Uma Intervenção Pedagógica no Ensino Fundamental I (1)
Sala de Geografia na Perkins School
RESUMO | A demanda por atendimento educacional especializado e por recursos adaptados na escola regular especialmente a
partir da Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, impõe desafios aos
professores para garantir oportunidades equivalentes de ensino e aprendizagem aos alunos com e sem deficiência, de
forma que o mesmo conteúdo seja aprendido por ambos. O objetivo do artigo é descrever e discutir uma possibilidade
de estratégia de intervenção pedagógica realizada no 5º ano do ensino fundamental I em que há uma aluna cega matriculada
na rede pública municipal de ensino. A atividade aplicada pela professora regente da sala em conjunto com a
pesquisadora envolveu o coletivo da sala e condizem com os fundamentos da Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia
histórico-cultural em relação à interação social da pessoa com cegueira e da mediação cultural para aprendizagem de
conceitos escolares. Durante a aula foram desenvolvidas e mobilizadas atitudes de colaboração, atenção, concentração,
abstração e generalização para construção do conceito/fenômeno do ciclo da água pelos alunos. Os
resultados do artigo indicam a importância da mediação do professor estabelecida no jogo para mobilizar a interação
entre as crianças para a aprendizagem de conceitos científicos como o ciclo da água e a formação do rio. Antes
do jogo, os alunos concebiam de forma linear e superficial a formação do rio e o ciclo da água, a maioria ancorada em
conceitos advindos do senso comum. Após a atividade, muitas dúvidas foram esclarecidas e a maioria dos alunos avançou de
uma visão sincrética à sintética, ou seja, conseguiram compreender a dinâmica do rio de forma concreta e apreendida
em sua totalidade, não mais fragmentada como no início.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo do artigo é descrever e discutir uma
possibilidade de intervenção pedagógica no 5º ano do ensino
fundamental I em que há aluna cega matriculada. A concepção
teórico-metodológica é da Pedagogia Histórico-Crítica e da
Psicologia Histórico-Cultural.
Na concepção de ensino e aprendizagem da Educação Especial
na abordagem da Psicologia Histórico-Cultural, segundo Góes
(2008) a aprendizagem da pessoa com deficiência ocorre na
interação social e na mediação pedagógica.
O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal na obra de
Vigotski (2006) aponta para a importância da mediação
pedagógica no desenvolvimento da criança, principalmente,
aquelas com deficiência visual. Vigotski (2006) indica que,
a partir das intervenções do professor, o desenvolvimento da
criança pode avançar do desenvolvimento real, aquele em que
a criança só consegue realizar determinada atividade com
auxílio de um adulto, para o desenvolvimento potencial,
quando a criança consegue realizar a atividade sem a ajuda
de um adulto.
O salto entre o desenvolvimento real e o desenvolvimento
potencial é o iminente. Esse intervalo é o desenvolvimento
propriamente dito. É justamente na zona de desenvolvimento
iminente do aluno que o “[...] professor tem a tarefa de
intervir, proporcionando experiências qualitativamente
significativas e que possibilitem à criança, através da sua
própria atividade, a superação de níveis menos elevados de
desenvolvimento” (SCALCON, 2002, p. 117).
Vigotski (2006, p. 116) vai além ao afirmar que a
aprendizagem não depende do desenvolvimento cognitivo, como
apontam os estudos de Piaget, mas pelo contrário, “[...] a
aprendizagem escolar orienta e estimula os processos
internos de desenvolvimento”. A criança, ao entrar em
contato com um problema, vai mobilizar funções psicológicas,
palavras, instrumentos, para resolvê-lo. É possível saber o
desenvolvimento potencial da criança a partir da ajuda do
adulto e das soluções elaboradas.
Quando o professor propõe atividades que desafiem as
crianças a refletir, dialogar e resolver problemas, mesmo
que não imediatos, está colaborando para a aprendizagem e,
nessa perspectiva, está induzindo ao desenvolvimento também.
Dessa forma, “[...] o processo de desenvolvimento não
coincide com o da aprendizagem, o processo de
desenvolvimento segue o da aprendizagem, que cria a área de
desenvolvimento potencial” (VIGOTSKI, 2006, p. 116).
As dificuldades que surgem tanto na aprendizagem de um mundo
construído pela maioria vidente (2)
como no desenvolvimento do sujeito com cegueira podem ser
compensadas, segundo Nuernberg (2008), na mediação da
palavra que traz um significado social, contextualizado.
“A compensação social a que se refere Vigotski consiste,
sobretudo, numa reação do sujeito diante da deficiência, no
sentido de superar as limitações com base em instrumentos
artificiais, como a mediação simbólica”. (NUERNBERG, 2008,
p. 309). Para Caiado (2014, p. 40) a cegueira socialmente
não é limitadora porque pela comunicação com o outro por
meio de palavras é possível a apropriação do real, por
exemplo, na compreensão das cores dos objetos “[...] a
pessoa cega apreende os significados sociais atribuídos às
cores, como por exemplo: o preto é luto, o vermelho é uma
cor quente, o branco representa a paz”. À vista disso, as
experiências sensoriais (táteis, auditivas, etc.) em
conjunto com a mediação do outro são indispensáveis para a
apropriação de conceitos por sujeitos cegos.
