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 Sobre a Deficiência Visual

Como Enxergar bem sem Óculos:

O Sistema Bates aplicado ao dia-a-dia

M. Matheus de Souza

- excerto -

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índice
Introdução
História e fundamentos
Experiência pessoal
Para quem é este sistema?

 

Introdução

As idéias simples costumam passar despercebidas e, quando as encontramos, temos uma certa dificuldade em aceitá-las, tal a sua singeleza. Assim foi quando, na juventude, pela primeira vez travei contato com a Quiropatia, que viria a adotar como profissão. Seus conceitos eram tão simples e claros que julgávamos não serem verdadeiros.

Os anos de faculdade e a posterior prática diária se encarregariam de atestar a eficiência do bom senso aplicado à saúde e à sua manutenção. Assim também foi com relação à capacidade de recuperação dos olhos, quando aos vinte e poucos anos uma miopiajá teimava em se instalar em quem tinha na leitura um de seus maiores prazeres.

Recebi na ocasião a terrível sentença e a respectiva receita para o uso compulsório de óculos. Incômodos e nada estéticos, eles tampouco eram práticos para quem gostava de praticar natação, atletismo, basquete, futebol e tantas outras atividades não tão esportivas, como namorar e dançar. Impertinentes, os óculos transformaram-se num apêndice como fonte de muitas frustrações da minha "longa" juventude. Felizmente, ainda estudante, um colega presenteou-me com um livro que descrevia o "Sistema Bates".

A princípio, a simplicidade do método deixou-me em dúvida. Como ocorre em várias circunstâncias na nossa profissão, o mérito do efeito era creditado à auto-sugestão ou a uma coincidência (ficaria bem de qualquer maneira). Resolvi, no entanto, testar. Uma leitura atenta das conceituações, mais o resultado rápido obtido pela prática dos exercícios recomendados (joguei fora meus indesejáveis óculos em apenas duas semanas), passei a ser um divulgador do sistema entre meus pacientes, principalmente quando observei que a melhoria da visão era um fator importante na recuperação em indivíduos que sofriam de algumas síndromes cervicais.

Durante os últimos 34 anos, tenho emprestado a pacientes e amigos, esses conceitos e exercícios, uma vez que é raro encontrar uma obra em português. As que haviam estão esgotadas ou seus direitos autorais foram adquiridos para recolher os estoques existentes e não mais serem editadas. Tudo, possivelmente, por obra e graça de alguém que na época sentiu-se ameaçado nos seus interesses comerciais.

Recentemente, fiquei extremamente surpreso em uma de minhas aulas no curso de Quiropatia (1997). Ao perguntar quantos deles faziam uso do sistema Bates para orientar seus pacientes, manifestou-se um silêncio total. Timidamente, um deles perguntou sobre o que eu estava falando. Uma platéia de aproximadamente 60 profissionais (todos da área da saúde) e nenhuma informação a respeito. Percebi, então, que o objetivo daqueles que na década de 60, haviam recolhido os livros existentes sobre o assunto, havia sido atingido. Confiavam então que a memória da população é curta e que quando um determinado assunto deixa de ser comentado e divulgado, lentamente cai no esquecimento.

Este fato levou-me, por sugestão de amigos, a preparar a presente obra dedicada ao grande público e direcionada principalmente aos colegas terapeutas. Terão assim, mais uma ferramenta no seu arsenal de recursos para auxiliar, de maneira natural, as pessoas que os procuram buscando ajuda.

O método Bates consiste simplesmente em ensinar as pessoas a utilizarem seus olhos de uma forma relaxada e cômoda. O objetivo principal é o de restabelecer os hábitos normais da visão quando estes foram perdidos devido a um esforço excessivo ou a um estado de tensão.

Nosso grande inspirador, indubitavelmente, sempre foi o Dr William Horatio Bates, porém o roteiro básico de nossa prática foi extraído dos escritos do Dr Harold M. Peppard. A esses dois gigantes, rendemos não só a nossa homenagem, mas também a nossa eterna gratidão.

