceitação de sua criança
que transcende a deficiência. Tais amigos são um reflexo de você mesma,
principalmente de quem você gostaria de ser, pois não somente
compreendem plenamente, mas têm um grau de objetividade para com sua
situação - assim como você tem pela delas - e isso torna seus conselhos,
sugestões e perguntas particularmente valiosos e importantes.
Palavras finais das Mães
Dr. Miller: Se hoje, 12 anos depois, vocês pudessem voltar no tempo
para falar com pais que estão iniciando sua trajetória, o que gostariam
de lhes dizer?
Stephanie: Eu realmente sei o que você está sentindo e o que você
está passando. É realmente muito difícil e você tem um trabalho duro
pela frente.
Susie: E se você enfrentar isso, não vai apenas sobreviver. Vai fazer
algo melhor do que sobreviver.
Stephanie: É como você sobrevive que faz a diferença. E o que tornou
isso possível foi o apoio de todas as pessoas da intervenção precoce e
de todos os outros pais que conhecemos. É saber que todos estão com
você, dizendo: "Você está fazendo a coisa certa."
Janet: A questão mais importante que eu gostaria de assinalar é: se
você não conta com apoio, obtenha-o. Faça acontecer.
Susie, a sua família não está próxima, e mesmo dando seu apoio, eles
estavam muito distantes e você extraiu apoto do máximo de pessoas que
pôde.
Susie: Eu tinha meus amigos aqui. Mas eles não sabiam o que fazer,
nem o que tudo isso significava para mim. O programa da UCLA me deu uma
família, um lugar para estar. Todo mundo precisa de uma família. Todo
mundo precisa pertencer e foi assim que nós quatro viemos a ser: Temos
um vínculo comum.
Diane: O vínculo se desenvolve quando você sabe que alguém está
sofrendo tanto quanto você, e não é preciso falar disso o tempo todo
basta saber que a questão está presente.
Stephanie: Isso tira você de dentro de si, oferecendo um pouco de
perspectiva.
Susie: E a auxilia a procurar o positivo em si mesma, no seu filho e
no mundo. Nós buscamos algo bom pelo simples fato de entrar no grupo
pela primeira vez. "Ah, lá existe um raiozinho de luz; não sei o que é,
mas quero agarrá-lo."
ϟ
/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/112193/NINGUEM_E_PERFEITO_1277669056B.jpg)
excerto de:
NINGUÉM É PERFEITO - VIVENDO E CRESCENDO COM CRIANÇAS QUE TÊM NECESSIDADES
ESPECIAIS
NANCY B. MILLER
Título original em inglês: Nobody's Perfect: Living and Growing with Children
Who Have Special Needs (1994)
com "As Mães":
Susie Burmester,
Diane G. Callahan,
Janet Dieterle,
Stephanie Niedermeyer
tradução Lúcia Helena Reily
PAPIRUS EDITORA
Δ
5.Mai.2015
publicado
por
MJA
|