Nesse sentido, segundo Ferreira e Ferreira (2004) é preciso
repensar a concepção de deficiência que se desloque do ponto
de vista biológico e orgânico, para a visão social na qual a
superação se dá pela interação social na escola, entre os
alunos, durante as aulas, em uma perspectiva interativa de
ensino e aprendizagem.
A coleta de dados foi realizada em 2014. A realização da
pesquisa ocorreu no 5º ano do ensino fundamental I composto
por 27 alunos em uma escola municipal. A escola situa-se na
região central da cidade. Na escola municipal, há uma sala
de atendimento educacional especializado (AEE) com uma
professora de educação especial e na sala de aula, além da
professora regente, há uma auxiliar de desenvolvimento
infantil, cuja principal função é assessorar a Ana nas
atividades escolares e em sua mobilidade no pátio, na sala
de aula, além de outros momentos quando necessário, embora,
não possua formação especializada na área da educação
especial e nem curso de orientação e mobilidade para pessoas
com cegueira.
Os sujeitos da pesquisa são: Ana (3),
demais alunos matriculados no 5º ano do ensino fundamental
I, professora regente da sala (Érika (4))
e a “auxiliar de sala (5)”
(Paula).
2 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA
2.1 Sobre a aluna Ana
Ana, no momento dessa pesquisa, tinha 13 anos. Ela tem
cegueira congênita adquirida aos primeiros anos de vida.
Realiza inúmeras atividades do dia a dia, é alegre e ativa.
Ela recebe muito apoio da família, tanto financeiro como
cultural. Aos finais de semana a aluna pratica aulas de
violão, passeia com a família e com os amigos e participa de
campeonatos esportivos. Todavia, atualmente, frequenta o 5º
ano pela segunda vez.
Ana frequenta uma associação sem fins lucrativos para
pessoas com deficiência visual na qual participa do
atendimento educacional especializado todos os dias no
contra turno da escola, realiza atividades de orientação e
mobilidade, de acompanhamento das lições de casa com a
pedagoga, atendimento psicológico, soroban, entre outras.
Nas horas vagas nessa Instituição também conversa em um chat
online com outras pessoas com auxílio do DOS-VOX (6).
A equipe da associação visita a escola, conversa com a
professora e com a gestão e oferece recursos (materiais
didáticos) para o trabalho pedagógico com a aluna quando
necessário. Eles também entregam as transcrições em braile
das lições respondidas da aluna na associação e de outros
materiais que foram solicitados para transcrição.
2.2 A professora regente da sala
Érica, a professora da sala, embora possua duas graduações,
Pedagogia e Educação Física, seja especialista em educação
infantil e possua mais de 20 anos de experiência na
docência, não possui quaisquer cursos na área da deficiência
visual ou educação especial, embora faça tentativas de
adaptação dos materiais didáticos utilizados nas aulas.
Porém, cabe destacar que Érika já trabalhou com um aluno com
deficiência física anteriormente. A justificativa da docente
para não ter realizado algum curso na área foi devido à
ausência da disponibilidade de tempo. Sua jornada de
trabalho é extensa, com acúmulo de dois cargos compostos de
30 horas semanais cada um, sendo um na rede estadual de São
Paulo e o outro na Prefeitura de um município desse estado,
o que equivale a uma carga semanal de 60 horas de trabalho.
2.3 A “auxiliar de sala”
Paula é a auxiliar de sala, sua formação acadêmica é de
ensino médio e sua jornada de trabalho é de 40 horas
semanais. O cargo que exerce é de auxiliar de
desenvolvimento infantil em uma creche, função na qual é
concursada. O acompanhamento da aluna cega em uma escola de
fundamental I é um trabalho acumulado de forma complementar
e paralelo ao da creche. Paula não possui quaisquer cursos
na área de educação especial ou deficiência visual, mas há
mais de dois anos trabalha no acompanhamento de alunos com
cegueira. Essa experiência possibilitou alguns conhecimentos
práticos no auxílio de crianças com cegueira na escola.
Segundo o relato da auxiliar, não há diálogo dos
profissionais da associação para deficientes visuais do
município pesquisado com ela. Esse diálogo ocorre “às vezes”
apenas com a gestão escolar e com a professora.
3 ANA NA ESCOLA REGULAR
Para levantar as informações de escolarização da Ana, foi
aplicado um questionário com a Érika e com a Paula.
Na escola, Ana frequentemente se localizava ao fundo da sala
com a auxiliar do lado. Apesar de a função da auxiliar de
desenvolvimento infantil não ser pedagógica, já que sua
formação acadêmica no ensino médio, sem o magistério,
algumas tarefas inerentes ao professor, como o
acompanhamento das tarefas em sala, eram realizadas pela
auxiliar.
