- Perguntas e Respostas -
O QUE SIGNIFICA INTERNET PARA NECESSIDADES ESPECIAIS?
Um grande número de pessoas com necessidades especiais têm manifestas
limitações ao nível motor, da visão, da audição, da fala, da
concentração, memorização, leitura ou percepção (paralisias,
amputações, dificuldade de controlo dos movimentos, cegueira, surdez,
etc.) que os inibem ou impossibilitam de utilizar plenamente as
potencialidades deste meio de comunicação.
Uma "Internet para necessidades especiais" baseia-se na concepção de
equipamentos, software e conteúdos (por exemplo a Web e o correio
electrónico) com características de acessibilidade para pessoas com
necessidades especiais.
Embora se debruce, geralmente, sobre utilizadores com limitações
físicas ou sensoriais, o conceito não se limita a estas questões. Por
exemplo: utilizadores que possuem modems mais lentos e que decidam
desactivar a apresentação de gráficos encontram dificuldades similares
às sentidas por pessoas com limitações de visão. As soluções
encontradas para acrescentar legendas, destinadas aos utilizadores
surdos, podem permitir utilizar índices de texto na busca de
documentos de vídeo e de áudio.
QUE OPORTUNIDADES OFERECE A INTERNET A CIDADÃOS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS?
A acessibilidade às tecnologias de informação e comunicação deve ser
considerada como um factor de qualidade de vida a que todos têm
direito. Para a maioria das pessoas a tecnologia torna a vida mais
fácil. Para uma pessoa com necessidades especiais, a tecnologia torna
as coisas possíveis.
O precário acesso à informação e a serviços de telecomunicações, as
barreiras arquitectónicas e a escassez de transportes públicos
adaptados têm constituído um dos mais sérios obstáculos à integração
escolar,
profissional e social dos cidadãos com necessidades especiais,
limitando o seu acesso à equiparação de oportunidades a que,
inegavelmente, têm direito.
A utilização de um computador e o acesso à Internet permitem a estes
cidadãos (sem dúvida aqueles que são confrontados com os maiores
obstáculos, tanto físicos como de ordem social) acederem a um conjunto
imenso de fontes de (in)formação, estabelecerem contactos e trocarem
informações, exercerem uma actividade, encontrarem formas alternativas
de lazer e de divertimento, aumentarem as suas relações de amizade, em
suma, construírem uma vida com significado.
QUAL É A PERCENTAGEM DE CIDADÃOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS ?
As pessoas idosas e com deficiência constituem uma elevada percentagem
da população mundial. Estes dois segmentos da população estão
fortemente correlacionados em termos de necessidades especiais. Nos
Países da União Europeia, o número de pessoas idosas e/ou com
deficiência situa-se entre 60 e 80 milhões de pessoas. Este número
está a crescer e estima-se que no ano 2020 uma em cada quatro pessoas
(25%) se encontre nesta situação!
Em Portugal, a taxa de população portadora de deficiências ronda os
9,16%:
Visão - 135.428; Audição - 115.066; Fala - 66.778;
Outras formas de
Comunicação - 87.665; Cuidado Pessoal - 130.801; Locomoção -357.495;
Tarefas Diárias - 106.870; Face a Situações - 418.889;
Comportamento - 199.525.
O QUE É A ACESSIBILIDADE?
A Acessibilidade que defendemos envolve três noções: "Utilizadores",
"Situação" e "Ambiente":
-
O termo "Utilizadores" significa que nenhum obstáculo é imposto ao
indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais.
-
O termo "Situação" significa que o sistema é acessível e utilizável
em diversas situações, independentemente do software, comunicações ou
equipamentos.
-
O termo "Ambiente" significa que o acesso não é condicionado pelo
ambiente físico envolvente, exterior ou interior.
A acessibilidade da Internet caracteriza-se pela flexibilidade da
informação e interacção relativamente ao respectivo suporte de
apresentação. Esta flexibilidade permite a sua utilização por pessoas
com necessidades especiais, bem como a utilização em diferentes
ambientes e situações, e através de vários equipamentos ou
navegadores.
QUAIS SÃO OS CONSTRANGIMENTOS NO ACESSO À INTERNET?
Utilizadores
Problemas sentidos por utilizadores com vários tipos de limitações:
1 - Os utilizadores cegos poderão ter dificuldade em:
-
obter informações apresentadas visualmente;
-
interagir usando um dispositivo diferente do teclado (como o rato,
por exemplo);
-
distinguir rapidamente as ligações num documento;
-
navegar através de conceitos espaciais;
-
distinguir entre outros sons uma voz produzida por síntese.
2 - Os utilizadores amblíopes ou daltónicos poderão ter dificuldade
em:
-
distinguir diferenças cromáticas, de contraste ou de profundidade;
-
utilizar informação dependente das dimensões;
-
distinguir entre diferentes tipos de letra;
-
localizar e/ou seguir ponteiros, cursores, pontos activos e locais
de recepção de objectos, bem como manipular directamente objectos
gráficos.