M. Matheus de Souza DC. DM.
São Paulo -1998

 

HISTORIA E FUNDAMENTOS

No passado, havia apenas duas respostas clássicas para os defeitos comuns da refração (esses distúrbios ópticos que dificultam a visão clara e precisa): óculos ou cirurgia, ou ambos. Infelizmente, em algumas áreas, isso ocorre até nos dias de hoje. Quando os olhos sofrem algum contratempo, faz-se uma visita ao oftalmologista que via de regra prescreve um par de óculos. Nada mais a fazer. Existe uma tendência geral em considerar uma espécie de herança certos males como: miopia, hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, catarata, glaucoma e, na idade madura, óculos para ler. No entanto, a causa desses distúrbios visuais, o motivo real, não se procura saber. Os óculos auxiliam temporariamente os olhos a verem melhor e, eventualmente, alguma cirurgia pode ser feita para buscar um alívio mais prolongado, mas os "especialistas" não procuram ou não conhecem nada que cure os olhos. Nem tentam curá-los. Tentam, é verdade, ajudá-los, aplainar-lhes o caminho, mas não acreditam ou não sabem, que podem curá-los. Tal atitude em relação aos problemas mais comuns de refração ainda se assemelha à prática comum de um século atrás.

No começo do século vinte, no entanto, o Dr. William Horatio Bates, de Nova York, um dos grandes especialistas do seu tempo, aprofundou-se nessa região inexplorada e descobriu algumas coisas interessantes.

Ao contrário do pensamento dominante, descobriu que a visão, a exemplo de qualquer outra função do organismo, tem a capacidade de se recuperar, de forma espontânea, na medida em que lhe são dadas certas condições ideais de repouso e havendo um pleno abastecimento neurológico (teoria nascente nas escolas de Quiropatia e Osteopatia, ambas embasadas num vitalismo moderno e científico gerado pela Escola Fisiomédica em 1900)*.

No final de um dia extenuante no seu consultório, Dr. Bates estava descansando após uma série de consultas difíceis. Tirou os óculos e apoiou o rosto fatigado nas suas mãos em concha, cobrindo os olhos. Depois de descansar nessa posição aproximadamente dez minutos, sentindo-se reanimado pelo silêncio e escuridão, retirou as mãos dos olhos e percebeu imediatamente que, apesar de sem óculos, as cores e os objetos da sala lhe pareciam mais brilhantes e nítidos, assim como a sensação de peso e desconforto nos olhos havia desaparecido. Foi a partir daquele instante, que observou que a qualidade da percepção visual poderia estar ligada a um fator de cansaço e tensão muscular.

Foi assim que ele concebeu a idéia fundamental do seu método para a recuperação da visão.

Baseado nos escritos de D.D. Palmer (criador da Quiropatia), que teorizava sobre a manifestação trina que dominava a saúde plena (Inteligência Universal Inteligência Inata e Inteligência Adquirida), passou a considerar antes de tudo, que a visão é uma arte enquanto capacidade simultaneamente inata e adquirida.

Tal como ocorre com os demais sentidos a audição, o tato, o paladar e o olfato o cérebro interpreta as informações que lhe chegam do exterior. O que condiciona ou determina a verdade ou a falsidade da referida interpretação, no entanto, é a qualidade e a intensidade da atenção que dedicamos àquilo que estamos observando, saboreando, cheirando, sentindo ou ouvindo. A atenção é o essencial: deve dirigir-se sempre para fora, numa única direção, abarcando o objeto sem se distrair, permitindo assim que o cérebro efetue uma interpretação correta. No caso concreto da vista, trata-se de estar mentalmente sereno, deixando que a percepção visual venha por si só.

Exceto quando o olho está doente ou lesionado, quase todos os defeitos da vista podem ser causados pela ignorância ou negligência deste principio.

A visão é um dos cinco sentidos do ser humano, os olhos seus órgãos, o ato de enxergar, no entanto, é pura sensação.

À custa de muita pesquisa e longas experiências, o Dr Bates percebeu que muitos males da vista podiam ser curados; não apenas aliviados; uma vez que as falsas causas podiam, na maioria das vezes, ser removidas, permitindo que os olhos recuperassem a perfeita saúde e normalidade como qualquer outra parte do corpo salvo se existisse alguma condição de degenerescência. O olho, contudo, raramente é o ponto de partida de qualquer moléstia degenerativa.

Durante vários anos observou cada vez com menos interesse a teoria de Helmholtz (Hermann Helmoltz ( 1821-1894) publicou em 1856 o "Manual de Óptica Fisiológica), que era então, e ainda é, a teoria aceita por muitos oftalmologistas.