O acompanhamento das lições pela auxiliar, com formação de
nível médio e sem formação pedagógica, pode ter influenciado
na dificuldade no avanço na escrita que Ana apresentava, já
que a auxiliar ditava os textos ou palavras ditas tanto pela
professora quanto àquelas que Ana digitaria. Tanto Ana
quanto a auxiliar apresentam muitos erros de ortografia. É
uma hipótese para as muitas dificuldades na área, mesmo com
os pequenos avanços em português, relatados pela professora.
Tanto Érika quanto Paula não conhecem o Braille. Dessa
forma, a correção das atividades ocorre em outro tempo e
espaço dos outros alunos. Há uma dependência da associação
para a transcrição dos materiais pedagógicos a serem
trabalhados em Braille. Considerando que a transcrição, via
de regra, é demorada, o atraso na entrega das lições ocorre
frequentemente.
Érika, quando questionada sobre a relação que a associação
que atende pessoas com deficiência visual tem com a escola e
com ela, afirmou que a instituição realiza as transcrições
das atividades em Braille e que o momento de troca de
informações sobre a aprendizagem da Ana ocorre “quando há
necessidade”. Em relação às dificuldades da aluna, a
professora apontou a questão da mobilidade no espaço, devido
à rejeição da bengala pela aluna. E os avanços apontados
foram o português e “pequenos avanços em matemática”.
Apesar de Érika ter atribuído a dificuldade de locomoção
autônoma da aluna na escola à rejeição da bengala, cabe
destacar que a falta de acessibilidade também dificulta o
seu deslocamento seguro, mesmo que houvesse o uso do
recurso. Entre os desafios do ensino e aprendizagem da aluna
com cegueira, relatados por Érika, em específico da Ana,
foram: o desconhecimento do Braille e a escassez de
materiais pedagógicos adaptados para estimular o raciocínio
lógico. A facilidade mencionada foi a alegria da aluna e o
êxito na socialização tanto com ela como com a sala.
Já no questionário aplicado à Paula, a falta de motivação em
realizar lições na sala é citada como um problema. Apesar de
acompanhar a aluna na sala, ela não é professora e não é
reconhecida como tal pela Ana. No trecho da entrevista da
Ana, já citado, a aluna se refere à Paula como “ajudante de
classe”. Entretanto, Érika a intitula de professora
auxiliar. A delegação de responsabilidades de professora a
auxiliar pode ter gerado conflitos no relacionamento entre
Paula e Ana.
4 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
Organizou-se uma intervenção pedagógica, a partir do
consentimento e da colaboração da professora da sala, com
conteúdos de geografia para uma sala do 5º ano do ensino
fundamental I, com carga horária de 14 horas. Durante as
intervenções foi realizada a regência da aula com a presença
da professora, Érika, e a auxiliar, Paula.
A intervenção pedagógica na escola municipal teve início em
fevereiro de 2014, após o contato com as gestoras da unidade
escolar e com a professora. Durante a intervenção, os
registros dos diálogos dos estudantes foram gravados e
transcritos. Outro procedimento utilizado foi a observação e
o registro de campo.
O critério de seleção dos conteúdos de geografia foi a
detecção de um problema da prática social dos educandos que
não fosse somente local, mas que envolvesse outras escalas
de análise. A partir da localização do município e sua
história de ocupação, a abordagem de conteúdos geográficos a
partir do problema da poluição do rio Tietê e da
desvalorização desse trecho do rio que abrange a cidade e
que faz parte da identidade da população saltense, já que a
menos de 40 anos atrás era possível nadar, pescar e navegar
no rio Tietê nesse município.
A finalidade da aprendizagem da Pedagogia Histórico-Crítica
e da Psicologia Histórico-Cultural para Martins (2013, p.
295) é contribuir para a “[...] capacidade para pensar além
das aparências” viabilizada por um ensino que priorize a
apropriação dos conceitos clássicos da humanidade frente aos
pseudoconceitos ou domínios cotidianos. Portanto, não é ao
nível dos pseudoconceitos ou do pensamento empírico que os
seres humanos conquistam a condição para tornar “o real
inteligível, isto é, para a formação de uma imagem subjetiva
do objeto em sua máxima fidedignidade.” (MARTINS, 2013, p.
296). A inteligibilidade do real, na compreensão da
realidade como multideterminada, se inicia na infância e é
alcançada na apropriação e formação de conceitos pelas
crianças no instante em que se confronta a ideia primeira
com o conceito científico, do desenvolvimento real ao
iminente.
4.1 Atividade Pedagógica 1: Levantamento dos
conhecimentos prévios
Para iniciar a atividade, as primeiras aulas consistiram no
levantamento sobre as ideias que os alunos têm sobre o Rio
Tietê e sua importância.
Os educandos devem ser incentivados e desafiados a elaborar
uma definição própria do conceito científico proposto. Esse
processo deve ser estimulado pelo professor por meio de
perguntas, cujas respostas explicitem os fundamentos
essenciais do conceito (GASPARIN, 2002, p. 59).
As perguntas norteadoras da aula foram: O que é um rio? Como
os rios são formados?
Primeiramente os alunos não souberam elaborar uma definição
de rio. Apenas Ana responde a pergunta. Ela diz que “é um
buraco com água”. Segue abaixo as respostas.