3 - Os utilizadores com dificuldades de audição poderão ter
dificuldade em:
-
distinguir alterações de frequência;
-
ouvir certas gamas de frequências;
-
localizar sons;
-
identificar sons específicos entre o ruído de fundo.
4 - Os utilizadores surdos poderão ter dificuldade em:
-
aperceber-se de informações auditivas;
-
produzir fala reconhecível como sendo um sinal vocal;
-
utilizar o inglês como segunda ou terceira língua (visto a linguagem
gestual ser a primeira língua das pessoas que tenham nascido surdas).
5 - Os utilizadores com limitações motoras poderão ter dificuldade em:
-
carregar simultaneamente em várias teclas (fraca coordenação de
movimentos)
-
carregar em teclas enquanto movem o rato;
-
deslocar os membros ou tentar alcançar objectos;
-
executar acções que impliquem precisão ou rapidez.
6 - Os utilizadores com problemas de concentração, memorização,
leitura ou percepção poderão ter dificuldade em:
-
ler sem ouvir o texto lido em voz alta (dislexia);
-
executar algumas tarefas no espaço de tempo requerido;
-
ler e compreender as informações existentes;
-
perceber qual a função de um objecto gráfico sem legenda.
7 - Os utilizadores com múltiplas limitações poderão deparar-se com:
-
soluções que criam novas barreiras a um tipo diferente de limitação
Situação
Problemas relacionados com software, comunicações ou equipamentos:
-
- compatibilidade com navegadores;
-
- utilização de comunicações lentas;
-
- utilização de equipamento sem saída audio;
-
- compatibilidade com monitores e resolução de ecrã;
-
- utilização de vários equipamentos (sem monitor e/ou sem rato, por
exemplo);
-
- utilização de impressoras monocromáticas.
Ambiente
Problemas relacionados com o ambiente físico envolvente, exterior ou
interior:
-
- utilização em ambientes ruidosos;
-
- utilização em ambiente interior/exterior com muita luminosidade.
A ACCESSIBILIDADE IMPÕE LIMITES AO DESENVOLVIMENTO DA INTERNET?
A adopção de técnicas de acessibilidade na concepção das páginas e
aplicações para a Internet não são limitações, antes pelo contrário,
estas tornam-nas mais robustas, flexíveis, rápidas e fáceis de usar
para a generalidade dos utilizadores. Permitem também a utilização de
equipamentos menos convencionais para o acesso à Internet como a
televisão, o telefone e equipamentos electrónicos de bolso, bem como a
utilização de equipamentos mais antigos. Estas técnicas permitem ainda
um aumento na indexação e divulgação de páginas e conteúdos nos
motores de pesquisa (cusco, altavista, yahoo, etc.).
QUAL É O OBJECTIVO DAS DIRECTIVAS DE ACESSIBILIDADE DO GUIA E DO W3C ?
Melhorar a acessibilidade da informação disponível na Internet, sem
prejudicar o seu aspecto gráfico ou funcionalidades. A sua aplicação
deve permitir:
-
a respectiva leitura possa ser feita sem recurso à visão,
movimentos precisos, acções simultâneas ou a dispositivos apontadores,
designadamente ratos;
-
a obtenção da informação e a respectiva pesquisa possam ser
efectuadas através de interfaces auditivos, visuais ou tácteis.
QUEM VAI BENEFICIAR COM ESTAS DIRECTIVAS?
Os utilizadores da Internet, nomeadamente:
-
Pessoas com deficiências (visuais, auditivas, motoras e outras)
-
Idosos
-
Pessoas que consultam a Internet:
- com modems ou ligações lentas;
- com equipamentos portáteis (ex: agendas electrónicas ou outros
assistentes digitais);
- com equipamentos sem saída audio;
- via audiotexto (consulta da web/email usando equipamento
telefónico);
- em quiosques públicos
-
As entidades e particulares que disponibilizam informação na Internet:
Pois aumenta substancialmente o número de utilizadores que conseguem
ter acesso à sua informação.
A IMPLEMENTAÇÃO DA ACESSIBILIDADE É DIFÍCIL E CARA ?
Dificuldades na concepção: A acessibilidade resume-se à adopção de uma
redundância parcial da informação, principalmente ao nível dos
"caminhos" para os conteúdos; sendo estes últimos, na sua esmagadora
maioria, acessíveis. O tempo necessário para introduzir técnicas de
acessibilidade na concepção de uma página poderá atingir
aproximadamente 5% do tempo gasto para escolher uma apresentação
visual agradável. Esta percentagem poderá ser superior no caso da
utilização de vídeo e áudio, o que ainda é pouco frequente.