Tal teoria está fundamentada na premissa de que é a mudança nas dimensões das lentes oculares que permite ao olho enxergar a diversas distâncias. Em outras palavras, foca-se mudando o tamanho do cristalino (dilatando ou retraindo).

Embora uma grande porcentagem dos distúrbios visuais não pudesse (e ainda não pode) ser explicada pela teoria de Helmholtz, ela foi o único método de tratamento da vista por mais de um século.

Por sua vez, o Dr. Bates lançou a teoria de que o olhar se adapta às várias distâncias, não pela mudança da forma da menina dos olhos, mas pela mudança nas dimensões do próprio globo ocular. Em outras palavras, o olhar se adapta a distâncias variáveis por meio dos músculos extrínsecos do globo ocular em suas diferentes pressões sobre a menina dos olhos.

O globo ocular é movimentado por seis músculos um de cada lado, um em cima, um por baixo e dois passando parcialmente em torno do meridiano do globo ocular, um na parte superior, outro na inferior. Os quatro primeiros são chamados "músculos retos" e os dois últimos "músculos oblíquos".

Quando o olho foca um objeto distante, o puxão ou a tensão nos quatro músculos retos aumenta e o globo ocular é achatado, isto é, fica mais curto da frente para trás e torna-se mais largo de um lado ao outro.

Em compensação, se você quiser ler ou olhar de perto, os músculos oblíquos obedecem a esse desejo aumentando sua tensão, afinando o globo ocular que se torna mais comprido e menos largo.

Enquanto os músculos se mantiverem ativos e eficientes, a função será executada perfeitamente e sem esforço. Se, por qualquer razão (como, por exemplo, o cansaço da vista provocado por maus hábitos, exaustão crônica, debilidade geral, abatimento prolongado e tudo quanto possa agravar a tensão nervosa) os músculos retos tornarem-se habitualmente retesos, produzir-se-á a condição conhecida como hipermetropia ou hiperopia. Por outro lado, se os músculos oblíquos se retesarem, produzir-se-á então a miopia ou vista curta. Se a tensão muscular ficar desigual, de forma a que um grupo de músculos aja com mais força do que o oposto, os globos oculares sofrerão pressões desequilibradas e daí surgirá o astigmatismo.

Em outras palavras, quando a tensão muscular é igual, o foco fica exatamente sobre a retina e a pessoa enxerga com perfeição.

Se, por causa da tensão, o foco for tirado de sua posição natural e recair, quer à frente, quer atrás da retina, a imagem ficará borrada e a visão ficará imperfeita.

Com a evolução da teoria nascida dessas descobertas, o Dr. Bates tomou os casos que não se amoldavam à teoria de Helmholtz, constantemente encontrados em sua imensa prática..Diagnosticou-os satisfatoriamente e tratou-os de acordo com sua própria teoria. Os resultados foram impressionantes.

O experimento conduzido durante vários anos, provou claramente para ele mesmo e para o grupo de oftalmologistas que se congregaram em torno dele, que os músculos extrínsecos do olho são os meios de acomodação e que, sendo assim, os óculos não são auxiliares da visão, mas sim, prejudiciais, uma vez que não removem a causa e podem agravar o distúrbio, pois permitem que a vista se adapte de modo artificial à sua deficiência.

Os óculos fazem o que na realidade os músculos deveriam fazer, ou seja, ajustar o ponto focal. Ora, se dessa maneira os músculos não executam a sua função, a exemplo de qualquer outro músculo do organismo, eles tenderão a ficar atrofiados e rígidos. Aí sim, o problema passará a ser progressivo. A cada período de tempo, realiza-se um novo ajuste (novos óculos), até atingir um estado crônico de degeneração muscular com prejuízos reais à visão.

Isso significa que enquanto os óculos parecem aliviar temporariamente a visão afetada, não se mexe na causa da perturbação. Assim, o órgão correspondente, o olho, sujeita-se ao papel de um inválido de muletas.

No entanto, com a prática de uns poucos exercícios reconstrutores para reeducação dos músculos oculares, os olhos podem readquirir o seu funcionamento normal e correto e se tornarão perfeitamente fortes e sadios de novo.

Os resultados dessas experiências foram escritos e publicados emjornais médicos, poucos anos antes da grande guerra. Foram também apresentados a colegas do Dr. Bates e suas sociedades, mas em vez de estimular o interesse e a pesquisa, sua teoria foi ignorada e ridicularizada.