1) O que é um rio?
- O rio é um grande caminho de água. (essa resposta se
repetiu)
- Um rio é um buraco enorme com água, e quando chove se
enche novamente.
- O rio é um lugar que a peixes, cobra, algumas pessoas
cuidam dele e outras maltratam.
- Uma pequena gota d’água que cresce e vira adulta e fica
muito grande.
- Uma pequena gota d’água que cresce e vira um rio.
- Um grande caminho de água com uma beleza incomparável e
dependendo do rio você pode nadar, pescar e etc.
- Um rio é uma “trajetória” de curvas onde passa a água.
- Um buraco cheio de água onde tem peixes bastante animais,
e “nos” podemos usar para “toma” banho e etc.
- Uma pequena nascente que a chuva traz.
- Um rio é uma fonte que acumula água (em muitos casos
também acumula lixo).
- Um rio é um lugar onde podemos lavar roupa e tomar banho e
mais coisas e nós podemos usar para beber água e fazer outra
coisa.
- Um rio é um enorme buraco que quando chove enche de água.
- Um rio e uma bacia gigante cheia d’agua que fica no
subsolo e vai para a superfície.
- É um buraco gigante com água.
- Um grande caminho de água que corre por cidades, estados,
países.
- Um buraco com água.
- Um buraco com mais de 10 metros com água.
- Um rio é um lugar que dá para ser utilizado; para nadar,
tomar banho, lavar roupas e etc.
- Um rio é um lugar onde os peixes vivem e um lugar onde há
agua.
- Um lugar onde tem muita água e onde vive os peixes.
Resposta Ana:
- Um rio é um buraco feito de terra. (Resposta oral e na
folha em braile).
2) Como os rios são formados?
- Quando chove muito a água se acumula debaixo da terra e a
água sobe e forma uma nascente.
- Quando tem dentro da terra sobe e vira um rio.
- Os rios são formados pela nascente, depois da nascente ela
descendo de uma “mini” cachoeira, em seguida para uma
“mina”, e depois para um rio.
- A nascente muita a agua se acumula embaixo da terra e sobe
para o rio.
-O rio é um grande buraco que se enche de agua da chuva.
- Das aguas da chuva cai nas arvores e cai na nascente e
gera um rio.
- Os rios pra mim depende da chuva porque antes quando não
chovia tinha racionamento de água e agora quando chove o rio
fica cheio novamente e da chuva que a natureza se forma.
- Quando chove a água entra de baixo da terra e quando tem
muita água ela sobe e forma uma nascente e essa água faz um
curso até chegar no mar e é assim que se forma um rio.
- Da nuvem cai a chuva e da chuva cai na arvore vai pra
nascente e da nascente vai para o rio.
- Pela chuva ela sobe do mar para as nuvens e quando ficam
cheias elas caem no rio.
- Os rios são formados pelas gotas de chuva, que caem nas
folhas das árvores, que o vento leva até a terra então, isso
acontece várias vezes e se forma um rio.
- Os rios são formados pela nascente onde eles nascem em uma
cidade e termina em outra como o rio Jundiaí ele começa na
cidade de Itatiba e termina no nosso município.
- Os rios são formados assim: Quando chove a agua cai nas
folhas da arvores, depois desliza em um pequeno buraquinho
que se chama nascente e vai caindo e indo em direção a um
buraco maior e esse buraco vai se enchendo de agua até
formar o rio.
- A chuva cai na terra, acontece um processo, e forma-se uma
nascente de água, essa nascente começa a se acumular,
formando assim um rio.
- Por uma nascente.
- Quando a chuva cai enche a nascente e faz um rio.
- Os rios, são “formados” a partir da nascente.
- Pela nascente.
- Da nuvem vem a chuva e a chuva vai para a árvore e da
arvore vai para a nascente e dá nascente vai para o rio.
- Eu acho que chove então a agua vai para o bueiro do bueiro
pro cano e do cano para o rio e para as caixas de agua e
para nossa casa. (cópia de parte da letra da música e inova
no final)
- Eles fazem um buraco depois colocam água.
Resposta Ana:
- Os rios são formados por um buraco feito com barro.
(Resposta oral e na folha em braile).
Para melhor organizar as respostas, foi elaborado o gráfico
1 com a frequência de cada uma.
As duas respostas mais citadas foram: em primeiro, o rio
como um buraco com água, que foi a resposta oral da Ana em
sala de aula, e em segundo, o rio como um lugar (Gráfico 1).
O rio como um lugar reflete a vivência desses alunos com
rios. O conceito de lugar considerado se refere ao elaborado
por Tuan (1983), em que se relaciona o espaço à identidade
dos indivíduos, mediante as relações sociais estabelecidas.
Considerando a organização realizada, com exceção das seis
respostas do rio como lugar, as outras 17, apesar de
apresentarem diferentes níveis de noções científicas do que
é um rio, se destacaram àquelas que fazem referência aos
seus aspectos aparentes do rio. Na maioria das respostas os
usos do rio não foram mencionados.