Dificuldades na adaptação: Se a concepção de uma página acessível para
a Internet não acarreta praticamente custos adicionais, o mesmo não se
pode dizer em relação ás já existentes. As dificuldades e os encargos
de adaptação estão directamente relacionados com a complexidade e
tamanho de cada sítio. De qualquer maneira, as actualizações
periódicas da informação poderão ser aproveitadas para "concertar" as
páginas.
Custos em equipamentos e software: Para conceber uma página ou
aplicação para a Internet acessível a pessoas com necessidades
especiais não é necessário adquirir equipamento ou programas
adicionais.
Custos de aprendizagem: Existem na Internet várias ajudas para a
auto-aprendizagem e para a organização de formação: documentos
públicos contendo exemplos práticos e claros de técnicas para a
acessibilidade; cursos online; utilitários gratuitos (software) que
diagnosticam e sugerem alterações automaticamente; bem como vários
grupos voluntários de suporte.
QUEM DEVE USAR ESTAS DIRECTIVAS?
Estas directivas deverão ser usadas pelos responsáveis pelo
desenvolvimento de conteúdos na Internet.
AS DIRECTIVAS SÃO OBRIGATÓRIAS EM PORTUGAL?
Não. No entanto, Portugal é o primeiro país europeu com regulamentação
sobre acessibilidade dos sítios da administração pública na Internet
pelos cidadãos com necessidades especiais (Resolução de Conselho de
Ministros Nº 97/99 - publicado no Diário da República Nº 199, I Série
B, em 26/08/1999). URL:
http://www.mct.pt/novo/legislacao/despachos/cneinter.htm
ONDE ENCONTRAR EXEMPLOS?
Actualmente existem vários documentos que propõem regras de
acessibilidade para a Web, alguns deles contendo exemplos práticos.
Sugerimos a consulta dos seguintes:
Directivas para a acessibilidade do conteúdo da Web - 1.0, do W3C*
http://www.utad.pt/wai/wai-pageauth.html
Requisitos de Acessibilidade do GUIA (Portugal)
http://www.acessibilidade.net
Web Frontiers - access & equity online (Austrália)
http://www.lawlink.nsw.gov.au/aus/access.html
IBM: Web Accessibility for Special Needs *
http://www.austin.ibm.com/sns/accessweb.html
Microsoft Accessibility guidelines for the WWW *
http://www.microsoft.com/enable/dev/web/guidelines.htm
* Inclui exemplos práticos
QUE METODOLOGIA USAR?
-
Implemente as directivas de acessibilidade.
-
Teste a acessibilidade da informação.
-
Faça as correcções necessárias, e volte a testar.
-
Forneça formas alternativas para consultar a informação não
acessível.
-
Coloque o Símbolo de Acessibilidade na página de entrada do seu
sítio.
COMO TESTAR A ACESSIBILIDADE?
Pode testar a acessibilidade de uma página ou de um sítio, por
exemplo:
-
usando ferramentas ou serviços de análise da acessibilidade e
compatibilidade (ex: Bobby http://www.cast.org/bobby)
-
visualizando a(s) página(s) em várias condições/ambientes com:
-
imagens activas/inactivas;
-
audio ligado/desligado;
-
diferentes navegadores (ex: browsers de texto, com síntese de voz,
etc);
-
diferentes resoluções gráficas;
-
usando apenas o teclado para navegar ou interagir;
-
usando utilizadores reais.
COMO IDENTIFICAR UM SÍTIO ACESSÍVEL?
Utilize o Símbolo de Acessibilidade na Web para indicar que o sítio
contém funcionalidades de acessibilidade para cidadãos com
necessidades especiais, para diferentes ambientes, situações,
equipamentos e navegadores. O símbolo deve incluir a definição
ALT="Símbolo de Acessibilidade na Web", e ser colocado na página de
entrada do sítio.
Recomendamos que acompanhe o símbolo da sua respectiva descrição ("Um
globo inclinado, com uma grelha sobreposta. Na sua superfície está
recortado um buraco de fechadura"), através de uma ligação D.
O SÍMBOLO GARANTE A ACESSIBILIDADE TOTAL?
A afixação do Símbolo de Acessibilidade não garante que um sítio seja
100% acessível, nem o cumprimento das directivas de acessibilidade . A
utilização deste Símbolo é um acto voluntário que demonstra,
unicamente, um esforço em aumentar a acessibilidade de um sítio.
[INLINE] [INLINE]
SÍMBOLO DE ACESSIBILIDADE NA WEB
Símbolo de Acessibilidade na Web
Utilize o Símbolo de Acessibilidade na Web para indicar que o sítio
contém funcionalidades de acessibilidade para cidadãos com
necessidades especiais, para diferentes ambientes, situações,
equipamentos e navegadores. O símbolo deve incluir a definição
ALT="Símbolo de Acessibilidade na Web", e ser colocado na página de
entrada do sítio.