Os oftalmologistas não queriam trocar a velha e estabelecida hipótese por esta nova premissa tão radical. Talvez alguns, até mesmo duvidassem que fosse possível fazer um esforço para reeducar os olhos. Os óculos trazem pronto alívio em muitos casos e isso era bastante bom. Os oftalmologistas não estavam interessados e como um bom número deles tinha envolvimento com a fabricação de lentes, tirar os óculos das pessoas era, naturalmente, a última coisa que queriam fazer.

A falta de reconhecimento do seu trabalho não desencorajou o Dr. Bates, mas impeliu-o a assegurar-se de fatos adicionais relativos ao funcionamento normal dos olhos. Estabeleceu uma clínica e começou a pôr os seus princípios à prova. Foi mais do que recompensado em seus esforços. Desde o início obteve resultados quase incríveis.

Deviam mesmo ser espantosos, positivos e irrefutáveis, para poder vencer os preconceitos e a crítica que lhes opunham os adeptos da teoria de Helmholtz e os oculistas.

Provou irrefutavelmente que os defeitos comuns da refração esses distúrbios ópticos que em geral requerem o uso de óculos podiam ser corrigidos e curados com a mudança de tensão nos músculos extrínsecos do olho. Tratou todas as modalidades de defeitos de refração sem o uso de óculos e, em centenas de casos, eliminou óculos que vinham sendo usados durante anos e restabeleceu a visão normal.

Havendo já provado satisfatoriamente a sua teoria, quis descobrir o que causava o mau funcionamento da vista e seus conseqüentes distúrbios.

Entre contínuas pesquisas chegou à conclusão que "forçar" a vista não era, como usualmente se supunha, o resultado de uma vista defeituosa, mas sim que a causa responsável por todos esses defeitos de refração era o esforço. Provou vezes sem conta que o "fixar" (esse esforço para ver em lugar de deixar que os olhos vejam naturalmente), somado à debilidade geral, ao temperamento nervoso e, principalmente, ao uso inadequado da vista por falta de conhecimento sobre como os olhos realmente enxergam, eram os responsáveis. Dessa forma, põem os músculos ópticos fora do seu funcionamento normal.

O resultado é a visão deficiente.

Cada vez mais ele provava isso à saciedade. Seu próximo passo foi descobrir como fazer uma vista retroceder aos hábitos originais e normais; resumir e aclarar uma maneira ou fórmula de conduta que permitisse aos olhos voltarem à uma normalidade saudável e, assim, à visão perfeita.

Foi desenvolvida uma série de recomendações e exercícios para reeducação dos músculos ópticos, visando reconduzi-los aos estados normais de repouso e movimento. Assim, pela educação, os maus hábitos seriam substituídos pelos bons.

Como seu trabalho começasse a atrair a atenção pelos resultados obtidos, um grupo de estudantes reuniu-se em torno dele e aprendeu os princípios da visão normal sem o uso de óculos. Esses alunos, apesar das pressões recebidas principalmente dos profissionais ligados à fabricação de óculos, foram os grandes divulgadores do método, editando livros e realizando em suas clínicas particulares, curas extraordinárias e produzindo um grande número de pacientes satisfeitos.

Esse tratamento dos olhos sem o uso de óculos tem sido aplicado a milhares de pessoas e cada tipo de defeito de refração tem sido tratado com real sucesso.

Embora ainda ignorado pela maioria dos profissionais especialistas, uma vez que a resistência inicial ao método fez com que ele fosse rotulado como técnica alternativa, em várias partes do mundo (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Africa do Sul, França, Espanha, Alemanha, Portugal e Brasil) existem profissionais praticando e divulgando esse método.

Os princípios, sendo básicos, aplicam-se a todos os olhos e a todos os defeitos de refração em todas as idades. Numa criança que sofre da vista, o defeito é leve e, via de regra, um tratamento rápido será suficiente para restituir aos olhos a visão normal.

Não menos rápido será o tratamento para pessoas de idade madura, ou mesmo já avançada, se o distúrbio for combatido tão logo apareça. O decurso de tempo desde o aparecimento do efeito e seus consequentes maus hábitos, importam muito mais do que a idade do indivíduo em quem ocorrem.

É bom repetir que o tratamento é usado em todos os distúrbios visuais para os quais é prescrito o uso de óculos e não é nossa intenção aplicá-lo na perda da visão causada por degenerescência.