O conceito de nascente é citado em uma vez. Na resposta do
rio como “bacia gigante”, a continuação faz menção ao lençol
freático quando afirma que o rio é uma “bacia gigante cheia
de água que fica no subsolo e vai para a superfície”. Outra
resposta interessante é o rio como uma trajetória de curvas
que corresponde ao conceito de meandro, típico do trajeto
original do rio Tietê, fato que nos revelou o conhecimento
anterior do aluno referente a esse conteúdo escolar.
Gráfico 1 – Definição de rio para as crianças do 5º ano
do ensino fundamental I
-
Em relação à segunda pergunta da atividade, sobre como os
rios são formados, as respostas reafirmaram a concepção
pouco dinâmica (ou linear) de rio como um acumulador de água
a partir da nascente.
Destacam-se alguns exemplos:
Exemplo 1: “A chuva cai na terra, acontece um processo, e
forma-se uma nascente de água, essa nascente começa a se
acumular, formando assim um rio”.
Exemplo 2: “O rio é um grande buraco que se enche de água da
chuva”.
No exemplo 1 a nascente não aparece como parte do rio, mas
como outro espaço. Em ambas a nascente é considerada como
algo que “transborda”. Ou seja, nesse caso, o processo de
abastecimento do rio pelo lençol freático ou pelo subsolo é
desconhecido. Essa ideia de formação de rio foi encontrada
na maioria das respostas, 12 do total de 23 (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Respostas sobre formação dos rios para as
crianças do 5º ano do Ensino Fundamental I
-
A segunda categoria mais presente nas respostas é a formação
do rio pela nascente e por uma água subterrânea, o lençol
freático (Gráfico 2). Embora os alunos não tenham escrito o
conceito, o descreveram. Em 3 das 23 respostas, a formação
do rio é compreendida como resultado do acúmulo da água da
chuva. As respostas foram organizadas em graus de
compreensão e elementos citados no Gráfico 2.
Ao observar o gráfico 2, identificam-se apenas cinco
definições que demonstram a compreensão de rio como
dinâmico, considerando a atuação do lençol freático no ciclo
hidrológico. Em cinco respostas foi possível verificar a
compreensão da nascente como parte do rio e não segregada ou
como um reservatório. Segue abaixo uma análise de algumas
dessas.
Exemplo 3: Na nascente muita a água se acumula embaixo da
terra e sobe para o rio.
Exemplo 4: Quando chove a água entra de baixo da terra e
quando tem muita água ela sobe e forma uma nascente e essa
água faz um curso até chegar no mar e é assim que se forma
um rio.
Exemplo 5: Chove, cai no chão e se acumula debaixo da terra
e quando tem muita água ela sobe e forma uma nascente. Essa
água faz um trajeto até chegar no mar e assim que se forma
um rio.
No exemplo 4, a evidência do entendimento do lençol freático
também remete à infiltração.
Segundo Martins (2013), o ensino de conceitos científicos se
difere radicalmente do ensino com base em conceitos
espontâneos. A tomada de consciência dos conceitos
científicos pressupõe, necessariamente, o processo de
generalização e abstração (grifo nosso, MARTINS, 2013, p.
284).
É possível identificar nas cinco respostas que descreveram,
de alguma forma, o lençol freático, um elevado grau de
generalização e abstração, principalmente na relação
estabelecida entre água subterrânea, nascente e curso do
rio. Nas respostas dos demais alunos sobre a formação do rio
(gráfico 2), apesar da generalização necessária para a
explicação, houve pouco desenvolvimento da abstração. Essa
constatação também pode ser aplicada para a definição do
rio, organizada no gráfico 1. Apenas os 6 alunos que
definiram o rio como um lugar, explicitaram os usos do rio.
Além dessas, em uma resposta é citado o formato de curvas do
rio na superfície, os meandros, que geralmente são
observados nas imagens aéreas. Somente esses casos
realizaram a abstração ou utilizaram conceitos científicos
na definição. As demais 16 atividades do total de 23, o
correspondente a aproximadamente 70%, definiram o rio a
partir da aparência, do que os sentidos, no caso a visão, os
apresenta.
Nas palavras de Saviani (2011), o rio Tietê, como prática
social, é compreendido nesse momento das atividades de forma
sincrética, assim como os problemas sociais e ambientais
pensados a partir dele. Essa concepção sincrética da
realidade é empírica, se limita às aparências e às vivências
da criança, do senso comum. É sobre esse nível de
compreensão da prática social que o professor deve partir,
com objetivo de formar o conceito científico que possibilite
aos alunos compreender para atuar na realidade em que vivem.
Entre os objetivos de aprendizagem da intervenção, um deles
é instrumentalizar os alunos para que seja possível avançar,
superar a concepção acrítica de natureza, que provém do
senso comum, para o conceito mais amplo, crítico e
científico de natureza. O rio entendido como um elemento do
meio ambiente precisa ser compreendido na sua totalidade,
considerando suas apropriações por diferentes sociedades.
Por isso a importância do ensino de geografia em ir além do
senso comum, em busca de uma explicação da realidade menos
empírica e mais concreta, como defende Kaercher (2010). A
existência da escola se justifica na “[...] exigência de
apropriação do conhecimento sistematizado por parte das
novas gerações” (SAVIANI, 2011, p. 11).