Recomendamos que acompanhe o símbolo da sua respectiva descrição ("Um
globo inclinado, com uma grelha sobreposta. Na sua superfície está
recortado um buraco de fechadura"), através de uma ligação D.
A afixação do Símbolo de Acessibilidade não garante que um sítio seja
100% acessível, nem o cumprimento das Regras de Acessibilidade. A
utilização deste Símbolo é um acto voluntário que demonstra,
unicamente, um esforço em aumentar a acessibilidade de um sítio.
O símbolo de Acessibilidade é propriedade do CPB/WGBH National Center
for Accessible Media (NCAM) e sua reprodução e utilização é livre.
Podem encontrar várias versões deste símbolo em:
http://www.wgbh.org/wgbh/pages/ncam/currentprojects /symbolwinner.html
Requisitos de Acessibilidade do GUIA
A aplicação destes procedimentos (regras) a formas de escrita e de
apresentação de páginas e aplicações na Internet destinam-se a
assegurar que:
-
a) a respectiva leitura possa ser feita sem recurso à visão,
movimentos precisos, acções simultâneas ou a dispositivos apontadores,
designadamente ratos;
-
b) a obtenção da informação e a respectiva pesquisa possam ser
efectuadas através de interfaces auditivos, visuais ou tácteis.
As Regras devem ser aplicadas somente à informação considerada
relevante para a compreensão da navegação e/ou conteúdos. As Regras
iniciadas com "Se possível, ..." são recomendações. Todas as restantes
Regras são obrigatórias.
Apresentação da Informação
Imagens
-
Fornecer descrição textual.
-
Fornecer equivalente textual para a informação apresentada nos
gráficos.
Audio
-
Fornecer descrição textual.
-
Se possível, fornecer transcrição textual e/ou legendas.
-
Facilitar a interrupção da legendagem e de sons
automáticos/repetitivos.
Animações ou Vídeos
-
Fornecer legendas, descrições e/ou transcrições.
-
Mostrar a legendagem na mesma página da animação ou vídeo.
-
Se possível, fornecer descrições audio.
Objectos executáveis
-
Fornecer descrição sobre o seu objectivo ou modo de funcionamento.
-
Fornecer alternativas se o objectivo não for acessível.
Informação dinâmica
-
Fornecer uma versão estática.
-
Permitir interromper ou parar: objectos e páginas de actualização
automática, movimentos ou efeitos de piscar.
Cores
-
Garantir um bom contraste entre a cor do texto e o fundo.
-
Permitir que a cor do texto, ligações e fundo possa ser alterada.
-
Garantir que os textos e gráficos mantêm a legibilidade e significado
quando observados sem cores.
Disposição da informação
-
Se possível, permitir que a disposição da informação possa ser
reestruturada.
-
Atribuir nomes descritivos e consistentes à estrutura e elementos da
página.
Contactos
-
Fornecer uma forma simples e óbvia para contactar a pessoa da
organização responsável pela informação e o(s) administrador(es) do
sítio.
-
Fornecer o endereço, telefone e fax da organização.
Navegação
Ligações
-
Garantir que as ligações textuais são palavras ou expressões
compreensíveis fora do contexto.
-
Fornecer equivalente textual das ligações embutidas em objectos.
Interacção
-
Permitir a activação dos elementos da página através do teclado.
Orientação
-
Identificar claramente a localização actual do utilizador na estrutura
da informação.
-
Colocar os objectos interactivos e ligações numa ordem lógica que
permita uma navegação clara e compreensível através do teclado.
-
Fornecer uma ligação para a página de entrada do sítio, em todas as
páginas.
-
Fornecer índice do conteúdo em sítios complexos.
Conformidade
-
Verificar a acessibilidade e validar a codificação seguindo standards
actuais e ferramentas de diagnóstico.
Os sítios da Internet que satisfaçam os requisitos de acessibilidade
referidos deverão indicá-lo de forma clara, através de símbolo na
página de entrada a que reconhecidamente seja associada essa
característica.
Glossário
Gráficos: imagens contendo informação quantitativa ou qualitativa
(como gráficos de barras ou tarte).
Objectos executáveis: objectos que podem ser manipulados para dar
acesso à informação ou produzir resultados.
Informação dinâmica: informação que é actualizada após uma interacção
ou período de tempo.
ϟ
'Perguntas e Respostas' - excerto de
INTERNET PARA NECESSIDADES ESPECIAIS
Francisco Figueiredo
Esta secção é baseada no Guia de Acessibilidade proposto pelo GUIA (Grupo
Português pelas Iniciativas em Acessibilidade) na petição pela
acessibilidade da Internet Portuguesa.
Δ
25.Mai.2016
publicado
por
MJA
|