 

Experiência pessoal

Em 1961, ainda jovem, já ostentava um par de óculos fortes para miopia quando tomei conhecimento do método do Dr. Bates. Em poucas semanas joguei fora meus óculos. Desde que me graduei em Quiropatia, no ano de 1964, e iniciei meu trabalho clínico, venho recomendando aos meus pacientes a aplicação dos exercícios corretivos e estimulando a compreensão da verdadeira causa dos problemas de visão. Tenho constatado que a pessoa que aprende a usar convenientemente os olhos, nunca mais precisará de óculos e verá com clareza toda a sua vida. Graças ao notável poder de resistência dos olhos, podemos tê-los jovens até os oitenta anos.

Acompanhei, nesses anos, um grande número de indivíduos de todas as idades desfazerem-se de seus óculos e readquirirem a visão normal. Milhares de criaturas o fazem, com a orientação de profissionais que empregam esse "novo" sistema e outras pela leitura de prospectos e livros produzidos por seguidores dessa escola. Apesar disso, o mundo ainda está cheio de óculos.

É importante observar que a "ignorância" do assunto existe em função de grandes interesses financeiros. O acontecido no Brasil na década de 60, talvez dê uma idéia das "forças ocultas" que tentam dificultar o acesso a esse tipo de informação.

Tomei conhecimento do método através de um colega que presenteou-me com um exemplar do livro "Veja Melhor sem Óculos" do Dr. Harold M. Peppard.

Quando iniciei minha prática clínica, adquiria de 10 a 20 exemplares por vez para presentear a cada paciente que se apresentava com óculos e recomendava não só a sua leitura para entendimento, como disciplina na aplicação dos exercícios. Desnecessário dizer que não era eu o único a ter esse procedimento e por conseqi.iência, o livro estava sendo muito bem vendido e um número cada vez maior de indivíduos abandonava o uso de óculos.

Fomos surpreendidos em 1967 com o desaparecimento súbito desse livro das livrarias.

Após um certo tempo, questionamos a editora e fomos informados que um grupo de pessoas, que possivelmente representava uma determinada associação de classe, havia comprado os direitos autorais e retirado do mercado os exemplares existentes. A desculpa era que seria reescrito, pois possuía uma série de erros que deveriam ser corrigidos. Nunca mais foi editado.

Restou-nos apenas o expediente de rascunhar os princípios e exercícios do sistema e mimeografá-los para fornecer aos interessados, o que, sem dúvida, pela apresentação pobre, baixava o índice de credibilidade no assunto. Some-se a isso o fato da maioria dos especialistas da área informarem não conhecer o assunto ou mesmo não recomendarem, pois deveria ser mais um desvario da então muito criticada "área alternativa" , fruto do movimento contra cultural que tinha nos "hyppies" sua expressão social.

Nestes 34 anos de profissão, em meu consultório tenho visto olhos estrábicos retificados, astigmatismo, hiperopia e miopia curados e centenas de óculos jogados fora definitivamente. Diga-se de passagem que minha única ação tem sido fornecer uma cópia deste rascunho e estimular as pessoas com problemas a terem disciplina na aplicação dos exercícios e na mudança de seus hábitos viciosos.

Apenas com esse procedimento, adquiri absoluta convicção e um grande entusiasmo neste método que nos faz primeiro entender a causa do problema e depois nos dá o caminho da recuperação de uma maneira extremamente simples.

A melhor maneira de vencer um obstáculo é destruir a ignorância que o cerca. A informação bem dada, indicará o caminho para se readquirir e conservar visão boa e normal, sem a ajuda de óculos.


Para quem é este sistema?

Quando adoecemos e temos o corpo fragilizado, via de regra, vamos para a cama. Instintivamente sabemos que o repouso dá ao organismo o tempo necessário para que as defesas orgânicas sejam ativadas e a recuperação física seja alcançada. Todo o corpo descansa, menos os olhos. Esta é a ocasião em que colocaremos nossa leitura em dia, assistiremos TV, ou iremos ao computador doméstico para atualizar as informações atrasadas, comunicarmos com a empresá para a qual trabalhamos ou, ainda, navegar na Internet. As crianças em idade escolar colocarão seus deveres em dia. O universitário atualizará informações sobre uma matéria pendente. A vovó aproveitará para fazer tricô ou crochê para os netos. A maioria das pessoas irá desrespeitar e agredir seus olhos. Assim todo o corpo terá chance de se recuperar, menos os olhos.