No caso da Ana, sua explicação possivelmente é originada a
partir da fala de videntes. O sujeito cego, por meio da
apropriação dos conceitos elaborados por pessoas que
enxergam, pela necessidade da comunicação e compreensão do
mundo, será mais estimulado a desenvolver determinadas
funções psicológicas superiores, “[...] como a memória
mediada, a atenção e a imaginação”, do que as pessoas que
enxergam. (NUERNBERG, 2008, p. 313).
Martins (2013) afirma que as funções psicológicas superiores
citadas acima não se desenvolvem da forma como são
requeridas na educação escolar, de forma espontânea. Pelo
contrário, é preciso direcionar intencionalmente a educação
escolar para essa finalidade.
4.2 Segunda atividade: poesia e o jogo
Na continuidade da proposta, para atingir aos objetivos, um
dos recursos utilizados foi uma poesia escrita por Ziraldo
(1996), intitulada “Menino do Rio Doce”. A leitura foi
realizada e interpretada simultaneamente. A cada verso
dialogava com as crianças para interpretar a letra e para
verificar se acompanhavam a história.
Segue o trecho da poesia.
-
-
O menino tinha
certeza
De que havia nascido
No dia em que viu o rio.
Na sua memória
Não havia nada antes daquele dia. [...]
E o menino
Aprendeu
Que a água
- em gotas –
Da chuva
Era a refeição do rio
E que quando chove muito
Eis que o rio engorda e engrossa
E, guloso, engole
a margem
e vai levando a cerca
e vai comendo a casa
e vai tragando a árvore [...]
O rio nasce – doce -
Na gorda barriga
Da montanha
E vai morrer
Na praia (do lado de cá).
Todo dia o rio nasce,
Todo dia o rio morre,
Todo dia o rio parte,
Chega o rio, todo dia,
Ao seu destino de sal. [...]
Fonte: ZIRALDO, 1996.
É interessante destacar
que o texto faz uma comparação entre as pessoas e os rios,
desde o nascimento até a “morte”, sem desconsiderar que o
rio está permanentemente em formação, que o processo não é
finito, mas um ciclo que sempre se renova. Essa comparação
foi importante já que os alunos achavam que a nascente era
subterrânea que não seria possível vê-la. Antes da atividade
perguntei se era possível ver a nascente e a maioria, exceto
um aluno, disse que não era.
Essa comparação não foi feita aleatoriamente. Está embasada
na literatura da área. O desenvolvimento do rio se assemelha
às formas orgânicas humanas, em estágios: “[...] infância,
adolescência, maturidade e decrepitude” (NÓBREGA, 1981, p.
35).
Além do ciclo da água, também foi abordado o destino final
do rio, que seria em um mar. Foi explicado aos alunos que
geralmente os rios terminam em mares ou oceanos, mas o rio
Tietê se diferencia, pois termina em outro rio, o Paraná.
Para tornar a explicação mais didática, a professora da
sala, sempre presente, improvisa uma brincadeira. Os
diálogos foram gravados. Segue a transcrição.
- Eu começo e alguém continua. Então vou começar pela chuva.
É um ciclo, tem que chover? – Pergunta a professora.
- Sim. – Respondem os alunos.
- Então vou começar pela chuva. Choveu, quem continua? –
Pergunta a professora.
- Depois da chuva o que acontece? – Pergunta novamente a
professora.
- Cai a água. - Ana se manifesta.
- Aonde? – Questiona a professora.
- No rio. – Responde um aluno.
- Tá. E daí? A água tá lá no rio, o que acontece? – Instiga
a professora.
- Evapora. – Afirma alguns alunos.
- Como? – Questiona a professora.
- O sol esquenta e evapora. – Respondem vários alunos.
- E daí quem continua? Pergunta a professora.
- Forma a nuvem. – Responde um aluno.
- Forma uma nuvem e aí ela fica? – Questiona a professora.
- Carregada. – Respondem alguns alunos.
- Carregada, pesada. E aí? – Instiga a professora.
- Chove. – Continuam os alunos.
- E essa chuva vai aonde? – Pergunta a professora.
- Chão, na terra. – Respondem os alunos.
- Choveu na terra, o que acontece? – Continua a professora.
- Forma uma nuvem. – Ana responde.
- Choveu na terra, o que acontece? – Repete a professora,
ignorando a resposta.
- Chove na terra aí forma lá embaixo. – Afirma um aluno.
- Forma lá embaixo o quê? – Questiona a professora.
[Silêncio]
- Forma lá embaixo uma bacia. – Responde a professora.
- É uma bacia? – Pergunta a professora à pesquisadora.
- Bacia é o todo, todos os rios. Forma o lençol freático. –
Responde a pesquisadora.
- Pode ser lençol da bacia? – Pergunta a professora.
- Lençol freático chama. Ou lençol de água, pode ser. -
Responde a pesquisadora.
- Forma um lençol de água lá embaixo da terra. Tá lá e
depois? – A professora continua o jogo.
- O rio? – Afirmam os alunos.
- Está lá embaixo da terra, querendo sair. E aí? – Continua
a professora, ignorando a resposta anterior.
- Evapora. – Afirma um aluno.
- Embaixo da terra evapora? – Questiona a professora.
- Não. – Respondem enfaticamente os alunos, em coro.
- Sobe. – Afirma um aluno.
- Sobe por onde? Como eu chamo isso que subiu? – Pergunta a
professora.
- Tubulação? - Respondem os alunos.
- Para evaporar precisa de sol. Tem sol embaixo da terra? –
Questiona a professora.
- Não. – Respondem os alunos.
- Sobe pela...? – Pergunta a professora.
- Nascente. – Responde uma aluna.
- Isso! Pela nascente. – Exclama a professora.
- Então tá lá, nasceu vai formar o quê? – Continua a
professora.
- O rio. – Responde um aluno.
- Como que esse rio engorda? - Pergunta a professora.
- Pela chuva. – Respondem os alunos.
- Isso, pela chuva e com essa água também. Essa água que
está embaixo está abastecendo. – Completa a pesquisadora.
- Por que chama ciclo? Porque a palavra ciclo vem de
círculo. O círculo não começa aqui e termina aqui também? –
Pergunta a professora.
- Não termina. - Questionam os alunos.
- É, não termina, é verdade. – Afirma a professora.
Durante o jogo fica evidente a dúvida que os alunos possuíam
anteriormente sobre a existência do lençol freático,
desconhecida pela maioria, e da participação desse
reservatório no ciclo da água. Após o jogo, o seguinte
diálogo foi estabelecido:
- Vocês viram esse ciclo e entendendo o ciclo vocês acham
que a água pode acabar ou não? – Questiona a pesquisadora.
Alguns alunos respondem que não, outros que sim.
- “Sim, porque a poluição polui e a chuva vai cair e não vai
ter mais água”, diz um aluno.
- Isso. Então qual água pode acabar? – Pergunta a
pesquisadora.
- A água que nós bebemos. – Responde o aluno.
- A água que nós bebemos, a potável. A água em si nunca
acaba porque ela está no ciclo. Então a água não acaba, a
que acaba é a água potável que a gente bebe. – Afirma a
pesquisadora.
- Mas se acabar a água do rio a nuvem não vai ficar
carregada. – Questiona o aluno.
- Mas a água não vai acabar porque ela vai evaporar. Como
que ela vai acabar? – Questiona a pesquisadora.
Solicitamos aos alunos a formulação do conceito do ciclo da
água. Segue a sistematização das respostas.
Gráfico 3 – Formulação dos conceitos de ciclo da água
pelos estudantes do ensino fundamental I
-
Ao analisarmos as respostas dos alunos, podemos afirmar que
houve um avanço de compreensão sobre o ciclo da água na
formação dos rios, assim como o percurso dos mesmos. Dessa
forma, a compreensão que no início era sincrética, ao final
da primeira parte das atividades, transforma-se em sintética
para 19 do total de 27 alunos.
Dois alunos responderam de forma diferenciada que foi
considerada como outra explicação no gráfico, nas quais, ao
invés de explicações, os alunos citaram lugares em que há
água como oceano, vapor d’água, nascente, entre outros.
Sobre a explicação completa do ciclo da água, segue alguns
exemplos:
Aluno 1: A água evapora e vai para as nuvens, e cai no chão
que desce lá embaixo e forma um lençol da água, que depois
sobem e forma uma nascente que forma um rio e evapora
formando o ciclo da água. (Resposta acompanhada de um
desenho da chuva, com gotas de água caindo).
Aluno 2: A água da nuvem cai no chão até lá embaixo e forma
lençóis da água abastece os rios e forma uma nascente que
forma um rio que a água evapora e assim o ciclo da água é
formado.
Aluno 3: A água começa nos mares, nos dias quentes o sol faz
a água evaporar, é assim que são formadas as nuvens. Quando
as nuvens ficam carregadas, chove, e a água cai na terra e
as vezes vai para o “lençol freático” e depois de um tempo,
vira nascente que desce e vira um rio e tudo isso acontece
de novo. Para sempre!
Aluno 4: A água cai na terra em formato de chuva e a terra
absorve a água, que vai para o lençol da água, que a
nascente puxa para cima da nascente o rio vai crescendo e
crescendo quando chega no fim a água evapora e volta a ser
nuvem.
Ana: O ciclo da água
começa com a chuva, quando a chuva cai ela vai para debaixo
da terra, depois desce por baixo da terra quando acontece o
escorrimento fica lençóis de baixo da terra e vai ao mar em
seguida evapora e volta para a nuvem e começa tudo de novo.
Mesmo àqueles que não citaram o lençol freático, também
avançaram na incorporação simultânea de elementos do rio,
como a nascente, e do ciclo da água, antes compreendidos
isoladamente.
Em termos de desenvolvimento das funções psíquicas
superiores, há indícios para se afirmar que os alunos
desenvolveram uma percepção diferenciada sobre o rio. No
início a percepção está relacionada às informações obtidas
pelas mídias, e pelas experiências sensoriais expressas em
uma determinada cor do rio, cheiro, etc.