Ao nos aproximarmos da casa dos quarenta anos e, às vezes antes, ao atingirmos a maturidade profissional, somos premidos por compromissos, os mais variados possíveis, relativos à própria atividade profissional, à necessidade de manter o emprego, à nossa vida social, à educação dos filhos, etc., e acabamos perdendo a descontração típica da juventude e, infelizmente, a capacidade da relaxação. Com isso, perdemos também a boa visão.

Observem os animais como têm os olhos relaxados até pressentirem o perigo e, mesmo em perigo, como eles são vivos e movimentam-se sem parar, são brilhantes e penetrantes.

Reparem também como são penetrantes e fúlgidos os olhos de uma criança normal! Nada perdem.

Observem quão raramente as pessoas habitualmente "relaxadas " usam óculos mesmo na idade madura e na velhice.

A falta de relaxação é a causa da maioria das vistas defeituosas.

"Cansei de fixar a vista e não pude ver nada". Se fixar fortemente e por muito tempo a vista, essa afirmativa poderá ser tragicamente verdadeira o indivíduo ficará cego. Fixar cansa a vista e o cansaço é a causa da visão imperfeita. Não é o resultado, como geralmente se supõe, mas a causa.

O estado emocional do indivíduo influi na visão, pois os olhos são como as copas de um trigal maduro, vibram sob qualquer brisa emocional ou mental que soprar.

"Fiquei tão descontrolado que não pude ver" é uma expressão que se houve freqüentemente e parece tola, mas na realidade, é a constatação de um fato. A tensão da raiva perturbou o cérebro e desfocou a vista.

Quem não conhece:

  • O olhar do apaixonado e sonhador.

  • O olhar vermelho e carregado do raivoso e irado.

  • O olhar culpado que denuncia o mentiroso.

  • O olhar aberto do medroso e o esbugalhado do aterrorizado.

  • O olhar esperto e rápido do curioso.

  • O olhar atento do negociante.

  • O olhar terno do amigo.

  • O olhar contraído do invejoso.

  • O olhar fixo e tenso dos desequilibrados.

Aproximadamente noventa por cento dos homens e mulheres de mais de quarenta e cinco anos usam óculos, quer para ler, quer durante todo o tempo. O crescimento da percentagem de crianças com óculos entre sete e quinze anos é alarmante.

Este sistema é para todos, jovens e velhos, que usam óculos e desejariam não ter motivo para usá-los.

Ele é indicado tanto para aqueles que começaram a usar óculos recentemente, quanto para aqueles que os vêm usando há anos e esperam usá-los até o termo de seus dias, perdendo-os, ora aqui, ora ali, quebrando-os e, provavelmente, tendo que trocá-los por outros mais fortes a cada 2 ou 3 anos.

Também é indicado para os que, na casa dos quarenta ou cinqüenta anos, precisamente quando começam a compreender como devem viver, descobrem que já não conseguem ler confortavelmente seus jornais e que os números no catálogo de telefone estão além de suas possibilidades. Notem como elas seguram à distância o que vão ler, com o braço esticado! É um sinal de alarme.

Acima de tudo, ele é indicado para as crianças.

Obrigar uma criança a usar óculos, sem que haja a manifestação de um problema degenerativo ou neurológico bem diagnosticado, é um dos grandes pecados do mundo. Deve-se ajudar essa pequena e indefesa criatura, não sobrecarregá-la com o uso desconfortável e antiestético de óculos.

Também é dirigido àqueles que têm o infortúnio de sofrerem de estrabismo. Centenas de casos de vesguice têm sido corrigidos seguindo-se os princípios expostos.

No entanto, este sistema não é apropriado para aqueles cuja vista adoeceu devido a distúrbios orgânicos, tais como tumores, degenerescência da retina, do nervo óptico ou dos centros visuais do cérebro todos esses casos pertencem aos oftalmologistas.

Repetimos que este método foi desenvolvido para corrigir todas as desordens visuais (problemas de refração) contra as quais é imposto o uso de óculos. É recomendado também, para o afortunado grupo que tem bons e belos olhos e quer conservá-los melhor. [...]

 

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Como enxergar bem sem óculos: o sistema Bates aplicado ao dia a dia
M. Matheus de Souza
1ª edição, 1998
São Paulo: Editora IBRAQUI

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5.Set.2014
publicado por MJA