Com as aulas e na elaboração das atividades a formação do
rio é compreendida em sua complexidade. Nas primeiras
atividades, por desconhecerem o lençol freático,
identificavam a nascente como o reservatório que abasteceria
o rio. Ao apreenderem o conceito de lençol freático, muitos
já associaram que não seria a nascente que abasteceria o
rio, mas sim o lençol freático.
“É a construção de conhecimentos que confere à percepção a
qualidade da significação, dado que indica as importantes
alianças que vão se estabelecendo entre o seu
desenvolvimento e a formação da consciência”. (MARTINS,
2013, p. 139).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na proposta de ensinar os conteúdos escolares na área de
geografia, além de ter como foco a aprendizagem, a pesquisa
também provocou a reflexão na professora e nos alunos sobre
as reais potencialidades da aluna com cegueira.
Verificou-se que o professor tem a função primordial no
processo de assimilação de conceitos. A partir deste
trabalho entende-se que é preciso que haja formação
continuada desse profissional e condições de trabalho que
favoreçam o trabalho educativo, com destaque para o tempo de
planejamento das aulas, tempo para diálogo entre o
profissional da educação especial e o da sala regular e
número reduzido de alunos por sala.
Iniciamos a pesquisa na escola com a escolha de um tema que
fizesse parte da prática social dos alunos e da professora.
O rio Tietê, além da importância histórica para a ocupação
dos portugueses e para a compreensão do extermínio de
índios, também fazia parte da vivência dos familiares dos
alunos.
Durante a problematização e a instrumentalização destacamos
o jogo como um recurso importante no qual a professora
elaborou e mediou o conteúdo. Após o jogo muitas dúvidas
foram esclarecidas. A professora questionava e um ou outro
aluno respondia. Nem todos sabiam a resposta naquele
momento, mas após a fala do colega, a apropriação vai sendo
feita em um ambiente cooperativo. A partir dessa estratégia,
Ana e os outros alunos produziram respostas mais completas,
citando a nascente como parte tanto do rio como do ciclo da
água.
A invisibilidade do sujeito com deficiência visual na sala
de aula, tão relatada nas pesquisas da área, é posta em
reflexão a partir da participação da aluna nas atividades na
intervenção pedagógica.
É importante que os alunos, principalmente àqueles com
deficiência, sejam estimulados a participar e que sejam
organizadas atividades em grupos para que o diálogo seja
estabelecido para a resolução das questões propostas.
Trata-se de romper barreiras atitudinais que rotulam a
pessoa com deficiência como incapaz. É preciso considerar as
potencialidades desses sujeitos e possibilitar que o
desenvolvimento em potencial se torne iminente a partir da
mediação do professor e da interação com os alunos em sala
de aula.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Coordenação de Financiamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) pelo apoio à presente pesquisa
realizada a partir do Programa Observatório da Educação
(Obeduc).
NOTAS
-
1
Artigo resultante de parte da dissertação
intitulada: Ensino de geografia para alunos com cegueira
no ensino fundamental I: Contribuições da Pedagogia
Histórico-Crítica.
2 Refere-se às pessoas que não
apresentam deficiência visual, cuja visão é normal.
3 Nome fictício adotado na
pesquisa para preservar a sua identidade.
4 Nome fictício adotado na
pesquisa para preservar a sua identidade.
5 Nome fictício adotado na
pesquisa para preservar a sua identidade.
6 Sistema operacional que
permite o acesso ao computador por pessoas com cegueira
por meio de uma síntese de voz em Português, que
descreve as ferramentas e ícones presentes na tela para
o usuário.
REFERÊNCIAS
-
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deficiente visual na escola: lembranças e depoimentos.
3. ed. Campinas: Autores Associado; PUC, 2014.
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políticas públicas e práticas pedagógicas. In: GÓES, M.
C. R. de; LAPLANE, A. L. F. de. (Org.). Políticas e
práticas de educação inclusiva. Campinas: Autores
Associados, 2004. p. 21- 48.
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histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2002.
GÓES, M. C. R.. Contribuições da abordagem
histórico-cultural para a pesquisa em Educação Especial.
In: Batista, J.C.; Caiado, K.R.M.; Jesus, D.M. (Org.).
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Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 5. ed.
Porto Alegre: Editora UFRGS, 2010. p. 175-190.
MARTINS, L. M. O desenvolvimento do psiquismo e a
educação escolar: contribuições à luz da psicologia
histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica.
Campinas: Autores associados. 2013.
NÓBREGA, M. História do rio Tietê. São Paulo:
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articulando a psicologia histórico-cultural com a
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TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da
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ZIRALDO, A. P. Menino do Rio Doce. São Paulo: Companhia
das letrinhas, 1996.
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Tais Buch Pastoriza |
Universidade de São Paulo - USP / São Paulo, São Paulo
DOI: http://dx.doi.org/10.4025/bolgeogr.v37i1.35606
Bol. geogr., Maringá, v. 37, n. 1, p. 116-129, 2019
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